“Democracia brasileira não é frágil”, alega historiadora, que fará debate em São Paulo

TRIBUNA DA INTERNET | É impressionante como a fé e o conservadorismo ainda  sejam usados por autocratas

Charge do Duke (Dom Total)

Naief Haddad
Folha

Nos últimos cinco anos, livros como “O Povo contra a Democracia”, de Yascha Mounk, e “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, têm inspirado um número sem fim de debates e artigos. Em parceria com a equipe do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP, a historiadora Heloisa Starling propõe uma discussão sob ângulo oposto: como renasce a democracia?

Assim foi batizado o seminário que acontece na terça (25) e quarta (26) no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo, com entrada gratuita. Participam da programação nomes como a ministra do Supremo Cármen Lúcia, a secretária de Ciência e Tecnologia da cidade do Rio de Janeiro, Tatiana Roque, o jornalista e professor da USP Eugênio Bucci e o cientista político Miguel Lago.

NÃO HÁ FRAGILIDADE – “Costumamos ver a democracia no Brasil como uma coisa fraca, mas, na hora em que a gente olha para a história, percebe que não é bem assim. Ela tem uma história longa no país. A ideia moderna de democracia começou a ser trabalhada por aqui no século 18, na conjuração do Rio de Janeiro. Essa noção de fragilidade da democracia no Brasil começou a me incomodar”, afirma Starling, professora titular do departamento de história da UFMG.

A reflexão dela se juntou a outras para dar origem ao fio condutor do seminário. “Na França, há uma pilha de livros sobre a história da democracia no país. Nos Estados Unidos, também. Aqui, no Brasil, não temos nenhum”, diz a historiadora, responsável pela curadoria do evento no Sesc Pompeia.

“Como vamos pensar a democracia nesses últimos quatro anos? Como vamos reconstruí-la? No meio desses pensamentos, eu me lembrei de um livro de 1985 editado pelo Caio Graco [fora de catálogo], um livro que fez minha cabeça quando eu estava no movimento estudantil, cujo título era ‘Como Renascem as Democracias’”, conta Starling. “Nós sabemos como o Estado democrático morre, sabemos fazer essa crítica, mas como ele renasce?”

OUTRO CONTEXTO – É evidente, ela chama a atenção ao citar o livro, que o contexto era outro. Em meados dos anos 1980, quando saiu a obra organizada por Alain Rouquié, Bolívar Lamounier e Jorge Schvarzer, o país vivia a transição da ditadura militar para a chamada Nova República. Hoje, enfrenta a ressaca dos anos Bolsonaro, período marcado por sucessivas ameaças golpistas.

Tema em geral circunscrito a análises de cientistas políticos, filósofos e historiadores, a democracia se abre para novos pontos de vista no evento do Sesc. Um exemplo é a mesa inaugural, na terça, com duas autoras indígenas, Eliane Potiguara e Márcia Kambeba.

“Se vamos discutir como a democracia renasce, é preciso criar um diálogo público, com pessoas de diferentes áreas”, diz Starling. “Por isso, a ideia de debater o conceito de democracia nas comunidades indígenas. A democracia também tem que ser o sonho do outro.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Concordo com a opinião da renomada historiadora mineira Heloísa Starling. Se a democracia brasileira fosse frágil, não estaríamos agora discutindo o assunto. Enquanto o Alto-Comando do Exército for legalista, a democracia brasileira continuará a ser uma das mais robustas da Terra, apesar dessas infantilidades dos atuais ministros do Supremo, que precisam se mancar, como se dizia antigamente, para não serem lembrados no futuro apenas por aspectos negativos de suas “decisões políticas”, conforme temos criticado aqui na Tribuna. (C.N.) 

9 thoughts on ““Democracia brasileira não é frágil”, alega historiadora, que fará debate em São Paulo

  1. O “alto-comando” do exército foi/é o responsável direto por criminosos milicomilicianos terem mudado de mala e cuia o Escritório do Crime do Rio de Janeiro para Brasília.

    Só não endossaram por completo o golpe é porque faltou o apoio do grande e velhaco “irmão do Norte”.

    Pra nossa sorte o esTRUMPício-mor de lá não logrou êxito nas suas intenções golpistas.

  2. Não seremos uma Venezuela, por incrível que pareça, – dado termos passado por uma ditadura -, penso que as Forcas Armadas são mesmo a única instituição do Estado com firme propósito com a Democracia. Embora haja casos individuais isolados de egressos que flertam com idéias antidemocráticas. Mas o resto “tá tudo dominado”, como diz o adágio popular.

    Parece-me que o desejo do PT, de cooptar as Forças Armadas para seus desvarios antidemocráticos, não se realizará.

    Vejam bem como querem venezuelar nosso país.

    https://inforel.org/2022/08/24/forcas-armadas-cooptadas-e-a-servico-do-partido/

    A propósito, olhem o resultado do controle das Forças Armadas de lá pelo chavismo:

    https://www.arnewsnoticias.com/2023/07/analise-expoe-profunda-corrupcao-carvajal-diretor-dea.html

    É a democracia relativa do Geisel:

    http://memorialdademocracia.com.br/card/pais-tem-democracia-relativa-diz-geisel

  3. SERÁ , CEARÁ, que “forças ocultas” e “cósmicas”, de alguma forma, estão nos lendo e ouvindo ? A “democracia brasileira não é frágil”, ela apenas está mortinha da silva, até por isso o debate sobre “como renasce-la “, lembrando que antes de renascer ela precisa nascer. Oxalá, seja de fato um debate sério, apartidário, sem manipulação partidária, includente, propositivo, sem as exclusões e os cancelamentos praticados pelos partidos e pela imprensa partidária arvorados em donos da democracia e da liberdade de expressão, para que seja um debate isento, profundo, que vá até a raiz da problemática e que volte de lá com soluções práticas, profícuas, inovadoras, esperançosas, motivadoras, fornecedor de subsídios para que possamos construir a Democracia Brasileira de verdade, e, com Ela, o novo Brasil de verdade, e que não seja apenas mais um debate de excesso de teorias acadêmicas sem nenhuma praticidade, tipo discussão sobre o sexo dos anjos, ou quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha, ou ainda apenas sobre futebol é fute, dentro de clubinhos fechados apenas para luluzinhos e luluzinhas serem aplaudidos por plateias ignaras que servem apenas para jogar confetes para cima e bater palmas para malucos entrarem em baixo, dançarem e massagearem egos vaidosos, carentes, com segundas intenções e não o fulcro da questão, que ignoram que democracia de verdade é o governo do povo para o povo, na qual o poder emana do povo e pelo povo pode e deve ser exercido, e que, por isso, o povo tem que ser o protagonista do debate, diferente daquilo que a plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia pratica no Brasil, há 133 anos, sob a qual o povo serve apenas como bucha de canhão, votar nos plutocratas e pagar tributos para os me$mo$. E que a imprensa apartidária, verdadeira, em nome da ampla e total liberdade de imprensa, se digne dar ampla e total divulgação e cobertura ao evento, se apartidário, e que tb dele participe ativamente. http://www.tribunadainternet.com.br/2023/07/24/democracia-brasileira-nao-e-fragil-alega-historiadora-que-fara-debate-em-sao-paulo/?fbclid=IwAR3zT3j5nwAWGf92-owibnCPCi1VpmQC8vQIDZLBhVJbfRPdZZbiZpddq5A

  4. Heloísa Starling é uma petralha de longa data. Para a “mamadora” vermelha a nossa democracia remonta aos tempos imperais, mas nos últimos quatro anos ela foi destruída. Tal destruição precisa ser discutida e documentada, de preferência num livro financiado e publicado com grana publica (petralha adora embolsar o dindim do povo).

    Quero ver como, na visão desta historiadora farsante, o governo Bolsonaro destruiu a democracia:
    a) com a contagem secreta dos votos dos eleitores?
    b) com a recusa em tornar auditável a contagem dos votos?
    c) com o código fonte secreto?
    d) com a censura, perseguição, banimento das redes e prisão dos seus adversários?
    e) com o “acordo da censura”, imposto a força pelo TSE às redes sociais?
    f) com o “perdeu mané”?
    g) com o “nós derrotamos o bolsonarismo”?
    h) TODAS as alternativas anteriores

    PS: a “extirpação dos animais” fica para a fase da reconstrução da democracia.

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