![Figuras da Linguagem (II): Aurélio Buarque de Holanda](https://static.wixstatic.com/media/ca7895_735a3350d75944b58a0fdbfe0c3f28f9~mv2.png/v1/fill/w_640,h_752,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/ca7895_735a3350d75944b58a0fdbfe0c3f28f9~mv2.png)
Aurelio era um imortal muito bem-humorado
Paulo Peres
Poemas & Canções
O crítico literário, lexicógrafo, filólogo, professor, tradutor e ensaísta alagoano, Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989), grande dicionarista brasileiro, também sabia usar as palavras para nos brindar com este belo soneto “Amar-te”.
AMAR-TE
Aurélio Buarque de Holanda
Amar-te – não por gozo da vaidade,
Não movido de orgulho ou de ambição,
Não à procura da felicidade,
Não por divertimento à solidão.
Amar-te – não por tua mocidade
– Risos, cores e luzes de verão –
E menos por fugir à ociosidade,
Como exercício para o coração.
Amar-te por amar-te: sem agora,
Sem amanhã, sem ontem, sem mesquinha
Esperança de amor, sem causa ou rumo.
Trazer-te incorporada vida fora,
Carne de minha carne, filha minha,
Viver do fogo em que ardo e me consumo.