Briga entre Fux e Gilmar vai piorar ainda mais o clima péssimo no STF

Gilmar x Fux armam uma treta Suprema

Charge do Marcelo Chelio (UOL)

Cézar Feitoza
Folha

O embate entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux durante o intervalo do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) de quarta-feira (15) se estendeu durante a sessão no plenário do tribunal.

O Supremo julgava um processo sobre os valores obtidos por meio de condenações em ações públicas na Justiça do Trabalho não serem destinados a um fundo específico, como prevê a legislação.

FUX SE RETIRA – Gilmar usou o caso para renovar suas críticas à Lava Jato, lendo mensagens trocadas entre procuradores e acusando-os de cretinos. Fux, com quem havia discutido havia minutos, levantou-se da cadeira e deixou o plenário para não mais retornar.

O decano do Supremo fez a ligação entre os dois temas ao se recordar que, durante a Lava Jato, os procuradores responsáveis pela investigação decidiram criar um fundo bilionário, bancado com recursos recuperados da Petrobras e administrado pela força-tarefa para patrocinar projetos de cidadania e anticorrupção.

“O principal exemplo de desvio flagrantemente ilegal de recursos que deveria servir à recomposição de danos de atos ilícitos é, sem dúvida, o que se observou no âmbito da tal Operação Lava Jato, em que foram verificadas até mesmo tentativa de apropriação de verbas bilionárias com criação de fundos que seriam administrados pelos procuradores de Curitiba”, disse.

JABUTICABA – “O Brasil produziu, presidente, nesse período de Lava Jato e quejandos —e é uma singularidade brasileira, uma jabuticaba— um tipo de combatente, ministro Zanin, de corrupção que gosta muito de dinheiro. É uma singularidade”, completou.

Gilmar entrou no assunto por esse caminho, comparando o uso irregular de recursos que deveriam ir a um fundo público. Citada a Lava Jato, o ministro passou a ler mensagens trocadas entre procuradores e avançar sobre temas diversos ao processo em julgamento.

Ele disse que procuradores tentaram montar um esquema internacional para compartilhamento ilegal de provas, citou “entrega de provas em saco de supermercado” e chamou a gestão do ex-chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República) Rodrigo Janot de “triste memória”.

ATO DE REPÚDIO – O voto de Gilmar durou pouco menos de 50 minutos. Fux deixou o plenário do Supremo logo no início. Após o decano do tribunal terminar sua fala, foram feitas poucas intervenções, e o presidente da corte, Edson Fachin, encerrou a sessão.

Um ministro afirmou à Folha, sob reserva, que a retirada de Fux foi percebida pelos colegas como um ato de repúdio a Gilmar. O clima na corte seguiu tenso na quinta-feira (16). Gilmar e Fux, procurados, não se manifestaram.

Uma hora antes do embate silencioso no plenário, Gilmar e Fux tiveram um duro diálogo em uma das salas do STF anexas ao plenário, como revelou a colunista Mônica Bergamo.

CRIME DE CALÚNIA -No intervalo da sessão, pouco depois das 16h, Gilmar questionou Fux, de forma irônica, sobre ele ter suspendido o julgamento de um recurso em que Sergio Moro tenta reverter decisão que o tornou réu pelo crime de calúnia contra o próprio Gilmar.

O placar da Primeira Turma estava em 4 a 0 contra Moro. Fux pediu mais tempo para analisar o processo. De acordo com relatos da conversa, Gilmar disse a Fux: “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato”.

Em seguida, ele afirmou que o colega deveria “enterrar” o assunto “do Salvador”, referindo-se a um ex-funcionário do gabinete de Fux, José Nicolao Salvador, citado numa proposta de delação premiada na década passada, e demitido pelo magistrado em 2016.

FUX REAGE – De acordo ainda com relatos, Fux reagiu. Respondeu que tinha pedido vista do caso de Moro para examiná-lo melhor e que também estava contrariado com Gilmar, que falaria mal dele em diversos lugares e ocasiões.

Gilmar afirmou que isso era verdade, mas que falava mal de Fux publicamente, e não pelas costas, por considerá-lo uma figura lamentável. E deu como exemplo o julgamento de Jair Bolsonaro, dizendo que Fux “impôs aos colegas [da Primeira Turma] um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido”, finalizando por absolver o ex-presidente e “condenar o mordomo [o tenente-coronel Mauro Cid, por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito]”, o que teria deixado “todo mundo” chateado.

Fux, segundo ainda relatos, defendeu seu voto, afirmando que era o que tinha que fazer diante do que entendia ser um massacre sofrido pelos réus da trama golpista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa briga entre Fux e Gilmar vai piorar ainda mais o clima no Supremo, que está cada vez mais sujo. Detalhe importante: Fux é faixa preta em Judô. Se chegarem às vias de fato, como se dizia antigamente, Fux facilmente vai finalizar Gilmar e enfiar-lhe a peruca goela abaixo. Vai ser imperdível. Comprem pipocas. (C.N.)

5 thoughts on “Briga entre Fux e Gilmar vai piorar ainda mais o clima péssimo no STF

  1. Ao contrário do que pode parecer, Barba quer distância de Laranjão

    Reunião com ele, só se for secretamente. Pública (seu maior temor), jamais.

    Vivo como é, Barba não cairia numa ‘emboscada’ de Laranjão, como caíram os afoitos Zelensky e Ramaphosa, que foram ‘esculhambados’ em reuniões na Casa Branca transmitidas ao vivo pela TV.

    Uma coisa é Certa: Barba deixa de se reunir com Laranjão, deixa de tratar dos interesses do país, mas dificilmente cairá em ‘armadilha’ do ex-apresentador do reality “O Aprendiz”.

    “Macaco velho não mete a mão em cumbuca.”

    Acorda, Brasil!

  2. Intervenção militar americana na Venezuela: Iminente risco para o Brasil

    Os Estados Unidos deslocaram ao redor de 10 mil militares para a região e têm alvejado barcos na costa venezuelana, sob a alegação de que são usados para transportar drogas — afirmam que houve 27 mortos nos ataques.

    O governo Trump acusa Maduro de associação com o narcotráfico e com a facção criminosa Tren de Aragua, que classifica como organização terrorista.

    Maduro se tornou o mais nefasto ditador latino-americano, após fraudar descaradamente o resultado das últimas eleições.

    A imprensa americana especula que Trump deseja derrubá-lo e, para isso, poderia estar disposto a invadir a Venezuela.

    Os EUA deflagraram a operação militar, após oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Maduro.

    O Estado de S. Paulo, Opinião, 17/10/2025 00h09 Por Editorial

    https://oglobo.globo.com/opiniao/editorial/coluna/2025/10/acao-americana-na-venezuela-deriva-da-obstinacao-de-maduro-pelo-poder.ghtml

  3. PL da Dosimetria encalha na Câmara

    O PL (Projeto de Lei) da Dosimetria, cujo relator é o deputado Paulinho da Força (Solidariedade), está empacado na Câmara.

    O PL da Dosimetria, com o objetivo de reduzir as penas dos condenados pela tentativa de golpe de Estado, não avança, devido às divergências entre o Centrão, que apoia a mudança, e o PL e os demais integrantes da bancada bolsonarista, que querem uma anistia para o ex-mito, condenado a 27 anos de prisão em regime fechado.

    O ex-mito quer recuperar a liberdade e o direito a concorrer à Presidência nas eleições de 2026. Mas, esse é um jogo jogado, não há a menor chance de seguir adiante antes das eleições de 2026.

    Ainda mais depois de iniciadas as negociações de Barba e Laranjão, que pressionou o Supremo para que não condenasse o ex-mito, impondo duras tarifas às exportações brasileiras, da ordem de 50%, e sanções financeiras a Xande, relator do processo, e seus familiares, entre outras autoridades.

    Assim como a aprovação da chamada PEC da Blindagem pela Câmara foi amplamente repudiada, o PL da Dosimetria também enfrenta dificuldades para ser aprovado por causa da opinião pública.

    A medida é uma espécie de texto alternativo ao PL da Anistia, relacionado aos condenados pelos ataques à sede dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Ele tem como objetivo propor punições menores e mais brandas, ao contrário de um perdão político “amplo, geral e irrestrito”, como defendido por alguns membros da oposição.

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    Mesmo assim, a bancada do PL acredita que esta será uma semana decisiva para o avanço do projeto da anistia na Câmara dos Deputados.

    “Dosimetria é conversa fiada para boi dormir. Nós não somos bois. Dosimetria não é papel do Congresso. Papel do Congresso é conceder anistia”, afirmou Malafalha, durante o ato na Esplanada dos Ministérios na semana passada.

    Fonte: Correio Braziliense, Política, 15/10/2025 – 07:04 Por Luiz Carlos Azedo

  4. Trata-se de um duelo de Titans, os dois mitos brigam e ninguém tem razão.

    Não é a primeira vez, que diante de um embate com os colegas ministros, Fux abandona o plenário.

    O ministro Fux é vaidoso ao extremo e não admite críticas as suas decisões.
    Ele se considera o supra sumo, a cereja do bolo do Judiciário, acima de tudo até do Todo Poderoso.

    Que fazer? Todos somos mortais, nem Fux nem Gilmar vão inaugurar a eternidade. Ainda bem, logo, não custa nada o exercício da humildade.

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