Lula e PT buscam um “engavetador” para chamar de seu e substituir o trêfego Aras

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Lula tenta encontrar um procurador-geral servil como Aras

Merval Pereira
O Globo

O presidente Lula admite ser “uma metamorfose ambulante”, o que o desculpa antecipadamente por incoerências, mas não as justifica. Quando diz que nem sabia existir o Tribunal Penal Internacional (TPI), mas sabe-se que trabalhou pela indicação de uma ministra para nele representar o Brasil, não se pode levá-lo a sério.

Vê-se que, ao negar a existência de um tribunal que representa um avanço na proteção dos direitos humanos no mundo, quer apenas defender mais um autocrata como Putin, da Rússia, mesmo à custa de sua credibilidade de político humanista.

OUTRO ENGANADOR – O mesmo acontece com seu ministro da Casa Civil, Rui Costa. Para desacreditar os índices de criminalidade em alta em vários estados, inclusive na Bahia, que governou, Costa disse em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews, não reconhecer “nenhum parâmetro, nenhuma comparação de ONGs que fazem publicações sobre questão de segurança”.

Os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram casos de violência policial se repetindo no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. Neste último estado, as polícias Civil e Militar estiveram envolvidas na morte de 1.464 pessoas em 2022.

Embora os números se refiram ao último ano do governo Bolsonaro, os levantamentos parciais mostram que não houve alteração substancial. Talvez por isso o governo Lula, que na campanha eleitoral elegeu a segurança pública como prioridade, quer mudar o termômetro, em vez de combater a febre.

MUDAR AS ESTATÍSTICAS – “Precisamos ter um parâmetro oficial do governo federal para ser cumprido por todos de como registrar os homicídios, as mortes” — afirma Costa.

Os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública são reconhecidos internacionalmente, seguem metodologia rigorosa e foram usados pelo governo petista tanto para criticar o governo Bolsonaro quanto para basear políticas durante a transição.

Quando o governo anterior mudou os critérios para medir as consequências da pandemia da Covid-19, tentando alterar a triste realidade de mortes, houve protesto nacional. Os números passaram a ser computados por um consórcio de veículos de comunicação para que a população estivesse informada. A mudança dos critérios em relação à segurança pública, se não obedecer a padrões respeitáveis, despertará a mesma reação.

UM NOVO ENGAVETADOR – Em outro setor, o governo petista, que se cansou de acusar Geraldo Brindeiro, o procurador-geral da República do governo Fernando Henrique, de “engavetador-geral”, agora busca um “engavetador” para chamar de seu.

O Procurador-Geral da República é o único que pode abrir processo contra o presidente da República, por isso mesmo um posto fundamental e delicado para qualquer presidente. Já houve a experiência de outros presidentes terem um Procurador-Geral mais independente, como Roberto Gurgel ou depois Rodrigo Janot, que apoiaram o combate à corrupção no mensalão e na Lava-Jato, deixando a então presidente Dilma e o PT encurralados.

Como teve essa experiência com o mensalão, depois com o petrolão, Lula não se furta a dizer que só escolherá quem for de sua absoluta confiança. Para o Supremo Tribunal Federal (STF), é natural que um presidente queira indicar ministros que tenham a mesma linha ideológica sua — acontece no mundo inteiro. Mas para a PGR não é aceitável.

LISTA TRÍPLICE – O procurador-geral da República tem que ser independente, por isso a lista tríplice é importante — porque indica um representante do Ministério Público, e não da vontade do presidente. Já escrevi contra a lista tríplice, apoiando a independência do presidente em escolher fora dela. Mas a experiência tem demonstrado que essa atitude encobre a vontade de se proteger.

Agora mesmo há uma disputa grande para a indicação do substituto de Augusto Aras, com ministros do STF, como Gilmar Mendes, defendendo um candidato e deputados do PT defendendo outro.

Não é uma boa decisão escolher um procurador-geral de acordo com interesses políticos do presidente da República. O escolhido ou a escolhida já entra com credibilidade afetada. Aras se dedicou a proteger Bolsonaro; e agora o PT quer alguém que defenda Lula.

6 thoughts on “Lula e PT buscam um “engavetador” para chamar de seu e substituir o trêfego Aras

  1. O articulista está se pegando em coisas pequenas para denigrir a imagem de Lula. Quem nunca esqueceu de alguma coisa do passado?

    A violência no Brasil, é um processo que vem de longe. Lula não vai acabar com a violência em 4 anos.
    A violência no Brasil, é complexa, para combate-la deve-se começar pela educação e vai levar algumas décadas para cuidar desses bolsões de pobreza etc etc. Condenar um governo recém empossado sem base pela violência, não é razoável.

    Com relação a indicação do PGR, o articulista, já está prejulgando a futura indicação de Lula, como engavetador.

    Diz que Lula quer apenas defender o autocrata Putin. Essa opinião, é da mídia subserviente aos interesses do EUA. que finge acreditar que Putin acordou mal humorado e resolveu fazer uma guerra contra a Ucrânia. Este é um raciocínio simplista dos defensores dos EUA da guerra na Ucrânia.
    A guerra na Ucrânia, é uma guerra entre os EUA e a Rússia que vem de longe, mas a mídia amestrada não quer nem saber, o importante é ficar do lado do Tio Sam.
    Quantos países governados por autocratas têm boas relações com os EUA ?

    Quem sabe dos motivos principais do golpe de 64, sabe que o principal interessado era os EUA, que não iria admitir um novo Japão no hemisfério sul. A maior parte da mídia ficou a favor do golpe de 64.

    • Meu caro a grande maioria de criminosos e traficantes entre 20 e 25 anos hoje eram crianças e adolescentes na época do governo lula daí vc já vê que ele não se empenhou e trabalhar contra a violência durante seu mandato
      A demora para escolher um PGR quando já se tem pelo menos dois ou três nomes no circuito já é um indicativo de que ele está sim procurarando um PGR alinhado a suas conveniências sejam lá elas quais forem
      Quanto ao putin não importa quais forem os motivos pois o mundo viu um país imenso e poderoso invadir primeiro um país menor sem provocação que justificasse o uso de tamanho aparato militar e o Lula poderia sim condenar o ataque mais assim como o bolsonaro o medo de não manter relações comerciais com a Rússia falou mais alto

  2. O importante é saber que Lula nos livrou dessa gente insana que queria dividir o Brasil numa guerra civil.
    O que tem a dizer de Lula em seus 8 meses de governo e o que tem a dizer de Bolsonaro em seus 4 anos de governo?

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