
Ibaneis Rocha pensou (?) que iam engolir essa maracutaia
Rafael Moraes Moura
O Globo
Na mira do Ministério Público, a compra de ações do Banco Master pelo BRB, banco estatal de Brasília provocou mal-estar na cúpula do governo do Distrito Federal. Isso porque a vice-governadora Celina Leão (PP), que vai assumir o Palácio do Buriti no início do ano que vem, diz não ter sido consultada sobre o negócio bilionário, capitaneado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Celina vai assumir o Buriti em abril de 2026, já que Ibaneis deve se desincompatibilizar do cargo para disputar uma vaga no Senado Federal, nas próximas eleições.
NÃO FOI CONSULTADA – “Não tenho conhecimento sobre a operação (de compra do Banco Master), não fui consultada, fiquei sabendo pela imprensa”, disse Celina à equipe do blog.
De acordo com os comunicados feitos pelo BRB, o banco estatal de Brasília pagará R$ 2 bilhões por 58% do patrimônio liquido do Master. O negócio ainda está sujeito à aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.
Aliados de Celina dizem que a impressão que ficou é a de que o negócio foi feito a toque de caixa, escondido de todos, o que provocou desgaste para a imagem do próprio governador.
REVER A COMPRA – A interlocutores, ela tem dito que não teria como defender a compra sem obter previamente uma análise técnica sobre o caso – e não descarta a possibilidade de revê-la assim que assumir o cargo.
Considerando o valor bilionário da compra, o entorno da vice-governadora diz que o ideal seria fazer audiências públicas sobre o assunto e ter discutido o tema com a bancada de parlamentares do DF para criar as condições políticas favoráveis ao fechamento do negócio.
Na última terça-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou um requerimento do senador Izalci Lucas (PL-DF) para cobrar informações do Banco Central sobre a compra do Banco Master.
JUROS INEXPLICÁVEIS – “Espero que a gente possa ter todas essas informações, antes da aprovação disso pelo Banco Central. O banco (Master) opera oferecendo taxas de juros inexplicáveis e aí chega o momento que tem que pagar essa conta. Estamos a cada dia recebendo mais informações preocupantes. É uma operação que não está muito clara para nós”, disse Izalci.
O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, disse ao blog que a operação de compra do banco Master prevê que a instituição assuma o pagamento de apenas uma parte dos CDBs já distribuídos pelo banco paulista ao mercado.
Segundo o CEO, os títulos de renda fixa emitidos pelo Voiter e pelo Banco Master de Investimentos, duas subsidiárias que não serão adquiridas pelo BRB, ficam de fora da transação.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A negociata – ou maracutaia, como diz Lula da Silva – fede a quilômetros de distância. O governador Ibaneis Rocha precisa ser novamente afastado e, desta vez, preso na Papuda, porque não há justificativa para o negócio. Até porque os gestores do Master respondem a processo por operações fraudulentas e manipulação de preços. Envolvido até o pescoço, ao ser procurado pela equipe da coluna, Ibaneis não se manifestou. Por fim, a crise do Banco Master é o teste decisivo para Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central. Vai segurar o tranco ou culpar Roberto Campos Neto? (C.N.)