
Presidente está em Jacarta para assinar acordos de cooperação
Felippe Coaglio
Isabelle Gandolphi
G1
Lula foi recebido pelo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no Palácio Merdeka, onde assinaram diversos acordos e firmaram parceria estratégica nesta quinta-feira (23). Lula também afirmou que disputará o quarto mandato na eleição de 2026.
“Eu quero lhe dizer que eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil”, declarou.
PROTECIONISMO – Às vésperas de um possível encontro com Trump, Lula criticou o protecionismo, e afirmou querer uma democracia comercial e multilateralismo. “Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. Nós queremos crescer, gerar empregos. Emprego de qualidade, porque é para isso que nós fomos eleitos para representar o nosso povo”.
O presidente também defendeu o comércio sem dólar, afirmando o interesse de ambos os países em discutir a comercialização com moedas próprias. “Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar. O Século XXI exige que tenhamos a coragem que não tivemos no Século XX. Exige que a gente mude alguma forma de agirmos comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém.”
A visita marca o início da agenda asiática do presidente, que tem como foco ampliar o comércio de proteína animal brasileira, reforçar parcerias ambientais e estreitar laços diplomáticos com países do Sudeste Asiático.
EXPECTATIVAS – Logo no início do encontro, os presidentes falaram sobre as boas expectativas, e Subianto afirmou admirar a excelência de Lula e os programas feitos ao povo brasileiro. Lula disse que é uma grande alegria voltar à Indonésia depois de 17 anos, mas que desde 2008 os países possuem uma parceria estratégica e que espera renovar a relação com essa visita.
“É com muita alegria que estou aqui, com muita esperança e muita disposição, para trabalhar para que a relação Indonésia-Brasil seja uma relação cada vez mais produtiva, mais rentável para nossos povos”, afirmou Lula.
Lula usou sua conta no X para publicar sua chegada ao Palácio Merdeka, reforçando a relação bilateral entre os países, que tem se aprofundado em diversas áreas, como comércio agrícola, bioenergia, defesa e desenvolvimento sustentável.
COMRPOMISSOS – A programação oficial de Lula em Jacarta concentrou os compromissos no Palácio Merdeka, sede do governo indonésio, além de encontros com empresários locais no fim do dia.
O dia começou às 10h (horário local, 0h de quinta em Brasília), com a cerimônia oficial de chegada. Lula foi recebido com honras militares pelo presidente Prabowo Subianto, no pátio do palácio, em uma solenidade que incluiu a execução dos hinos nacionais e a apresentação das delegações dos dois países. Em seguida, foi feita a fotografia oficial e Lula assinou o livro de visitas do Palácio Merdeka, um gesto simbólico que marca o início da visita de Estado.
Lula se reuniu com Prabowo, para discutir temas sensíveis da relação bilateral, como exportações agrícolas, investimentos em energia renovável e cooperação em defesa. O Brasil é um dos principais fornecedores de carne bovina para a Indonésia e busca ampliar o acesso ao mercado local com novas certificações sanitárias.
ACORDOS – Logo depois, ocorreu a reunião ampliada entre as comitivas brasileira e indonésia, com a presença de ministros e assessores dos dois governos. O encontro tratou de acordos comerciais, parcerias ambientais e investimentos em infraestrutura verde. A programação seguiu com um almoço de trabalho oferecido por Prabowo Subianto em homenagem a Lula.
A reunião entre os presidentes estava prevista para durar 30 minutos, mas durou uma hora. Informações apuradas pelo correspondente internacional Felippe Coaglio, a conversa foi muito positiva.
Lula e Subianto discutiram temas como a liberação do frango brasileiro para o programa do governo de alimentação para crianças, grávidas e lactantes; aumentar o envio de carne brasileira; e identificaram oportunidades para a Embraer suprir demandas do governo indonésio e da aviação comercial. O país já usa o Super Tucano da Embraer desde 2011 e podem fechar acordos.
SATISFAÇÃO – Foram transmitidas as assinaturas dos atos acordados durante a reunião por ministros e representantes empresariais, como da JBS e J&F. Além do ministro de Minas e Energia, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Agricultura e presidente do IBGE. Lula e Prabowo Subianto falaram com a imprensa após a reunião. Os presidentes demonstraram muita satisfação nos acordos, que foram principalmente nas áreas comerciais, tecnológicas, de defesa e agricultura.
Subianto afirmou que os presidentes possuem ‘sinergia’ em diversos fatores, como no setor internacional, político, econômico e comercial. Também falou sobre a relação multilateral e cooperação entre eles, além de serem membros do BRICS e G20.
Lula afirmou que são duas nações determinadas a assumir o lugar que os corresponde em uma ordem em profunda transformação e que o mundo em desenvolvimento deve muito à Indonésia.
INDÚSTRIA MILITAR – O presidente do Brasil também disse que “não faltam oportunidades para o comércio de produtos de maior valor agregado, em especial no setor de defesa”, enaltecendo a indústria militar brasileira e se mostrando disposto a contribuir para as necessidades estratégicas da Indonésia, em particular a FAB.
“Indonésia e Brasil compartilham o compromisso com a paz, com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma ordem internacional mais justa”, afirmou o presidente do Brasil.
Lula comentou que encontrará Subianto em alguns dias, na Cúpula da ASEAN, na Malásia, e que a decisão brasileira de reforçar a cooperação com a Indonésia e com o Sudeste Asiático ‘não poderia ser mais acertada’.
CRESCIMENTO – Nas últimas duas décadas, o comércio entre os dois países cresceu mais de três vezes, de 2 bilhões para 6 bilhões e meio de dólares. Em 2024, a Indonésia foi o quinto destino das exportações do agronegócio brasileiro. Para Lula, esses valores ainda são tímidos diante do potencial dos mercados consumidores.
Lula também disse sobre ele e o presidente Prabowo concordarem quanto à urgência de agirem com determinação para vencer a crise climática, pois a Indonésia tem sido um parceiro fundamental nessa luta.
Os países estão entre os maiores países detentores de floresta tropicais e com maior biodiversidade do mundo, segundo Lula. Também são grandes produtores de biocombustíveis, que terão papel fundamental a desempenhar na transição para economias de baixo carbono.
TRABALHO CONJUNTO – “Indonésia e Brasil trabalharão juntos para uma transição energética justa, rumo a economias menos poluentes e mais sustentáveis, sem prescindir da geração de empregos de qualidade e da redução das desigualdades”, relatou Lula.
Ele disse que agradeceu ao apoio do presidente Subianto à COP30, que acontecerá em alguns dias. Por fim, Lula confirmou que disputará quarto mandato e aceitou ao convite de Subianto para comemorarem seus aniversários – o presidente da Indonésia completou 74 anos no dia 17 e Lula fará 80 no dia 27.
ENCONTRO COM TRUMP – Após a passagem pela Indonésia, Lula seguirá para a Malásia, onde participará da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e poderá se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Fontes dos dois governos confirmaram à imprensa internacional que há disposição mútua para o encontro, que deve ocorrer no domingo (26), caso as agendas coincidam. Segundo reportagem da Reuters, o governo brasileiro propôs o encontro no início do mês, e os dois líderes tiveram uma “conversa muito boa” por telefone dias depois. Autoridades dos dois países avaliam que a cúpula asiática representa um local neutro e diplomático para a reunião, o que permitiria um diálogo mais direto sobre temas econômicos e regionais.
Se confirmado, será o primeiro encontro presencial entre Lula e Trump desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O Planalto vê a conversa como uma oportunidade para “reorganizar a relação” entre os países e buscar a suspensão das tarifas impostas em julho. Também devem estar na pauta as medidas restritivas a autoridades brasileiras e a posição dos EUA sobre Venezuela e Colômbia — temas em que Lula tem insistido em defender uma “zona de paz” na América do Sul.
States ameaçam atacar Venezuela e Colômbia
O que os States querem?
O projeto político de Marco Rubio, secretário de Estado, é combater ou derrubar a esquerda latino-americana, qualquer coisa que queira chamar de governo de esquerda, de Venezuela e Nicarágua a Brasil, Chile e Colômbia.
Qual outro interesse? É tentativa entre desastrada e idiótica de afastar a China da região?
Laranjão mandou navios de guerra para o Caribe. Bombardeia barcos de supostos traficantes de drogas. Ameaça intervenção militar ou da CIA na Venezuela, em tese contra traficantes, que os americanos dizem ser ameaça maior do que jihadistas.
Laranjão disse no domingo (19) que o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, nada faz contra a produção de drogas e o chamou de “illegal drug leader”.
Caso Petro não encerre a produção de drogas, ameaça Laranjão, “os EUA vão encerrá-las para ele, e não vai ser de um modo agradável”.
Em janeiro, Laranjão ameaçara cobrar impostos de importação de 25% sobre produtos colombianos caso o país não recebesse voos com deportados. Ameaça agora novo tarifaço.
O governo colombiano fala de “ameaça de invasão”.
Como se sabe, o Brasil enfrenta o tarifaço, sanções contra autoridades e esteve sob ameaça de ataques mais graves.
Folha de S. Paulo, Opinião, 22.out.2025 às 19h45 Por Vinicius Torres Freire
Resultado dos “vapores ” aspirados de “Merdeka”!
Uma das minhas últimas crônicas sobre o ex-mito
Esta é uma das últimas crônicas que escreverei sobre seu ex-mito. Nos últimos cinco ou seis anos, conspurquei muitas vezes este espaço respingando na tela o nome do ex-mito, pelo risco que ele representava para a democracia.
Risco, aliás, fácil de prever desde a campanha eleitoral em 2018, dada a coerência histórica da extrema direita em seus discursos: pregação da antipolítica, obsessão pela corrupção (a alheia, claro) e a urgência de um líder messiânico, de “fora do sistema”, para dar jeito no país. O objetivo, óbvio, era a ditadura —só não estava clara ainda a estratégia.
No começo, a fúria do ex-mito em armar a população parecia indicar a preparação para uma guerra civil entre seus partidários e as forças constituídas.
Dali a pouco, enxergou-se a alternativa melhor: corromper essas próprias forças, as Armadas, nomeando generais até como seguranças de prédios e, de baixo para cima, infiltrar agentes nas várias camadas do Judiciário — investigadores, policiais, delegados, juízes de primeira instância, secretários da Justiça— e homens de confiança na PGR e no STF.
Com isso, as duas pontas ficariam amarradas: a certeza de, em caso de necessidade, um golpe militar avalizado pela Lei. Deu mal, como se sabe, pelo compromisso dos militares e dos magistrados com a democracia. Mas foi por pouco.
Por fim, como o último espasmo de um moribundo, as manobras de Bananinha para chantagear o Brasil com medidas econômicas por Laranjão.
Mas, como também foi dito e repetido aqui, idióticos os que confiassem na disposição de Laranjão para dispensar negócios com um país a fim de livrar um político desprezivelmente perdedor como o ex-mito.
Com Laranjão às voltas com seus problemas e o ex-mito já dado como um zumbi por seus ex-aliados, voltarei a me dedicar a colunas sobre cultura e comportamento e atualidades.
Fonte: Folha de S. Paulo, Opinião, 22.out.2025 às 8h00 Por Ruy Castro
A matéria de Coaglio e Gandolphi parece menos jornalismo e mais um relatório de viagem redigido pelo Itamaraty em missão de bajulação. Tirando o exagero de *Merdekas* e salamaleques, serviria perfeitamente como peça de campanha para o loola — talvez até com trilha sonora e legenda “Brasil voltou”.
Se tiver o encontro do Cachaça com o Trump vai dar merda . Vou até fazer o print da matéria .