Infarto mata aos 82 anos J.R. Guzzo,  grande mestre do jornalismo político

Jornalista José Roberto Guzzo morre aos 82 anos

J.R. Guzzo era um dos maiores jornalistas brasileiros

Adriano Ribeiro
Terra

Morreu na madrugada deste sábado (2), aos 82 anos, o jornalista José Roberto Dias Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo. Ele sofreu um infarto e não resistiu. Segundo a família, Guzzo enfrentava problemas crônicos no coração, nos pulmões e nos rins.

Com mais de seis décadas de carreira, Guzzo começou no jornalismo em 1961, como repórter e subsecretário da edição paulista do jornal Última Hora, em São Paulo. Foi diretor de redação da revista Veja entre 1976 e 1991 e integrou o conselho editorial do Grupo Abril.

Teve passagens como correspondente internacional em Paris e Nova Iorque. Nos últimos anos, escreveu colunas para veículos como Veja, O Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo, Revista Oeste — da qual foi fundador — e também para o jornal Zero Hora.

Leia a última crônica de Guzzo, enviada à revista Oeste:

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SOVA DOS EUA FOI A MELHOR COISA QUE PODERIA TER ACONTECIDO PARA LULA NA SUA TERRA DO NUNCA

Se a decisão fosse disponível neste momento para ele, Lula estaria vivendo com toda certeza na Terra do Nunca que a mídia brasileira criou. Nada do que acontece ali, ou muito pouco, tem alguma coisa a ver com a vida como ela é na realidade dos fatos. Em compensação, o presidente teria um mundo ideal por lá.

Tudo o que ele faz dá certo. Nas matérias do tipo “quem ganhou e quem perdeu”, está sempre nos “quem ganhou”. Só tem vitórias. Nunca perde nada: eleição municipal, pesquisa de opinião, arcabouço fiscal. Não é o chefe de um governo senil, desmoralizado e corrupto, com zero de resultados em dois anos e meio. É Peter Pan.

VITÓRIA CONTRA TRUMP – A miragem do momento é o que os comunicadores descrevem como a sua vitória no contencioso contra os Estados Unidos e Donald Trump. Levou 50% de imposto nas exportações do Brasil para lá, e não conseguiu punir os americanos em nada – mesmo porque não tem a menor condição para fazer isso.

Não conseguiu dar sequer um telefonema para Trump. A ficção de que Lula é um grande “negociador”, criada por ele próprio e aceita como verdade científica pela imprensa, não rendeu dois minutos de conversa com ninguém. Comprou uma briga com a maior potência do planeta sem ganhar nada em troca; não tinha, aliás, nada a propor.

Lula, dizem em peso os analistas, tornou-se o grande favorito nas eleições do ano que vem – que estavam indo para o saco. Enfim, a sova que o Brasil acaba de levar foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca

ANÕES DIPLOMÁTICOS – Seu único contato no exterior foi com Colômbia, Chile e outros anões que lhe deram apoio verbal, desejaram boa sorte e foram cuidar da vida.

Seus imensos aliados no Brics, a China e a Rússia, continuaram imaginários; não lhes passou pela cabeça criar nenhum problema novo com os americanos para ajudar o Brasil na briga.

Muito pelo contrário: a China, mais uma vez sem dar vantagem alguma ao Brasil, está desfrutando de uma inédita licença para entupir o mercado brasileiro com a importação de carros elétricos, que a propaganda lulista apresenta como fabricados “em Camaçari”. Festejaram a vitória da “soberania”, da “honra” e da “firmeza” do Brasil, mas ganhar alguma coisa de útil que é bom, nada.

ÊXITO HISTÓRICO – Na mídia, porém, esse balanço miserável foi transformado num êxito histórico para Lula. Trump, por essa visão, deu “um tiro no pé”; não se explica o que ele perdeu, mas e daí? A popularidade de Lula, que vinha derretendo nas pesquisas, ressuscitou de um dia para outro.

A “população”, supostamente indignada com os Estados Unidos, se juntou em apoio decidido ao presidente. O fracasso do seu governo se desfez sem que ele tenha tido de entregar um único mata-burro a ninguém. As sanções não terão efeito na economia; algum probleminha aqui ou ali, mas nada de sério.

Lula, dizem em peso os analistas, tornou-se o grande favorito nas eleições do ano que vem – que estavam indo para o saco. Enfim, a sova que o Brasil acaba de levar foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca.

MORAES ACLAMADO – Patriotismo fajuto do PT é pura hipocrisia e oportunismo grosseiro. Como em jogo de futebol ruim, comemora-se até lateral. O ministro Alexandre de Moraes, com quem o governo Lula mantém um pacto de morte, foi acusado pelos Estados Unidos de violar a Lei Magnitsky, que até outro dia ninguém sabia o que é, mas hoje é mais conhecida que a Lei do Inquilinato.

É uma humilhação mundial inédita e arrasadora, que coloca um ministro do órgão máximo da Justiça brasileira na companhia de assassinos em massa, torturadores, terroristas, genocidas e outros criminosos hediondos. É o Brasil que se vê lançado ao rol das nações-bandidas, como violador dos direitos humanos. É o “Processo do Golpe” exposto ao mundo como a farsa que sempre foi.om ele. Está mais forte do que estava. Em suma: nada como ser exposto perante o mundo como um criminoso de país subdesenvolvido. É nisso que estão querendo que você acredite.

7 thoughts on “Infarto mata aos 82 anos J.R. Guzzo,  grande mestre do jornalismo político

  1. Grande jornalista vai deixar saudade.
    Nesse artigo colocou o Premio Nobel de narrativas e papo furado no panteão dos grandes mentirosos.
    A quantidade de bajulação da mídia argentária é diretamente proporcional ao volume de verba de publicidade despejada na goela dela. Globo, Folha e Estadão que o diga, após o Guzzo dizer.
    Parabéns pela postagem.

  2. Espero de meu estimado CN um breve comentário que seja sobre o JR Guzzo. Soube ele como ninguém, na quadra em que nos sufocamos, descrever o abismo e a miséria em que nos enfiaram. Discordava, contudo, profundamente na forma como “defendia”, digamos, os inenarráveis “boçalnaristas”.

  3. Excelente jornalista, acompanhava-o desde da revista veja. Existe uma diferença abissal entre os seus textos e aqueles da turma da esquerda mantidos pelas tetas do governo. É uma perda irreparável para nossa imprensa.

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