Estagnação é o alerta no convés da economia, embutido no PIB de apenas 0,1%

Dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE

Pedro do Coutto

O crescimento de apenas 0,1% do PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2025, conforme revelado pelos dados recentes do IBGE, expõe de maneira clara e preocupante a perda de fôlego da economia nacional.

Embora tecnicamente positivo, esse número é tão baixo que se confunde com estagnação — e, na prática, funciona mais como um alerta do que como um indicador de avanço. O dado revela uma economia que se move, mas sem força, sem ritmo e sem capacidade real de induzir melhorias perceptíveis no bem-estar da população.

DESEMPENHO – Quando se observa os componentes desse resultado, a fotografia fica ainda mais nítida. O setor de serviços — que representa mais de 70% da atividade econômica brasileira — cresceu o mesmo que o PIB: 0,1%, ou seja, praticamente nada. É um desempenho muito distante do que se esperava de um segmento que vinha sendo o motor da recuperação pós-pandemia.

A indústria, com alta de 0,8%, e a agropecuária, com 0,4%, ofereceram algum alívio, mas não foram suficientes para puxar o conjunto para cima. A economia parece ter perdido tração justamente onde é mais vital — naquilo que movimenta o dia a dia das pessoas, das empresas e do comércio.

DEMANDA – O ponto mais preocupante desse cenário, porém, não está na produção, mas na demanda. O consumo das famílias cresceu apenas 0,1%, o menor ritmo em um ano. A retração do consumo tem efeitos diretos e imediatos sobre o PIB: famílias que compram menos pressionam toda a cadeia produtiva, dos serviços ao varejo, da indústria aos pequenos negócios.

É um ciclo que se retroalimenta. Com juros ainda elevados, crédito caro, renda comprimida e inflação que, mesmo moderada, corrói silenciosamente o poder de compra, o brasileiro comum se vê forçado a reduzir gastos, adiar compras e priorizar o básico.

E quando o consumo perde força, a economia como um todo perde direção. No Brasil, onde o mercado interno historicamente sustenta grande parte do crescimento, essa desaceleração indica que o país está avançando sem energia e sem sustentação. Não há dinamismo, não há impulso, não há perspectiva de aceleração espontânea. Mesmo o leve aumento dos investimentos — a Formação Bruta de Capital Fixo subiu 0,9% — não se traduz em otimismo suficiente para mudar o cenário no curto prazo.

CRESCIMENTO – O quadro geral, portanto, é de uma economia que cresce apenas no papel — e muito pouco — enquanto, na prática, permanece estacionada. O Brasil não está em recessão, mas também não está avançando o suficiente para sair do lugar. O risco de um longo período de “crescimento baixo crônico” se torna mais concreto a cada trimestre em que os números repetem essa mesma lógica: expansão mínima, consumo fraco, serviços enguiçados e investimentos tímidos.

O crescimento de 0,1% deve ser lido como um aviso. Ele mostra que o país está em marcha lenta e que, se não houver uma inflexão clara — com estímulos à produtividade, reforço da renda, redução sustentável dos juros, incentivo ao consumo e avanços estruturais — continuaremos presos ao mesmo ciclo de mediocridade econômica.

O Brasil tem condições para crescer mais — mas não crescerá por inércia. O dado de 0,1% é um pedido silencioso de mudança. É a economia dizendo que, do jeito que está, não basta. É um lembrete de que estagnação também traz custos — sociais, políticos e humanos — e de que é preciso agir antes que esse ritmo anêmico se torne a nova normalidade.

4 thoughts on “Estagnação é o alerta no convés da economia, embutido no PIB de apenas 0,1%

  1. Sr. Pedro

    Muito imposto , pouco consumo

    E as viagens para Paris com a Primeira-Monga são lindas e maravilhosas….

    Ah, o IPHONE 17 e as roupinhas da Nike também, já imaginou um Vira-Latas sem isso….

    Simples assim….

Deixe um comentário para jaco Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *