Viagem inútil de Janja e comitiva a Roma custou cerca de R$ 300 mil

O que Janja fez em Roma e quais foram os custos da viagem; entenda - Estadão

Janja foi a Roma para ler um discurso sobre a fome

André Shalders
Estadão

As passagens aéreas de ida e de volta da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, a Roma, na Itália, custaram ao contribuinte R$ 34,1 mil. A primeira-dama voou de classe executiva de Brasília à capital italiana em 9 de fevereiro e retornou dia 13 de fevereiro, num voo direto para São Paulo.

Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) disse que Janja foi convidada a participar do evento pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (Fida), como colaboradora do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

DE PENETRA… – Atualmente, a emissão de passagens é regulamentada por um decreto de janeiro de 2022, editado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). A classe executiva está liberada apenas em voos com mais de sete horas e só para ministros de Estado ou pessoas com os cargos comissionados mais altos – ou, ainda, para quem os represente.

Não é o caso de Janja, que não possui cargo formal na estrutura do Poder Executivo. Em viagens anteriores, a Secom disse que a “legislação vigente” autoriza a primeira-dama a usar a classe executiva.

Na capital italiana, Janja participou de eventos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e se encontrou com o Papa Francisco. Ao todo, o grupo que foi a Roma somou 12 pessoas e consumiu ao menos R$ 292,3 mil em passagens e diárias – alguns valores ainda não são conhecidos.

EM ETAPAS – A primeira-dama embarcou em Brasília às 18h10 num Airbus A330 Neo da TAP, e chegou à capital portuguesa, Lisboa, às 6h da manhã do dia 10 de fevereiro. Às 11h45, pegou outro voo da TAP, chegando ao aeroporto de Fiumicino em Roma às 15h50.

Uma vez em Roma, Janja hospedou-se na Residência Oficial do Brasil, no número 14 da Piazza Navona, no Centro da cidade. A residência fica no Palazzo Pamphilj, um palácio barroco construído em 1650 pelo arquiteto Girolamo Rainaldi.

Na volta, Janja pegou um voo direto de 12h e 4 minutos, de Fiumicino para o aeroporto internacional de Guarulhos (SP). A primeira-dama viajou no assento 10 L, na janela, na classe premium business, equivalente à executiva.

EM CIMA DA HORA – Pode ter contribuído para o alto preço da passagem de Janja a falta de antecedência na compra: a reserva da viagem foi feita no dia 31 de janeiro, só dez dias antes do voo de ida. A compra foi solicitada pelo ministério de Wellington Dias, à agência de turismo Voetur.

O valor gasto na passagem da primeira-dama é compatível com um bilhete Brasília-Roma-Brasília comprado em cima da hora.

O voo de ida foi operado pela TAP, de Portugal, e o voo de volta, pela Latam. O Painel de Viagens do Ministério do Planejamento não traz ainda informações sobre eventuais diárias pagas a Janja – a Secom disse que informações sobre custos devem ser buscadas com o MDS.

A COMITIVA – O grupo que esteve em Roma é formado pela secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito; uma servidora da Fazenda; três assessores de Wellington Dias e quatro nomes da Presidência da República – três dos quais são integrantes do “gabinete informal” de Janja, revelado pelo Estadão.

O maior valor em diárias foi pago à servidora Raquel Porto Mendes Ribeiro, do Ministério da Fazenda: R$ 17,8 mil. Ao todo, ela recebeu oito diárias, para participar de vários eventos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola. Um deles foi a reunião do Conselho de Governadores do Fida, na qual Wellington Dias e Janja discursaram. Durante o encontro, Dias foi eleito presidente mundial do Conselho da Aliança Global.

Na reunião deste ano do Conselho de Governadores do Fida, as autoridades presentes discutiram formas de implementar os compromissos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, grupo multilateral lançado na reunião do G-20 no Rio de Janeiro, no fim do ano passado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O Planalto alegou que Janja viajou “a convite do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário”, mas isso é “menas verdade”, como Lula falava antigamente. Quem a convidou foi o ministro Wellington Dias, que ia ser demitido e teve essa ideia genial. Agora, eu aposto que ele não será mais demitido. (C.N.)

Tarcísio nega candidatura, porque assim se protege e continua viável

Tarcísio sai em defesa de Bolsonaro: “Estamos juntos, presidente”

Tarcísio é grato a Bolsonaro e espera o momento adequado

Pedro Augusto Figueiredo
Estadão

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem se irritado com notícias de que ele aceita ser candidato a presidente da República em 2026, mas aliados avaliam que este cenário é cada vez mais provável diante da piora da avaliação do governo Lula (PT) e o bom desempenho do chefe do Executivo paulista nas pesquisas eleitorais.

A ressalva é que Tarcísio somente consideraria trocar uma reeleição praticamente garantida em São Paulo por uma aventura presidencial se for convocado por Jair Bolsonaro (PL) para substituí-lo nas urnas.

DIZ TARCÍSIO – O governador nega que será candidato a presidente. “Eu não sou candidato. Tem muita gente falando por mim. Ninguém fala por mim. Ninguém está autorizado. Meu único foco é São Paulo”, disse Tarcísio ao Estadão.

Ele afirma que disputará a reeleição, mesmo sabendo que está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República na semana passada como líder da organização criminosa que tentou dar golpe de Estado após ser derrotado na eleição de 2022. Se for condenado, pode pegar até 43 anos de prisão.

Na terça-feira, 18, antes da denúncia da PGR, Tarcísio publicou nas redes sociais que seu candidato é o ex-presidente Bolsonaro. Nos bastidores, o chefe do Executivo paulista repete o que tem dito em público e acrescenta que conhece a estratégia do padrinho político e estará com ele até o final.

PRÉ-CANDIDATO – Bolsonaro continuará a dizer que é pré-candidato ao Palácio do Planalto para não perder força política enquanto tenta evitar uma condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) — tática semelhante à de Lula, que mesmo preso insistiu em uma candidatura em 2018.

Um integrante do governo Tarcísio afirma que a postura do chefe é acertada por dois motivos. Primeiro, reforça a lealdade a Bolsonaro sem dar brecha para o surgimento de atritos entre os dois. O ex-presidente se irrita com qualquer discussão pública sobre quem será seu sucessor.

Além disso, o governador evita o desgaste de ser encarado como o principal rival de Lula. A avaliação é que Tarcísio entrará na mira das forças governistas se sinalizar publicamente que tem intenção de disputar a Presidência.

MANTER A DISCRIÇÃO – Um dirigente de uma sigla do Centrão em São Paulo considera que o melhor caminho para Tarcísio é manter a discrição para não irritar Bolsonaro e deixar que setores econômicos e partidos aliados tentem convencer o ex-presidente de que ele seria a melhor opção.

Contribui para este argumento a pesquisa AtlasIntel que mostrou que Tarcísio empata tecnicamente com Lula, enquanto o próprio Bolsonaro seria derrotado pelo petista em um eventual segundo turno.

O levantamento aponta que Lula tem 45,7% das intenções de voto contra 44,7% do chefe do Executivo paulista. Já no cenário com Bolsonaro, o petista vai a 47,6% contra 43,4% do ex-presidente. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Outra pesquisa, a CNT/MDA, confirma esse empate técnico com Lula.

PRINCIPAL NOME – O desempenho de Tarcísio contra Lula na AtlasIntel também é melhor do que o de Ronaldo Caiado (União Brasil), Pablo Marçal (PRTB) e Eduardo Bolsonaro (PL) — outro nome cotado para receber a bênção de Bolsonaro.

Um dos aliados mais próximos do governador, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que também é secretário de Governo de São Paulo, disse na sexta-feira, 21, que Tarcísio é o nome mais forte para concorrer contra Lula no ano que vem, mas que a decisão do governador de tentar a reeleição para o governo paulista precisa ser respeitada.

“Se o Tarcísio fosse candidato, mas não será, o Caiado já me disse que não sairia candidato, Ratinho, Tereza [Cristina, senadora], Zema também apoiariam Tarcísio”, disse Kassab, sinalizando que o governador poderia unificar a direita. “O Tarcísio não saindo eu entendo que muito possivelmente cada partido da centro-direita vai lançar o seu nome”.

KASSAB ESPERA – O próprio Kassab é apontado como alguém que trabalha para ser vice do governador ou mesmo candidato ao Palácio dos Bandeirantes se Tarcísio mudar de ideia.

Kassab enfrenta a concorrência de André do Prado (PL), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL) também são cotados para encabeçar uma chapa, caso Tarcísio não dispute a reeleição.

Lula começou a nova campanha eleitoral entre os pobres sem futuro

Lula faz sinal de positivo com as mãos -- Metrópoles

Lula aparece na TV usando chapéu de malandro carioca

Mario Sabino
Metrópoles

Lula começou esta semana sua campanha eleitoral antecipada na televisão, sob patrocínio extra dos pagadores de impostos, que já financiam os fundos partidário e eleitoral. Para buscar a reeleição, ele precisa reverter a queda na aprovação do seu governo, hoje em abissais 24%.

Como não pode baixar na marra o preço da comida, resta-lhe brandir aos pobres as esmolas assistencialistas que distribui.

Lula passará, assim, a vender com mais insistência o seu peixe para a dona Maria e para o seu João, conforme a prescrição do marqueteiro Sidônio Palmeira, atual chefe da Secom.

COMPRAR VOTOS – Pelo que entendi do programinha eleitoral, Lula tenta agora comprar votos por meio da propaganda da distribuição “gratuita” de remédios e do dinheiro dado a estudantes que não faltam à escola — dinheiro que está fora do orçamento do governo, como se não saísse do mesmo caixa deficitário. A ideia é fazer crer que esses óbolos significam prosperidade.

O povo brasileiro é sempre comprável, desde que a relação entre custo e benefício lhe pareça favorável no presente imediato — como não existe futuro para os nossos pobres, e muito menos futuro de país, a questão fiscal inexiste para eles.

O problema para Lula é que, por enquanto, as suas esmolas parecem não compensar a inflação no supermercado, e eis o motivo de sua aprovação ter despencado.

VAI GASTAR MAIS – Já que não há sinal de que a inflação arrefecerá a ponto de fazer diferença para a dona Maria e para o seu João na hora de eles votarem em 2026, o problema para nós todos, embora nem todos nós tenhamos consciência disso, é que o governo gastará ainda mais com assistencialismo, aumentando o buraco no orçamento e alimentando a espiral inflacionária.

Não há boa notícia nenhuma a ser anunciada por Lula a cada vez que ele aparecer na TV. Mas o que importa é enganar a dona Maria e o seu João até a eleição de 2026. Eles não têm futuro mesmo e nunca terão.

Na pesquisa CNT/MDA, Bolsonaro já passa Lula e Tarcísio empata

Bolsonaro tem 51,4%, e Lula tem 48,6%, diz pesquisa Veritá

Pesquisa Verita confima números da pesquisa CNT/MDA

Manoela Carlucci
da CNN

O atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aparece empatado tecnicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em eventuais cenários de segundo turno de uma disputa presidencial, de acordo com uma pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira (25).

O levantamento ouviu 2.002 entrevistados entre os dias 19 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

BOLSONARO NA FRENTE – No primeiro cenário proposto, Bolsonaro aparece à frente numericamente, com 43,4% das intenções de voto, enquanto Lula tem 41,6%, em empate técnico.  Apesar de ter sido considerado na pesquisa, o ex-presidente está inelegível por oito anos, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No segundo cenário, Lula aparece com 41,2%, enquanto Tarcísio de Freitas tem 40,7%, em novo empate técnico.

Sem Lula, Bolsonaro vence Haddad por 43,1% e 39,4%. Tarcísio também ganha numericamente do atual ministro por 38,3% a 37,3%.

APROVAÇÃO DESPENCA – O desempenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do governo é desaprovado por 55,3% dos entrevistados em uma pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira (25). Segundo o levantamento, a aprovação de Lula é de 40,5%.

Em comparação com a última pesquisa CNT, de novembro do ano passado, o índice de desaprovação cresceu nove pontos percentuais, indo de 46% a 55%, em números arredondados. Já a aprovação oscilou de 50% para 40%, também considerando o arredondamento.

Atualmente, 4,2% dos entrevistados não sabem ou não responderam.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  – Como cantava Moraes Moreira, lá vai o Brasil descendo a ladeira, levando junto o sonho petista de mumificar Lula igual a Lênin… (C.N.)

Elon Musk sugere o confisco dos bens que Moraes tiver nos EUA

Moraes x Musk: o que pode mudar com proibição do X?

Moraes e Musk são dois perdidos numa política suja

Jamil Chade
do UOL

O bilionário Elon Musk, um dos principais nomes do governo de Donald Trump, sugeriu nas redes sociais que poderia defender o confisco de bens do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Numa postagem, ele questionou se o brasileiro conta com propriedades nos EUA.

“Moraes não possui propriedades nos EUA?”, perguntou o empresário e aliado do presidente americano.

REAÇÃO A ATAQUE – Seu comentário foi feito como resposta a uma publicação na rede X indicando um discurso de Alexandre de Moraes, no final de semana, acusando as plataformas digitais de adotar uma “ideologia fascista”.

A pergunta de Musk foi respondida por Paulo Figueiredo, neto do último ditador do regime militar, João Figueiredo (1979-1985), e que foi investigado pela Polícia Federal por envolvimento na tentativa de golpe de estado no Brasil.

Figueiredo, que mora nos EUA, sugeriu que Moraes sequer precisaria ter ativos nos EUA, já que a inclusão de seu nome na lista de pessoas sob sanção permitiria que bancos nos EUA vetassem qualquer abertura de contas em seu nome.

Musk respondeu: “Interessante”.  

PUNIR MORAES – A ideia de sanções contra Moraes já faz parte da consideração do governo americano. O UOL apurou que o tema está no gabinete de Donald Trump.

Nesta quarta-feira, uma lei que permitiria a adoção de sanções contra pessoas que atuem a favor da censura contra empresas e pessoas nos EUA será votada numa das comissões do Congresso americano. O projeto deve ser aprovado, diante da maioria republicana no órgão.

Mas apenas se transformará em lei quando chegar à plenária. Um dos focos da lei é Moraes, diante de sua ação contra a plataforma X, ainda em 2024.C

APENAS UM LADO – Ainda que nos EUA ele esteja sendo qualificado como um “operador da censura”, a ofensiva omite as violações cometidas pelas empresas no Brasil. A suspensão ocorreu depois que a X se recusou a indicar um representante legal no país, uma exigência da legislação nacional.

Mas as sanções contra o ministro brasileiro foram sugeridas no processo da Rumble e das empresas de mídia de Donald Trump contra Moraes.

No documento apresentado às cortes na Flórida, as duas empresas insistem que Moraes repetiu o mesmo comportamento do Tribunal Penal Internacional ao ameaçar os interesses de cidadãos e empresas americanas. A corte internacional foi alvo de sanções e seu procurador-geral teve seus bens confiscados nos EUA.

CRISE EM MONTAGEM  – Para diplomatas e interlocutores em Washington ouvidos pela reportagem, o palco de uma crise política entre Donald Trump e o Brasil está sendo montado.

Na semana passada, Moraes suspendeu a plataforma Rumble depois de a empresa não indicar um representante legal no Brasil. Era a oportunidade que bolsonaristas e a base do governo de Donald Trump esperavam para manipular uma justificativo de uma eventual ação contra o juiz brasileiro.

Em dezembro de 2023, a plataforma foi fechada no Brasil. Oficialmente, a empresa indicou que, por discordar de uma decisão de Moraes de remoção de conteúdo do influenciador Monark, ela optou por deixar o país. Outras plataformas simplesmente seguiram as sentenças do Judiciário.

RETORNO – Mas a companhia retomou suas atividades em fevereiro de 2025, indicando que a vitória de Trump na eleição nos EUA teria facilitado essa decisão.

Com seu retorno, contas que tinham sido banidas como a de Allan dos Santos e que disseminavam desinformação sobre o sistema eleitoral nacional foram retomadas.

A armadilha estava montada. O CEO da empresa, Chris Pavlovski, indicou que não cumpriria as decisões do STF e, caso seja suspensa, observadores nos EUA e no Brasil apontam que o banimento pode se transformar numa crise diplomática.

ESTRATÉGIA – Trump usa a Rumble como plataforma para sua própria rede social e um ataque contra a empresa seria considerado como um ataque contra os aliados da Casa Branca.

Para os advogados da Rumble e das empresas de Trump, as “táticas extrajudiciais do juiz Moraes também estão em conflito direto com política pública dos EUA, conforme articulado na Ordem Executiva 14203, emitido pelo presidente Trump no início deste mês”.

O decreto se opõe a “excessos judiciais estrangeiros que buscam impor jurisdição a entidades dos EUA sem consentimento”.

DIZ O PROCESSO – “Ao coagir a Rumble a nomear advogados brasileiros e ameaçando com ações punitivas se ela não cumprir, as ações do ministro Moraes espelham o tipo de conduta extraterritorial condenada pela Ordem Executiva”, afirmam no processo contra o brasileiro.

“Suas ordens também visam contornar a determinação prévia do governo dos EUA, ameaçando a soberania da lei dos EUA e minando a cooperação internacional”, diz.

Para a defesa de Trump, “os paralelos entre as ações do Tribunal Penal Internacional condenadas na Ordem Executiva 14203 e a conduta do juiz Mores são impressionantes”.

ORDENS DE MORDAÇA – “Ambas envolvem atores judiciais estrangeiros que pretendem afirmar jurisdição extraterritorial sobre indivíduos e entidades além de seu alcance legítimo ou sem o consentimento dos EUA”, afirmam.

Assim como o decreto de Trump descreve as investigações de Haia e os mandados de prisão contra cidadãos americanos como ilegítimos e ameaçadores, “as ordens de mordaça do ministro Moraes buscam impor leis de censura brasileiras a empresas sediadas nos EUA, infringindo o discurso protegido pela constituição e operando fora dos limites permissíveis da autoridade judicial”, afirmam.

Segundo eles, as ordens de Moraes “seguem o mesmo padrão de exagero: visam empresas sediadas nos EUA como Rumble e TMTG, essas ordens exigem a remoção de conteúdo legal que não viola a lei dos EUA”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGMoraes tem razão em tentar regular as redes sociais, porém não sabe como fazer e age como um trapalhão. (C.N.)

Cid e militares contestam tese de que reunião de oficiais era para dar golpe

Mauro Cid diz que Bolsonaro 'ficou milionário' enquanto sua vida  desmoronava | Jovem Pan

Cid não concorda com ilação do procurador Paulo Gonet

Cézar Feitoza
Folha

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou seis oficiais do Exército que participaram de uma reunião em novembro de 2022 na qual, segundo a acusação, foram elaboradas estratégias para pressionar os chefes militares a apoiarem um golpe de Estado.

A versão apresentada pela PGR é contestada pelo tenente-coronel Mauro Cid e pelos militares que participaram do encontro. Diante do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o delator reafirmou o argumento de que a reunião não tramava conspirações.

CONVERSA DE BAR – “Eu gostaria de caracterizar essa reunião como conversa de bar. Bate-papo de bar. Ninguém apresentou documento, ninguém sentou para organizar [a pressão contra os comandantes militares]”, disse Cid.

O encontro ocorreu na noite de 28 de novembro de 2022 no salão de festas do prédio em que morava o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior, em Brasília. Era uma segunda-feira, dia que marcava o início das reuniões do Alto Comando do Exército naquela semana, quando a cúpula da Força se encontrava na capital federal.

Mauro Cid disse, em depoimento à Polícia Federal, que militares com formação nas Forças Especiais se encontravam com frequência mensal em Brasília para confraternizar. Como os “kids pretos” que assessoravam generais do Alto Comando tinham viajado a Brasília naquela semana, decidiu-se, segundo Cid, marcar um encontro dos antigos colegas.

SERIA CONSPIRAÇÃO? – A conversa durou cerca de três horas. Os militares denunciados tentam minimizar o teor das conversas, enquanto a PGR interpreta o encontro como parte das conspirações golpistas.

Segundo a Procuradoria, a reunião foi organizada pelo coronel Bernardo Romão Correa Neto —à época assistente do então comandante militar do Sul, general Fernando Soares.

“Resolvi tomar uma iniciativa e conto com o apoio do Nilton para isso. Reunir alguns FE [Forças Especiais] em funções chaves para termos uma conversa sobre como influenciar nossos chefes”, escreveu Correa Neto para o coronel Fabrício Moreira de Bastos em 26 de novembro de 2022.

ESTRATÉGIA DE PRESSÃO – A PF diz que cerca de dez militares participaram do encontro. A PGR reforça que a reunião buscava “desenvolver estratégia de pressão sobre os comandantes renitentes [aos planos por um golpe de Estado]”.

O procurador-geral Paulo Gonet destaca dois pontos principais para concluir que os militares presentes na reunião conspiravam contra a democracia.

O primeiro é o fato de que os oficiais tinham enviado entre si, pelo WhatsApp, um documento elaborado por militares do Exército cujo objetivo era pressionar o comandante da Força para apoiar o golpe.

CARTA DA ATIVA – A “carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército” passou a circular nos meios militares naquele dia, como mostrou a Folha. Os quatro coronéis autores do documento foram identificados em investigação do Exército e indiciados na Justiça Militar —Paulo Gonet, porém, não denunciou os indisciplinados.

O fato de os militares já terem acesso à carta e terem conversado sobre o documento na reunião é apontado pela PGR como prova de que eles pressionaram o comandante do Exército por um golpe.

A segunda prova apontada pela PGR são mensagens de WhatsApp trocadas entre os militares durante o encontro. Em uma delas, o coronel Bastos elencou cinco “ideias-força” supostamente definidas na reunião.

IDÉIAS-FORÇA – Seriam elas as seguintes, segundo o militar: 1) “Falta de coesão dentro da Força — Nec [necessidade] de atuação no curtíssimo prazo”; 2) “Nec de alertar os C Mil A [Comandos Militares de Áreas] acerca da realidade”; 3) “Rlz [realizar] ações concretas no campo informacional (comunicação estratégica)”; 4) “Criação de um Gab [gabinete de] Crise, inicialmente no campo informacional”; 5) “O EB [Exército Brasileiro] deverá falar com o Presidentes do Poder Legislativo e Judiciário”.

E o “estado final desejado” seria estabelecer “laços de confiança” entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o comandante do Exército, general Freire Gomes.

CENTRO DA GRAVIDADE – O coronel Bastos ainda apontava o ministro Alexandre de Moraes como o “centro de gravidade” —conceito militar que representa a fonte de força e de poder do inimigo, alvo principal para desestabilizar o oponente.

Mesmo com as provas apresentadas pela PGR, Mauro Cid disse em depoimento que o encontro entre os militares era informal e não foram elaborados planos para pressionar os chefes das Forças Armadas.

“Obviamente, o que foi conversado e discutido é a mesma coisa da conjuntura, do que estava acontecendo. Se conversou sobre as manifestações, do pessoal pedindo [o artigo] 142, aquela pressão que estava acontecendo no Exército”, disse Cid à Polícia Federal.

QUERIA SABER – “O pessoal queria saber o que cada oficial estava pensando, porque ali tinha militares que eram assessores de generais. O que cada comandante estava pensando. Então o papo foi em torno disso daí.”

Segundo Cid, o coronel Cleverson Ney Magalhães disse no encontro que seu chefe, o general Estevam Theophilo, era “muito leal ao general Freire Gomes e que não iria fazer nada se não tivesse anuência do Alto Comando”.

Sobre a carta dos oficiais, Cid disse que o assunto foi comentado como se fosse um “tiro no pé”. “Quem assinasse seria punido e ia acabar não tendo muita relevância [na carreira], porque o militar não pode assinar abaixo-assinado”, completou.

CONFRATERNIZAÇÃO – O coronel Correa Neto defendeu linha parecida com Cid. Disse, segundo termo de depoimento, que na reunião “foi conversado [sobre] o momento pessoal de cada um e sobre o cenário político”.

O coronel Cleverson também afirmou à PF que tratou o encontro como uma “confraternização de final de ano extremamente informal”. Ele disse ainda que foi contra a carta que pressionava o general Freire Gomes: “Transparece uma transgressão disciplinar; [olhei] com esse enfoque para a referida carta”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mas uma excelente matéria de Cézar Feitosa. Mostra a disparidade entre o que foi dito na delação e o que foi ouvido pela Procuradoria, digamos assim. O nome disso é manipulação. (C.N.)

Ao julgar o golpe, há excessos de Moraes ou meros pretextos do bolsonarismo?

🔴MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES É VÍTIMA E JULGADOR? SERÁ?🔴

Na forma da lei, Moraes não pode atuar no julgamento

Eliane Cantanhêde
Estadão

A defesa e os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento da articulação de um golpe de Estado já definiram bem as regras e flancos do processo, passíveis de questionamento e desqualificação nesta fase da denúncia da Procuradoria, e ajustaram a mira nele, no relator Alexandre de Moraes, já atacado até por aliados externos do bolsonarismo, como Donald Trump, Elon Musk e as big techs.

Mais do que efetivamente mudar os rumos do julgamento, o objetivo da defesa e dos aliados é ganhar tempo e discurso para a opinião pública.

“TENTATIVA” – O primeiro grito foi contra indiciamento e denúncia, sob o argumento de que não houve golpe e que “só” tentativa não é crime. Mas, segundo os artigos 359M e 359L do Código Penal, tentativa de golpe contra as instituições democráticas é, sim, crime tipificado em lei. E não se fala mais nisso, por ora…

Enquanto isso, o alvo é a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, da ativa do Exército, sob alegação de que ele e a família teriam sido ameaçados por Moraes, caso ele não falasse qualquer coisa quente, incriminadora. Bem, quem viu os vídeos ou ouviu os áudios da delação sabe que não é assim.

Cid havia omitido o plano “Punhal Verde Amarelo”, para assassinar o presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes, então presidente do TSE.

LEMBRANÇA OU AMEAÇA? – Por isso, agora como relator do caso, Moraes chamou Cid, lembrou os benefícios da delação (dois anos de prisão, recuperação dos bens, blindagem do pai, mulher e filhas) e reforçou que esses benefícios são condicionados a ele falar a verdade, sem omitir nada importante. Isso é coerção, ou uma cobrança legal e legítima?

Um flanco que pode ser promissor para os defensores de Bolsonaro é o julgamento na Primeira Turma e não no plenário do STF, por onde começaram, por exemplo, as sessões contra os criminosos do 8/1. Pelo regimento, a competência para julgar ações penais ou para enviar essas ações ao plenário é da turma.

Na prática, porém, trata-se de um julgamento histórico, envolvendo um ex-presidente, e 23 militares, inclusive de alta patente, dois deles ex-comandantes de Forças.

OPINIÃO PÚBLICA – Se ministros reclamam, imaginem a opinião pública! A percepção é de que Moraes jogou para a Primeira Turma por ser uma arena, digamos, mais segura para uma decisão por unanimidade, com ele, Carmen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Ficam de fora, por exemplo, André Mendonça e Kássio Nunes Marques, que foram nomeados por Bolsonaro, são da Segunda Turma e que, no plenário, com os onze ministros, poderiam apresentar votos dissidentes. Verdade? Difícil dizer, mas a percepção de que foi uma decisão política é real.

Há, também, questionamento e pressão pelo impedimento de Moraes, que sobrepõe múltiplas posições no processo: é vítima (até de ameaça de morte), relator, investigador e julgador simultaneamente.

SUSPEIÇÃO – Há argumentos de um lado e de outro, mas que é estranho, lá isso é, até pelas críticas costumeiras à personalidade e a um certo voluntarismo do ministro do STF.

Como a anulação da delação de Cid, o envio para a Primeira Turma, o pedido de impedimento de Moraes e quaisquer questionamentos sobre a dinâmica e as regras do julgamento serão deliberados pelo próprio Supremo, não há muito motivo para otimismo ou comemoração antecipada da defesa de Bolsonaro e dos demais denunciados. A última palavra será do Supremo.

Assim, a carta na manga de Bolsonaro é o recurso político, ou seja, o projeto de anistia para os criminosos do 8/1, que está no Congresso e foi feito sob encomenda para favorecê-lo.

DIZ GILMAR – “Não vejo nenhuma perspectiva de (a anistia) frutificar”, disse ao Estadão o decano do STF, Gilmar Mendes, argumentando, inclusive, que se trata de “crimes muito próximos do terrorismo, contra o próprio Estado de Direito, e não deveriam ser contemplados por anistia”.

Resumo da ópera: para o bolsonarismo, tudo é perseguição política, denúncia vazia, coerção de Cid, abuso de poder, mas, para o Supremo, as leis e o devido processo legal estão sendo rigorosamente seguidos e os crimes imputados são graves. Por enquanto, há uma guerra de narrativas.

Só quando o julgamento começar de fato, com os ministros lendo seus votos e discutindo dúvidas, o Brasil vai parar para assistir… e julgar, junto com eles.

Flávio Dino avisa que o Supremo não pode perder seu protagonismo

Dino libera R$ 370 milhões em emendas parlamentares para saúde

Dino mostra que é só mais um ministro, como os outros

Bruno Teixeira e Henrique Sales Barros
da CNN , São Paulo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino defendeu, nesta segunda-feira (24), o “protagonismo” que a Corte angariou nos últimos anos.

“É algo que veio para ficar”, disse Dino sobre o assunto em entrevista coletiva antes da palestra para estudantes de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na capital paulista.

MUITOS ACERTOS – “É uma marca que traz muitos acertos, muitos pontos positivos. Às vezes traz problemas, pontos negativos, como toda instituição humana. Mas, certamente, o que não é possível é imaginar um Supremo omisso”, acrescentou.

Para Dino, “esse protagonismo do Poder Judiciário, às vezes criticado, na verdade, corresponde uma exigência social”.

“Não é uma opção individual de cada juiz que integra o Supremo, nem é um excesso”, disse. “O Judiciário nos últimos tempos entrou um pouco na linha de tiro das críticas de uma maneira geral. Às vezes são críticas justas, frequentemente são críticas injustas, às vezes são construtivas, às vezes são maldosas. Faz parte da vida democrática conviver com elas e levar a sério as críticas que merecem credibilidade”, disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O problema é justamente esse – o Supremo jamais erra, mas soltou o megatraficante André do Rap por motivo tolo. Também soltou Lula, em decisão altamente tendenciosa. Depois o descondenou, fazendo o mesmo com Marcelo Odebrecht, José Dirceu, Antonio Palocci, Leo Pinheiro e um monte de pilantras. O problema é que o Supremo não erra. O ministro Moraes, então, tornou-se totalmente à prova de erros. E por falar nisso, cadê as gravações do 8 de Janeiro no ministério da Justiça??? Cadê as gravações no Aeroporto de Roma??? Fala sério, diria Bussunda. (C.N.)

Juiz que fez Cid desmaiar tem agido fora dos ritos legais ao auxiliar Morais

Airton Vieira sugeriu estratégia para que uso 'descarado' do TSE fosse  evitado, diz jornal :: Tribuna do Agreste

Juiz auxiliar diz que pedia relatórios manipulados ao TSE

Ranier Bragon
Folha

O juiz instrutor Airton Vieira, que em março do ano passado comunicou em audiência ao tenente-coronel Mauro Cid que ele voltaria à prisão, é o mesmo que aparece nas trocas de mensagens que indicaram uma atuação fora do rito do gabinete de Alexandre de Moraes em investigação contra bolsonaristas.

Na audiência de 22 de março de 2024, o juiz, que era na ocasião o assessor mais próximo de Moraes no STF, informou a Mauro Cid sobre a prisão dele em decorrência de gravações publicadas pela revista Veja em que o tenente-coronel afirma que estaria sendo forçado a delatar o que não havia acontecido.

DISSE O JUIZ – “Eu tenho, no entanto, que cientificar a todos que o senhor ministro relator Alexandre de Moraes, nos autos da PET 11.767 do Distrito Federal, decidiu e decretou a prisão preventiva do senhor Mauro Cesar Barbosa Cid”, disse Airton na audiência, cujo vídeo foi tornado público por Moraes na semana passada.

Nessa oitiva (a primeira de Cid no Supremo), o tenente-coronel chorou duas vezes e desmaiou instantes após ouvir a ordem de prisão, tendo sido atendido por socorristas do tribunal.

Como revelou a Folha em agosto de 2024, o gabinete de Moraes no STF ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.

AUTOCRÍTICA – A reportagem teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, entre eles Airton Vieira.

Em um dos áudios reproduzidos naquelas reportagens, Vieira chegou a demonstrar preocupação com a forma de atuação dos gabinetes do ministro no STF e no TSE.

“Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Como um juiz instrutor do Supremo manda [um pedido] pra alguém lotado no TSE e esse alguém, sem mais nem menos, obedece e manda um relatório, entendeu? Ficaria chato.”

CRIATIVIDADE – Em outro áudio, ao ser informado que só haviam encontrado “publicações jornalísticas” em consulta ao site da revista Oeste, Vieira sugere o uso da “criatividade” para produção de relatório que teria sido encomendado por Moraes para desmonetizar publicações que o ministro consideraria “golpistas”.

Airton Vieira é paulista e formou-se em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Virou juiz de 1º grau em 1990 e, em 2013, juiz substituto em segunda instância no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Foi assessor de Cezar Peluso no STF e, em 2021, assumiu o cargo de desembargador do TJ-SP. É amigo de Moraes, tendo sido juiz auxiliar de seu gabinete de 2018 a 2023 e, depois, de fevereiro a dezembro de 2024.

PUNITIVISTA – Na sua posse como desembargador, Moraes fez uma saudação especial e disse que a única coisa que não poderia dizer do amigo é que ele era um “garantista”, sugerindo considerar “punitivista” o perfil de atuação de Airton.

Em 2014 o site Ponte Jornalismo publicou reportagem que abordava decisão relatada por ele que absolveu em segunda instância um fazendeiro de 80 anos condenado por manter relações sexuais com duas adolescentes, de 13 e 14 anos, em troca de dinheiro (estupro de vulnerável).

A reportagem “As Duas Faces da Justiça” contrapôs essa decisão a manifestações de Vieira no documentário “Bagatela”, que aborda o princípio da insignificância na esfera penal e conta a história de mulheres presas por pequenos furtos. No documentário, Airton defende a punição a esses delitos, sob argumento de que a pessoa deve sentir a resposta do Estado sob pena de se sentir autorizada a praticar outros crimes, inclusive piores.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O repórter Ranier Bragon mostra que Moraes tem assessores que o “ajudam” a errar por excesso, como o juiz Airton Viera. Falta examinar o trabalho do delegado federal Flávio Shor, que é pior ainda. (C.N.)

Steven Levitsky analisa Trump e o risco à democracia americana

Levitsky diz que Trump vai tentar uma agenda extremista

Marcus André Melo
Folha

Em entrevista recente, o cientista político americano Steven Levitsky afirmou ao UOL que não está certo que os tribunais irão conter Trump. “É muito difícil prever. As cortes vão provavelmente frear ou bloquear algumas dessas decisões. Mas nem todas. E outro aspecto é que as cortes se movem lentamente. Mesmo que nem todas as decisões de Trump eventualmente sobrevivam, ele pode quebrar o Estado. Além da lentidão das cortes, outra dúvida é se Trump irá cumprir as decisões das cortes”.

Mas esta conclusão está em franco desacordo com o seu diagnóstico em livro recente com Daniel Ziblatt de que a democracia americana está ameaçada por instituições contramajoritárias (que analisei aqui).

BRANCOS EM MINORIA – Dentre essas instituições estão o Colégio Eleitoral, uma Suprema Corte poderosa, o bicameralismo forte, quóruns qualificados no Senado, e um federalismo muito robusto. Estas entidades permitiriam, alega, que a elite branca possa manter o status quo ante a perspectiva de ser minoritária no futuro.

Ora, não é o que se observa: Trump foi eleito tanto no Colégio Eleitoral quanto no voto popular, e os republicanos são majoritários nas duas casas do Congresso. E mais, as minorias —latinos e negros— aumentaram o voto em Trump entre 2016 e 2024.

Passemos então a seu prognóstico de que as instituições não conterão Trump. A primeira parte do argumento diz respeito na realidade à indiferença da opinião pública:

DIZ STEVEN LEVITSKY – “A primeira eleição de Donald Trump à Presidência em 2016 desencadeou uma defesa enérgica da democracia por parte do establishment americano, mas seu retorno ao cargo foi recebido com uma indiferença marcante. Muitos políticos, comentaristas, figuras da mídia e líderes empresariais que viam Trump como uma ameaça agora tratam essas preocupações como exageradas —afinal, a democracia sobreviveu ao seu primeiro mandato”.

Na realidade, quanto mais sólidas as democracias mais confiantes os cidadãos nas suas instituições. Kristian Frederiksen estudou 43 democracias entre 1962 e 2018 e mostrou que quanto maior a experiência com a democracia, maior a indiferença em relação a ameaças a democracia pelos incumbentes.

 E Christopher Claasen mostrou que quando um país se torna mais democrático, paradoxalmente o apoio à democracia na opinião pública diminui; e que quando aumenta seu componente liberal (contramajoritário) surge uma contratendência.

TERMOSTATO – Este “efeito termostato” se baseia em pesquisas em 135 países em um período de 20 anos. Em dissertação defendida na UFPE, Alan Cavalcanti estendeu a análise desses autores e encontrou novas e fortes evidências de que a experiência democrática pregressa implica maior apoio à democracia.

Assim, a indiferença já era esperada em uma democracia longeva. As evidências empíricas sugerem que é mais provável que após a lua de mel venha uma reação tanto na opinião pública quanto em termos dos efeitos dos “checks and balances”.

O primeiro teste são as eleições congressuais em 2026. O segundo já está em curso: o federalismo e os tribunais —temidos por Levistky em seu livro por seus efeitos contramajoritários. É questão de tempo. A pergunta decisiva: e se Trump não acatar decisões dos tribunais? Quem detém a espada são as Forças Armadas que em mais de dois séculos nunca violaram a legalidade.

Motta e Alcolumbre terão de convencer Dino a liberar emendas

CAJUEIRO DA PRAIA | Ministro do Supremo negou acesso de prefeito a autos de  operação do GAECO - 180graus - O Maior Portal do Piauí

Flávio Dino marcou um encontro com Alcolumbre e Motta

Dora Kramer
Folha

Os presidentes da Câmara e do Senado têm encontro marcado para o próximo dia 27 com o ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal. Ainda não sabemos se haverá representante do Executivo, como ocorrido em agosto do ano passado, quando celebrou-se um acordo entre os três Poderes para resolver o enrosco das emendas parlamentares.

Sabemos, contudo, que o festejo da ocasião resultou em pouco ou quase nada. O Congresso Nacional aprovou uma lei incompleta em relação à exigência constitucional de transparência e se aferra a ela para argumentar que fez a sua parte. Não fez.

AVANÇO INCONTIDO – O Parlamento segue dominando quase um quarto (23%) das despesas livres de obrigatoriedade do Orçamento da União. Eram 2% há dez anos. Com a taxa de juros e a carga tributária mais altas do mundo, o Brasil também é campeão mundial no quesito abuso no uso de emendas.

Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) chegarão ao STF com as seguintes credenciais: Motta como defensor da proposta desviante de compartilhar ações límpidas com Executivo e Judiciário; Alcolumbre na condição de operador-mor dos recursos disponíveis para o alimento das bases eleitorais.

A intenção dos dois é fechar um trato amigável pelo qual o dinheiro represado seja liberado mediante a entrega de informações precisas sobre as emendas de 2024, pois a nova lei só alcança as deste ano em diante.

MUDARAM DE IDEIA – O deputado e o senador talvez tenham alguma dificuldade para explicar como fornecerão os dados que até agora o Congresso alegava não poder apresentar sob o argumento de que não existiam. Mudaram de ideia, pelo visto.

Flávio Dino promete ouvir muito e falar pouco. O que tinha a dizer já foi dito e não parece que esteja disposto a recuar, notadamente diante dos 20 inquéritos correntes sob sigilo no Supremo acerca de ilegalidades no uso do dinheiro público.

Os parlamentares terão de gastar muita saliva ou mostrar propósito real de cumprir as exigências para persuadir o ministro, cuja tarefa é resguardar e não afrouxar o escrito na Constituição.

Ação contra Moraes nos EUA deve influenciar o debate no Brasil

Criminalista diz que Congresso reage a política do STF - 02/09/2024 -  Painel - Folha

Sérgio Rosenthal é um dos advogados do X no Brasil

Roseann Kennedy
Estadão

É incerto o encaminhamento que a Justiça dos Estados Unidos dará à ação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por suposta violação à soberania americana. Entretanto, o barulho político do processo é retumbante.

Para Sérgio Rosenthal, o caso tem potencial para influenciar decisões no Brasil. O criminalista é um dos advogados do X, do bilionário Elon Musk, no País.

CONSTRANGIMENTO – “Não deixa de ser um constrangimento para o ministro, e deve influenciar o debate sobre o aprimoramento da regulação das plataformas digitais, assim como novas decisões de Alexandre de Moraes”, afirmou o advogado em entrevista à Coluna do Estadão.

O processo é movido pela Trump Media, ligada ao presidente Donald Trump, e pela plataforma de vídeos Rumble. O tema ganha, portanto, novos contornos políticos no embate da direita com Moraes.

O advogado não fala sobre o processo do X no STF, que envolve uma série de capítulos de queda de braço com Moraes, mas faz questão de debater as propostas em discussão para aprimoramento da legislação sobre as redes e plataformas.

DUAS PROPOSTAS – O governo Lula prepara duas propostas, sendo uma com foco maior em direito dos usuários e menor em punições, e outra para impedir abusos na questão concorrencial. A oposição também apresentou proposta que designa a autoridade competente para regular as plataformas. Além disso, o STF julga a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.

“O Marco Civil me parece uma lei muito equilibrada. Talvez não seja 100% eficiente para o presente momento e algum aprimoramento seja ainda necessário. Mas, de todo modo, eu repito, não vejo isso como uma atribuição do Supremo Tribunal Federal ou de qualquer órgão do nosso Poder Judiciário. Cabe ao Congresso Nacional legislar sobre o tema”, ressaltou o criminalista.

Para Rosenthal, o problema é que a discussão está afetada pela política. “O que mais me preocupa é que se criem regras que venham a suprimir o direito à livre expressão”.

Por que o Supremo dá tanta importância ao blogueiro Allan dos Santos?

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos dá entrevista à jornalistas na porta de sua mansão, no Lago Sul - Metrópoles

STF dá importância a um desclassificado como Allan

Mario Sabino
Metrópoles

Uma notícia que parece ser coisa velha: o ministro Alexandre de Moraes intimou o X a pagar multa de R$ 8 milhões por não fornecer dados do blogueiro Allan dos Santos. Mas que importância tem o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos? Nenhuma.

Não importa o que ele diz ou deixa de dizer, o número de seguidores que ele tem ou deixa de ter, se recebe ou não dinheiro para atacar esta ou aquela autoridade, Allan dos Santos não é ninguém que devesse merecer tanta atenção do Supremo Tribunal Federal.

DESCLASSIFICADO – Mas eis que o sujeito não sai do noticiário por causa do pega-pega com o ministro Alexandre de Moraes, que o acusa de ser um enorme perigo para a democracia brasileira e, por isso, quer calar para sempre a bocarra de Allan dos Santos.

É uma promoção para um desclassificado como o blogueiro bolsonarista transformá-lo em mártir da liberdade de expressão, em exilado político nos Estados Unidos, em qualquer coisa que tangencie algum aspecto digno ou nobre aos olhos de parte da opinião pública.

É um rebaixamento para o Supremo Tribunal Federal tê-lo como inimigo, como alvo de perseguição, como desafeto à altura da instância mais alta do Judiciário brasileiro.

ARES DE VERDADE – A democracia brasileira seria tão frágil a ponto de ter de impor o silêncio absoluto a Allan dos Santos?

Será que, ao contrário do que acreditam os ministros, o efeito da censura não seria emprestar ares de verdade às fake news, às ofensas e às bobagens que ele diz?

É ridículo. O Supremo Tribunal Federal está dando um protagonismo indevido a Allan dos Santos. É um constrangimento para defensores de direitos humanos ter de dar razão a ser tão abjeto.

Enquanto Bolsonaro afunda, Lula enfrenta a crise e a perda de apoio

Bolsonaro e Lula se enfrentam em primeiro turno de alta tensão no Brasil |  Exame

Os dois em crise, numa disputa cada vez mais polarizada

Míriam Leitão
O Globo

Uma avalanche caiu sobre a oposição ligada ao bolsonarismo. O ex-presidente e seu quartel general foram denunciados, a delação do ajudante de ordens revelada e os vídeos expostos. Os fatos e diálogos descritos na denúncia exibem a evidência de uma longa urdidura contra a democracia.

Já o governo Lula passou a semana em disputas internas, frituras públicas e encarando a crise de preços de alimentos agora encarnada no ovo. Cada um vive sua agonia, mas com uma enorme diferença.

MUITAS AGRURAS – Lula enfrenta as agruras de governar um país com orçamento apertado, coalizão parlamentar adversa, preços instáveis. Jair Bolsonaro está sob o cerco da Justiça pelo crime de tramar um golpe de Estado. Lula está perdendo popularidade, Bolsonaro pode ir para a prisão.

Lula tem se confundido na economia. Sugeriu à Petrobras entregar os combustíveis diretamente aos consumidores, uma proposta sem viabilidade logística e econômica. Avisou que vai conversar com os atacadistas para derrubar o preço do ovo.

Enquanto isso, o ministro Fernando Haddad desembarcou de volta do Oriente Médio, na sexta-feira, diretamente para apagar um incêndio. A demora na aprovação do Orçamento e a alta de juros fizeram o Tesouro suspender as liberações do Plano Safra. Na prática, isso ameaçava a próxima colheita, mantendo a pressão de preços de alimentos. Haddad anunciou um crédito extraordinário de R$ 4 bilhões.

PRODUÇÃO MENOR – O calor tórrido reduziu a produção de ovos e aumentou o preço do milho, alimento do frango. Nos Estados Unidos, poedeiras foram sacrificadas no combate à gripe aviária, o que reduziu a oferta de ovos. Eles importaram de outros países, inclusive do Brasil.

Há uma lógica no grupo das proteínas. Quando o preço da carne bovina sobe, aumenta o consumo de suínos, pescados, aves e ovos. O ovo vira o último refúgio de quem procura proteína barata. É isto que explica a crise do ovo.

 A grande alta de preços de alimentos ocorreu no governo Bolsonaro, mas o governo Lula não tem entendido os ciclos dos preços de alimentos, nem sabido lidar com os problemas pontuais. Lula sempre tem uma ideia que parece boa e está errada.

DELAÇÃO DE CID – Contudo, é na direita que a derrota é realmente grande. Ouvir a delação de Mauro Cid é impactante, por ser o relato de uma aberração, um governo que não governava e gastava o tempo em paranoias, conspirações, motociatas pagas com o dinheiro público e venda de joias públicas para encher o bolso do presidente.

Mas a denúncia impressiona mais que a delação, pelo acúmulo de provas encontradas pela Polícia Federal durante a investigação e pela construção sólida da peça acusatória.

“Durante as investigações, foram encontrados manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens reveladoras da marcha de ruptura da ordem democrática”, diz o procurador-geral da República.

CONSPIRAÇÃO – As trocas de mensagens, captadas nos aparelhos eletrônicos de todos os envolvidos, mostram o andamento da conspiração. Os documentos guardados nos computadores e celulares dos investigados somam uma montanha de provas.

Em vários diálogos, eles lamentam não terem encontrado qualquer problema nas urnas, mesmo assim mantiveram o discurso de fraude eleitoral. O então presidente proibiu a divulgação, ao fim do primeiro turno, do resultado da sindicância feita pelos militares que concluíra pela inexistência de fraude.

“O brigadeiro Batista Jr., comandante da Aeronáutica, interrogado, disse que não participou, mas ouviu que houve determinação para não divulgar”.

MENSAGEM A CID – O coronel Sérgio Cavaliere de Medeiros enviou uma mensagem ao Mauro Cid sobre o assunto: “Espero, sinceramente, que vocês saibam o que estão fazendo.” Cid respondeu: “Eu tb…Senão estou preso.” Isso não está na delação, é um dos vários diálogos que mostram que eles sabiam que cometiam crimes.

Entre as muitas anotações reveladoras da agenda do general Heleno está esta: “Aras se aproximou da Abin”. É um flagrante da contaminação se espalhando. Na Abin, Alexandre Ramagem escrevia cartas ao presidente insistindo para que ele falasse em fraude nas eleições, e o estimulando a tomar medidas autoritárias. “A função de chefe de Estado está acima dos Três Poderes.”

Lula está com um governo em dificuldades, enquanto Bolsonaro tem diante de si as provas encontradas com os denunciados, que sustentam qualquer processo, mesmo sem a delação. Mas ela existe e é eloquente. Contra isso, Jair Bolsonaro terá que lutar para escapar da prisão.

Militares defendem general Theophilo, denunciado equivocadamente

Tribuna da Internet | Acusação de Moraes ao general Theophilo é uma  tremenda fake news

General Theophilo foi envolvido na “narrativa” de Gonet

Cézar Feitoza
Folha

A inclusão do general da reserva Estevam Theophilo na lista de denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pela articulação do golpe de Estado mobiliza integrantes do Alto Comando do Exército de 2022.

Três generais afirmaram à Folha que oficiais do último posto do Exército têm mostrado disposição em defender Theophilo no STF (Supremo Tribunal Federal), inclusive em eventuais testemunhos caso o militar se torne réu.

DENÚNCIA ERRADA – Na terça-feira (18), a PGR apresentou denúncia sob a acusação de uma trama golpista liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que envolve outras 33 pessoas. Entre eles, estão 23 militares das Forças Armadas, incluindo sete oficiais-generais e ex-comandantes.

Além de Theophilo, estão entre os denunciados os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier, e do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, além dos generais quatro estrelas Augusto Heleno e Braga Netto.

A avaliação desses ex-chefes militares é que a denúncia contra Theophilo é baseada em conversas de terceiros, sem provas de real apoio dele às conspirações golpistas. Trechos da delação do tenente-coronel Mauro Cid também podem ser usados para a defesa do general.

DIZ A DENÚNCIA – Estevam Theophilo foi denunciado pela PGR sob a acusação de ter aceitado “coordenar o emprego das forças terrestres” para um golpe de Estado que impedisse a posse do presidente Lula (PT).

Theophilo era chefe do Comando de Operações Terrestres, órgão responsável pelo preparo e emprego do Exército. Apesar de não possuir tropas, a estrutura comandada pelo general tem como função definir diretrizes para as operações militares.

A PGR diz que o general aceitou viabilizar militarmente o golpe de Estado durante uma reunião com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022. Naquele dia, o então presidente havia feito alterações no decreto golpista e chamado Theophilo para conversar.

MENSAGEM INÓCUA – O procurador-geral Paulo Gonet apresenta, como principal prova, uma mensagem enviada por Mauro Cid para o coronel Cleverson Magalhães, assessor de Theophilo. A reunião entre o general e Bolsonaro não havia terminado quando Cid escreveu: “mas ele quer fazer… Desde que o Pr [presidente] assine”.

Para a PGR, a mensagem confirma que Theophilo “se comprometera a executar as medidas necessárias para a consumação da ruptura institucional, caso o decreto fosse assinado por Jair Bolsonaro”.

Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Mauro Cid deu outra versão sobre a postura de Theophilo diante das conspirações de Bolsonaro.

ALTO COMANDO – “O general Theophilo com a mesma linha. O grande discurso que tinha entre os dois [generais] era: ‘Se tiver uma ordem, se é o Alto Comando, a gente faz’. Mas ninguém ia romper o círculo de legalidade, por mais que as opiniões pessoais, né, respeitando as opiniões pessoais de cada um”, disse Mauro Cid.

“Até mesmo o general Theophilo comentou algumas vezes que ele também não… ele não aceitaria assumir o Exército se o general Freire Gomes [comandante do Exército à época] fosse retirado, até por lealdade a ele”, completou Mauro Cid.

HOUVE DESMENTIDO – Ainda antes da denúncia, a defesa de Theophilo reuniu depoimentos escritos dos ex-comandantes do Exército Freire Gomes e Julio Cesar de Arruda e do ex-chefe do Estado-Maior do Exército Fernando Soares.

“Cabe destacar que o Gen Theophilo sempre esteve voltado inteiramente à atividade militar. Seu assessoramento a este então comandante foi basicamente em aspectos relacionados com as atividades da caserna, abstendo-se de aspectos políticos ou assemelhados”, escreveu Freire Gomes em documento enviado ao STF.

“Seu equilíbrio emocional e comprometimento, em bem assessorar o Comando do Exército, foram preponderantes para o sucesso das atividades operacionais que ocorreram sem maiores incidentes ao longo do período”, prosseguiu.

MAIS DESMENTIDO – O general Arruda disse que, enquanto comandou o Exército no início do governo Lula, Theophilo foi “extremamente disciplinado, honesto, leal, franco e camarada”. E acrescentou: “Eu só tenho que agradecê-lo imensamente por ter convivido com ele e sua família por todos esses anos. Fico à disposição para mais algum esclarecimento”.

O general Soares escreveu que nunca presenciou nenhuma manifestação ilegal de Theophilo. “Sempre o vi primando pela lei, pela obediência as normas em vigor, a camaradagem com os pares e subordinados e a lealdade absoluta aos seus comandantes”.

Como a Folha mostrou, a Polícia Federal investiga se o general Theophilo havia produzido um plano para o golpe de Estado à espera de que Bolsonaro assinasse o decreto para uma intervenção militar. Nenhuma evidência de que Theophilo tivesse preparado o plano foi encontrada pela investigação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O envolvimento de Theophilo é um dos erros gritantes do relatório e da denúncia. Como membro do Alto Comando, ele participou da reunião que rejeitou o golpe. Quem já ouviu falar em integrante do Alto Comando que se recusou a cumprir ordem do Alto Comando? “Isso non ecziste”, diria Padre Quevedo, cheio de indignação. O delegado federal Flávio Shor, autor do relatório, e o procurador Paulo Gonet, autor da denúncia, são duas bestas ao quadrado. (C.N.)

Estratégia equivocada de Lula acaba beneficiando a defesa de Bolsonaro

Lula reclama de frases 'retiradas do contexto'; entenda a situação de cada  declaração

Lula faz o jogo de Bolsonaro e reclama das frases “fora do contexto”

Eliane Cantanhêde
Estadão

A maior burrice que o presidente Lula pode cometer, se é que já não começou a cometer, é cair na armadilha do antecessor Jair Bolsonaro, que se move para tirar o julgamento do golpe da seara jurídica e puxar para a arena política.

Transformar o julgamento numa disputa “governo versus oposição” é tudo o que Bolsonaro, sua defesa, os acusados e a tropa bolsonarista da internet querem. Até porque Lula não está com essa bola toda.

RALAS CHANCES – Com a montanha de provas sobre a tentativa de golpe militar, Bolsonaro e os demais 33 denunciados têm ralas chances no Supremo, seja na primeira turma, seja no plenário – a diferença poderia ser na contagem de votos, talvez na dosimetria das condenações. Logo, a aposta bolsonarista é no campo político e na internet.

Lula não consegue enxergar? Sua primeira manifestação foi de chefe de Estado e de quem já foi condenado e preso: o Brasil vive no Estado Democrático de Direito, com o devido processo legal e presunção de inocência e, “se eles provarem que não tentaram dar golpe e matar o presidente, eles ficarão livres”. Ponto.

Já no dia seguinte, porém, Lula falou como adversário político, confrontando e chamando Bolsonaro de “mentiroso” na Rádio Tupi: “Quando fica pedindo anistia (…), ele está dizendo: ‘Eu sou culpado. Não deu certo porque eu tive uma diarréia no dia, fiquei com medo, tive de voar para os Estados Unidos’”.

JULGAMENTO TÉCNICO – A posição de Lula é péssima para ele próprio, governo, Supremo, Alexandre de Moraes e para o País, que quer julgamento técnico e justiça. E ótimo para Bolsonaro, que reage à denúncia como vítima, aos palavrões, falando em “regime autoritário, que persegue líderes da oposição democrática”. Logo ele…

O País está dividido ao meio e Bolsonaro não quer nem pode provar a inocência e tenta convencer o eleitor que votou nele e em Lula, mas não se mata por nenhum dos dois e ainda busca se informar, quem sabe ler a denúncia da PGR e ouvir a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Em clima de “governo X oposição”, esse alvo não vai ler e ouvir nada, vai tirar conclusões com o fígado e redes sociais.

CARNE AOS LEÕES – É isso que Bolsonaro quer. E é isso que Lula começou a dar a ele, aliás, com popularidade baixa, dificuldades no Congresso, PT derrotado em 2024, economia preocupando e dúzia de ovos pela hora da morte.

O máximo que Bolsonaro vai conseguir é animar a tropa bolsonarista nas ruas e na internet, com o falso discurso de que há um conluio entre Lula, PT, esquerdas, Supremo e Moraes.

Logo, embaçar a percepção sobre os fatos e… dar carne aos leões. Mais prudente é deixar Bolsonaro às voltas com a verdade, que é estridente.

Extrema direita cresce, mas conservadores vencem eleição na Alemanha

Eleição na Alemanha:  e Scholz reconhece derrota após  resultados de boca de urna

Merz comemora a vitória e vai formar uma nova coalizão

Deu em O Globo

A coalizão entre a União Democrática-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU) — por anos dirigida pela ex-chanceler Angela Merkel, e atualmente liderada por Friedrich Merz — se declarou vencedora da eleição alemã realizada neste domingo, e começa a pensar na articulação para formação do próximo governo, após pesquisas boca de urna mostrarem que a formação conservadora será a mais votada depois de quatro anos fora do poder.

O resultado do pleito também foi comemorado pela Alternativa para a Alemanha (AfD), sigla de extrema direita que conquistou o melhor resultado de um partido radical desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

NOVO GOVERNO – Líder da CDU, Merz, de 69 anos, comemorou a vitória, que classificou como “clara e notável”, e afirmou que pretendia conduzir a formação do novo governo o mais rápido possível — embora tenha admitido que o processo para a construção de alianças, principalmente dentro de sua ideia inicial de incluir só um aliado, seria difícil.

— Tenho certeza de que formaremos um governo até a Páscoa — disse Merz, referindo-se a data que neste ano cai em abril. — A Europa espera que tenhamos um governo forte muito em breve.

Como nenhum partido vai conseguir alcançar sozinho a marca de 316 cadeiras no Bundestag, as siglas terão que negociar alianças que permitam a construção de uma maioria no Parlamento.

DIVISÃO DAS CADEIRAS – Um cenário possível seria a reedição da aliança entre CDU-CSU e o Partido Social-Democrata (SPD), do atual premier Olaf Scholz, um dos principais derrotados do pleito, mas que ainda assim conseguiu ficar na terceira colocação.

A depender da divisão das cadeiras, porém, pode ser que apenas essa união não seja suficiente, o que levaria o partido a ter que negociar com outras formações, talvez o Partido Verde.

Outro cenário possível, mas que tem sido um tabu respeitado na política alemã, é a união com a extrema direita, uma vez que o Alternativa para a Alemanha (AfD) se consolidou como a segunda força política do país, com as projeções indicando pouco mais de 20% dos votos para a sigla — no resultado mais expressivo conquistado por um partido de extrema direita na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. A alternância no poder é normal e purificante. Quando um partido se encastela no poder, tende a virar ditadura. Ou governo forte, como gostam de disfarçar… (C.N.)

Caiado anuncia lançamento de candidatura à Presidência em 2026

Quaest: condenado pela Justiça Eleitoral, Caiado é o governador mais bem avaliado

Caiado já concorreu uma vez, em 1989, mas se deu mal

Lucas Schroeder
da CNN

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) anunciou, neste sábado (22), o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Nas redes sociais, Caiado informou que o evento ocorrerá no Centro de Convenções de Salvador, no dia 4 de abril.

“Coloquem na agenda! No dia 4 de abril, às 9h, no Centro de Convenções de Salvador, lançaremos nossa pré-candidatura à Presidência. Conto com vocês nessa caminhada por um país mais justo, próspero, seguro e forte! Vamos juntos”, escreveu Caiado em seu perfil no X, sem mencionar que está inelegível, dependo de reverter a condenação eleitoral no TRE ou TSE.

GUSTTAVO LIMA – No mês passado, Caiado já havia anunciado ao CNN Entrevistas que lançaria sua pré-candidatura em março. Na época, o governador disse que havia convidado o cantor sertanejo Gusttavo Lima para acompanhá-lo.

A surpresa foi o fato de o cantor ter se animado com a política e decidido ele mesmo disputar a Presidência em 2026.

Ronaldo Caiado, que está em seu segundo mandato como governador de Goiás, já concorreu a presidente nas eleições de 1989. Na ocasião, ele obteve apenas 488.893 votos (0,72% do total) e não avançou ao segundo turno na disputa vencida por Fernando Collor.

DE QUALQUER JEITO – O chefe do Executivo goiano reiterou diversas vezes sua intenção de disputar a eleição presidencial de 2026. Em outubro passado, ele afirmou à CNN que é possível ser o candidato da direita mesmo sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje, entre todos os pré-candidatos da direita, o que ficou claro é que não há mais condicionantes. Ou seja, cada um que desejar vai buscar seu espaço, vai ser candidato e o eleitor é que vai decidir o processo”, disse Caiado na ocasião.

Antigos aliados, Caiado e Bolsonaro vivem um período de afastamento desde que o político bolsonarista deixou o comando do Palácio do Planalto.

Nas eleições municipais de 2024, os dois divergiram sobre quem apoiar para o comando da Prefeitura de Goiânia. Caiado sustentou a vitória de seu companheiro de partido Sandro Mabel, que saiu vitorioso das urnas. Já Bolsonaro optou pela candidatura do correligionário Fred Rodrigues (PL), que acabou derrotado no segundo turno.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Caiado não tem a menor chance de vencer essa eleição. Mesmo assim, insiste na candidatura. Na eleição de 2026, já estará com 77 anos, com prazo de validade praticamente vencido. O bom senso recomenda que tente uma das duas vagas para o Senado. Vamos aguardar. (C.N.)

Trump e Rumble pedem liminar contra Moraes na Justiça americana

Dito & Feito: SENADO LIMITA PODERES DO STF

Charge do Mário Adolfo (Dito & Feito)

Deu na CNN

Representantes do grupo de comunicação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da plataforma de vídeos Rumble apresentaram neste sábado (22) à Justiça dos Estados Unidos um pedido de liminar contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O documento, ao qual a CNN teve acesso, foi protocolado em um tribunal federal norte-americano na Flórida. Os advogados pedem que as decisões do magistrado não tenham efeito enquanto o caso é analisado pela Justiça norte-americana.

EMBATE JUDICIAL – O ministro e o Rumble têm travado um embate judicial nos últimos dias, após Moraes determinar o bloqueio da plataforma no Brasil, por não ter apresentado um representante legal no país (relembre mais abaixo).

Dias antes, a empresa já tinha solicitado que a justiça americana declare ilegais as ordens de Moraes nos EUA.

E a apresentação de uma liminar já havia sido antecipada à CNN pelo advogado de Trump e do Rumble, Martin de Luca, em entrevista na última quarta-feira (19).

PRÁTICA DE CENSURA – O processo apresentado neste sábado traz uma série de argumentos e diz que Moraes estaria impondo uma “censura extraterritorial” ao exigir que plataformas como o Rumble bloqueiem conteúdos e forneçam dados de usuários, incluindo de cidadãos estadunidenses.

A ação diz que o ministro não estaria seguindo os canais diplomáticos e legais apropriados, como tratados de assistência jurídica mútua entre Brasil e EUA.

O documento também diz que as decisões de Moraes seriam um risco para abrir precedentes internacionais.

SEM DEVIDO PROCESSO – “Se esse tipo de manobra para contornar as leis dos EUA for permitido, isso encorajará outros agentes estrangeiros a impor seus regimes de censura sobre empresas americanas, sem devido processo, suprimindo o discurso político e interferindo nas operações comerciais nos Estados Unidos”, diz a peça.

Procurado, o Supremo Tribunal Federal disse que não vai comentar o caso.

O Rumble é uma plataforma de vídeos similar ao YouTube. Criado em 2013, o sistema ficou conhecido por não usar algoritmos de filtros nos conteúdos publicados. Popular entre os cidadãos conservadores nos EUA, a rede social diz que sua missão é “proteger uma internet livre e aberta”.

ACUSAÇÃO A MORAES – A empresa acusa Moraes de censura e pede que ordens do juiz brasileiro para derrubada de contas de usuários do Rumble não tenham efeito legal em território estadunidense.

Na última sexta (21), o ministro do STF determinou o bloqueio da rede social no Brasil por descumprimento de ordens judiciais e pela ausência de um representante legal no país – pré-requisito para qualquer aplicativo funcionar em território brasileiro.

Segundo Moraes, o Rumble cometeu “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros” e que instituiu um “ambiente de total impunidade e ‘terra sem lei’ nas redes sociais brasileiras”.

Momento para Trump taxar agronegócio é péssimo para os Estados Unidos

Trump ameaça provocar 'inferno' se Hamas não libertar reféns – Mundo –  CartaCapital

Trump precisa cair na real sobre o agronegócio nos EUA

Mauro Zafalon
Folha

Donald Trump escolheu um péssimo momento do agronegócio dos EUA para retomar a guerra comercial contra os principais parceiros do país. O Usda (Departamento de Agricultura) acaba de fechar os números do setor de 2024, e o resultado é desastroso.

No primeiro mandato de Trump, essa atividade havia registrado o primeiro déficit comercial desde 1959. Nos anos recentes, o poder de exportação do país perde força, e as importações crescem. Estas superaram, pela primeira vez, os US$ 200 bilhões de janeiro a dezembro de 2024. O saldo nas negociações com produtos agrícolas foi negativo em US$ 37 bilhões.

SETOR GIGANTE – O agronegócio total dos EUA continua gigante, com transações de US$ 456 bilhões entre exportações e importações, mas é um dos que mais sofrem quando Trump se coloca como xerife do mundo.

As transações comerciais do agronegócio brasileiro são bem menores e movimentaram US$ 184 bilhões no ano passado. O Brasil, no entanto, é um importante fornecedor para os EUA, mas as chances de receber retaliações são limitadas.

Os americanos sempre tiveram grande déficit comercial com os brasileiros nesse setor. Desde o início dos anos 2000, conforme dados do governo americano, os EUA exportaram US$ 20,9 bilhões para o Brasil e importaram o correspondente a US$ 91,2 bilhões.

GRANDE CONSUMO -As exportações brasileiras se concentram em produtos os quais os americanos consomem muito e não conseguem repor com produção própria. Nesse setor não tem como fazer a “America Great Again”.

Nessa linha do tempo das relações comerciais, o café está no topo da lista, e os americanos gastaram US$ 26,4 bilhões no Brasil com esse produto desde o início deste século. No ano passado, as importações somaram US$ 2,1 bilhões no Brasil.

Outro produto brasileiro que vem ganhando força no mercado americano é a carne bovina, cujas importações feitas no Brasil somaram US$ 1,37 bilhão no ano passado. Esta já tem uma tarifa de 26,4% e vem ocupando espaço devido à queda na produção nos EUA.

SUCO DE FRUTAS – Outro item importante da balança comercial brasileira com os EUA é o de suco de frutas, que já é taxado e atingiu US$ 1,14 bilhão em 2024. A produção mundial cai, mas a americana tem ritmo ainda maior de desaceleração.

O setor de açúcar, que poderia ser bem mais ativo na relação comercial entre os dois países, já tem fortes barreiras. Mesmo assim, o Brasil é o principal fornecedor, com receitas de US$ 598 milhões em 2024, segundo o Usda.

Os americanos são dependentes também de produtos florestais brasileiros e importaram US$ 1,6 bilhão em 2024. O etanol, um dos itens que entraram nessa discussão de tarifas, tem uma importância limitada em relação ao volume financeiro dos principais da lista.

MENOR VOLUME– O comércio de etanol entre os dois países começou na década de 1990 e já chegou a 2 bilhões de litros anuais tanto de compra brasileira como da americana.

Agora, os volumes são menores. Em 2024, o Brasil exportou 333 milhões de litros para os EUA e importou 105 milhões, segundo o Usda. Nesse produto, a tarifa brasileira de importação de 18% é bem maior do que a americana de 2,5%.

O problema de os EUA colocarem tarifas nesses produtos brasileiros que estão no topo da lista é que outros países fornecedores dos mesmos produtos já estão na mira de guerra comercial de Trump, como México e Canadá, os dois maiores parceiros americanos.