Procurador Gonet manda investigar a corrupção de Rui Costa na pandemia

Brasil não precisa continuar comprando dos EUA, diz Rui Costa

Costa pagou por equipamentos fantasmas na pandemia

Aguirre Talento
Estadão

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou a existência de indícios de envolvimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, em crimes praticados na compra de respiradores durante sua gestão como governador da Bahia.

Gonet escreveu que o ex-governador “assinou contrato com previsão de pagamento antecipado integral e sem garantias ao ente público”. Por isso, o procurador-geral da República pediu ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que envie o inquérito sobre esse caso para a retomada das investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Procurado, o gabinete de Dino informou que a petição ainda será analisada.

Procurada, a assessoria de Rui Costa afirmou que a manifestação de Gonet “não agrega nenhum elemento acusatório” e disse que não existem fatos que o vinculem a irregularidades no contrato.

A assessoria afirmou ainda que a defesa do ex-governador também opinou que o processo deveria tramitar no STJ.

DIZ A CASA CIVIL -“Cabe destacar que a nova peça da PGR não agrega nenhum elemento acusatório quanto à conduta do então governador da Bahia e que o próprio Ministério Público já tinha manifestado, em parecer emitido no decorrer do processo, que não existe nenhum fato que vincule Rui Costa a qualquer irregularidade na compra dos respiradores”, diz a nota da assessoria do ministro.

Ele também já afirmou anteriormente que determinou a abertura de investigação da Polícia Civil após os respiradores não terem sido entregues.

R$ 48 MILHÕES – A manifestação sigilosa da PGR foi enviada no final de junho ao ministro Flávio Dino. O Estadão teve acesso com exclusividade ao documento apresentado por Gonet. Trata-se da primeira manifestação do atual procurador-geral da República no inquérito.

O caso envolve um prejuízo de R$ 48 milhões na compra de respiradores pulmonares pelo Consórcio Nordeste em 2020, no início da pandemia da covid-19.

Na época, Rui Costa era governador da Bahia e presidente do consórcio. Ele assinou um contrato com uma empresa sem capacidade técnica e autorizou o pagamento adiantado, mas os respiradores nunca foram entregues.

APURAÇÃO PAROU – A investigação tramitou no STJ quando Rui Costa era governador, mas foi declinada para a primeira instância da Justiça Federal da Bahia após o fim do seu mandato na gestão estadual. Mais recentemente, o caso foi enviado ao STF por causa das mudanças no entendimento do foro privilegiado.

A investigação está parada desde que foi remetida ao STF, em maio deste ano. Por isso, Gonet solicitou a retomada das apurações.

“A manifestação é pelo declínio de competência do presente inquérito e das cautelares a ele correlatas para o Superior Tribunal de Justiça, órgão competente para a continuidade das apurações dos fatos que teriam sido praticados no exercício do cargo de governador do Estado da Bahia”, escreveu.

SEM LICITAÇÃO – Em sua manifestação, Gonet apontou que existem suspeitas do envolvimento de Rui Costa e outros agentes públicos em crimes envolvendo essa contratação e citou, entre os delitos investigados, o de dispensa irregular de licitação.

 “As investigações, iniciadas pela Polícia Civil da Bahia, revelaram indícios de irregularidades na contratação da Hempcare Pharma, empresa com capital social ínfimo, reduzido número de empregados e sem experiência no ramo médico/hospitalar, mas que logrou firmar um contrato milionário com o Consórcio Nordeste”, escreveu.

O procurador-geral da República afirmou que o inquérito apura a participação de agentes públicos nos crimes investigados, citando a possível atuação de Rui Costa. De acordo com a manifestação da PGR, ele “assinou contrato com previsão de pagamento antecipado integral e sem garantias ao ente público”.

DELAÇÃO PREMIADA – A dona da empresa Hempcare, Cristiana Taddeo, fechou uma delação premiada e afirmou ter pagado uma “comissão” de R$ 1,6 milhão a um intermediário do governo da Bahia.

Segundo ela, esse intermediário, o empresário Cleber Isaac Soares, se apresentou como amigo de Rui Costa e da então primeira-dama Aline Peixoto e disse ter sido o responsável por sugerir a possibilidade de contratação da Hempcare para fornecimento dos respiradores.

A empresária também admitiu não ter os documentos necessários para obter o contrato, dentre outras irregularidades.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Brasil é mesmo o país de corrupção, e os políticos não aliviam a roubalheira nem em época de pandemia. Rui Costa é um exemplo de enriquecimento rápido e ilícito. Agora ele vai se investigado por seu amigo pessoal Flávio Dino, que à época era governador do Maranhão e integrava o consórcio de governadores então liderado por Rui Costa. (C.N.)

Historiador judeu denuncia Israel pelo genocídio mais televisionado da história

O historiador israelense Ilan Pappe na Flip 2025

Illan Pappe diz a verdade sobre o que acontece em Gaza

Bernardo Mello Franco
O Globo

Ilan Pappe é filho de judeus alemães que escaparam da perseguição do nazismo. Nasceu em Haifa em 1954, seis anos após a criação do Estado de Israel. “Tive a infância típica de uma criança israelense”, contou na sexta-feira, na Festa Literária de Paraty.

Ao escolher o ofício de historiador, ele começou a ter contato com fatos que não eram ensinados na escola. “Tudo o que encontrava nas minhas pesquisas contradizia o que havia ouvido dos meus pais e dos professores. Fui exposto a uma história bem diferente de Israel e da Palestina”, disse.

LEVOU UM CHOQUE – Depois de uma temporada de estudos no exterior, Pappe voltou a Israel para mostrar o que havia garimpado em livros e arquivos oficiais. Sua visão crítica do sionismo desagradou amigos, parentes e colegas de academia.

“Fui ingênuo. Achei que seria recebido de braços abertos”, comentou. “Não me dei conta de que desafiar a narrativa histórica do meu próprio país seria considerado uma traição. Isso foi um choque para mim”, admitiu.

O historiador disse ter vivido um dilema comum a quem rema contra a maré. Ou se mantinha fiel às suas convicções ou “cedia à pressão e escrevia o que as pessoas queriam ler”.

UM ALTO PREÇO – “Decidi continuar com a minha verdade, sabendo o preço que precisaria pagar”, contou. O mais caro foi a demissão da Universidade de Haifa, em 2006. Sem espaço para trabalhar em Israel, ele aceitou convite para dirigir o centro de estudos palestinos da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Autor de mais de 20 livros, Pappe veio ao Brasil lançar os dois mais recentes: “Brevíssima história do conflito Israel-Palestina” e “A maior prisão do mundo”, cujo título resume sua visão da atualidade em Gaza. “Os palestinos moram numa grande prisão desde 1967. Israel controla tudo em suas vidas. Eles vivem como detentos”, disse na Flip.

COMPARAÇÃO – “Israel lançou mais bombas sobre a Faixa de Gaza desde 2007 do que os aliados lançaram sobre a Alemanha na Segunda Guerra”, prosseguiu. Ele comparou a situação atual do território à de um campo de extermínio. “É o genocídio mais televisionado da História”, sentenciou.

Na visão de Pappe, os palestinos são alvo de um processo de limpeza étnica, com a cumplicidade das potências que dão armas e apoio político ao governo de Israel. Ele disse que a promessa de França e Reino Unido de reconhecerem a Palestina como Estado é um “pequeno passo”.

Mas defendeu que só sanções econômicas, como as aplicadas à África do Sul na época do apartheid, seriam capazes de frear o massacre em Gaza.

APENAS 50% – “Se o Ocidente fizesse 50% do que está fazendo com a Rússia (após a invasão da Ucrânia), criaria um grande problema para Israel”, disse.

Ao apresentar a mesa, a curadora Ana Lima Cecilio disse que o convite a Pappe foi a “decisão mais importante” da 23ª edição da Flip. “Houve pressão para impedir que eu falasse a vocês”, agradeceu o historiador, sob aplausos e gritos de apoio.

Ele afirmou que suas críticas não demonizam Israel nem os israelenses. “Eu falo em hebraico, sonho em hebraico”, comentou, antes de lembrar que mais da metade da população de Gaza tem menos de 20 anos de idade. “Esses jovens só conheceram uma realidade: viver sob cerco, bombardeio e destruição permanente.”

Exagero! Alexandre de Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro

Charge: Isolamento. Por Miguel Paiva

   Charge do Miguel Paiva (Arquivo Google)

Cézar Feitoza e Ana Pompeu
Folha

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), presidente do Brasil entre 2019 e 2022 e réu no processo sobre tentativa de golpe de Estado no final de seu governo.

Moraes também proibiu visitas, a não ser de advogados e pessoas autorizadas dos autos, e de usar celulares, diretamente ou por meio de outras pessoas. Moraes diz, ainda, que o descumprimento da domiciliar resultará na decretação da prisão preventiva do ex-presidente.

DESCUMPRIMENTO – A ordem de prisão foi dada após Bolsonaro descumprir, no entendimento de Moraes, medidas cautelares impostas após a operação de 18 de julho, quando o ex-presidente foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais.

“A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares —pela segunda vez— deve sofrer as consequências legais”, disse Moraes.

Por meio de nota, a Polícia Federal informou ter cumprido, no fim desta tarde, o mandado de prisão domiciliar e de busca e apreensão de aparelhos celulares, em cumprimento à decisão de Moraes.

FOI ADVERTIDO – A decisão que impôs tornozeleira, restrição de horários e acesso a redes sociais, além de contato com embaixadas foi tomada na esteira da investigação que também atinge a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, em meio ao tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump.

“Ocorre que, mesmo tendo sido advertido […] o réu Jair Messias Bolsonaro reiterou as condutas ilícitas e acintosas e, em flagrante desrespeito às medidas cautelares impostas por esta Suprema Corte, preparou ‘material pré-fabricado’ para posterior postagens em redes sociais de seus filhos e apoiadores políticos, mantendo as mensagens ilícitas pelas quais as medidas cautelares haviam sido impostas”, afirmou Moraes.

Moraes cita, na decisão, uma ligação feita pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) a Bolsonaro por chamada de vídeo no domingo (3), durante manifestações que pediram anistia ao ex-presidente. A decisão foi recheada de publicações da imprensa sobre os atos e de redes sociais.

ILICITAMENTE – “Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com o seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram”, disse, acrescentando link e print da publicação M

Na avaliação de Moraes, Bolsonaro desobedeceu a proibição à divulgação —mesmo que por outras pessoas— de entrevistas em redes sociais. A defesa do ex-presidente disse ao STF no primeiro momento que jamais cogitou que ele estivesse proibido de conceder entrevistas e que ele não poderia ser punido por atos de terceiros.

O ex-presidente falou com jornalistas na tarde de segunda-feira (21) na Câmara dos Deputados ao sair de reunião com parlamentares de oposição ao governo Lula (PT).

LEI DE DEUS – “Covardia o que estão fazendo com ex-presidente da República. Vamos enfrentar a tudo e a todos. O que vale para mim é a lei de Deus”, declarou. “Isso aqui é um símbolo da máxima humilhação”, afirmou, apontando para a tornozeleira.

A declaração de Bolsonaro foi gravada em áudio e vídeo e compartilhada por perfis de apoiadores e opositores do ex-presidente nas redes sociais.

Bolsonaro falou à imprensa menos de três horas depois de Moraes divulgar um despacho informando que as medidas cautelares impostas no dia 18 também proibiam o ex-presidente de dar declarações que fossem divulgadas nas redes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O próximo capítulo dessa “Guerra de Estrelas” será “O Império Contra-ataca”. Comprem pipocas, porque Trump não vai deixar barato. (C.N.)

Trump tem fechado acordos favoráveis a ele, mas será que está vencendo?

Um homem em um terno escuro e gravata vermelha está falando para um grupo de repórteres. Vários microfones estão apontados para ele, enquanto alguns repórteres estão segurando câmeras e gravadores. Ao fundo, pode-se ver um monumento alto e árvores, sugerindo que a cena ocorre em um espaço aberto próximo a um edifício governamental.

Trump acha que está vencendo, mas há muitas controvérsias

Samuel Pessôa
Folha

Trump tem fechado acordos em que os Estados Unidos impõem uma tarifa de importação e a contraparte não tarifa os americanos. Foi assim com o Japão e com a União Europeia. É necessário sabermos os detalhes dos acordos, as letras miúdas, mas tudo sugere que há, sim, certa assimetria. Somente com a China parece não haver essa discrepância.

Esse desfecho não é surpreendente. Pela escala da economia americana e por ter um déficit estrutural, a perda de bem-estar resultante de uma guerra comercial é menor para os EUA.

PERDAS MENORES – As simulações sugerem que, em uma guerra comercial aberta —todos contra todos—, as perdas dos EUA são bem menores do que as dos demais países. Os EUA perdem em bem-estar o equivalente a 1% do consumo. A América do Sul perde 3%, e a Europa, de 7,5% a 10%. A China perde de 13% a 20%.

Os autores do estudo, publicado no volume 4 (de 2014) do Handbook of International Economics, consideram, em suas simulações, a América do Norte conjuntamente. O estudo é rico o suficiente para considerar competição imperfeita e a existência de cadeias globais de valores, além de heterogeneidade entre as empresas dentro de um mesmo país.

O ponto importante a reter é que os EUA têm um maior poder de barganha. E o está exercendo. É essa a explicação para os acordos com o Japão e a União Europeia.

CHINA É EXCEÇÃO – O maior poder de barganha, no entanto, parece que não tem funcionado para a China. Também esperado. O poder de barganha segue da perda de bem-estar em caso de guerra tarifária aberta. Ora, perda de bem-estar é uma ameaça crível entre democracias. Não é o caso chinês. Xi não terá de enfrentar eleições nos próximos anos. Merkel já havia incorrido no mesmo erro com Putin: vínculos comerciais não moderam ditadores.

Trump também tem sido bem-sucedido em seu empenho em desvalorizar o dólar. A ver os efeitos de longo prazo que colherá. Mas em um primeiro momento ajuda na competitividade da economia, um dos seus objetivos mais importantes.

Então podemos afirmar que Trump está ganhando? Penso que não. Há sinais de que a desaceleração chegou. O crescimento da economia americana no primeiro semestre foi de 0,6%, ou 1,2% se anualizarmos a taxa. A economia antes de Trump crescia a 2,5% a 3%.

POLÍTICA MONETÁRIA – Parte da desaceleração é fruto da política monetária que finalmente parece bater na demanda. O crescimento do consumo no primeiro semestre foi de somente 1%, já considerando a taxa anualizada. Antes de Trump, rodava em média a 3%.

De qualquer forma, o choque inflacionário fruto da política tarifária, que começa a aparecer nas estatísticas —de março a junho a inflação ao consumidor acumulada em 12 meses cresceu 0,3 ponto percentual—, atrasará e reduzirá a intensidade do ciclo de queda de juros.

Mas o mais importante é que a trumponomics, em prazos maiores, matará a força do crescimento americano das últimas décadas. A taxa de crescimento da produtividade, maior do que na Europa, deverá cair como consequência da desglobalização induzida por Trump. O ataque às universidades somente agravará a longo prazo o desempenho da produtividade americana.

DUAS LIÇÕES – Para a esquerda brasileira, parece-me que sobram duas lições. A primeira é que ninguém ganha quando o presidente da República ataca diretamente o presidente do Banco Central.

Em segundo lugar, vale lembrar todo o ruído e a campanha contra a globalização capitaneada pela esquerda nas últimas décadas.

Tanto se pediu que apareceu um líder empenhado em realizar o desejo da esquerda brasileira. Não parece ser positivo para o Brasil ou para o mundo.

Lula exalta Dirceu, defende alianças e diz que tem ‘limite de briga’ com Trump

LULA  BRASÍLIA DF 03.08.2025 LULA/ 17°ENCONTRO NACIONAL PT POLÍTICA - O presidente da República  Luiz Inácio Lula da Silva, participa do 17° Encontro Nacional  do Partido dos Trabalhadores ( PT) realizado no Centro de convenções Brasil 21 em Brasília. O evento tem a participação de cerca de 1.000 delegados e delegadas de todos os estados do país. Nesse  encontro a nova direção do Partido toma posse. O  presidente eleito  Edinho  Silva e demais membros Diretório  Nacional. FOTO: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO. Foto: WILTON JUNIOR

Lula diz que será candidato se estiver 100% saudável

Vinícius Valfré
Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo, 3, que tem um “limite” na briga sobre o tarifaço com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que não pode falar o que “acha que é possível, mas o que é necessário”. Lula participou do encerramento do 17º Encontro Nacional do PT, em

“Tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo o que eu acho que posso. Tenho que falar o que é possível, o que é necessário”, disse. Para Lula, Trump “extrapolou os limites porque quer acabar com o multilateralismo”.

QUEREMOS RESPEITO – “Eles são um país muito grande, o mais bélico, com mais tecnologia, a maior economia. Tudo isso é muito importante. Mas queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Não somos republiqueta. Tentar colocar assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável.”

Lula defendeu a união do PT e as alianças necessárias para ter uma base de apoio no Congresso. Em mensagem aos correligionários, o presidente disse que a sigla precisa “reparar erros” para não cometê-los novamente, e lembrou que o partido elegeu menos de 70 dos 513 deputados em 2022.

“Se fôssemos bons como pensamos que somos, teríamos eleito 140 ou 150. Mas não é defeito só do PT, é de toda a esquerda”, ressaltou.

CRÍTICAS A EDUARDO – O presidente ainda fez críticas indiretas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que inicialmente admitiu influência sobre a proposta de tarifaço de Trump e depois modulou o discurso. “O cara que fazia propaganda abraçado na bandeira nacional agora está nos Estados Unidos para defender taxação para dar anistia para o pai dele”, citou.

O encontro político do PT teve contornos de início da caminhada pela reeleição de Lula, em 2026. A disputa do ano que vem foi citada como “a mais importante das nossas vidas” para “consolidação de um projeto civilizatório”.

“Nunca mais vamos permitir que alguém de extrema-direita com cabeça fascista volte a governar esse País”, declarou Lula. “Se eles não estão contentes com o que estamos fazendo com três mandatos, se preparem porque pode ter o quarto.”

EFEITO BIDEN – Lula condicionou uma nova candidatura à sua condição de saúde. Ele disse que precisa ser honesto com ele, com a sociedade e com o partido para que não se lance como fez Joe Biden. O ex-presidente americano tentou concorrer à reeleição no ano passado, mas recuou por questões de saúde.

Lula, entretanto, afirmou que nunca esteve tão bem fisicamente e que, se concorrer, pretende disputar para ganhar.

“Tenho que ser muito honesto comigo. Preciso estar 100% de saúde. Me candidatar e acontecer o que aconteceu com Biden, jamais. Quando falo que tenho 80, energia de 30, podem acreditar”, ressaltou.

EDINHO E DIRCEU – Formalmente, o evento serviu para a posse do novo presidente do partido, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, e para a dos novos presidentes estaduais. Também marcou o retorno do ex-ministro José Dirceu à direção nacional da sigla. Lula disse que essa volta é “extremamente importante”.

Dirceu, que prepara uma candidatura à Câmara em 2026, será um dos 93 membros do diretório nacional e foi um dos mais ovacionados pela militância, com gritos de “guerreiro do povo brasileiro”.

Ele voltou a ser considerado elegível em outubro, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou condenação dele na Operação Lava Jato. O ex-ministro discursou na véspera.

Do processo à saia-justa diplomática, Carla Zambelli agita o verão romano

Entenda a situação de Carla Zambelli após prisão na Itália - Tribuna do  Norte

Extradição é complicada e deverá demorar a ser aceita

Wálter Maierovitch
Colunista do UOL

Detida em Roma, a parlamentar Carla Zambelli (PL-SP)tenta utilizar sua dupla cidadania para evitar a extradição ao Brasil. No entanto, para a sociedade italiana, sua condição de cidadã italiana não basta para blindá-la da Justiça.

Na Cidade Eterna, Zambelli é cada vez mais associada a outro personagem da política brasileira: Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara. Também detentor de dupla cidadania, Cunha teve seus escândalos fartamente divulgados pela imprensa italiana.

Pelo lado materno, Cunha carrega o italianíssimo nome Consentino e, com passaporte europeu, é oficialmente Eduardo Consentino da Cunha. A semelhança de ambos os casos é um lembrete incômodo do uso do direito de sangue como suposto salvo-conduto judicial.

TRÊS PILARES – Zambelli articula agora sua defesa com base em três pilares: prisão domiciliar, alegando problemas de saúde e risco de estresse; liberdade provisória, escorada em sua condição de deputada federal eleita com quase 1 milhão de votos; e asilo humanitário, como possível trunfo futuro para evitar a extradição.

Ela participa dou da audiência de custódia nesta sexta, às 6h da manhã no horário de Brasília.

A deputada já protocolou pedidos de audiência com duas figuras-chave do governo italiano: a premiê Giorgia Meloni e o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, líder do partido Lega Nord.

SÃO APOIADORES – Ambos fazem parte da coalizão governista de direita, e Salvini, conhecido por seu perfil neofascista, mantém vínculos com Jair Bolsonaro por meio do empresário Luiz Roberto de San Martino Lorenzato da Ivrea, ex-deputado ítalo-brasileiro eleito com votos majoritários em Ribeirão Preto.

Salvini, que acompanhou Bolsonaro na sua única visita à Itália, anunciou que pretende visitar Zambelli no presídio de Rebbibia, onde ela está custodiada.

A prisão de Zambelli ocorreu no bairro Aurélia, região histórica próxima ao centro de Roma e ladeada pela Muralha Aureliana —estrutura erguida por papas na Antiguidade para proteger a cidade de invasões bárbaras.

VALE DO INFERNO – O local, conhecido entre os romanos como Valle dell’Inferno (Vale do Inferno), acabou se tornando o inusitado refúgio da parlamentar brasileira.

A suspeita da polícia italiana é que Zambelli tenha alugado um apartamento no bairro estratégico, onde foi localizada e presa.

O deputado italiano Angelo Bonelli, ouvido pela imprensa, revelou que foi ele próprio quem indicou o paradeiro da brasileira às autoridades, após suspeitar da lentidão da polícia em efetuar a prisão.

FANTASMA POLÍTICO – O escândalo da prisão de Zambelli esbarra em outro episódio recente da política italiana: o caso Almasri.

O chefe de polícia da Líbia, com prisão internacional decretada por crimes contra a humanidade, foi liberado na Itália e enviado de volta a Trípoli em avião oficial. A premiê Meloni alegou “falha administrativa” e desconhecimento da ordem judicial.

Agora, setores da imprensa e da oposição querem evitar um “outro caso Almasri”. O jornal La Repubblica destacou a urgência de que o governo italiano atue com firmeza no caso Zambelli: “A política pró-Bolsonaro, condenada por hackeamento, é cidadã italiana, mas deveria ser extraditada. Aviso: Não a outro caso Almasri”.

SITUAÇÃO DELICADA – A repercussão do episódio colocou a polícia italiana em situação delicada, especialmente após o atraso na detenção, mesmo com informações concretas sobre o paradeiro da brasileira.

Na tentativa de se apresentar como vítima de perseguição política, Zambelli enfrenta descrença generalizada em solo italiano. Os romanos, baseando-se no noticiário internacional, a veem como uma criminosa comum.

A cena em que a deputada aparece com revólver em punho, perseguindo um civil no dia da eleição presidencial, circulou em vídeo e foi amplamente comentada como “louca” (pazzesca) pela imprensa italiana.

MANDADO DE PRISÃO – Mais espanto ainda causou a revelação de uma suposta falsificação de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, com assinatura forjada do próprio magistrado — outro episódio envolvido nas investigações contra Zambelli e aliados.

Com o verão europeu a todo vapor, o caso Zambelli domina também as conversas nas praias dos arredores de Roma. O deputado ítalo-brasileiro Fábio Porta, do Partido Democrático, já se manifestou nas redes sociais, garantindo que a extradição será rápida.

A torcida informal entre os italianos é que a deputada não tenha tempo de atirar uma moedinha na famosa Fontana di Trevi. Afinal, reza a lenda que quem faz isso, inevitavelmente voltará.

Numa “poesia a galope”, todo o amor de Augusto Frederico Schmidt

Augusto Frederico Schmidt - poemas - Revista Prosa Verso e Arte

Schmidt criava um galo branco em seu apartamento

O poeta carioca Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), nesta Poesia a Galope, afirma que a mulher não é apenas o seu amor, porque é tudo de bom que Deus lhe deu.

POESIA A GALOPE
Augusto Frederico Schmidt

Não és apenas o meu amor:
És meu trigo batido,
És a substância de meu pão.

Não és apenas o meu amor,
Mas o calor volta contigo
E voltam as flores sorrindo na terra.

Não és apenas o meu amor:
És uma janela sobre a alba
E me dás pássaros e música.

Não és apenas o meu amor:
És o fim da grande caminhada
Com as primeiras paisagens amigas.

Não és apenas o meu amor:
És a infância madura, o silêncio
Cheio de música, a primeira palpitação,
O sinal da pequena esperança sorrindo
Depois de um longo tempo impenetrável.
E tudo que é simples e tranquilo:
És o bom fogo que Deus me deu.

Advogado dá um exemplo prático de como age a Lei Magnitsky atinge o punido

Alexandre de Moraes e a Lei Magnitsky: dificuldades para reverter sanções

Moraes aguarda os efeitos da Lei Magnitsky, na prática

Letícia Casado
do UOL

Em 2023, um antigo cliente paraguaio do advogado criminalista Edward Carvalho foi punido pelos Estados Unidos com a Lei Magnitsky e ficou sem acesso a contas bancárias e sem poder sair do país. A sanção é a mesma que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) articulou nos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e cuja movimentação foi revelada pela coluna em março.

A situação de Moraes é diferente da do paraguaio. O dólar é moeda corrente no Paraguai, o que já afetava os contratos das empresas do cliente de Carvalho. O advogado diz entender que as contas de Moraes podem não ser afetadas por apenas serem transacionadas em real.

TESOURO DECIDE – O problema, segundo o advogado, é que a extensão da Magnitsky fica à mercê das avaliações políticas do Departamento do Tesouro dos EUA.

“Eles podem ir para cima do banco via Estados Unidos sob a justificativa de que operam em dólar. Mas é especulação. Também podem entender que é suficiente manter a conta e não transacionar em dólar.”

É justamente este alcance da decisão que está gerando confusão no Brasil. Bancos, governo federal e integrantes do STF estão desde anteontem debruçados sobre as questões jurídicas envolvendo a Magnitsky para entender quais os limites dessa sanção e como é possível blindar o ministro.

MORTE FINANCEIRA – Apelidada de “morte financeira”, a lei Magnitsky visa proibir qualquer relacionamento bancário com a pessoa que for alvo, sob pena de multa. O objetivo é vetar qualquer movimentação econômica de quem é apontado como grande criminoso. Ou seja, não se trata de um simples congelamento de contas nos EUA.

Carvalho relata os problemas financeiros e empresariais na vida de seu antigo cliente após a sanção, sob a condição de que o nome dele não fosse publicado.

O sancionado é uma pessoa com peso político e econômico no país em que vive e foi apontado como corrupto pelos EUA. A coluna checou as informações no site do Departamento do Tesouro americano.

CONTAS E CARTÕES – “Todos os bancos cancelaram todas as contas bancárias dele, o que o retirou do sistema financeiro. Todos os cartões de crédito, como consequência, foram cancelados”, afirma Carvalho.

“Se o banco mantiver relação com alguém que mantenha relação com alguém na lista, pode entrar na sanção.”

Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o governo estava considerando aplicar a Magnitsky contra Moraes por entender que o ministro viola direitos humanos ao promover censura no Brasil. Em julho, Rubio anunciou a revogação de vistos de ministros do STF —resultado da ofensiva de Eduardo e planejada desde o início do ano— e afirmou que novas sanções estavam por vir.

TAMBÉM EMPRESAS – Os problemas do antigo cliente de Carvalho se estenderam para as empresas em que ele era sócio. Ele precisou deixar as companhias. A medida ainda alcançou alguns familiares.

“Todas as empresas em que ele tinha participação tiveram que passar por reestruturação societária, inclusive abrangendo parentes dele”, afirma. Seus jatinhos tampouco podiam sair do país “sob pena de serem bloqueados”.

Carvalho conta que os documentos justificando a teoria sobre seu antigo cliente ser um grande corrupto nunca foram divulgados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes recusa-se a aceitar defesa da AGU. Acha que nada pode lhe acontecer. Quando acordar, já pode ser tarde demais. (C.N.)

Lavagem digital e fintechs: o perigo silencioso que movimentou R$ 28 bilhões

É preciso eliminar da política os golpistas, para que não repitam a dose

Vanessa Grazziotin: Bolsonaro quer o caos para facilitar o golpe - PCdoB

Charge do Laerte ( Folha)

Dora Kramer
Folha

O resultado das ações do filho do ex-presidente e do neto do último ditador do regime militar comprova não só a influência dos dois em Washington, como é a maior evidência de que é justo, e até ameno, o empenho rigoroso do Supremo Tribunal Federal no trato aos golpistas e companhia.

As sanções econômicas ao Brasil e o cerco financeiro a Alexandre de Moraes, passível de ser estendido a outros ministros do STF, demonstram que não se pode desdenhar da aptidão de certos seres deformados para produzirem o mal.

CAPAZES DE TUDO – Foram capazes de engendrar planos de prisão e assassinatos para tentar não só contrariar a vontade popular expressa em eleição livre, como derrubar os preceitos de uma República de democracia reconquistada a duríssimas penas. São capazes de tudo e mais um pouco, como vemos agora.

Não medem consequências e, portanto, tampouco se deve contemporizar na aplicação de corretivos legais aos que colocam o país abaixo de suas conveniências malsãs.

O “Brasil acima de tudo” é, pois, uma mentira. Bem contada, mas agora desmontada na ofensiva da direita extremada liderada por Eduardo Bolsonaro (PL) e Paulo Figueiredo.

FORAM SUBESTIMADOS – Os dois foram subestimados enquanto foi superdimensionada a crítica à rigidez do STF, da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República na condução da investigação e do julgamento dos crimes de lesa-pátria. Nunca é tarde, no entanto, para se corrigir o rumo da abordagem dos acontecimentos que desembocam num fato: de um lado há infratores e de outro operadores da lei. Não é difícil escolher junto a qual tipo de vizinhança devemos nos postar.

A despeito do êxito imediato dos conspiradores, o efeito pode ser temporário e exposto como erro de cálculo, se os brasileiros conseguirem reconhecer o risco de se dar asas a essas cobras. Tratadas com complacência, voltarão a atacar.

A Justiça tem seus meios, e a política, os próprios métodos, para extirpar de seu seio os criminosos. Eleitores temos à disposição a ferramenta do discernimento na hora do voto.

Advogado de Trump: “Liberdade de expressão justifica sanção a Moraes”

Advogado de Trump, Martin De Luca

Moraes quer revogar a Primeira Emenda”, diz advogado

Felipe Salgado
Metrópoles

O advogado Martin De Luca, que representa o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defende a legalidade da sanção imposta pelo governo norte-americano ao ministro Alexandre de Moraes (STF). A aplicação da medida, oficializada em 31 de julho, foi baseada na Lei Magnitsky, que autoriza sanções a autoridades estrangeiras envolvidas em supostas violações de direitos humanos.

De Luca afirmou, em publicação no X (antigo Twitter), que a aplicação da norma se justifica diante da suposta censura imposta por Moraes a opositores políticos. Segundo ele, “alguns dizem que @realDonaldTrump ‘abusou’ da Magnitsky Act ao sancionar Alexandre de Moraes porque, segundo argumentam, censura não é uma violação de direitos humanos”. Para o advogado, essa leitura ignora os fundamentos da legislação americana.

BASE LEGAL – “A crítica não compreende a estrutura sobre a qual a Lei Magnitsky foi construída”, escreveu. A norma, segundo ele, permite que os EUA punam autoridades estrangeiras responsáveis por “graves violações de direitos humanos internacionalmente reconhecidos contra indivíduos em países estrangeiros que estejam expondo atividades ilegais de funcionários do governo ou obtendo, exercendo, defendendo ou promovendo direitos e liberdades humanas, incluindo o direito a um julgamento justo e eleições democráticas”.

A liberdade de expressão, afirmou De Luca, está assegurada no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e também no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, ratificado pelo Brasil.

ABUSO DE PODER – “Moraes violou sistematicamente todos esses direitos”, disse. “As ações bem documentadas de Moraes são um caso clássico de abuso de poder para suprimir a liberdade de expressão política. E é exatamente esse tipo de conduta que a Lei Magnitsky foi criada para enfrentar.”

De Luca argumentou ainda que a legislação não exige crimes como genocídio para ser aplicada. “Essa lei não exige genocídio ou crimes de guerra para ser acionada. Ela exige a negação sistemática de direitos básicos.”

Para o advogado, ao prender críticos e supostamente interferir em eleições e censurar o discurso além das fronteiras nacionais, Moraes “atende à definição de violador grave de direitos humanos para se qualificar para sanções dos EUA”.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – “Afirmar o contrário é sugerir que a liberdade de expressão deixou de ser um direito humano”, escreveu.

A sanção contra Alexandre de Moraes, anunciada pelo Departamento do Tesouro, inclui bloqueio de ativos sob jurisdição americana e restrição de entrada nos Estados Unidos.

O governo brasileiro reagiu à medida e considerou o ato uma violação da soberania nacional e uma interferência indevida no Judiciário.

Retrocesso ambiental travestido de progresso

Lula ainda está longe da aprovação necessária para garantir reeleição

Governo Lula planeja força-tarefa para conter alta nos preços dos alimentos  - UGT - União Geral dos Trabalhadores

Lula quer parar a inflação para conseguir se reeleger

Gustavo Uribe
da CNN

A mais recente pesquisa Datafolha revelou que Lula está com 29% de aprovação, um número significativamente inferior aos 46% considerados historicamente como o “número mágico” para garantir uma reeleição no Brasil.

De acordo com análises baseadas na série histórica das pesquisas eleitorais desde a redemocratização, quando um líder possui aprovação inferior a 33% na categoria “bom ou ótimo”, especialistas consideram a derrota nas urnas como um cenário praticamente certo, indica Gustavo Uribe, âncora da CNN Brasil.

SEM PROJETOS – Uma das principais críticas ao atual governo é a ausência de projetos inovadores que possam estabelecer uma marca distintiva para as eleições de 2026. As iniciativas apresentadas até o momento são, em sua maioria, reformulações de programas anteriores, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.

Análises internas indicam que é necessária uma reconexão com a população brasileira. Entre as sugestões está a redução das viagens internacionais em favor de uma presença mais forte em território nacional, buscando uma maior aproximação com o eleitorado.

Um dos desafios significativos é alcançar o eleitor que anteriormente dependia da CLT e dos benefícios sociais, mas que agora se encontra no mercado informal. O governo federal já reconhece a necessidade de desenvolver programas específicos para atender a este segmento da população, que se distanciou das políticas tradicionalmente associadas ao partido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A euforia nacionalista já declarava Lula reeleito, os institutos de pesquisas faziam as contas do faturamento antecipado, mas o Datafolha veio colocar ordem na zona. Ao contrário do que se festejava, o crescimento de Lula nas pesquisas tinha sido decepcionante, nada havia a ser comemorado. Por enquanto, é claro. Quem sabe se Lula se recupera até a eleição? (C.N.)

Não existe nada pior do que um bilionário com consciência social

A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual com pincel em nanquim aguado e, posteriormente, scaneada e colorizada digitalmente.  Na horizontal, medindo 13,9 cm x 9,1 cm, a Ilustração artística de uma multidão, composta por silhuetas humanas em preto com detalhes em vermelho, alinhadas horizontalmente sobre um fundo de pinceladas verticais em tons de vermelho, marrom e cinza claro. As figuras não possuem detalhes faciais, sendo representadas apenas por contornos simplificados. Ao fundo, há grandes pinceladas verticais em tons de vermelho, marrom e cinza claro, que evocam a imagem de prédios ou edifícios estilizados, sugerindo um cenário urbano abstrato.No canto superior direito, há um círculo vermelho, semelhante a um sol, parcialmente sobreposto pelas pinceladas. Uma linha horizontal laranja atravessa a imagem de ponta a ponta, cortando a composição ao nível da cintura das figuras

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé

A tradição de ricos e aristocratas serem de esquerda e apoiarem movimentos socialistas desde o século 19 não é, evidentemente, coisa nova. Entre os bolcheviques e anarquistas russos figuram grandes heróis da aristocracia de então, entre eles, por exemplo, o geógrafo, anarquista e príncipe Piotr Kropotkin e o nobre Mikhail Bakunin. Ricos e aristocratas também se envolveram e se envolvem até os dias de hoje com a direita, obviamente.

No Brasil recente, nomes entre os empresários que se tornaram conhecidos por serem bolsonaristas são esculachados com frequência. Já os ricos apoiadores do PT, entre banqueiros e empresários, são mais discretos e nunca esculachados. Pelo contrário, são elevados à categoria de santidade ideológica e empregam capachos no mundo da cultura em geral.

RICOS E CHIQUES – Esses agentes de repressão política estão entre os mais perigosos, hoje em dia, no Brasil. Esses ricos, chiques e famosos povoam as colunas sociais e o imaginário da esquerda.

Seja para que lado for do espectro político, quando bilionários apoiam ideologias políticas, o risco é enorme por razões óbvias. O dinheiro continua sendo a força maior de todas, mesmo entre aqueles atores políticos e financeiros que juram de pé junto que suas vidas são dedicadas à causa dos humilhados e dos ofendidos. Humilhados e ofendidos são usados como commodity política há muito tempo.

Esta é uma das marcas da democracia em sua vocação irresistível ao populismo: humilhados e ofendidos votam e são em grande maioria, principalmente em países como o Brasil. Lula e o PT têm sido os grandes especialistas em populismo, justamente por seu discurso de voto de cabresto em troca do Bolsa Família e de outros quebrantos.

FALSIDADES DE LULA – O bilionário de esquerda hoje no Brasil tem prestado um grande desserviço à cultura em geral, na medida em que destrói a diversidade de opiniões, alijando setores do pensamento público que não lambem as suas botas.

Uma das ideias mais falsas que atravessam o discurso de Lula é a de que seu governo e sua história implicam combate aos ricos. Mentira: os governos do PT convivem e conviverão muito bem com certos setores da alta elite econômica brasileira, garantindo que ela fique ainda mais rica, em troca de que esses setores alimentem o projeto petista de transformar o Brasil no seu quintal.

Os jovens egressos desses impérios muitas vezes sofrem de uma culpa barata, de que devem ser petistas e similares, para combater a desigualdade social, da qual eles mesmos são a prova cabal. Tendo suas vidas ricas em dividendos que garantem no mínimo cinco encarnações com dinheiro suficiente para viajar e produzir conteúdos audiovisuais que sustentem o discurso autoritário do PT e similares, esses jovens formam uma casta à parte com vocação natural a divas e divos da cultura nacional.

MISÉRIA DA CULTURA – Qualquer produção que brote de suas cabeças já nasce premiada e com unanimidades a seu serviço. Este é um dos fatores que continua a garantir a miséria da cultura nacional, pois esta, passo a passo, se torna o clubinho da mesmice intelectual e artística dos ricos, chiques, famosos e seus capachos.

No Brasil, a cultura só pode ser produzida pela casta sacerdotal abençoada por Lula e seu séquito. E, quando poderosos segmentos da elite econômica financiam tal forma de destruição do pensamento público, respira-se stalinismo.

Como sempre, quando os ricos decidem eliminar “concorrências”, o fazem de forma extremamente competente. O dinheiro nunca perde uma batalha.

E COMPRAM TUDO… – A maior prova do equívoco marxista é achar que a alta elite econômica jamais compraria seus agentes revolucionários. No Brasil, a quase totalidade desses supostos agentes revolucionários estão na “folha de pagamento” dos bilionários de esquerda.

Ao contrário das narrativas equivocadas que circulam por aí, a história prova que muitos profissionais dos setores envolvidos com arte, cultura e letras estão entre os mais baratos da praça. Qualquer troca

do garantirá a fidelidade canina e confessa a quem pagar melhor. Muitas vezes, essa fidelidade é dada em troca, simplesmente, da segurança de que terá seu emprego por mais algum tempo.

SECOS E MOLHADOS – Gente de dinheiro devia ficar concentrada em vender e comprar tomates, ovos, dólares e bolsas de marca. Quando adentra o mundo da cultura, o faz para produzir lacaios.

Nada pior do que um bilionário com consciência social. Pela sua própria condição determinada de bilionário, ele tenderá a esmagar quem se colocar à sua frente como obstáculo.

A intenção deles hoje em dia é eliminar todos que se opuserem a eles e transformar a cultura numa terra arrasada.

Lula tem 39% e Bolsonaro 33% em cenário para 2026, mostra Datafolha

BTG/FSB: Lula tem 41%, e Bolsonaro, 34%; diferença entre eles cai 6 pontos  | Metrópoles

Pesquisa sobre a eleição presidencial não tem novidade

Isabela Mendes e Renata Pedini
Estadão

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, 2, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora vantagem de seis pontos porcentuais sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está atualmente inelegível, no cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026.

Lula lidera com 39% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 33% no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

OUTROS CENÁRIOS – Com o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), Lula marca 39% e o deputado, 20%. Com o filho mais velho de Bolsonaro, Flávio, o petista registra 40%, enquanto o senador tem 18%. No cenário de disputa com Michelle Bolsonaro, por sua vez, a ex-primeira-dama tem 24% de intenções de voto na primeira etapa do pleito. Já Lula tem 39%.

Em eventual disputa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente lidera com 38% a 21%. O cenário muda um pouco quando o petista é desconsiderado na corrida pela reeleição.

Contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), Tarcísio empata — ambos marcam 23% de intenção de voto. Já com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Tarcísio fica na igualdade técnica, com 24% do ex-governador paulista contra 22%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Aliados de Bolsonaro vão às ruas Brasil afora em atos pró-anistia

São Paulo (SP), 03/08/2025 Fotos geral feito de drone do ato "Reaja Brasil", organizado pelo Pastor Silas Malafaia, na Avenida Paulista em São Paulo, neste Domingo, 03 de Agosto de 2025. Sem a presença de Jair Bolsonaro (PL), por determinação de medidas cautelares do STF

Fotos em drones mostram a adesão ao alto na Paulista

Deu no Metrópoles

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) saíram às ruas, neste domingo (3/8), em 62 cidades de todo o país. A pauta das mobilizações também inclui o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os atos ocorreram em todas as regiões do país, no contexto da imposição de medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica. Devido às restrições, o ex-presidente não pode sair de casa aos fins de semana e, por isso, não participou presencialmente de nenhuma das manifestações convocadas para este domingo, mas fez algumas videochamadas e assistiu aos atos em Brasília, transmitido por uma assessora, no Rio, pelo filho Flávio Bolsonaro (PL-SP), e em Belém, pela mulher, Michelle.

GOLPE DE ESTADO – O ex-presidente é réu no processo relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado, que teria ocorrido em 2022 para mantê-lo no poder, mesmo após a vitória do presidente Lula da Silva (PT). A ação penal é conduzida por Moraes no STF.

A anistia em pauta visa livrar Bolsonaro de uma possível condenação que pode levá-lo à cadeia. O perdão se estenderia, ainda, aos demais réus no processo que trata da trama golpista e aos condenados pelo 8 de Janeiro.

Em Brasília, o grupo se reuniu no Eixão Sul, em frente ao Banco Central, a partir das 10h. Tradicionalmente, a rodovia fica fechada aos domingos para o lazer dos moradores da cidade, o que facilitou o encontro.

BANDIDO É LULA – A deputada Bia Kicis (PL-DF) subiu ao carro de som por volta das 10h, logo no início dos protestos, e discursou. “A gente sabe que o nosso presidente é um homem inocente, limpo, honesto, patriota. Ele não é bandido para usar tornozeleira. Bandido é o Lula. Essas mulheres e esses homens perseguidos do 8 de janeiro, que estão de tornozeleiras, sofrendo ou até mesmo presos”, disse a parlamentar

“Hoje é o dia de a gente mostrar a nossa garra e o nosso coração. Hoje é o dia de a gente mostrar que o brasileiro tem coragem, é patriota e solidário. Nós estamos juntos. Viva o Brasil”, finalizou.

Após a fala da deputada, tocaram o Hino Nacional no carro de som, que foi cantado efusivamente pelos manifestantes. Segundo os organizadores do evento, 12 mil pessoas estiveram no ato.

ATAQUE A MORAES – Outros políticos, como o senador Izalci Lucas (PL-DF) e os deputados distritais Thiago Manzoni (PL) e Pastor Daniel de Castro (PP), também marcaram presença no local. O desembargador Sebastião Coelho, aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) aproveitou para dizer que a direita pretende pressionar o Congresso Nacional “em busca de medidas”. “Alexandre de Moraes, você não é um juiz, você é um criminoso”, atacou.

A deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) questionou “que crime Bolsonaro cometeu?”. A parlamentar disse, ainda, que a oposição pretende pautar no Congresso o pedido de anistia aos réus do 8/1, bem como uma solicitação de impeachment de Moraes.

EM COPACABANA – As ruas de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, também foram ocupadas por manifestantes, na manhã deste domingo (3/8). O ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro está previsto para começar as 11h. A estação de metrô do Cantagalo ficou lotada de bolsonaristas, que se dirigiam ao ato.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, esteve na manifestação e conversou com o Metrópoles pouco antes de subir no trio elétrico.

“A gente é muito grato pelas pessoas que, mais uma vez, estão nas ruas para lutar pelo país. O que tem acontecido no Brasil é fruto de toda perseguição de Alexandre de Mores, que, para a vergonha brasileira, é uma autoridade sancionada pela maior democracia do mundo. As pessoas não podem fingir que o Brasil está em normalidade, porque não está. E quem está aqui hoje, em Copacabana, e quem está nas ruas de todo o Brasil está vindo nos ajudar. Esse é o momento de resgatar nossa liberdade e buscar a normalidade no Brasil”, disse.

LÍDER MUNDIAL – O governador Cláudio Castro (PL-RJ) foi ao protesto e discursou de cima do trio. “E esse grito, meus irmãos. está sendo gravado e vai ecoar pelo Brasil e pelo mundo inteiro. Porque o único líder mundial hoje que outras nações param o que estão fazendo para defender é Bolsonaro. Por isso, temos de começar hoje uma grande campanha. Não há plano B ou plano C. Nós queremos Bolsonaro para presidente da República. Viva a democracia. E viva a Bolsonaro”, gritou.

APOIO A EDUARDO – A Praça da Liberdade, em Belo Horizonte virou palco da manifestação de apoiadores, neste domingo. Um dos nomes mais lembrados pelo público foi o do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de gritos efusivos de “obrigado” ao longo do ato.

Mesmo ausente, Eduardo foi citado por manifestantes em razão de sua atuação nos Estados Unidos, onde está desde março. De acordo com declarações anteriores do próprio parlamentar, sua permanência no país tem dois objetivos: articular apoio com aliados do ex-presidente Donald Trump para uma possível anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e pressionar por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na última quarta-feira (30/7), Moraes foi oficialmente sancionado pela Lei Magnitsky, norma americana que permite punições a indivíduos acusados de envolvimento em violações de direitos humanos. A medida foi celebrada por bolsonaristas nas redes sociais e também durante o ato na capital mineira.

OUTROS ESTADOS – De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais, a manifestação ocorreu de forma pacífica e não houve registro de confusões ou confrontos no local.

Pré-candidato ao Senado por Santa Catarina , o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) escolheu a cidade de Criciúma (SC) para participar dos atos pró-anistia ao pai e contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Carlos foi visto no protesto realizado no município. Em uma das imagens, ele aparece cumprimentando o deputado federal Daniel Freitas (PL-SC), que tem base eleitoral na região.

EM SALVADOR – Pelo terceiro domingo seguido, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas de Salvador. O ato “Reaja, Brasil” ocorreu no Farol da Barra, com bandeiras do Brasil e trio elétrico.

A manifestação foi organizada por aliados de Bolsonaro na Bahia, como os deputados estaduais Diego Castro, Leandro de Jesus e deputado federal Capitão Alden, todos do PL-BA. Os parlamentares convocaram o público pelas redes sociais. O protesto começou às 9h e integrou a série de atos simultâneos pelo país.

Nos dois domingos anteriores, os bolsonaristas se reuniram na orla do Costa Azul, no bairro do Stiep, e também no Farol da Barra. As manifestações pedem anistia aos investigados dos atos de 8 de janeiro e criticam decisões do STF.

MICHELLE EM BELÉM – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou do ato em apoio ao marido e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Belém (PA). A manifestação começou às 8h, na avenida Assis de Vasconcelos.

Michelle optou por não comparecer ao ato principal do dia, na Avenida Paulista, em São Paulo, o que gerou incômodo entre aliados. A ex-primeira-dama já havia se ausentado de outras mobilizações organizadas pelo pastor Silas Malafaia, como em Copacabana (em março) e na Paulista (em junho).

Em São Paulo, onde a manifestação começou às 14h, bolsonaristas começaram a chegar à Avenida Paulista no final da manhã. Organizado por Malafaia, o palco montado para os bolsonaristas contou com dois trios elétricos estacionados na esquina com a rua Peixoto Gomide.

NUNES PRESENTE – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou da manifestação. Ele não foi ao último ato bolsonarista em São Paulo, em 29 de junho. No entanto, na manifestação anterior, em abril, Nunes chegou a discursar no palanque e foi tratado como “anfitrião” pelo principal organizador do evento, pastor Silas Malafaia.

Sem o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que faz um procedimento no Hospital Albert Einstein, na zona oeste da capital, a ida de Nunes à Paulista é mais um gesto de aproximação do prefeito paulistano ao bolsonarismo.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi a principal atração entre políticos que fizeram o uso da fala no ato deste domingo em SP. No discurso, o parlamentar atacou o ministro Alexandre de Moraes, criticou a diplomacia do governo Lula e cobrou os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Jair Bolsonaro continua a ser o principal líder da direita. Tem grande chance de derrotar Lula, mas depende do Congresso, que terá de aprovar a anistia, sem que o Supremo derrube o projeto por inconstitucionalidade. Além disso, há a inelegibilidade no TSE, o que é ainda mais complicado, a não ser que também conste na anistia. (C.N.)

Fracasso brasileiro é o novo estilo administrativo adotado pelos EUA

Trump declines witness stand as testimony in his first trial concludes •  Oregon Capital Chronicle

Sem perceber, Trump repete os mesmos erros do Brasil

Vinicius Mota
Folha

A liberdade invocada pelos representantes dos vândalos que destruíram palácios em Washington e Brasília é praticada no Brasil há séculos. Trata-se da escassez de limites para infligir danos e sofrimento aos outros em nome da autenticidade e da sacralidade do interesse e do desejo próprio.

Se é possível extrair uma teoria desse emaranhado, ela opera sob o pressuposto de que os grupos humanos são diferentes nas suas capacidades materiais e intelectuais —por uma condição natural ou histórica ou porque apenas alguns teriam sido abençoados pela graça divina— e predica que não deve haver barreiras psicológicas, sociais nem legais para obstar o atropelo dos mais fracos pelos mais fortes.

ASPIRADOR DE RENDA – Seria como colocar Hobbes do avesso, tirar o Leviatã da sala e deixar o couro comer, mas nem tanto. O Estado tem essa característica de servir como porrete e aspirador de renda nas mãos de alguns e desse elemento não se abre mão. O poder político se torna um meio para proteger e enriquecer quem o conquista e para cooptar, perseguir e enfraquecer adversários. Eis o Brasil de anteontem, ontem e hoje.

Sobre o aspecto de deixar o couro comer, poucos fatores são mais típicos de uma sociedade civilizada do que a proteção da esfera íntima, a começar do corpo. Abster-se de ferir alguém cristaliza-se numa interdição tão enraizada como as regras que inibem o incesto em comunidades tribais.

Era dessa fronteira invisível e impenetrável que Sérgio Buarque de Holanda se ressentia ao identificar e criticar a “cordialidade” brasileira. Cordialidade também quer dizer violência.

TODOS MATAM – O cotidiano brasileiro é violento. A polícia mata, os civis matam e os motoristas matam. Comemora-se a tendência de queda generalizada dos crimes violentos no país, o que é um fato. Ainda assim foram assassinadas mais de 45 mil pessoas no Brasil em 2023 e outras quase 35 mil morreram no trânsito.

São mais de 80 mil em 12 meses, cerca de 40 mortes violentas para cada grupo de 100 mil habitantes e 1 milhão de óbitos de 2013 a 2023. Ucrânia, Síria e Gaza são aqui.

Sociedades civilizadas também instruem a totalidade das crianças e dos jovens como se educação fosse alimento vital. Outras coisas podem faltar, mas não aluno na sala aprendendo com a aula mais eficiente, o horário marcado, o professor preparado, durante vários milhares de horas desde a primeira infância.

ENSINO FALHO – Aqui isso funciona apenas para os filhos da elite e olhe lá. Nove milhões de jovens de 15 a 29 anos nem sequer completaram o ensino básico. O que deveria ser denunciado como crime contra o futuro da população mais vulnerável passa como elemento da paisagem.

A “liberdade” de extrair renda dos outros à custa do bem-estar da maioria também é longeva e disseminada. Não há saneamento, tecnologia do século 19, para todos por causa disso.

A conta de energia de mansões com placas solares é subsidiada pelos mais pobres, grupos profissionais têm privilégios na aposentadoria, na tributação e nos salários custeados pela camada mal remediada da população, mercadorias e serviços encarecem porque a lei atende a lobbies influentes. O descontrole dos orçamentos públicos compromete programas sociais e eleva os juros que remuneram o andar de cima.

PROFECIA DE RICUPERO – Vem do ex-ministro Rubens Ricupero uma profecia incômoda sobre a aspiração civilizatória no Brasil, onde décadas e gerações se sucedem sem nenhuma hecatombe bélica ou natural, mas também sem que o país alcance o bem-estar material e espiritual das nações ricas. É o que ele chamou de suave fracasso.

A novidade que agora vem do norte é a elite política que conquistou a Casa Branca pretender transformar os EUA num grande Brasil.

Famílias e oligarquias se apossam do poder de Estado para defender seus interesses e negócios particulares, proscrevem adversários, desmontam burocracias de mediação, sabotam o cânone acadêmico e educacional, fecham a economia e desestabilizam as relações internacionais motivadas pelo próprio fígado e pelo próprio bolso.

Não há saída brilhante para a crise criada por Trump, diz Francisco Rezek

FRANCISCO REZEK – Academia Líbano Brasil

Resek não vê solução para problemas que Trump cria

Vicente Limongi Netto

A jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense- 03/08) brindou os leitores e assinantes com expressiva entrevista com o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek.

Voz firme, competente e respeitada na luta do bem contra a crescente e avassaladora intolerância dos poderosos mundiais de plantão. Para Rezek, “Donald Trump não entende por que seu devoto Jair Bolsonaro enfrenta aqui consequências que ele próprio não teve que enfrentar perante a justiça norte-americana”.

A seu ver, “não há como imaginar uma saída brilhante para o impasse em que Trump coloca o Brasil de caso pensado e com dolo intenso”.

Trump acha que pode dirigir o mundo, sem ter o suco de laranja do Brasil?

Krugman: Trump acha que governa o mundo, mas não tem o suco do Brasil |  Metrópoles

Krugman aponta as idiotices que Trump está fazendo

Aline Bronzati
(Broadcast)

O economista americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de 2008, afirmou que a isenção ao suco de laranja do Brasil é um sinal de que os Estados Unidos precisam do País. Ele voltou a tecer críticas à nova política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando entraria em vigor a cobrança das taxas ao mundo. A tarifação acabou sendo adiada para a próxima semana.

Para Krugman, a taxação do chefe da Casa Branca ao Brasil é um “flagrante” ao querer influenciar sua política interna e ilustra a “ilegalidade” do tarifaço. “Trump pode achar que pode governar o mundo, mas ele não tem o suco de laranja ou de outro tipo”, afirma, em análise divulgada nesta sexta-feira.

LIÇÃO AO MUNDO – Trump está, sem querer, dando ao mundo uma lição sobre os limites do poder dos EUA, diz Krugman. O economista diz que as negociações de Trump com o Brasil são “excepcionais” e suas exigências são “diferentes” do que as feitas a qualquer outro país, cuja taxação de 50% é “consideravelmente mais alta”.

“Trump vinculou explicitamente as tarifas ao Brasil à ousadia da nação em julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentar reverter uma eleição que ele perdeu”, destaca.

O Nobel acusa Trump de ser um “inimigo da democracia e da responsabilidade de aspirantes a autoritários”. “Mas nós sabíamos disso”, afirma.

TOTALMENTE ILEGAL – O economista americano também observa que é “totalmente ilegal” os EUA usarem tarifas para tentar influenciar a política interna de outro país. “Praticamente tudo o que Trump tem feito em termos de comércio é ilegal, mas no caso do Brasil é completamente flagrante”, reforça.

Conforme ele, as razões para a imposição de tarifas são limitadas, como, por exemplo, uma situação de emergência econômica, mas esse não é o caso dos EUA, que “estão indo muito bem”, nas palavras do chefe da Casa Branca.

“Portanto, o confronto com o Brasil ilustra de forma especialmente clara a ilegalidade da onda de tarifas de Trump”, afirma.

LIMITE AO PODER – Por outro lado, a taxação aos produtos brasileiros, na sua visão, também ilustra a “diferença entre a quantidade de poder que Trump aparentemente pensa que tem e a realidade”. Um sinal claro é a isenção ao suco de laranja fresco, 90% do qual é fornecido pelo Brasil.

“Aparentemente, precisamos do que o Brasil nos vende. E isso é uma admissão implícita de que, ao contrário das constantes afirmações de Trump, os consumidores dos EUA, e não os exportadores estrangeiros, pagam as tarifas”, avalia.

O Nobel cita ainda o café, que ficou fora da lista de cerca de 700 isenções dos EUA ao Brasil. “O que alguns de nós queremos saber é por que o suco de laranja, do qual as pessoas podem viver sem, está recebendo uma folga, enquanto o café, um nutriente absolutamente essencial, não está”, questiona.

EFEITOS CONTRÁRIOS – Já na política, Krugman observa que a taxação de Trump ao Brasil está tendo “efeitos contrários”, com a melhora da aprovação do governo petista no País.

“Em um eco do que aconteceu no Canadá, onde a pressão de Trump claramente salvou o governo Liberal de perdas eleitorais massivas, as ameaças contra o Brasil fizeram maravilhas pela popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o atual presidente”, diz.

E discorda do critério que aponta os EUA como o segundo parceiro comercial mais importante do Brasil. Quando considerados todos os países europeus somados, a China segue na liderança isolada, respondendo por 28% das exportações do Brasil, mas a União Europeia (UE) sobe para a segunda posição, com uma fatia de 13,2%, enquanto que os EUA cairiam para a terceira, com 12,1%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Disse Krugman: “Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar uma nação de mais de 200 milhões de pessoas a abandonar seus esforços para defender a democracia, quando ela vende 88% de suas exportações para países que não são os Estados Unidos?”. Bem, vê-se por que Krugman foi Nobel de Economia aos 61 anos. (C.N.)

Em seis meses, Trump abalou a democracia e agora desfaz o ‘mito’ americano

CRÉDITO: STEVE SACK_CAGLE CARTOONS

Charge do Steve Sack (Revista piauí)

Jamil Chade
do UOL

Poucas semanas depois de Donald Trump iniciar os ataques contra as instituições americanas, chantagear o mundo e tentar, na força, inaugurar uma nova ordem mundial, um dos maiores especialistas em democracia no mundo, Staffan Lindberg, chefe do V-Dem – um programa da Universidade de Gotemburgo – avisou:

“Se isso continuar assim, os EUA não serão mais considerados como uma democracia em 2026”, disse, numa referência ao informe e mapeamento que sua instituição realiza e que serve de parâmetro no mundo.

MITO EM CRISE – Não era um exagero. O ‘mito’ americano de ser uma experiência democrática que serve de suposto modelo ao mundo está em risco. Em seis meses, o governo Trump proliferou ordens executivas para desmontar o estado de direito, promoveu um ataque deliberado contra a Constituição, prendeu e pediu o impeachment de juízes e deu ordens explícitas para que seus funcionários descumprissem ordens legais.

Dentro da Casa Branca, foram borradas as linhas que separam interesses particulares e públicos, com empresários, parentes e o conglomerado Trump usando os símbolos nacionais para vender telefone, criptomoeda, perfume, bíblias e mais de 150 outros produtos.

O presidente ainda agiu para apagar as fronteiras entre fé e religião, um dos pilares da república. Trouxe para dentro do Salão Oval “tele-evangelistas”, ordenou investigação sobre a suposta perseguição contra cristãos e falou abertamente sobre princípios religiosos como base para políticas públicas.

RACISMO E XENOFOBIA -Em sua ofensiva contra imigrantes, transformou o processo de deportação em um reality show de racismo e xenofobia.

Trump desmontou o Departamento de Educação e institucionalizou a censura, retirou programas sociais dos mais pobres, atacou universidades e enfraqueceu ou inviabilizou os órgãos de controle.

A corrosão da democracia veio ainda na forma de um ataque minuciosamente organizado contra a imprensa, seja pedindo publicamente a demissão de jornalistas como abrindo processos milionários contra meios de comunicação. O objetivo é intimidar e causar um clima de auto-censura entre todos os demais.

RÁDIO E TLEVISÃO -Ao cortar recursos para a NPR e PBS, o sistema público de rádio e televisão, Trump deve ainda levar ao fechamento de 1,5 mil estações pelo país e que dependiam dos programas produzidos pela agência.

O impacto é também no exterior. Os cortes de Trump na ajuda externa e o desmantelamento da US Agency for Global Media significaram o fim do apoio à mídia independente no exterior, provocando a alegria dos regimes autoritários que estão aproveitando a oportunidade para preencher o vazio deixado para trás. Basta ver como a mídia estatal russa elogiou o fechamento da Voice Of America como uma “decisão fantástica”.

Para a entidade Repórteres Sem Fronteira, Trump está ao mesmo tempo “imitando e inspirando regimes autoritários e quase autoritários em todo o mundo”.

ANTIJORNALISMO – “Donald Trump tornou-se uma figura importante em um movimento político global antijornalismo que contribuiu para o recente declínio da liberdade de imprensa em todo o mundo e que atualmente está em plena exibição nos Estados Unidos, apenas seis meses após o início de seu segundo governo”, alertou a organização.

“Desde que assumiu o cargo, há seis meses, Trump tem correspondido a anos de ataques verbais a jornalistas com ações novas e concretas para limitar a liberdade de imprensa. Muitas dessas táticas não são novas – é a mesma cartilha que vimos os predadores da liberdade de imprensa empregarem em todo o mundo. Mas está claro que Trump ampliou esse fenômeno, encorajando e inspirando outros líderes a reprimir sua própria mídia doméstica. O resultado é um desastre para a liberdade de imprensa em nível global”, alertou Clayton Weimers, diretor-executivo da RSF.

Entre acadêmicos e analistas americanos, o mito de que suas instituições eram sólidas o suficiente para conter ofensivas autoritárias se desmanchou nos últimos seis meses. Trump cavalga com a certeza de que não tem limites para suas ações e não descarta nada. Nem mesmo mais um mandato, hoje ilegal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump é exagerado em tudo o que faz. Sempre foi assim e não vai mudar. Acredito que em breve as coisas vão se acomodar, porque ele perceberá que muitas teses suas são inviáveis. É preciso ter muita serenidade para negociar com Trump, todos os países estão discutindo as tarifas e o mundo não parou se girar. É só uma freada de acomodação, como dizem os motoristas de ônibus. (C.N.)