Escândalo das joias, o maior da história do Brasil, tem um capítulo chapliniano

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

O escândalo das joias destacado na sexta-feira pela GloboNews e pela TV Globo, e manchete da Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S.Paulo, tem uma dimensão colossal que o coloca como o maior da história do Brasil na medida em que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid, o advogado Frederico Wassef, um personagem sombrio, além de outros oficiais do Exército que formavam no Gabinete da Presidência da República.

É inacreditável que um general, um tenente-coronel e sobretudo um presidente da República, tenham se envolvido em programas de leilões de joias recebidas de países estrangeiros para transformá-las em dólares. O relógio que faz parte das joias levadas para o exterior clandestinamente chegou a ser vendido em Miami, mas aí é que entra a característica chapliniana.

PATRIMÔNIO NACIONAL – Por uma coincidência do destino, o Tribunal de Contas da União determinou que a joia fosse recolhida ao patrimônio nacional. Aliados de Bolsonaro convocaram o advogado Frederico Wassef para recomprar o relógio.

Imaginem só que o relógio vendido em Miami foi reencontrado na Pensilvânia. Uma verdadeira corrida pelos responsáveis pelo roubo movimentando-se atrás da joia para devolução ao TCU. Uma verdadeira sequência chapliniana. Os autores de livros policiais nunca narraram um caso com tal hipótese.

Além disso, o tenente-coronel Mauro Cid comunicou ao seu pai Mauro Lourena Cid que fotografasse as joias que seriam colocadas em leilão. Ele o fez, mas deixou refletir a sua própria imagem. Uma cena incrível. Somados, configuram-se no maior escândalo da história do país, conforme disse.  

QUEBRA DE SIGILO – A Polícia Federal pediu ao ministro Alexandre de Moraes, que preside o inquérito, a quebra de sigilo das contas de Jair Bolsonaro. Mas há outros personagens envolvidos nessa trama. O fato chocou o país. O Exército comandado pelo general Tomás Miguel divulgou uma nota oficial dizendo que não comentaria a operação, mas que “não compactua com eventos de desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes”.

Reportagem de O Globo, de Eduardo Gonçalves, Paola Serra, Reynaldo Turollo e Daniel Gullino destaca o episódio com base em levantamento da Polícia Federal que concluiu pela existência de uma organização criminosa no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro e pela formação do mercado paralelo de joias recebidas e vendidas no exterior. Na Folha de S.Paulo, escreveram Fábio Serapião, Julia Chaib, José Marques, Marcelo Rocha e Matheus Vargas.

Bolsonaro terá que depor novamente à PF. A afirmação do general Tomás Miguel Paiva, comandante do Exército, foi focalizada em matéria de Fábio Vieira, FSP, representando um posicionamento firme do militar sobre o assunto envolvendo o general Mauro Lourena Cid e seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid.

10 thoughts on “Escândalo das joias, o maior da história do Brasil, tem um capítulo chapliniano

  1. Então, quer dizer que até o comprador norte-americano, envolvido nessa internacional e ilegal “transação”, poderá ser chamafo à depor, como também lá poderá ser processado?
    Aguardemos o desenrolar do novelo, que ainda vai dar um casaco!

  2. Quem tenha um só neurônio funcional e seja minimamente informado da bandidagem miliciana carioca

    sabe que a cerca de três décadas BROXAnaro está envolvido com tudo quanto é tipo de crime.

    Com o passar do tempo ele só tem se enredado mais e mais no submundo criminoso.

    Infelizmente tem angariado legiões de seguidores.

    Já passou da hora de pagar por seus crimes.

    • Extenssivo à todos os que com os “rabos presos” mancumunaram-se para extinguir a operacionalidade da Lava-Jato, que já os tinham alcançado!

  3. Mestre Pedro do Couto, os camelôs de jóias, talvez não tenham assistido ao filme Estambul, de 1956. Uma trama criminosa envolvendo braceletes de ouro, diamantes e pedras preciosas. E ainda podemos assistir, NAT King Cool ao piano, cantando: Its Fall In Love.

    “Jim e Stephanie estão para se casar. Jim vai à joalheria de Aziz, um velho conhecido seu – ele conhece muita gente ali –, para comprar algo muito especial para dar de presente de casamento a Stephanie. Aziz está agitado, suspeitando de algo, os olhos sempre voltados para a porta da loja; pergunta a Jim se poderia pedir um favor a ele, Jim diz que sim, é claro. Aziz vende para ele, a preço de banana, um belo bracelete, espesso, largo. De volta a seu hotel, Jim abre o bracelete e descobre dentro dele um punhado de diamantes valiosíssimos.

    Estamos, aqui, com uns 15 minutos de filme. O flashback vai continuar por mais cerca de meia hora; entrarão em cena bandidos, caçadas, perseguições, lutas, mistério. Ao fim do longo e único flashback, ali pelo meio do filme, ou só um pouquinho mais que isso, a ação retornará para os dias então atuais, 1956. A trama prossegue ótima, rica, cheia de elementos, surpresas. Não há nada solto; o tal desagradável casal de americanos não está ali à toa, tem importância no desenrolar da trama.

    Na trama brasileira, os mercadores de jóias, deixaram pontas soltas e rastros na venda, recompra e comercialização de jóias do acervo da Presidência da República. Relógios Rolex, braceletes de pedras preciosas, diamantes. Um roteiro de filme, que seria sucesso de bilheteria.
    Título: Os Trapalhões das Jóias

    E ainda diziam, que não tinha corrupção no governo. Quem acredita?

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