
Lula questionou a legitimidade das reivindicações de inocência
Pedro do Coutto
O presidente Lula da Silva rebateu os pedidos de anistia feitos por bolsonaristas investigados pelos atos de 8 de janeiro, destacando que a solicitação ocorre antes mesmo de qualquer julgamento. Com ironia, afirmou que algumas pessoas pedem perdão antes mesmo de serem condenadas.
“As pessoas são muito interessantes. Nem terminaram o processo e já querem anistia. Eles não acreditam que são inocentes? Deveriam acreditar e não pedir anistia antes de o juiz definir a punição”, disse.
SEM CONDENAÇÃO – Lula enfatizou que, ao solicitar anistia sem condenação, os investigados acabam assumindo sua culpa. “Quando pedem anistia antes do julgamento, estão, na verdade, se condenando. Eles acreditam que fizeram o que a Justiça está apontando”, afirmou.
Sobre uma possível disputa com Jair Bolsonaro em 2026, Lula disse que, se a Justiça permitir a candidatura do ex-presidente, que assim seja. No entanto, afirmou com confiança que, caso ambos concorram, Bolsonaro “perderá outra vez”. O petista evitou comentar a discussão no Congresso sobre uma possível mudança no prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa, que atualmente impede Bolsonaro de se candidatar.
Lula também criticou o ex-presidente, sugerindo que sua viagem aos Estados Unidos no fim de 2022 teria sido motivada pelo medo de ser preso. Ele ainda afirmou que “quem tentou dar um golpe e articulou até a morte do presidente, vice-presidente e do presidente do TSE não merece absolvição”. Comparando a situação com a repressão a opositores no passado, declarou: “Por menos do que fizeram, muitos do Partido Comunista foram mortos.”
GOLPE – “O próprio Bolsonaro sabe a verdade. Se ele planejou um golpe, ele sabe disso. E por isso fugiu para Miami. Se não tivesse envolvimento nessa trama, teria permanecido no Brasil e passado a faixa presidencial como qualquer líder civilizado faria”, afirmou.
Atualmente, um projeto de lei que propõe anistia aos condenados do 8 de janeiro está sendo analisado na Câmara dos Deputados, gerando intensos debates políticos. Bolsonaro acredita que a aprovação dessa proposta pode ser vantajosa para ele, uma vez que está interligada a outras iniciativas que poderiam reverter sua situação de inelegibilidade.
O novo presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, garantiu que a discussão sobre o tema será conduzida de maneira imparcial nos próximos dias. A tramitação do projeto de lei se tornou um ponto crucial nas relações políticas, refletindo a polarização entre os grupos que apoiam e os que se opõem a Bolsonaro. Ao que tudo indica, os próximos meses poderão ser decisivos para os investigados.