Para 62%, Lula não deve se candidatar, mas ele derrotaria qualquer adversário

Lula diz que vai "vencer" o mercado e fazer a economia "dar certo"

Segundo a Quaest, Lula derrotaria qualquer outro rival

Maria Clara Matos
da CNN

A maior parte dos brasileiros acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria concorrer à reeleição, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (3). São 62% os que dizem que o petista não deveria disputar um novo mandato.

 A fração representa um aumento de dez pontos percentuais em relação ao último levantamento, feito em dezembro de 2024, quanto o patamar era de 52%.

Na outra ponta, 35% acreditam que o petista deveria se candidatar novamente ao Palácio do Planalto em 2026. Os que optaram por não responder ou não souberam somam 3%.

A porcentagem dos que acreditam que Lula não deve se concorrer ao pleito é a maior na série histórica, que iniciou em julho do ano passado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparecem tecnicamente empatados em um eventual segundo turno na eleição de 2026, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (3).

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MESMO ASSIM, LULA GANHA A REELEIÇÃO…
Douglas Porto,
da CNN São Paulo

Lula tem 44% das intenções de voto. Bolsonaro — que está inelegível até 2030 após condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — tem 40%. Eles estão empatados no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Além dos dois últimos ocupantes da Presidência, foram testados outros cenários pelo levantamento. Veja:

CENÁRIO 1 – Bolsonaro

Lula da Silva (PT): 44%
Jair Bolsonaro (PL): 40%
Indecisos: 3%
Branco/nulo/não vai votar: 13%

CENÁRIO 2 – Michelle

Lula da Silva (PT): 44%
Michelle Bolsonaro (PL): 38%
Indecisos: 3%
Branco/nulo/não vai votar: 15%

CENÁRIO 3 – Tarcísio

Lula da Silva (PT): 43%
Tarcísio de Freitas (Republicanos): 37%
Indecisos: 4%
Branco/nulo/não vai votar: 16%

CENÁRIO 4 – Ratinho Jr.

Lula da Silva (PT): 42%
Ratinho Jr. (PSD): 35%
Indecisos: 4%
Branco/nulo/não vai votar: 19%

CENÁRIO 5 – Marçal

Lula da Silva (PT): 44%
Pablo Marçal (PRTB): 35%
Indecisos: 4%
Branco/nulo/não vai votar: 17%

CENÁRIO 6 – Eduardo

Lula da Silva (PT): 45%
Eduardo Bolsonaro (PL): 34%
Indecisos: 4%
Branco/nulo/não vai votar: 17%

CENÁRIO 7 – Zema

Lula da Silva (PT): 43%
Romeu Zema (Novo): 31%
Indecisos: 5%
Branco/nulo/não vai votar: 21%

CENÁRIO 8 – Caiado

Lula da Silva (PT): 44%
Ronaldo Caiado (União): 30%
Indecisos: 4%
Branco/nulo/não vai votar: 22%

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A pesquisa é contraditória. Se 62% acham que Lula não deveria se candidatar, como é que ele continua sendo o preferido da maioria? Tem alguma coisa errada aí, é claro, que os “especialistas” tentarão explicar citando o grande número de indecisos. Mesmo assim, não dá para entender. (C.N.)

Queda na popularidade é doença sem diagnóstico e, portanto, sem cura certa

Governo avalia que racha sobre gastos impacta popularidade de Lula... # charge #cartum #cartoon #humor #política #humorpolitico #desenho #art  #caricatura #caricature #jornal #opovo #jornalismo #illustration  #ilustração #editorialcartoon #politicalart ...

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Fabiano Lana
Estadão

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 2, registrou mais uma queda na popularidade de Lula – 56% de desaprovação. É um banho de água gelada nos planos do governo, que anunciou este abril como o mês no qual a maioria dos brasileiros voltaria a admirar a gestão do presidente.

Em um País com um razoável aumento do PIB registrado em 2024, com a menor taxa de desemprego da história, e alguns outros índices a festejar, o forte mau humor da população pode ser uma surpresa.

SEM DIAGNÓSTICO – Não temos ainda um diagnóstico preciso da rejeição ao presidente. É o pior cenário. Porque quando não sabemos as causas de uma doença, é muito mais difícil iniciar um tratamento para a cura.

O que temos é uma miríade de especulações, umas mais embasadas, outras menos. O governo, como sempre ocorre, em qualquer gestão, busca se autoenganar, ludibriando os demais.

Tenta acreditar que oferece um excelente trabalho ao povo, com programas excepcionais, mas não consegue se comunicar direito. Para esta semana está prevista, inclusive, uma grande solenidade no Palácio do Planalto para divulgar os feitos da gestão.

EFEITO INFLAÇÃO – Fala-se da inflação de alimentos. É um forte fator, de fato. Até porque a pesquisa Quaest indica corrosão na base histórica de Lula, entre os que ganham até dois salários mínimos.

Porém, o Brasil já conviveu com tantas hiperinflações que é possível questionar se uma elevação – de certa maneira sob controle de bens básicos – pode causar tamanho estrago.

Existe o fator Janja. A primeira-dama é quase uma unanimidade no quesito rejeição. De maneira injusta ou não, ficou com a fama de deslumbrada e esbanjadora de dinheiro público – no submundo das redes, seu apelido é “Esbanja”.

OUTRAS CAUSAS – Nem adianta alegar misoginia porque a aversão à esposa do presidente Lula é compartilhada também pelas mulheres. Porém, quando se vê o tamanho do Estado, a complexidade do governo, Janja é apenas uma gota no oceano. Não pode ser a responsável principal.

Um candidato forte à explicação é a mudança estrutural na sociedade brasileira. O segmento evangélico só cresce e a rejeição a Lula para quem segue essa religião se aproxima de 70%. É um massacre. É algo que pode ir além de não saber se comunicar com o segmento que representa cerca de 1/3 da população brasileira.

Trata-se de uma questão de valores. A verdade é que, para os evangélicos, em sua maioria absoluta, Lula e o petismo representam o que deve ser combatido. E nisso se inclui leniência com a criminalidade, corrosão aos valores da família, no apoio a causas como a do feminismo e outros ismos, e por aí vai. Anunciar que receptadores de celulares terão penas mais rigorosas pode não ser o suficiente.

LULA E STF- Há também a construção diária do bolsonarismo, sem tréguas, de que Lula é um bandido que foi “descondenado” pelo Supremo Tribunal Federal. A mesma Corte, aliás, segundo essa tese, que irá condenar “politicamente” o presidente Jair Bolsonaro, assim como aprisiona por tanta gente inocente.

Delírio? Pode ser. Mas é um discurso que atrai cerca de 1/3 dos brasileiros. E na política o que conta é isso: discurso. Para usar o termo-chavão: narrativa.

Pode até existir a hipótese do cansaço. Lula faz parte de nossa cena política há mais de quatro décadas. Seus contínuos autoelogios grandiloquentes em discursos para plateias mesmerizadas deixaram de funcionar.

NÃO FAZ SENTIDO – O que antes era considerado uma habilidade retórica sem paralelos agora fatiga a população. Lula não parece fazer sentido para a geração TikTok. Sua tentativa de se adaptar à linguagem das redes ainda soa artificial. De suas longas falas, hoje só ficam as gafes que rodam em vídeos nos grupos de WhatsApp. É preciso salientar que a desaprovação entre 16 a 34 anos chega a 64%!

Temos até aqui apenas algumas conjecturas. Talvez a razão esteja num quesito ainda não identificado. Talvez o País passe por outro boom de crescimento como em 2010, que eleve o patamar de Lula a partir dos próximos meses – pouco provável, conforme os analistas econômicos.

Mas a verdade é que na cabine de comando ninguém sabe muito bem o que fazer para lidar com a queda livre do presidente. A visão segue turva.

Vivemos numa democracia bastarda, sufocada pela ditadura do Judiciário

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Mario Sabino
Metrópoles

Depois que Jair Bolsonaro virou réu no processo por tentativa de golpe de Estado, a imprensa está empenhada em afirmar que o país não está sob uma ditadura do STF, como repetem os bolsonaristas.

Um dos jornais, o Estadão, disse que “os desvios da Corte significam não uma ditadura, mas o abastardamento da democracia. A imprensa profissional trabalha sem censura, o Congresso adquiriu poderes até excessivos sobre o Executivo e o debate é livre — a ponto, inclusive, de assegurar a liberdade deste jornal de ser inclemente nas críticas a alguns ministros do STF”.

SUPOSIÇÃO FALSA – De fato, a democracia brasileira, no seu abastardamento, faz supor que a imprensa profissional (existiria outra?) está completamente livre para fazer o seu trabalho. Mas é uma suposição falsa.

Hoje, a autocensura regula a imprensa brasileira em relação ao STF. É impossível publicar reportagens objetivas sobre aspectos suspeitos da vida de magistrados da mais alta corte brasileira.

A autocensura se estabeleceu a partir de 2019, depois da censura direta à revista que fundei. Embora a censura tenha sido levantada por causa do clamor público, ficou claro para os jornais que era arriscado demais mexer com certos defensores transigentes dos pilares democráticos — e também não era estratégico, visto que Jair Bolsonaro era o inimigo comum.

CENSURA INDIRETA – A censura direta foi substituída pela censura indireta, com o ocultamento “espontâneo” de reportagens sobre integrantes do STF que já estavam no ar, após o recebimento de telefonemas ameaçadores.

Da mesma forma, passou a acontecer o engavetamento puro e simples de apurações de repórteres investigativos — que, agora, já se autocensuram para o alívio dos seus editores.

Podemos não viver sob uma ditadura do Judiciário, mas o abastardamento da democracia brasileira é suficiente para parecer que vivemos sob uma falsa liberdade.

“Adolescência” mostra que não sabemos o que se faz nas escolas e nas famílias

Adolescência: Quem é Owen Cooper, protagonista que nunca havia atuado ates

Owen Cooper interpreta na série o menino assassino

Luiz Felipe Pondé
Folha

Talvez alguém das ciências humanas devesse dizer que, na verdade, não temos a mínima ideia do que estamos fazendo. Principalmente na educação dos mais jovens, um terreno baldio de modas ideológicas, teóricas e de marketing.

A filosofia, graças a Deus, como não serve para nada, segundo o filósofo espanhol Ortega y Gasset, é mais livre do que suas irmãs ciências humanas. Por isso mesmo, um filósofo que não tenha sido tomado pela sanha de “transformar o mundo” — esse mau-caratismo travestido de bom-mocismo — pode, no esteio da tradição cética grega, reconhecer que nunca soubemos, ao certo, o que fazemos. O mundo sempre esteve à deriva, agora finge que não está.

CONFESSAR LOGO – A série britânica “Adolescência” não é apenas um panfleto contra a misoginia. Provavelmente maior do que o debate público sobre ela, esta série é um exemplo de que não temos a mínima ideia do que estamos fazendo nas escolas e nas famílias. Melhor seria confessarmos logo publicamente.

Alguém do mercado da saúde mental ou da educação deveria gritar em alto e bom som: “Sentimos muito, mas não temos a mínima ideia do que estamos fazendo!”

Os pais, também, fariam um grande favor a si mesmos e aos poucos filhos que ainda restam se confessassem, como Santo Agostinho o fez lá entre os séculos 4 e 5, “não conseguimos ter controle do que está se passando!”

DROGADO SÁBIO – O debate público dos últimos tempos se tornou miserável como um drogado que se toma, nas suas obsessões idiotas, por sábio.

A tendência é carregar nos tons da misoginia —outra palavra da moda feita para calar uma série de outras tragédias, como ela— e fechar o debate: devemos aprofundar a educação dos meninos para que deixem de ser violentos.

Afirmar que todo menino é violento é um preconceito sagrado das feministas. No entanto, quanto mais se repetir com megafones que devemos torturar os meninos para saberem que são os únicos culpados do mundo ser como ele é — aqui vai um exemplo da nossa miséria, agora temos certeza de que sabemos o porquê do mundo ser como ele é —, mais revoltados eles ficarão.

INSUPORTÁVEL – Os homens não ficarão imóveis esperando que as missionárias feministas digam quando podem respirar. A verdade é que o convívio na sociedade caminha para o insuportável, e não temos a mínima ideia do que fazer.

O debate público fechará questão em cima de que a única causa de o menino matar a menina na série é uma questão de gênero. Os próprios realizadores podem cair aquém do que fizeram como arte e acreditarem na versão reduzida do que acontece diante dos nossos olhos.

A trama nos dá inúmeros detalhes de que não temos a mínima ideia do que estamos fazendo nas escolas, nem como sair dessa enrascada. A visita dos policiais à escola mostra adultos abobados diante de adolescentes cínicos, irados, agressivos, de ambos os sexos.

IMAGEM DA ESCOLA – A funcionária encarregada de acompanhar os policiais está mais preocupada com a imagem da escola e possíveis processos contra a instituição do que qualquer outra coisa — preocupação muito comum atualmente.

Na série, termos como “incel” e “red pill” aparecem no Instagram dos alunos — olhe no Google se ainda não sabe o que são. “Oitenta por centro das meninas querem 20% dos meninos”, ou seja, quase toda menina, na escola, quer o popular, o fodão.

As escolas sempre foram assim, mas hoje se mente sobre isso. A maioria dos moleques são celibatários involuntários, o incel —ou seja, não pega ninguém. Humilhação pública nas redes. Esse ressentimento os leva ao colo dos rancorosos “red pill” na machosfera. Ser capaz de conquistar uma menina sempre foi um divisor de águas entre “donzelos” e homens no mundo dos meninos.

REDES SOCIAIS – As redes sociais são uma catástrofe, deveriam simplesmente acabar. Mas, quem quer isso? As militâncias, de todos os tipos de lixo, querem é mais mídias sociais e engajamento.

A psicóloga só quer enquadrar o menino assassino de 13 anos nos modelos de violência de gênero. Chega ao absurdo de perguntar a ele “o que você pensa da masculinidade?” Suspeita do pai, como sempre —”o pai suspeito” é o estereotipo comum que serve de argumento para homens jovens não querer ter filhos. A psicóloga, assustada, é parte do problema, não da solução, assim como os professores.

O último episódio, sobre a família do menino assassino, é o melhor: a complexidade da vida em uma família afetiva e funcional, mas devastada pela contingência e pela impossibilidade de ir além das suas possibilidades humanas.

Procurador-geral segue a lei e se posiciona contra a prisão de Bolsonaro

Sem anistia, sem perdão, Bolsonaro na prisão | Facebook

Charge do Adnael (Arquivo Google)

Igor Gadelha
Metrópoles

O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, se manifestou nesta quarta-feira (2/4) contra a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedida por dois advogados. O pedido de parecer da PGR tinha sido solicitado em 18 de março pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, conforme noticiou o Metrópoles, na coluna Paulo Cappelli.

O despacho de Moraes foi feito no âmbito de uma notícia-crime na qual os dois advogados argumentavam que Bolsonaro teria tentado “obstruir a Justiça” ao convocar atos pró-anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.

NOVOS ATOS – Os dois advogados também acusavam o ex-presidente da República de “incitar novos atos que comprometem a ordem pública e a estabilidade democrática bem como coação no curso do processo”.

Em seu parecer de quatro páginas, ao qual a coluna teve acesso, Gonet diz que os dois advogados não poderiam apresentar a notícia-crime diretamente ao STF, pois esse monopólio é do Ministério Público.

“Evidente, portanto, a ausência de capacidade postulatória dos noticiantes, uma vez que a opção pela representação criminal deve ser formulada perante a autoridade policial ou o Ministério Público, e não diretamente ao órgão judicial eventualmente responsável pelo julgamento do noticiado. Inegável, além disso, a flagrante ilegitimidade ativa dos requerentes para requerer medidas cautelares”, escreveu o chefe da PGR.

SEM INFORMAÇÕES – Gonet argumentou ainda que os relatos dos advogados “não contêm elementos informativos mínimos, que indiquem suficientemente a realidade de ilícito penal, justificadora da deflagração da pretendida investigação”.

“A concessão de anistia é matéria reservada à lei ordinária, de atribuição do Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, da Constituição), que extingue os efeitos penais, principais e secundários, do crime. A realização de manifestações pacíficas pela concessão do benefício não constitui ilícito penal, bem como não extrapola os limites da liberdade de expressão, que é consagrada constitucionalmente e balizada pelo binômio liberdade e responsabilidade”, afirmou Gonet.

O procurador finaliza o parecer dizendo que sua manifestação “é pelo não conhecimento dos requerimentos formulados” e pelo “consequente arquivamento dos autos”.

“CHANCE ZERO” – Mais cedo, a coluna já tinha noticiado que fontes da PGR viam como muito pequenas as chances de Gonet recomendar a prisão de Bolsonaro nesse caso.

A expectativa era semelhante entre aliados do ex-presidente, que também não viam chances de Gonet se posicionar favoravelmente à prisão agora. “Chance zero”, avaliou à coluna um influente aliado de Bolsonaro.

No entorno de Bolsonaro, a expectativa é de que a Justiça só determine a prisão dele após o ex-presidente ser condenado pelo STF e o processo transitar em julgado.

Trump anuncia tarifa de 10% sobre o Brasil, que vai recorrer à OMC

TrumpGiovanna Estrela
Metrópoles

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2/4) um pacote de tarifas sobre produtos importados, um “tarifaço global”. A medida visa corrigir o que o governo norte-americano considera práticas comerciais desleais e promover a produção doméstica. O Brasil está entre os países afetados. Sobre o Brasil, as tarifas adicionais são de 10%.

A primeira medida anunciada por Donald Trump foi a taxação de 25% em cima de automóveis de países europeu e asiáticos a partir desta quinta-feira (3/4). “A partir de meia-noite nós vamos impor tarifa de 25% para todos os automóveis importados”, disse o presidente.

DIA DA LIBERTAÇÃO – Desde fevereiro, Trump vem sinalizando a adoção de novas tarifas sobre produtos estrangeiros, sem detalhar valores ou critérios. Na última semana, ele reforçou que a taxação será aplicada a todos os países, mas indicou a possibilidade de ajustes e negociações.

A política tarifária faz parte das promessas de campanha do republicano e é chamada por ele de “Dia da Libertação”, pois, segundo o presidente, ajudará os EUA a reduzir a dependência de importações.

As tarifas recíprocas, um dos principais pontos da medida, consistem na aplicação de taxas equivalentes às que os Estados Unidos enfrentam em outros mercados. O governo norte-americano argumenta que países que impõem barreiras ao comércio com os EUA serão submetidos a medidas semelhantes.

PREOCUPAÇÃO – No Brasil, o tarifaço de Trump gera preocupação, principalmente, entre os setores de aço e alumínio, que já enfrentam tarifas desde março. Além disso, o etanol brasileiro já foi citado como exemplo de comércio desigual: enquanto os EUA cobram uma taxa de 2,5% sobre o etanol importado, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o produto norte-americano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão e afirmou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC). Caso a contestação não tenha efeito, o governo avalia a imposição de tarifas sobre produtos norte-americanos.

No Congresso, senadores e deputados discutem a possibilidade de endurecer a política comercial contra os Estados Unidos. Nessa terça-feira (1º/4), o Senado aprovou o Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil retaliar barreiras comerciais impostas por outros países. O texto seguirá para a Câmara dos Deputados, onde deve ser analisado com urgência.

RETALIAÇÕES – A proposta atribui à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a responsabilidade de avaliar respostas a medidas comerciais prejudiciais ao Brasil. Entre as possíveis retaliações, estão:

Aplicação de taxas extras sobre bens e serviços dos países que impuserem barreiras comerciais ao Brasil; Suspensão de concessão de patentes ou remessa de royalties; Revisão de obrigações do Brasil em acordos comerciais internacionais.

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor da proposta, destacou que a iniciativa visa proteger a economia nacional e evitar que o Brasil seja prejudicado por decisões unilaterais de outros países. “Não podemos aceitar passivamente essas barreiras comerciais. O Brasil precisa agir”, afirmou.

NA DIPLOMACIA – Além das medidas legislativas, uma comitiva de diplomatas brasileiros foi enviada a Washington para tentar negociar alternativas com autoridades norte-americanas e buscar isenções para determinados setores.

O governo brasileiro também estuda ampliar acordos comerciais com outros parceiros para reduzir a dependência das exportações para os EUA.

Houve reações do mundo inteiro. A Comissão Europeia anunciou que, caso as tarifas sejam aplicadas integralmente, o bloco poderá retaliar com 26 bilhões de euros (cerca de US$ 28 bilhões ou R$ 160 bilhões) em impostos sobre produtos norte-americanos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO tarifaço ao Brasil foi um dos menores, igual ao do Reino Unido e de Singapura, com 10%. Houve tarifaço de 97%, 74%, 64%, 61%, 60% etc. Israel, que é país-irmão, levou uma cacetada de 33%. Se o governo brasileiro fosse competente, estaria debruçado no estudo do tarifaço, para fazer do limão uma limonada e tentar ampliar suas parcerias comerciais externas. Mas o que esperar do governo de Janjo e Janja? (C.N.)

Bolsonaro apoia Trump em tarifaço e fala em “vírus socialista” de Lula

Quem fala que eu vou deixar o país é canalha', di... | VEJAJamil Chade
do UOL

O ex-presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa de Donald Trump, às vésperas do anúncio de tarifas contra os principais parceiros dos Estados Unidos. As taxas poderão afetar alguns dos setores mais estratégicos das exportações brasileiras. Mas, nas redes sociais, o ex-presidente preferiu atacar “a mentalidade socialista” do governo Lula e sugeriu que o Brasil não confronte os americanos.

“A guerra comercial com os Estados Unidos não é uma estratégia inteligente que proteja os interesses do povo brasileiro”, escreveu Bolsonaro, em inglês e em português. “A única resposta razoável às tarifas recíprocas dos EUA é que o governo Lula abandone a mentalidade socialista que impõe altas tarifas aos produtos americanos, impedindo que os brasileiros tenham acesso a produtos de qualidade a preços mais baixos”, defendeu.

DIÁLOGO COM TRUMP – Bolsonaro indicou que, durante seu governo, ele negociou com sucesso as tarifas sobre o aço que estavam sendo impostas em todo o mundo na época, mas que não foram aplicadas ao aço brasileiro graças ao diálogo com o presidente Donald Trump. “Apostei na diplomacia, não no conflito”, disse

Bolsonaro, que não contou a história completa. Em fevereiro, o ainda deputado em exercício Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também declarou que seu pai teria conseguido evitar a taxação dos EUA sobre o aço, durante o primeiro mandato do republicano, por ter uma “ótima relação” com Trump.

Em 2020, porém, a realidade foi diferente para Bolsonaro. Trump estabeleceu barreiras ao aço brasileiro, e o gesto se transformou em mais um episódio que revelava os limites da relação supostamente privilegiada que o Planalto acreditava manter com a Casa Branca. A decisão foi tomada às vésperas da eleição presidencial nos EUA daquele ano, em um setor crítico para o apoio ao republicano.

SEM CRITICAR – Naquele momento e para a surpresa de muitos negociadores, o governo Bolsonaro evitou criticar a barreira. A reação foi interpretada, até mesmo dentro do Itamaraty, como um sinal do apoio de Bolsonaro à tentativa, depois fracassada, de reeleição do aliado em Washington.

“Abriram mão do interesse nacional para defender a eleição de Trump”, lembra um negociador comercial brasileiro. Em nenhum momento, o governo Bolsonaro indicou que poderia questionar a cota na OMC, uma atitude frequente do Brasil para defender seus interesses comerciais.

Em um aceno para os trabalhadores do setor do aço dos EUA, Trump reduziu as cotas para as importações de certos produtos siderúrgicos do Brasil. Para os exportadores nacionais, o temor era de que houvesse um incremento das tarifas de importação, o que acabou sendo evitado. Ainda assim, o pacote significava que o Brasil poderia vender menos.

APENAS LIGEIRAMENTE – Para justificar sua decisão em 2020, Trump alegou uma contração no mercado americano de aço. “As importações da maioria dos países diminuíram este ano de forma proporcional a esta contração, enquanto as importações do Brasil diminuíram apenas ligeiramente”, escreveu Trump, em sua decisão.

De acordo com ele, seu secretário de comércio o informou de “mudanças significativas no mercado siderúrgico dos Estados Unidos desde o momento que decidi excluir, a longo prazo, o Brasil da tarifa proclamada na Proclamação 9705, conforme emenda”. Ele se referia a uma decisão anterior de não subir tarifas aduaneiras contra os produtos brasileiros.

A medida afetava o coração da exportação de aço do Brasil, já que os produtos semiacabados representavam mais de 80% do fornecimento brasileiro aos EUA e significavam receita de quase US$ 2 bilhões.

ALINHAMENTO – Nos primeiros dois anos do governo, Bolsonaro passou a manter Washington como a prioridade em sua política externa. O governo brasileiro deu acesso ao trigo americano, abandonou o status de país em desenvolvimento, cedeu em questões estratégicas e modificou votos históricos do país na ONU para se alinhar com o voto americano.

A expectativa era de que, com isso, haveria uma retribuição do governo americano em diversas áreas, inclusive no setor comercial. O que jamais ocorreu.

Em 2022, Bolsonaro voltou a tentar derrubar a barreira. Mas, já no poder, o democrata Joe Biden ignorou solenemente o pedido do ex-presidente brasileiro.

Parlamentares petistas afirmam que o Ato “Sem Anistia” foi erro de Boulos

Protesto contra projeto de anistia reúne 6,6 mil pessoas em SP, afirma USP

Boulos fracassou na Av. Paulista e recebeu críticas do PT

Pedro Venceslau
da CNN

Deputados e dirigentes petistas, ouvidos pela CNN em caráter reservado, classificaram como um “erro” a convocação para uma manifestação feita uma semana antes do ato pró-anistia, que também será na Avenida Paulista.

A comparação, segundo essas fontes, será inevitável e provavelmente desfavorável para a esquerda.

VISÃO EQUIVOCADA – “Não fomos nós que escolhemos, mas a extrema direita que pautou isso. Essa visão de que pode haver confusão é equivocada. A anistia de 1979 não está na memória da maioria da população”, disse à CNN o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) .

Sobre eventuais comparações com atos da direita, Boulos afirmou que faz mais de um ano que a esquerda não sai às ruas com os movimentos sociais e sindicatos. “Se deixarmos as ruas, a direita vai ocupá-las”, afirmou.

Questionado sobre a ausência de dirigentes partidários nacionais, Boulos ressaltou a presença dos presidentes locais do PT, PCdoB e PSOL.

NOVE DEPUTADOS – O ato contou com a presença de 9 deputados federais dos 3 partidos, como, por exemplo, Erika Hilton (PSOL-SP), Lindbergh Farias (PT-SP), Jilmar Tatto (PT-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP).

Nenhum dirigente nacional partidário, ministro ou governador de esquerda esteve no evento, que foi convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.

Houve divergência em relação ao mote. “Seria melhor defender ‘sem perdão’ para golpistas. O ‘sem anistia’ pode confundir a população”, disse o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que defendeu presos políticos e fez parte do movimento pela anistia em 1979.

MOTE NATURAL – Boulos já havia dito à CNN na semana passada que “sem anistia” é um mote natural e minimizou eventuais comparações de público.

“Não podemos ficar na defensiva nesta pauta e deixar as ruas para os bolsonaristas”, disse o deputado.

“Essa gincana do tamanho não é o principal. A anistia não é um tema de interesse geral, mas de interesse político”, completou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Julgamentos de generais quebram um tabu que era mantido por 200 anos

Militares no divã - Seguinte

Charge do Angeli (Folha)

José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
do UOL

Agora réu, o ex-presidente Jair Bolsonaro precisará comover lideranças do centrão a se desgastarem no Supremo Tribunal Federal se quiser ver o projeto de anistia avançar no Congresso.

A começar pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), políticos dão sinais de que não têm a mesma urgência que o bolsonarismo com a pauta do perdão aos condenados do 8/1.

CONDENAÇÃO À VISTA – O julgamento do Supremo que aceitou a denúncia contra Bolsonaro e mais sete aliados fragiliza ainda mais o ex-presidente, uma vez que sua condenação é considerada provável inclusive pelos seus pragmáticos aliados.

Levou dois séculos, mas militares das mais altas patentes serão finalmente julgados por civis no Brasil por crimes políticos.

Em decisão histórica, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal colocou no banco dos réus três generais quatro estrelas, um almirante, um tenente-coronel e um presidente-capitão – além de dois de seus acólitos civis.

PRINCIPAIS RÉUS – Juntos, os oito tramaram o frustrado golpe para manter Jair Bolsonaro ilegitimamente no poder e matar o presidente que o derrotou na eleição.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde Donald Trump escapou de julgamento por estimular um golpe e voltou ao poder na Casa Branca, a Justiça brasileira tem sido célere e pode impedir algo parecido de acontecer no Brasil.

Se Bolsonaro  conseguir escapar, beneficiado pela nova lei da anistia, será um feito inédito na política brasileira.

Aprovação de Lula continua derretendo e cai para 27%, diz pesquisa Quaest

Um homem de terno escuro está em pé, com a cabeça baixa e a mão no queixo, em um momento de reflexão. Ao lado dele, há uma bandeira do Brasil, com as cores verde, amarelo e azul, e o lema 'Ordem e Progresso'. O fundo é de madeira clara.

Lula não está conseguindo recuperar sua popularidade

Matheus Tupina
Folha

A perda de popularidade do governo Lula (PT), iniciada com a crise do Pix, se acentuou, segundo indica pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (2). Os dados apontam que a avaliação negativa do presidente aumentou, saindo de 37% em janeiro, mês do último levantamento, para 41%, enquanto as opiniões positivas tiveram queda de 31% para 27%. Também são 29% os que veem a administração como regular, ante 28%. Não sabem ou não quiseram responder 3%.

São os piores números da série histórica, iniciada em abril de 2023. A gestão petista já chegou a ter 42% de menções positivas e 24% de negativas, em agosto do mesmo ano.

MARGEM DE ERRO – A Quaest realizou 2.004 entrevistas com brasileiros de 16 anos ou mais em 120 municípios do país entre a quinta (27) e a segunda-feira (31). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O aumento na rejeição também é visto quando a empresa de consultoria e pesquisa questiona sobre a aprovação do governo: 56% dizem desaprovar a gestão petista, ante 49% em janeiro, e 41% afirmam aprovar, contra 47% há dois meses. Outros 3% não sabem ou não quiseram responder.

Foram registradas oscilações e quedas na aprovação à administração do petista em todas as regiões, incluindo o Nordeste, onde o PT venceu com folga todas as últimas eleições presidenciais. O mesmo ocorreu em todas as faixas etárias, em especial entre os entrevistados de 16 a 34 anos, com 64% deste grupo afirmando desaprovar o atual governo, e 33% dizendo aprovar.

PIX E INFLAÇÃO – A crise de popularidade retratada nos últimos levantamentos ganhou forma com a crise do Pix, quando notícias falsas sobre a taxação da modalidade de transferências se espalharam pelas redes. Outro fator é a persistência da inflação.

Consideram este terceiro mandato do petista pior que os anteriores 53% dos entrevistados, enquanto 20% dizem ser melhor, e 23%, igual. Em janeiro, os números eram 45%, 32% e 18%, respectivamente —ou seja, houve uma queda de 12 pontos entre os que consideram Lula 3 melhor que as passagens anteriores no Palácio do Planalto.

Na ótica da polarização entre o atual presidente e Jair Bolsonaro (PL), a Quaest também mostrou que, pela primeira vez, os que consideram a administração petista pior que a bolsonarista estão à frente dos que veem Lula melhor que o ex-mandatário: 43% a 39%. Outros 15% dizem que ambos os governos são iguais.

ECONOMIA PIORA – Dados semelhantes são vistos quando é abordada a situação econômica do país. São 56% os que afirmam ver piora na economia nos últimos 12 meses, contra 16% que citam melhoras e 26% que entender que tudo ficou igual.

Em uma tentativa de reverter o tombo, Lula tem anunciado uma série de medidas que buscam incentivar o consumo, como a liberação de saldo do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada, com juros menores.

Mirando a classe média, o Planalto também leva a cabo a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000, promessa de campanha de Lula para este mandato. A proposta tramita no Congresso Nacional e, se aprovada, começará a valer em 2026, ano eleitoral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Lula e Janja não estão agradando. As pesquisas deviam perguntar o que o povo acha da influência dela no governo e de suas viagens inúteis com tudo pago às nossas custas. O pior é que Lula diz que Janja pode fazer o que quiser, porque não nasceu para ser dona de casa… (C.N.)

O que Eduardo Bolsonaro terá de esclarecer aos EUA para se asilar?

O deputado Eduardo Bolsonaro na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em 2023

Eduardo Bolsonaro está só tirando uma onda e logo voltará

Johanns Eller
O Globo

Caso solicite asilo político ao governo dos Estados Unidos, hipótese que já admitiu publicamente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) terá de fornecer uma série de informações ao Departamento de Segurança Nacional americano – entre elas, justificativas que embasem a tese de perseguição política no Brasil e o histórico criminal de seus familiares, incluindo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes ligados à trama golpista.

AVALIAR ALTERNATIVAS – Eduardo, que viajou para os EUA no dia 27 de fevereiro com um visto de turista, diz ter consultado advogados da área de imigração para avaliar suas alternativas.

Próximo do presidente Donald Trump e da família presidencial, ele avisou a Casa Branca de Trump sobre a decisão de permanecer no país e admitiu em entrevista à CNN Brasil que considera pedir asilo. Outra opção seria um visto de trabalho.

“Não tenho voo de volta para o Brasil. Devo fazer o pedido de asilo político ao governo dos Estados Unidos”, declarou na semana retrasada.

FORMULÁRIO OFICIAL – Para formalizar o pedido, como qualquer outro cidadão estrangeiro interessado em se asilar no país, o deputado terá que preencher um formulário de 12 páginas elaborado pela divisão de cidadania e imigração do Departamento de Segurança Nacional.

O documento solicita dados minuciosos sobre o requerente. Eduardo teria de informar desde dados pessoais seus (estado civil, endereços nos EUA e no Brasil, línguas com fluência, raça, religião) e de sua esposa e filha, até o histórico acadêmico e profissional, bem como referências de seus parentes, entre outros.

No trecho sobre a solicitação de asilo, o parlamentar terá que escolher pelo menos um entre seis motivos para o pedido: religião, opiniões políticas, raça, nacionalidade, pertencimento a um grupo social específico ou por fatos relacionados às convenções internacionais sobre tortura.

MOTIVO, EM DETALHES – Qualquer requerente precisa esclarecer, em detalhes, o que ocorreu para motivar a necessidade de asilo; quando os abusos tiveram início; quem os provocou; os motivos que o candidato acredita terem levado à situação; se teme sofrer tortura caso retorne para seu país; qual tipo de tortura e quem seria responsável por tal.

Um dos trechos mais sensíveis do formulário está na sexta página. Os postulantes ao asilo devem responder se algum de seus familiares já foi acusado, denunciado, preso, detido, interrogado ou condenado fora dos EUA.

Nessa etapa, Eduardo terá que informar o indiciamento de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal brasileira e a denúncia do pai pela PGR pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

HISTÓRICO DO PAI – Na mesma página, o deputado teria que detalhar o histórico de seu pai na política e nas Forças Armadas, bem como a atividade parlamentar de seus três irmãos homens: Flávio, senador pelo Rio; Carlos, vereador carioca; e Jair Renan, que integra a Câmara Municipal de Balneário Camboriú (SC).

Ao fim do documento, os requerentes devem assinar e atestar que todas as informações ali contidas são verdadeiras sob pena de cometer perjúrio.

Os pedidos podem ser avaliados pelo setor de asilo do Departamento de Segurança Nacional ou por um juiz imigratório. Quem não estiver com o status de permanência nos EUA regularizado e tiver a solicitação indeferida poderá ser deportado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Pode ser apenas jogo de cena. O afastamento de Eduardo Bolsonaro foi por 122 dias, para possibilitar que o suplente assumisse. Como o julgamento de Bolsonaro pai ainda vai demorar, o mais provável é que o filho 03 volte e reassuma tão logo a licença estiver concluída. Eduardo não está sendo processado e não há qualquer perseguição em curso contra ele. (C.N.)

Oposição convoca ministro e pede que o TCU investigue o programa Pé-de-Meia

Deputada Adriana Ventura fala sobre projeto que torna educação atividade  essencial

Adriana Ventura, líder do Novo, denuncia o Pé-de-Meia

André Shalders
Estadão

A oposição ao governo Lula (PT) no Congresso Nacional pediu nesta segunda-feira, 31, ao Tribunal de Contas da União (TCU) que promova uma auditoria nos pagamentos do Programa Pé-de-Meia. Os oposicionistas também apresentaram um requerimento de convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) para falar sobre o programa.

Os pedidos foram motivados por reportagem do Estadão publicada nesta segunda-feira (31), mostrando o caso de cidades no Pará, na Bahia e em Minas Gerais onde o número de beneficiários pode ser maior que o de alunos matriculados no ensino médio.

NA COMISSÃO – Requerimentos de Adriana Ventura e Kim Kataguiri precisam ser aprovados pela Comissão de Fiscalização e Controle (CFFC) antes de serem encaminhados.

O Ministério da Educação (MEC) diz trabalhar com as secretarias de educação dos Estados – que são responsáveis pelo Ensino Médio – para corrigir eventuais irregularidades. “O MEC monitora e sinaliza às redes possíveis inconsistências encontradas nos dados enviados, permitindo que realizem correções e ajustes conforme previsto nos normativos do programa”, disse a pasta, em nota.

Os requerimentos foram formulados pelos deputados Kim Kataguiri (União-SP) e Adriana Ventura (SP), líder da bancada do Novo na Câmara.

AUDITORIA – Os dois apresentaram seus pedidos de auditoria do TCU na forma de requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle (CFFC) da Câmara. Além disso, Kataguiri também quer que Santana seja convocado à CFFC para falar sobre as inconsistências no programa.

Os pedidos de auditoria precisam ser aprovados por maioria simples na Comissão antes de serem encaminhados ao TCU.

No caso do requerimento de convocação, o usual é que ele seja transformado num requerimento de convite – nessa modalidade, o ministro não tem obrigação de comparecer.

MUITAS IRREGULARIDADES – O Estadão já encontrou 15 cidades onde mais de 90% dos alunos recebem Pé-de-Meia; servidores que recebem mais de R$ 5 mil líquidos estão na lista

“É inaceitável que um programa voltado à educação e ao futuro dos nossos jovens esteja cercado de indícios de irregularidades e falta de transparência. Cada real desviado é uma oportunidade roubada de quem mais precisa. Estamos falando de R$ 20 bilhões — precisamos garantir que esse dinheiro chegue aos verdadeiros beneficiários”, disse a deputada Adriana Ventura.

“A população precisa ter a garantia de que esses recursos estão indo para quem realmente precisa. Não podemos permitir que dinheiro público seja gasto sem critérios claros”, diz Kim Kataguiri, que é um dos principais líderes do Movimento Brasil Livre (MBL).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O nome Pé-de-Meia é muito adequado. No governo do PT, não falta autoridade que pretenda fazer um belo pé de meia às custas dos recursos públicos.  (C.N.)

Rigor nas penas do 8/1 divide ministros, e mudança de Fux embaralha plenário

Fux interveio na hora certa, para buscar redução das penas

Cézar Feitoza e Catia Seabra
Folha

O indicativo dado pelo ministro Luiz Fux de que deve mudar sua visão sobre as penas do 8 de janeiro embaralha o cenário dos julgamentos no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal).

Dos 11 ministros que compõem o pleno do tribunal, cinco já consolidaram posição contrária às penas máximas sugeridas pelo ministro Alexandre de Moraes —relator de mais de 1.600 ações penais ligadas ao ataque às sedes dos Poderes.

PENAS MAIS BRANDAS – Caso Fux reveja seu posicionamento e vote pela condenação com penas mais brandas, o Supremo pode formar maioria para decretar sentenças intermediárias em julgamentos futuros.

A Folha ouviu cinco ministros do STF nos últimos dois dias sobre o impacto que uma eventual mudança de Fux pode causar no andamento dos processos do 8 de janeiro. Sob reserva, a maioria diz acreditar que o efeito será pequeno ou nulo na Primeira Turma, mas incerto no plenário.

Um ministro disse que o histórico de Fux não é de benevolência em assuntos penais. Ele é considerado um dos integrantes do setor punitivista do Supremo. A aposta é que o ministro não faça uma manobra brusca na revisão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos —a mulher que escreveu com batom a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça durante o 8 de janeiro.

REGRA DA CONSUNÇÃO – Outro integrante do STF avalia que um novo voto de Fux pode reabrir o debate sobre o princípio da consunção —regra que estabelece que uma pessoa não pode ser condenada por um crime-meio se o objetivo final era um crime-fim.

As defesas dos condenados argumentam que esse princípio deveria impedir a condenação pela tentativa de abolição do Estado democrático de Direito se o objetivo final da turba era o golpe de Estado.

Esse debate é considerado superado no Supremo já que as condenações seguiram os moldes sugeridos por Alexandre de Moraes. Há uma avaliação de que o tema seja rediscutido caso Fux apresente o novo voto.

PENAS DE 17 ANOS – A Folha analisou o julgamento dos 45 condenados, até março deste ano, a 17 anos pela participação nos ataques do 8/1.

Alexandre de Moraes foi sempre seguido integralmente pelos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia — seis dos 11 integrantes do plenário.

Os ministros Cristiano Zanin e Edson Fachin seguiram Moraes, com ressalvas, na maioria dos processos. Eles sugerem uma pena intermediária de 15 anos. Luís Roberto Barroso, André Mendonça e Kassio Nunes Marques apresentaram votos diferentes em quase todos os processos.

DIVERGÊNCIAS – Barroso aponta divergência parcial com Moraes. Ele sugere afastar a condenação pela tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, porque entende que o caso configura o crime de golpe de Estado. Com isso, a pena cairia de 17 anos para 11 anos e seis meses.

André Mendonça apresenta três votos diferentes, a depender das provas. A pena padrão é de sete anos pelos crimes de abolição do Estado e associação criminosa àqueles que comprovadamente depredaram os prédios.

Em outros casos, Mendonça pede quatro anos e dois meses ou cinco anos de prisão, conforme análise dos autos.

Nunes Marques é o único que nega, nos votos, que os acusados pelo 8 de janeiro cometeram crimes contra o Estado. Ele sugere penas de quatro meses de detenção ou de dois anos e seis meses, por incitação ao crime ou deterioração do patrimônio público, de acordo com as provas apresentadas pela PGR.

NA PRIMEIRA TURMA – Das 45 condenações a 17 anos de prisão, somente cinco foram definidas na Primeira Turma do STF. Nesses casos, a unanimidade é pela condenação pelos cinco crimes —Zanin é o único a apresentar ressalvas e sugerir pena levemente menor.

No fim de 2023, a corte passou para as Turmas o julgamento das ações penais, para evitar que o acúmulo de processos do 8 de janeiro interditasse o plenário do tribunal. As denúncias recebidas pelo STF antes desta data correm no plenário. Já as acusações feitas pela PGR depois de dezembro de 2023 são analisadas pela Primeira Turma.

Mesmo as condenações nas Turmas do Supremo podem ser levadas ao plenário. Para isso, algumas defesas estão entrando com revisões criminais de sentenças transitadas em julgado (quando o processo é encerrado).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É preciso reduzir as penas. Os ministros devem despir a toga da intolerância e da vingança, para seguir estritamente o que diz a lei. Se simplesmente obedecerem as leis, j[a estará de bom tamanho. (C.N.)

Governo de Trump está afundando os Estados Unidos e o resto do mundo

A imagem mostra um homem sentado à mesa no Salão Oval, segurando um documento assinado. Ele tem cabelo loiro e está vestido com um terno escuro. Ao fundo, há uma cortina dourada e bandeiras dos Estados Unidos. Um segundo homem, de terno claro, está em pé ao lado, observando. Na mesa, há um telefone e uma folha de papel.

Trump prometeu divulgar o tarifaço nesta quarta-feira

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Ninguém sabe o que virá neste “Dia da Libertação”, ou seja, o pacotaço tarifário de Trump a ser anunciado nesta quarta-feira. Provavelmente nem ele. O Brasil estará no meio? Pode ser. Pode ser tudo um grande blefe que resulte em uma ou outra tarifa simbólica? Também pode.

Tudo indica, contudo, que as tarifas não sejam mero blefe ou estratégia de negociação, e sim uma real política econômica, que cumpre dois objetivos. O primeiro objetivo das tarifas é aumentar a arrecadação federal, que precisará ser compensada dados os enormes cortes de impostos prometidos por Trump.

ABISMO FISCAL – Peter Navarro, o assessor de comércio e indústria, alega que as tarifas sobre automóveis vão arrecadar US$ 100 bilhões por ano e as restantes tarifas outros US$ 600 bilhões. Sem elas, o governo cairá no abismo fiscal.

O segundo objetivo é gerar empregos na indústria americana, reduzindo importações e estimulando a produção dentro dos EUA.

Um objetivo conflitua com o outro. Se a indústria americana substituir os bens antes importados, isso reduzirá a importação, e a arrecadação das tarifas irá cair. De resto, americanos e cidadãos de outros países enfrentarão preços mais altos e menor crescimento.

RECESSÃO RECORDE – O banco Goldman Sachs aumentou a probabilidade de uma recessão americana nos próximos 12 meses de 20% para 35%. A confusão e o amadorismo com que tudo no governo é feito também cobram um preço. Ninguém ousa investir num contexto tão imprevisível.

Quem dera fossem só as tarifas. Trump diz querer transformar o Canadá em estado americano. Voltou a sugerir que pode usar força militar contra a Dinamarca para anexar a Groenlândia. Aí sim, só pode ser blefe; mesmo assim, corrói as relações.

Seus assessores chamam a Europa de “aproveitadora” e “patética” num chat vazado por pura incompetência. Como manter laços com um presidente assim?

CAOS E HOSTILIDADE – A vitória de Trump parecia uma bênção para a direita do mundo todo, inclusive a brasileira. Agora já não é tão simples.

O governo está tão caótico e tão desnecessariamente hostil que causa embaraço em seus aliados internacionais. Se o presidente americano taxa suas empresas e insulta seu país, a proximidade com ele fica tóxica.

Isso já está acontecendo no Canadá e deve acontecer também nas direitas nacionalistas europeias. O nacionalismo americano —quem diria!— não se alinha com os nacionalismos de outros países.

HEGEMONIA GLOBAL – Uma coisa é verdade: os EUA não têm mais a hegemonia global inconteste como tiveram nos anos 90 e 00. Recolocar-se no mundo de outra maneira —inclusive exigindo maior presença das potências europeias— é necessário.

Os EUA poderiam ajudar a fortalecer instituições e regras internacionais, que são a base da globalização que garante a prosperidade e a preeminência americanas. Em vez disso, Trump desdenha aliados, rasga acordos e tenta arrancar vantagens na marra, como se isso não afetasse a disposição futura do resto do mundo de cooperar com os EUA.

Você pode fugir da realidade, mas não das consequências de fugir da realidade. A economia pagará um preço. Mas não vai parar. Novos caminhos serão abertos —China, Coreia e Japão voltaram a falar num acordo comercial. O Brasil também busca novos mercados. Quando os EUA voltarem ao jogo da globalização, encontrarão um mundo que depende menos deles. Ao tentar agarrar os frutos que restam da antiga hegemonia, Trump a verá escorrer-lhe pelas mãos.

Piada do Ano! Procurador de Dirceu mandou PM reprimir o 8 de Janeiro

O coronel Jorge Eduardo Naime em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF sobre o 8 de Janeiro

Cel. Naime obedeceu às ordens do procurador de Dirceu

Vinícius Valfré
Estadão

O empresário e dirigente do PT local de Brasília, Fernando Nascimento Silva Neto, procurador do ex-ministro José Dirceu por cinco anos, deu orientações sobre como agir nos bastidores do 8 de Janeiro ao coronel Jorge Eduardo Naime, então chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal.

O petista ditou o que o coronel deveria dizer ao se apresentar ao então interventor na segurança pública, Ricardo Cappelli, e chegou a prometer ao policial um cargo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

DONO DE “BANCO” – Fernando Neto aparece como dono de um banco que opera em Brasília com um lastro falso de R$ 8,5 bilhões e diz participar desde 2018 da “montagem” da empresa, que envolve “laranjas”.
Como revelou o Estadão, o empresário vinha usando a firma para acessar ministérios e o Congresso. A atuação do banco está na mira da Polícia de São Paulo e da Polícia Federal. O petista foi procurador de José Dirceu de 2018 a 2023.

O ex-ministro ressaltou que rompeu com Fernando Neto. Procurado, o empresário não comentou. Ele  não é investigado pelo 8 de Janeiro.

“MEMBRO DA TRANCISÃO” – O coronel Jorge Naime afirma que Neto se apresentava como “articulador e membro da equipe de transição”. E o Palácio do Planalto informou não ter o que comentar porque “o referido cidadão não se encontrou com o presidente da República, com nenhum servidor do Gabinete da Presidência da República, assim como da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”.

Os diálogos do empresário Fernando Neto com o coronel Jorge Naime aparecem em relatório da Polícia Federal sobre o 8 de Janeiro produzido a partir das trocas de mensagens de policiais investigados.

Cerca de meia hora após o início da destruição na Praça dos Três Poderes, o militar conversava com Fernando Neto. No celular do policial o nome está salvo como “Fernando Neto PT”.

“O QUE FALO?” – O petista enviou o número do telefone de Cappelli ao coronel, que perguntou: “O que falo?”. Em dois áudios, Fernando Neto orientou Naime sobre como se apresentar ao interventor.

“Que o comandante-geral foi afastado… que você é o comandante das operações especiais, que estava de férias. Só que você, visto a situação, se colocou à disposição para retornar das férias e assumir as operações a partir de agora. Se coloca à disposição dele e fala que você está integralmente à disposição”, disse, antes de complementar: “Tira do teu colo pelo amor de Deus… só isso!”.

Naime escreveu ao interventor conforme orientado e, antes de qualquer resposta, enviou um “print” da conversa com Cappelli a Fernando Neto. “Agora é a hora, vou entrar pesado para resolver”, respondeu o empresário.

“JÁ LIMPEI…” – Por volta das 19h do dia 8, Naime passou a enviar mensagens a Fernando relatando ações que desempenhara no teatro de operações na Esplanada dos Ministérios. “Já limpei o Congresso, o Planalto e o STF. Seguindo para a rodoviária”, escreveu.

Em resposta, Fernando deu nova orientação ao militar: “Pede para a galera ir segurar os ônibus e não deixar sair nenhum ônibus de Brasília porque a AGU [Advocacia-Geral da União] já pediu a prisão deles aqui”, enviou.

Os agentes da Polícia Federal registraram “estranheza” no envio de informações a Fernando Neto em pleno caos. “Causou bastante estranheza, dada a situação praticamente de cenário de guerra, com inúmeros confrontos e, inclusive, com o próprio coronel ferido, o fato de Naime ficar passando informações policiais praticamente em tempo real a Fernando”, diz trecho do documento.

O coronel Naime estava de férias no 8 de Janeiro. Conforme a investigação policial, Fernando Neto sugeriu ao tenente-coronel Petercley Franco, chefe de gabinete da Casa Militar do governo do Distrito Federal de 2019 a 2023, que chamasse o coronel de volta ao trabalho para ele “assumir o comando do efetivo que estava, naquele momento, na Esplanada dos Ministérios”.

Franco afirmou ao empresário ter recebido informação de que Naime “meio que sabia” o que poderia ocorrer no dia 8, sugerindo omissão do chefe do Departamento de Operações. Entretanto, foi prontamente rebatido por Fernando Neto: “Não sabia”, respondeu o empresário petista, que insistiu pelo retorno de Naime.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– A matéria é muito longa, mas vamos parar por aqui. Serve para mostrar a esculhambação que reina no Brasil. A repressão ao 8 de Janeiro foi comandada por um petista 171 de colarinho branco, procurador de Dirceu e amigo do governador Ibaneis Rocha. Depois, o espertalhão compareceu à Polícia Federal e prestou depoimento a favor do coronel Jorge Naine, que caiu como um bobo, pensando que esse Fernando Neto fosse influente no PT, por ser procurador de Dirceu, que é outra boa bisca. E assim la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Sob Bolsonaro e Lula, a Abin “hackeou” o governo do Paraguai

Charge: ABIN paralela - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Aguirre Talento
do UOL

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sob o atual governo Lula (PT), executou uma ação hacker contra autoridades do governo do Paraguai. O planejamento da operação de espionagem teve início ainda na gestão da agência durante o governo Bolsonaro (PL), mas a ação foi executada com a autorização do atual diretor da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa.

O UOL apurou que a ação invadiu computadores para obter informações sigilosas relacionadas à negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, que é objeto de disputa comercial entre os dois países há muitos anos.

TUDO CONFIRMADO – A ação foi descrita em detalhes em depoimento — obtido com exclusividade pelo UOL — prestado à Polícia Federal por um servidor da Abin que participou diretamente da ação. Um segundo agente da Abin também relatou à PF a existência da operação. O UOL ainda confirmou os fatos com uma terceira pessoa que teve acesso a informações detalhadas da ação.

De acordo com o depoimento do agente, a ação resultou na captura de dados de diversos alvos ligados à cúpula do país vizinho.

A operação aconteceu meses antes de o governo brasileiro fechar um novo acordo sobre os valores pagos ao Paraguai por energia vendida ao Brasil, em maio de 2024. Porém, o agente não explicou se as informações obtidas na ação da Abin foram usadas para favorecer o Brasil na negociação.

LEGAL OU ILEGAL? – A PF apura agora se a operação hacker contra o governo do Paraguai teve caráter ilegal.

Após a publicação da reportagem, o governo Lula soltou uma nota em que diz que operação foi do governo Bolsonaro (leia a íntegra ao final). “A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato. O atual diretor-geral da Abin encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023”, justificou o governo Lula.

Procurados, o diretor Luiz Fernando Corrêa e a assessoria de imprensa da Abin não se manifestaram. O espaço segue aberto para posicionamento.

DESVIOS DA ABIN – A investigação faz parte de inquérito que apura desvios da Abin sob a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem, no governo de Jair Bolsonaro (PL), mas que também passou a detectar suspeitas de irregularidades envolvendo o atual diretor.

Esse depoimento foi prestado em novembro do ano passado por um servidor concursado da Abin há mais de 20 anos, que atuou na área de inteligência. Ele participou tanto de operações na gestão de Ramagem como também da ação hacker que relatou à PF.

O UOL teve acesso com exclusividade à transcrição do interrogatório, enviada sob sigilo ao STF (Supremo Tribunal Federal).

OUTRO DEPOIMENTO – Para preservar a segurança do agente da Abin em operações de campo, a reportagem optou por omitir o seu nome. Um segundo servidor da Abin também confirmou à PF a existência dessa operação, mas não deu detalhes por não ter participado diretamente dela.

De acordo com o agente, a ação envolveu o uso de um programa chamado Cobalt Strike, usado para invasão de dispositivos de informática.

“O Cobalt Strike era uma ferramenta utilizada para o desenvolvimento de um artefato de intrusão em computadores do governo paraguaio para dados relacionados à negociação bilateral de Itaipu […] O objeto da operação era a obtenção dos valores que seriam negociados do anexo C dos valores de venda de energia produzida por Itaipu”, afirmou o agente da Abin à PF.

VENDA DE ENERGIA – O chamado anexo C do tratado sobre a divisão de energia assinado entre Brasil e Paraguai em 1973 estabelece as bases financeiras de comercialização da energia de Itaipu.

A energia gerada pela usina é dividida igualmente entre os dois países. Como o Paraguai tem uma demanda menor, vende parte de sua energia para o Brasil. Essas condições estão estabelecidas no anexo C do tratado.

A ação da Abin ocorreu em um momento estratégico das negociações sobre esse assunto. O tratado previa que os valores da tarifa de energia e as condições de comercialização voltariam a ser discutidas em 2023. Nos últimos anos, os governos do Paraguai vinham pressionando o Brasil para aumentar o valor pago pela energia excedente do país vizinho.

NOVO ACORDO – Em maio do ano passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fechou um acordo com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, no qual o Brasil aceitou aumentar a tarifa paga pela energia de Itaipu, mas abaixo do valor pedido pelo Paraguai.

Na ocasião, o governo brasileiro também abriu a discussão para negociar as condições do anexo C do tratado.

Segundo o servidor da Abin, a ação hacker não foi feita a partir do Brasil. Agentes da Abin fizeram três viagens para o Chile e o Panamá para montar servidores virtuais, de onde foram disparados os ataques.

INVASÃO GERAL – Os alvos seriam “autoridades relacionadas diretamente à negociação e aos valores a serem cobrados por megawatt”, disse o agente. “Foram invadidos o Congresso paraguaio, Senado, Câmara e Presidência da República”, revelou.

O agente da Abin relatou que foram executadas ações para capturar senhas e dados de usuários das autoridades do Paraguai, com o objetivo de ter acesso a informações sensíveis para a negociação das tarifas de Itaipu.

“Foram capturadas [informações] de cinco ou seis pessoas”, confirmou o agente à PF, sem contudo revelar as identidades. O servidor também não detalhou as informações obtidas e a data ou período em que a operação foi realizada.

AUTORIZAÇÃO DOS DIRETORES – A PF perguntou ao agente da Abin se as ações eram de conhecimento da cúpula da agência e se tiveram a autorização dos diretores.

Ele explicou que o plano de operação foi inicialmente aprovado pelo então diretor da Abin Victor Carneiro, que comandou a agência no final do governo Bolsonaro como sucessor de Ramagem.

Segundo o servidor da Abin, a operação obteve o aval de diretores seguintes do órgão, incluindo o atual, Luiz Fernando Corrêa. Em seu depoimento, o agente disse que um dirigente da Abin “apresentou pessoalmente” a operação para o atual diretor da agência. “Luiz Fernando teria vibrado, gostou muito, que era a primeira vez que se sentia numa atividade de inteligência”, relatou o servidor à PF.

DISPUTA DE PODER – Homem de confiança do presidente, Luiz Fernando Corrêa é delegado de Polícia Federal aposentado e chegou a comandar a corporação durante o segundo governo Lula.

A nomeação dele para comandar a Abin no terceiro governo Lula desagradou o atual diretor da PF, Andrei Rodrigues, que havia tentado emplacar um nome de sua confiança para o órgão. Nos bastidores da Abin, o avanço das investigações da PF sobre a atual gestão da agência é visto como um desdobramento dessa disputa de poder.

O foco inicial da apuração da PF foi o uso da estrutura da agência pelo ex-diretor Alexandre Ramagem para espionar adversários políticos do governo Bolsonaro e atuar em defesa dos filhos do então presidente. As provas apreendidas ao longo da apuração, entretanto, resultaram na descoberta de suspeitas de irregularidades envolvendo as gestões seguintes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Isso é o que se chama de lambança internacional. Não satisfeitas em sujar o nome do Brasil internamente, as autoridades do governo Lula insistem e desmoralizar o país também lá fora. Desculpem a vergonha que passei. (C.N.)

Bolsonaro não demitiu Freire Gomes porque temia reação do Alto Comando

Tribuna da Internet | General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É  isso que deve ser explicado.

Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro e evitou o golpe

Marcelo Godoy
Estadão

Jair Bolsonaro não demitiu o general Freire Gomes do Comando do Exército porque sabia que teria de fazer o mesmo com a maioria do Alto Comando da Força Terrestre. Os generais de quatro estrelas à frente das comandos militares apoiavam Gomes. Um deles asseverou à Coluna que tinha a “tropa na mão”, que todos os generais de sua área concordavam com a defesa da legalidade.

Foi isto que travou o golpe concebido e iniciado no Palácio do Planalto. O então presidente e a “societas sceleris” (quadrilha) apontada pelo Ministério Público Federal não podiam resolver o problema pela simples demissão de Freire Gomes e pela nomeação de alguém golpista. Seria necessário dissolver o Alto Comando do Exército. E isto Bolsonaro sabia que não tinha como fazer. Sairia preso.

HIERARQUIA MANTIDA – Ao contrário do que pensavam os oficiais mobilizados nos grupos de WhatsApp e outros aplicativos, nenhum valoroso coronel bypassou seu general, sublevando-se contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Era óbvio que o incentivo à baderna, à indisciplina e à ruptura da hierarquia vinha justamente daqueles que diziam agir “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Era no Palácio que os planos do golpe foram impressos, modificados e operações foram desencadeadas, tudo apreendido pela Polícia Federal e constatado pela perícia criminal em telefones, contas de e-mail, áudios enviados e trocados pelos conjurados.

E, mesmo assim, políticos, como o senador Hamilton Mourão, insistem em dizer que “golpe tem bala e defunto” ou “tanque na rua”.

ANTIGAMENTE… – Era assim no século 19. O senador sabe muito bem que na época das operações  de multidomínio, o tanque na rua nunca é o único passo – nem mesmo o primeiro – para um golpe. Este começa muito antes, com as operações psicológicas, com a guerra assimétrica e envolve, hoje, inevitavelmente, o domínio cibernético. Ele sabe o que é uma sedição iniciada com “manifestações populares”.

Quem escuta o general Mourão deve acreditar que um quatro estrelas como ele sabe o que é a guerra moderna; que deve ter lido as obras dos coronéis Roger Trinquier e David Galula. Pelo menos é o que mostram suas publicações em redes sociais.

De onde se pode concluir que o senador esqueceu o que aprendeu nos manuais do Exército e na Escola de Comando e Estado-Maior? Certamente não imagina que todo paisano seja burro ou que ninguém conheça as operações psicológicas.

NAS QUATRO LINHAS – Bolsonaro diz que não cometeu crime ao consultar os chefes militares sobre a possibilidade de dar um golpe. Quando diz que analisava o estado de sítio ou de defesa ou o uso do “artigo 142″, o ex-presidente afirma que apenas analisava o uso de métodos legais, previstos na Constituição. Eis uma meia-verdade.

O que Bolsonaro ensaiou, segundo a PF, foi aquilo que todo golpista procura fazer para que seu movimento tenha sucesso: arrumar uma justificativa legal para a ação.

A cronologia dos fatos joga contra Bolsonaro. No dia 7 de dezembro, ele se reuniu com o general Freire Gomes para lhe propor o golpe por meio da prisão dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, além da intervenção no TSE e o cancelamento da eleição. Nada disso está previsto na Constituição. Ficou no ar.

SEGUNDA VERSÃO – No dia 14 de dezembro, nova proposta foi apresentada aos comandantes militares. Desta vez, seria preso “apenas” Moraes, a eleição seria anulada e o TSE sofreria intervenção.

Mais uma vez, nada feito. Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior não embarcaram. E o que fez o entorno palaciano? Planejou matar Moraes, Lula e Alckmin. O ministro foi vigiado por militares que agiram à revelia dos chefes.

O grupo palaciano desencadeou uma operação psicológica para desacreditar o Alto Comando – tudo documentado. Não queriam só ofender generais e incomodar seus familiares. O objetivo não era uma vingança pessoal, como se vê às dezenas em redes sociais. O que alimentava esses militares era a perspectiva de fomentar o descrédito dos generais para que um golpe de coronéis fosse executado. Houve até coronel que teve a ousadia de dar um ultimato a Freire Gomes.

IGUAL A 1964 – É notável que as mesmas pessoas que negam a tentativa de golpe de 2022 também neguem que em 31 de março de 1964 houve um golpe de Estado. E, nisso, tanto Bolsonaro quanto Mourão concordam.

Do ponto de vista militar, o que diferencia 1964 de 2022 é que a ruptura da hierarquia e da disciplina nos quartéis em 1964 foi pretendida pela esquerda. Em 2022, esse papel coube à direita.

Bolsonaro quer salvar a pele. E Mourão, um general que se manifestava politicamente quando estava na ativa, segue coerente com seu passado. É, por isso, que é necessário aos ministros do STF muito cuidado no julgamento do processo do golpe. Disso depende o futuro da estabilidade democrática do País.

Como convencer o Supremo de que os golpistas entraram de gaiato no navio?

Gilmar Fraga: mentor delatado... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Dora Kramer
Folha

Os trabalhadores mais atarefados da temporada, em escala 7×0, serão os advogados dos réus acusados de atentar contra o Estado de Direito em ações que se estenderam por um ano e meio, de junho de 2021 a janeiro de 2023.

Na fase preliminar do julgamento a maioria deles não negou à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a gravidade dos acontecimentos nem tentou convencer os juízes de que não houve o que houve.

NADA A VER – Os defensores limitaram-se a argumentar que os respectivos clientes não tiveram nada a ver com aquilo. Vão precisar dar um duro danado para persuadir os ministros de que o pessoal entrou de gaiato no navio.

Em especial o doutor Celso Vilardi, cuja impressão antes de assumir a causa de Jair Bolsonaro era a de que havia nas investigações “indícios absolutamente claros a respeito de uma tentativa de golpe de Estado”, terá a dura tarefa de demonstrar a inocência do comandante da embarcação.

Um exemplo entre os vários contidos na denúncia agora transformada em ação penal: Bolsonaro admitiu ter discutido com auxiliares civis e militares “hipóteses” previstas na Constituição, estado de sítio, estado de defesa e garantia da lei e da ordem.

OBJETIVO CLARO – Qual o objetivo do debate? Havia ocorrido uma eleição comprovadamente sem fraudes e nada que justificasse recurso aos aludidos instrumentos constitucionais, a não ser a ideia de achar um jeito de mudar a situação de derrota do então presidente.

Os demais implicados nesse primeiro núcleo em exame no STF, da mesma forma, estão na dependência de que seus advogados encontrem uma explicação plausível para suas presenças nas diversas ações da urdidura. Poderão atribuí-las a coincidências e casualidades, mas há o contexto e este é cruel para a clientela.

No caso em curso há diferença em relação a outros que envolveram crimes em altas cúpulas de governos. Neles, o desvio de dinheiro precisou ser descortinado para que o público os enxergasse. No atual, tudo foi visto passo a passo numa espécie de enredo escrito em tempo real. 

Tarcísio já lança seu plano de governo, enquanto a esquerda dorme no ponto 

Tarcísio de Freitas é eleito governador de São Paulo

Devagar, Tarcísio começa a delinear sua candidatura

Vinicius Torres Freire
Folha

Na semana passada, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou em um encontro do pessoal do mercado financeiro. Falou de política e, mais do que isso, de linhas gerais do que é um programa de acordão e de governo. Não se prestou muita atenção.

Fez um balanço de sua administração. Correto ou não, pode cair bem nos ouvidos de gente que vai das elites econômicas até o meião do eleitorado. Goste-se ou não do que propõe ou faz, fala de modo racional.

CONSTRUINDO PONTES – Até se congratula por sucessos na vacinação (pois é) e em programas sociais —não é Jair Bolsonaro. Na prática, está construindo pontes em direção a vários universos políticos do país.

No caso de a direita conseguir um por ora dificílimo acordão para se livrar de Bolsonaro e varrer para debaixo do tapete a sujeira da barbárie bolsonarista, essa articulação pode ter sucesso. Governo e esquerda em geral não estão prestando atenção ao clima que se vai criando.

Quanto a Bolsonaro, que Tarcísio chama de “líder” e “inocente”, sua conversa foi para públicos além da seita. PACIFICAÇÃO – Diz que o “Brasil precisa de uma pacificação, até porque a gente está presa a uma agenda [polarização, processo do golpe] que não vai nos levar a lugar nenhum”.

Assim, “estamos deixando de discutir” envelhecimento da população, longevidade, reforma administrativa, reforma do sistema político, economia do conhecimento, inteligência artificial, transição energética (pois é). “A gente precisa de uma pacificação, de algumas portas de saída”.

Quais? Reequilíbrio dos três Poderes. “Se transferiu muito poder para o próprio Congresso sem se transferir a responsabilidade, o Orçamento foi todo para lá e os Ministérios não têm condição de fazer política pública”.

ANARQUIA INSTITUCIONAL – “Como é que os gênios vão voltar para as suas garrafas é uma discussão importante, porque senão a gente vai viver uma anarquia institucional.”

Se deu destaque midiático à crítica velada de Tarcísio à isenção do IR, medida eleitoreira, segundo o governador, que anda ele mesmo mais eleitoreiro (“prometeram picanha, está faltando ovo”, disse noutro dia). Tarcísio foi além.

Critica em geral a perda de “base” de pagantes de IR, para ele errado em si, para tributar “o capital, vou tributar, o estoque de capital. Ou seja, vou destruir a poupança e impedir o investimento. E aí é o contrato com fracasso, um país que está caminhando para a informalidade”.

PORTAS DE SAÍDA – Quer e diz fazer em São Paulo “portas de saída” para programas sociais, que estão “explodindo e aumentando o estoque com BPC, Bolsa Família. A gente não está dando a porta de saída, não está emancipando ninguém e a gente vai ficar cada vez mais limitado”.

A fim de tratar de conserto de contas públicas, elogia logo a motosserra. “A gente precisa fazer o que tem que ser feito, porque vai ficar uma conta amarga para ser paga lá na frente. Alguém vai ter que chegar e tomar medidas impopulares para poder botar o Brasil no rumo certo. O Milei fez isso com muita propriedade na Argentina”.

“Se você me perguntasse se seria possível cortar 5% do PIB de despesa do estado em um ano, eu diria que é impossível, e ele fez. Consequência disso, a inflação está caindo e o fluxo de capital aumentou. Ele tem um problema ainda com o câmbio, mas ele está indo bem, está começando a tirar a cabeça do buraco, começando a querer crescer. A inflação foi lá para baixo.”

Piada do Ano! Programa Pé-de-Meia já virou mais um manancial de corrupção

Pé de Meia - Disciplina - Lingua Portuguesa

Charge do Cicero (cicero.art.br)

André Shalders
Estadão

Uma das principais apostas do terceiro mandato do presidente Lula da Silva (PT), o Programa Pé-de-Meia tem mais beneficiários do que alunos matriculados na rede pública em pelo menos três cidades, localizadas na Bahia, no Pará e em Minas Gerais. O programa também chega a contemplar mais de 90% dos alunos de ensino médio em pelo menos 15 cidades de cinco Estados. Além disso, há casos de beneficiários que aparentam ter renda acima da permitida pela regra do programa que paga bolsa para alunos mais carentes.

Procurado, o MEC afirmou que a responsabilidade pelas informações prestadas é das Secretarias estaduais de Educação. A pasta disse ainda que trabalha com os Estados para corrigir eventuais problemas.

EXEMPLO BAIANO – Em Riacho de Santana (BA), cidade de 35 mil habitantes localizada a cerca de 500 quilômetros de Salvador, a parcela do Pé-de-Meia de fevereiro foi paga a 1.231 pessoas, segundo dados divulgados pelo MEC. No entanto, segundo a direção do único colégio público que atende ao ensino médio na cidade, há no momento 1.024 alunos matriculados.

Procurada, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia disse que seriam 1.677 alunos. Já o MEC fala em 1.860 no Colégio Estadual Sinésio Costa, que conta com somente 15 salas de aula.

O benefício foi pago no município baiano a 456 estudantes menores de 18 anos, inscritos no ensino regular; e 775 maiores, que cursam o ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ao todo, os pagamentos em Riacho de Santana somam R$ 1,75 milhão em fevereiro.

HÁ ALUNOS DEMAIS – Segundo o Estadão apurou, a maioria dos problemas e pagamentos indevidos do Pé-de-Meia ocorre na modalidade EJA (Jovens e Adultos).

O cenário se repete na cidade de Porto de Moz (PA), cidade de 41 mil habitantes às margens do Rio Xingu, no norte do Pará. São 1.687 beneficiários do Pé-de-Meia, que receberam R$ 2,75 milhões em fevereiro, de acordo com os dados do MEC.

Segundo os diretores das duas escolas estaduais da cidade, há 1.382 alunos matriculados, ou seja, menos que o número de recebedores do Pé-de-Meia. Procurado, o MEC fala em 3.105 alunos de ensino médio na cidade, mais que o dobro do observado pelos diretores.

MUITAS IRREGULARIDADES – Estadão encontrou 15 cidades onde mais de 90% dos alunos recebem Pé-de-Meia; servidores que recebem mais de R$ 5 mil líquidos estão na lista

Em Natalândia (MG), os dados do MEC para o mês de fevereiro registram 326 beneficiários do Pé-de-Meia. Mas, segundo a direção da escola estadual da cidade, são 317 alunos de ensino médio matriculados atualmente. Já o MEC fala em 600 estudantes na Escola Estadual Alvarenga Peixoto, que tem apenas sete salas de aula.

Há outras cidades nas quais o número de beneficiários do Pé-de-Meia em fevereiro passa de 90% dos alunos matriculados.

OUTROS EXEMPLOS – Em Quixabá (PB), são 66 beneficiários do Pé-de-Meia em fevereiro, e 67 alunos matriculados – ou seja, só um a menos.

Em Alcântara (MA), cidade que abriga o Centro Espacial de mesmo nome, são 833 beneficiários do Pé-de-Meia e 839 alunos do ensino médio: só seis a menos. Os dados atualizados de matrículas foram fornecidos pelas Secretarias de Educação desses Estados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Em alguns casos, as Secretarias de Educação estaduais enviam dados errados ao MEC. Na base de registros do Pé-de-Meia para fevereiro, a cidade de Elísio Medrado (BA) aparece com 742 beneficiários do Pé-de-Meia – mas, segundo a direção do colégio estadual da cidade, são só 355 estudantes matriculados, menos da metade.

NÚMEROS IMPOSSÍVEIS – Questionado pela reportagem, o MEC disse inicialmente que a cidade teria 1.145 alunos de ensino médio. O número é pouco factível: significaria que um em cada oito moradores do município estaria matriculado. Mais tarde, o ministério constatou um erro da Secretaria de Educação baiana, que juntou os alunos de Elísio Medrado com os de Cocos (BA).

Em muitas cidades, também há descumprimento do critério de renda para receber o benefício. O Estadão encontrou servidoras das prefeituras com rendimentos líquidos de mais de R$ 5 mil mensais listados como responsáveis por jovens que receberam o Pé-de-Meia.

De acordo com as regras do programa, o benefício só pode ser pago a jovens de famílias com renda mensal de até meio salário mínimo (R$ 759) por pessoa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O governo não sabe fazer programa de assistência sem incluir corrupção eleitoral. É uma forma abjeta de fazer política. O dinheiro destinado aos pobres dever ser uma missão sagrada, digamos assim, e jamais pode ser submetido a este tipo de corrupção, no qual o PT é especialista. Se o governo quisesse fazer economia, era só passar um pente fino nos programas sociais. Mas quem se interessa? (C.N.)