Marco Civil da Internet existe e não cabe ao STF “inventar” lei a respeito

Barroso classifica como “incultura” críticas por jantar beneficente com CEO  do IFood

Barroso devia se candidatar a uma cadeira na Câmara

Carlos Andreazza
Estadão

Será o caso de lembrar, contra a malandragem de que haveria um vácuo legislativo: a lei existe. Desde 2014. O Marco Civil da Internet. Boa legislação, produto de longo debate público.  Lei em que consta, sim, a responsabilização de plataformas por conteúdos publicados por terceiros. Responsabilização não automática.

Previsão perfeitamente constitucional, em consonância com o princípio segundo o qual somente se agiria – para, por exemplo, apagar publicações – em resposta a uma determinação judicial, protegida a circulação de ideias da imposição (está na moda) de censura prévia.

A LEI EXISTE – Em proteção também ao espírito do tempo – emanado do Supremo – que transforma qualquer crítica em ataque, enfatize-se: a lei existe e prevê a responsabilização. Com filtros. Filtros judiciais. Difícil apontar-lhe a inconstitucionalidade. Impossível, a omissão parlamentar.

Também é difícil apontar a inconstitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. Fácil ou difícil, é o que cabe ao STF. Provocado, declarar ou não a constitucionalidade. Ninguém dirá que o tribunal não deva exercer seu papel.

Não se trata de “recusar decidir um tema”. Tem de decidir. Pode decidir erradamente. O problema – o vício – é instrumentalizar o controle de constitucionalidade para criar-estabelecer regulações.

NÃO HOUVE OMISSÃO – A lei existe. Pode estar defasada. Isso não a torna inconstitucional. A lei existe. Existência que preenche o espaço do que seria a tal omissão. A lei existe. Pode ser alterada – atualizada. Talvez mesmo devesse ser aperfeiçoada. Papel do Parlamento.

Esta é a distinção republicana que se enfraquece: o lugar de fazer – de reformar – leis é o Congresso. Também o lugar de não fazê-las.

A lei existe. Mesmo que não existisse, o que se chama de omissão parlamentar consiste em expressão de inconformismo ante a prerrogativa de o Congresso decidir não legislar. O que se chama de omissão parlamentar é uma posição. A omissão legislativa é uma posição. Legítima.

EXPRESSÃO MÁXIMA – O Legislativo somos nós, expressão máxima da democracia representativa, e encarna os limites – os conflitos, os impasses – que há na sociedade. A lei proposta, afinal travada, tem problemas. Não é banal constituir um agente regulador. Quem regula – quem influenciará – o regulador? O Legislativo, que é a gente, absorve também os efeitos do lobismo. Lobismo sobre o Parlamento que também o Supremo faz.

Contra o Parlamento, a corte constitucional dispara acusações de omissão – para invadir o terreno de outro Poder e deitar normas que “prevalecerão até que o Congresso legisle”.

A lei existe e poderia não existir. As aspas neste texto são de Barroso. Ao presidente do Supremo cabendo lamentar ou, largando a toga, candidatar-se a cadeira no Parlamento. O que o STF ora faz é usurpar competência; as pensatas do ministro sendo manifestações de autoritarismo. “É simples assim e essa é a verdade”.

7 thoughts on “Marco Civil da Internet existe e não cabe ao STF “inventar” lei a respeito

  1. As ‘barroziadas vão compondo o cenário bizarro nestas terras onde se plantando tudo dá.
    Garimpei por aí aí ‘nossa’ mídia.
    Dom $talinacio Curro de La Grana se solidariza com Dona Cristina Curra de La Grana.
    Moral, a esquerda roubando unida jamais será vencida.
    Moral II, nossos ladrões (da esquerda) são inocente e quem duvidar está tramando contra o Estado Democrático de Esquerdo.
    Hehehe
    E o PGR? o que você sabe sabe sobre esse major brigadeiro que ofereceu tropa da FAB para apoiar o ‘golpe’? O capitão de artilharia Bolsonaro responde. “É um que está na reserva, não tem comando, não tem tropa, é só um professor no ITA.
    Dar tiro no escuro pra ver se acerta algum bolsonarista torna certos esquerdistas em mergulhadores de águas turvas e fétidas de esgoto.
    Mais leves pincelada sobre a paisagem árida e deficitária de homens com vergonha na cara:

    Do Diário do Poder.

    “Adora flanar

    Não deu nem tempo de esquentar a cadeira no Brasil e o presidente Lula já confirmou um novo rolê internacional. Semana que vem, o petista vai flanar para o Canadá sob desculpa de participar do G7.

    Irmão de Bolsonaro?

    Viraliza o vídeo em que um idoso, indagado na rua sobre o roubo aos aposentados, foi preciso: “Agora só falta o PT dizer que o irmão de Lula é irmão de Bolsonaro”. Referia-se a Frei Chico, irmão de Lula, vice-presidente de um dos sindicatos mais beneficiados pelo afano bilionário.

    Esbanja

    Na sanha para aumentar impostos, Fernando Haddad ouviu umas boas na Câmara ontem (11). Marcel van Hattem (Novo-RS) cobrou o ministro, “O senhor chegou a sugerir para a esposa do Lula que gaste menos?”.

    Pensando bem…

    …agora só falta o STF legislador criar o Ministério da Verdade, previsto por George Orwell em “1984”.

  2. Esse ‘direto’ do van Hattem ontem no Haddad ‘derrubou’ também o Barba:

    – “O senhor chegou a sugerir para a esposa (Esbanja) do Lula que gaste menos?”.

  3. Defender o artigo 19 como constitucional? Mesmo que os conteúdos publicados nas redes sociais sejam crimes previstos em leis? Esperar que a justiça seja acionada para que tais transgressões ilegais sejam retiradas do ar?

    Eticamente e moralmente, esse artigo 19 é inaceitável, mas parece que praticar esses conceitos estão fora da moda hoje em dia..

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *