Procuradoria exige que réus que não fizeram vandalismo agora se declarem “culpados”

O 8 de janeiro — Entre a verdade e as narrativas

A maioria dos manifestantes não participou do vandalismo

Alexandre Garcia
Correio Braziliense

A Procuradoria-Geral da República encaminhou ao ministro do STF Alexandre de Moraes uma proposta de acordo a ser oferecido a 1.156 réus do 8 de janeiro. Pelo acordo, sugerido pela OAB, eles teriam os processos arquivados, já que ficou comprovado que não tiveram participação pessoal e direta nas invasões e vandalismo nas sedes dos três poderes. Porém, para fechar o acordo, terão de se declarar “culpados”.

 Isso já suscita uma pergunta sem resposta se não tiveram participação, por que foram presos, por que foram denunciados, e por que viraram réus? Teria sido para intimidar os brasileiros descontentes, que se fizerem manifestações críticas podem ser igualmente presos

CONFESSAR O QUÊ? – Seriam condições para acordo o réu ser primário, não ter antecedentes criminais e… “confessar” o crime.

Qual seria o crime, se já não se trata de agressão ao patrimônio público? A Constituição garante livre expressão do pensamento e o direito de reunião sem armas. Tentativa de golpe de Estado? Na verdade, o pessoal do acampamento apelava às Forças Armadas por um golpe. Estavam desinformados e de cabeça quente. Não foram atendidos e se dirigiram à Esplanada para se manifestar. Os mais exaltados seguiram o rumo das invasões do Palácio do Planalto, Supremo e Congresso. Lá dentro houve depredação criminosa e condenável.

No dia seguinte, já sem flagrante, todos foram postos em ônibus mediante engodo, inclusive quem não saiu do acampamento no dia 8. Acabaram em presídios 1.390 pessoas.

HOUVE OMISSÃO? – Há uma CPMI para apurar se o governo, tendo recebido avisos da Abin, teria apenas negligenciado a defesa dos prédios públicos ou facilitado a entrada. Está sendo investigado no inquérito parlamentar.

Outra apuração tenta investigar quem foram os primeiros a entrar no Planalto, se gente do acampamento ou pessoas estranhas ao acampamento. Outra questão a ser esclarecida, à luz do devido processo legal, é como o Supremo está tratando dessa questão.

Nos últimos dias, Moraes autorizou a saída dos presídios de 62 mulheres e 100 homens, todos com tornozeleiras. O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, fez um silogismo que resumo assim: se são terroristas, não podem ser deixados livres; se foram soltos, é porque não são; se não são, por que ficaram presos por sete meses?

E O ACORDO? – A notícia sobre a proposta de acordo não menciona, mas, se é um acordo, qual seria a exigência para a outra parte cumprir, para que o Estado arquive o caso? Imagino que seja um compromisso para não processar o Estado por abuso de autoridade, prisão ilegal com perfídia e danos morais e materiais, por parte desses manifestantes diariamente chamados de “terroristas” por boa parte da mídia.

Aliás, se o acordo tiver a concordância de ambas as partes, restaria para os ex-réus a compensação de processar órgãos de jornalismo por atribuir-lhes o crime de terrorismo. O Estado, com esse acordo, se alivia um pouco da pecha de ter presos políticos.

Tivesse havido prisões depois de identificados os autores das invasões e do vandalismo, os demais voltariam para casa apenas frustrados, com tempo para esfriar a cabeça e poder pensar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEnviado por Mário Assis Causanilhas, o artigo mostra que a Procuradoria entrou num caminho tristonho, como diria Ary Barroso. A Justiça só pode condenar quando há provas concretas. Quando não há provas, isso significa que o réu é inocente. O que a Procuradoria tenta fazer é um ardil monstruoso e desumano, destinado a ficar na História como exemplo, para que nunca mais se repita. É um ato ignóbil que envergonha o país. (C.N.)

22 thoughts on “Procuradoria exige que réus que não fizeram vandalismo agora se declarem “culpados”

  1. Em nome da defesa da Democracia
    , falsos democratas, estão a destruindo.

    O Mecanismo está engolindo toda a perspectiva de aprofundarmos nossa Democracia.

    É questão de tempo para que este consórcio imploda-se.

  2. Ao que saiba, a ideologia proibida no Brasil é o nazismo e o fascismo (esse não sendo a idiotice dos fanáticos,
    cultuadores de totem de pés-de-barro, aĺienados e analfabetos políticos, que tacham qualquer adversário de fascista, o que é falsa denunciação de crime).

    Numa Democracia real não há espaço para o Chico querer exterminar adversários, como nas ridículas ditaduras :”atrino-americanas “.

    Só um exemplo entre infindáveis:

    https://www.osul.com.br/execucoes-torturas-e-fome-a-realidade-da-venezuela-de-maduro/

    Vejam a felicidade do “democrata” ao lado do seu modelito de democracia relativa.

    Tá parecendo brincadeira esta bagaça

  3. A finalidade é fazer uma acordo, pra não te que pagar indemnização pelo erro de ter trancafiado e aterrorizado muitos inocentes!

  4. Quem entrou e quebrou, é criminoso e quem ficou de fora apoiando o ato terrorista para dar o golpe é criminoso também.

    Diz o ditado: tanto é ladrão o que entra para roubar como o que fica vigiando.

    Não se pode passar panos quentes com os idiotas que eram peça chave para o golpe.

  5. “Quando não há provas, isso significa que o réu é inocente.”

    Não na “democracia defensiva” dos narcotraficantes do $TF.

    “O que a Procuradoria tenta fazer é um ardil monstruoso e desumano, destinado a ficar na História como exemplo, para que nunca mais se repita. É um ato ignóbil que envergonha o país”

    Aqui é que você se engana, CN. O excrementíssimo ministro PCC, do alto da sua arrogância, anunciou que a nova “democracia defensiva” deve ser adotada em todo o mundo para exterminar a “extrema-direita”. Na “extrema-direita” do tolote de excremento estão idosos, velhotas portando bíblias, mães de crianças com roupas verde-amarela, gestantes orgulhosas da sua gravidez, indios, pastores e até mesmo autistas vendendores de cocadas. Esses crápulas orgulham-se das suas arbitrariedades e o inquisidor do MPF manobra para dar ares de legalidade às barbaridades perpetradas pelos facínoras do $TF (todos os que concordaram em julgar pessoas em lotes, como animais, sem individualização).

    E a imprensa, o que faz diante dos atos vergonhosas? Tudo o que você precisa saber sobre a imprensa brasileira é que o percentual de jornalistas que votaram no quadrilheiro Lula da Silva é maior do que o do grupo de presidiários e narcotraficantes. Isso diz tudo sobre a imprensa brasileira. Tirando um ou dois veículos, o resto é banditismo puro.

    O último ato do tiranete descabelado foi mandar prender uma cantora gospel por cantar uma versão do tema do filme Harriet, uma espécie de hino à liberdade.

  6. O que dói em nossa alma é o fato de ter pessoas que mesmo depois de 3(três) anos ainda acreditavam em um ‘tosco’ / mito a ponto de entrarem nesta ‘furada’.

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