Desrespeito de Moraes ao ex-comandante do Exército foi inconveniente e inadmissível

Freire Gomes: Moraes sobe o tom com general

Moraes subiu o tom e chamou o general de mentiroso

Marcella Matos
Veja

Militares próximos ao ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, não esconderam o incômodo com o tratamento dispensado ao general da reserva durante o depoimento prestado à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.

Na última segunda-feira, 19, Freire Gomes falou como testemunha de acusação no âmbito do processo que investiga uma tentativa de golpe orquestrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a avaliação de colegas de farda, só o fato de ter testemunhado contra oficiais é, por si só, motivo de desgaste para o militar.

MORAES E A MENTIRA –  Para piorar, o ex-comandante levou um pito do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que o acusou de estar mentindo durante o depoimento. “Não é natural ver um comandante do Exército, uma figura tão respeitada, tomando uma enquadrada de um ministro do STF”, afirmou um general a Veja.

Desde o início das investigações da trama golpista, os fardados reclamam de se sentirem perseguidos e por haver um suposto esforço de macular a instituição como um todo. Há mais uma dezena de militares investigados no inquérito, todos eles com mensagens e indícios contundentes de estarem envolvidos no enredo.

As articulações do principal deles, o ex-capitão e ex-presidente Jair Bolsonaro, foi narrada pelo próprio Freire Gomes em depoimento à Polícia Federal no ano passado. Desde que o caso veio à tona, o general submergiu, cortou laços com os colegas de farda e mergulhou em profunda tristeza, conforme narram pessoas próximas.

CONSTRANGIMENTO – Por isso, seus aliados viram um constrangimento desnecessário sobre uma pessoa que está colaborando com as investigações.

As declarações de Freire Gomes à PF foram tornadas públicas tempos depois por meio de um termo policial escrito. Desde então, ele jamais apareceu em público para comentar o caso.

Por ser o detentor da tropa terrestre, o ex-chefe do Exército é tratado nas investigações como o principal bastião para evitar que houvesse uma quartelada em 2022. Diante dos ministros do Supremo, porém, Freire Gomes minimizou a gravidade das articulações naquele momento.

PRENDER MORAES – O ministro Ele confirmou a série de reuniões com Bolsonaro e disse que o então presidente apresentou aos militares medidas como a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), de estado de defesa e de sítio – o general reafirmou ainda que, entre as ideias levadas à mesa, estava a ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes.

No entanto, Freire Gomes afirmou que o ex-presidente apresentou “hipóteses” e “estudos” embasados na Constituição e não buscou influenciar ninguém. “Por isso não nos causou nenhuma espécie, não havia nada diferente disso”, afirmou.

Ele também evitou incriminar o ex-chefe da Marinha Almir Garnier, o único dos ex-comandantes tornado réu na trama golpista após supostamente colocar suas tropas à disposição de Bolsonaro.

MORAES ACUSA – Demonstrando uma visível irritação, o ministro Alexandre de Moraes interrompeu o depoimento e fez um alerta ao militar. “Eu vou dar uma chance à testemunha falar a verdade. Se mentiu à polícia, tem que dizer que mentiu à polícia. Não pode no STF dizer que não lembra, que talvez. A testemunha foi comandante do Exército. Consequentemente, está preparado a lidar sob pressão. Eu solicito que, antes de responder, pense bem”, disse o relator do caso. À essa altura, o militar respondeu que, com 50 anos de Exército, jamais mentiria.

O início dos depoimentos ao STF evidenciou divergências importantes entre Freire Gomes e o ex-chefe da Aeronáutica, Baptista Júnior. Questionado, o advogado João Marco Rezende, defensor do ex-comandante, nega ter havido qualquer mudança de postura de Freire Gomes.

“O general manteve o que foi dito à Polícia Federal. Mas aí vem a questão de divergências em termos de interpretação, o que é natural em qualquer processo criminal. Os dois comandantes retratam da mesma maneira as reuniões, o desenrolar dos fatos e como foi o posicionamento das Forças Armadas em relação ao que estava sendo proposto”, afirma o criminalista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– O comportamento de Moraes é um enigma pior do que o da Esfinge do Planalto de Gizé. Ninguém sabe se ele é desequilibrado emocionalmente, bipolar ou apenas mal-educado. Façam suas apostas, porque o tempo voa e logo saberemos. (C.N.)

2 thoughts on “Desrespeito de Moraes ao ex-comandante do Exército foi inconveniente e inadmissível

  1. 8 de Janeiro: golpistas militares e parentes fugiram antes de serem presos

    A transferência da operação policial para a segunda-feira, dia 9 de janeiro, deu tempo para que militares e parentes de militares que participaram da tentativa de golpe no domingo, dia 8, fugissem de madrugada.

    Alguns até se deram ao luxo de fugir chamando um Uber.

    O general Arruda, comandante do Exército, impediu que a Polícia Militar do DF entrasse no Setor Militar Urbano, para prender os golpistas que para ali retornaram no fim da tarde do 8 de janeiro, depois de invadirem a Praça dos Três Poderes e depredarem o Palácio do Planalto, o Congresso e STF.

    (E parece ter havido golpistas ‘mais espertos ainda’ que fugiram antes da volta dos manifestantes para a Praça dos Cristais em frente ao quartel.)

    A tropa da PM designada para prender os manifestantes, liderada por seu comandante, Fábio Augusto Vieira, e o interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, foi recepcionada à entrada do Setor Militar Urbano por três tanques de guerra. Dali não passaria.

    E a operação para prender os golpistas (que não fugiram) ficou então para a manhã do dia seguinte.

    Fonte: Metrópoles, 23/05/2025 05:30 Por Ricardo Noblat

    Acorda, Brasil!

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