Haveria uma Capitu de olhos verdes na vida poética de Machado de Assis?

Capitu era também mais curiosa. As... Machado de Assis - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Na paixão declarada pela “Musa dos Olhos Verdes”, surge um poeta que todo mundo conhece como o criador de Capitu, a musa dos olhos de ressaca. 

MUSA DOS OLHOS VERDE
Machado de Assis                                          

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C’os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;
Casta filha do céu, virgem formosa

Do eterno devaneio,
Sê minha amante,
os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!                      (

1 thoughts on “Haveria uma Capitu de olhos verdes na vida poética de Machado de Assis?

  1. Admirador que sou do grande escritor, não poupo esforço em lê-lo. Mas essa tal Musa do Olhos Verdes me fez dormitar. Talvez tenha sido apropriada para sua época, mas nowadays…
    Aproveitando a oportunidade, vou fazendo mais conhecida Minha Florisbela:

    Minha Florisbela

    Ela sofria mas nunca mostrava
    Sorria mesmo se por dentro chorava
    Nunca pedia, mas sempre se dava
    Diferia, sem mostrar que discordava

    Ela era frágil, formosa como uma rosa
    E da vida não lamentava seus espinhos
    Tratava todos com carinho e cuidado
    Tal qual os pássaros fazem seus ninhos

    Era acolhedora, era singela, era pura
    E ainda, mais que tudo, era tão bela!
    Um dia sumiu dos meus sonhos
    E nunca mais vi minha Florisbela…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *