Ao que tudo indica, Lula decidiu fabricar uma Evita (ou Isabelita) para sucedê-lo

Folhapress - Fotos - Janja, mulher do ex-presidente Lula, discursa em comício

Janja é uma alpinista que vai subindo nas costas de Lula

Duarte Bertolini 

Desde os primórdios desta eleição que “restaurou e uniu o Brasil” foram pipocando na imprensa notícias, aparentemente soltas e desconectadas, sobre a potencial nova primeira-dama. De desconhecida fã, passamos a conhecê-la como militante engajada, analista política lúcida e visionária, companheira desde as primeiras perseguições da malta da Lava Jato etc., até culminar com sua bombástica declaração: “Vou ressignificar o papel da primeira-dama no Brasil”.

Salvo os fanáticos costumeiros e os adesistas de primeira hora, (além é claro, das feministas históricas sedentas de qualquer espaço para “reparar danos históricos”), pouca importância se deu ao fato, classificando-o como um deslumbramento natural com o poder que se avizinhava.

CONSTRUÇÃO DE IMAGEMNo entanto, não esqueçamos que estamos no Brasil, ou pior, no Brasil dos novos tempos. Assim, um observador mais atento ou menos engajado poderia conferir passos sutis — e outros nem tanto no caminho da construção de uma imagem pública de mulher amorosa, solidária ao seu parceiro e capacitada a auxiliá-lo (e por extensão a todos os necessitados do Brasil) no desempenho de suas nobres funções.

Muitos registraram a sem-cerimônia com que aparecia com roupas extravagantes e chamativas para marcar presença em eventos cheios de celebridades maiores, outros manifestaram estranheza com declarações sobre ações de governo e do Estado, mesmo não tendo representação política ou cargo público, outros ainda desconfiavam de sua onipresença ao lado do Presidente e até mesmo barrando, impedindo e talvez escolhendo quem poderia se aproximar dele.

MILITÂNCIA CEGAMas não esqueçamos que estamos no Brasil, terra de uma militância cega e aguerrida, acostumada a destruir críticos do PT e do venerado líder, que contam com uma colossal mídia amiga, sempre pronta a reproduzir e colorir com tintas mais vivas as versões dos defensores da “democracia socialista refinada”.

Com todo este quadro favorável, nada mais lógico que passássemos à fase dois, na construção de um novo mito. Para isso, é necessário um envolvimento muito mais efetivo com as coisas da administração. Ou seja, deve-se colar a figura da primeira-dama aos feitos do governo e do  grande líder, de forma efetiva e ampla.

Eis que mais uma vez a divina providência ou a sapiência diabólica da assessoria militante estão encaminhando a necessidade de um afastamento parcial do líder, para tratar de saúde.

CIRURGIA DELICADA – Lula será submetido a uma operação delicada, que demanda algumas horas sob anestesia geral. Prevê cuidados com a postura, dificuldade ao se locomover, alguns meses até recuperação total.

Normal e lógico seria, pelo menos por algum tempo, passar estas tarefas ao vice Geraldo Alckmin, homem público experiente e com grande desembaraço nestas atividades. Mas isso seria desperdiçar uma oportunidade histórica.

Por que não seguir Bolsonaro e simplesmente continuar no poder, fingindo conceder audiências no hospital, e passando a usar para as atividades externas, e para comunicação com o mundo todo, alguém de extrema confiança e dedicação exclusiva e desinteressada muito comprovadas?

TUDO ENCAIXAA solução Janja é um grande ardil, porque afasta o perigo Alckmin, renova os votos de amor eterno entre o casal, fortalece o mito de pai dos pobres e incansável lutador da nação, mesmo enfermo, e de quebra (mas só por coincidência, claro) reforça o papel de mulher forte, capacitada e preparada para grandes missões.

Logicamente, a imprensa e as fontes amigas de sempre começam a pipocar mensagens algumas muito explicitas: ”Lula adia viagem ao Rio Grande do Sul e destaca Janja para representá-lo, e a viagem será um dia antes de o presidente ser internado para cirurgia“.

Outra pérola de construção de imagem: “Ministério da Defesa preparou um decreto de GLO, mas Janja proibiu Lula de assinar“

VALHA-ME DEUS… Lula tem décadas de ação política e construção de esquemas sofisticados de assalto ao poder, com centenas de raposas felpudíssimas da política ao seu redor, mas de repente, no desenrolar das ações em Brasília, o Brasil foi salvo pela ação certeira da mulher dele, que durante sua recuperação viajará pelo país com os ministros para conduzir a administração pública, para a qual não foi eleita.

E assim vamos construindo mais um mito no Brasil. Talvez uma nova Evita (ou Isabelita), pronta para iluminar os palcos da cena política e de poder em nosso país

E ainda havia quem achasse que o perigo era a Michelle Bolsonaro…

24 thoughts on “Ao que tudo indica, Lula decidiu fabricar uma Evita (ou Isabelita) para sucedê-lo

    • …andor pois o santo é de barro….

      Fica a pergunta pros jurisconsultos quem faz apologia de possível usurpação de cargo público, está fazendo apologia de crime?

    • É importante lembrar que na Administração Publica as questões relacionadas à cargo e função não comportam resignificação. A Lei é que os determina, assim como estabelece competência s e atribuições.

      Naturalmente que restringindo-se ao papel da Primeira-dama, que não é cargo ou função pública, nem avance nesse sentido, pode ressignificar ao bel prazer.

      Nesse tempo de códigos escritos nas areias das praias….

    • Os “companheiros”, todos previamente descondenados, se alguma preocupação legal e moral tivessem, poderiam alertà pra se manter firme e erecta, pois a qualquer escorregão pode cair no art. 328 do CP.

  1. Excelente texto do, Duarte Bertolini, o que não me surpreende…
    Brasil , ladeira abaixo, o que também não me surpreende…
    É muita bandidagem !
    Credo !

  2. Se uma das principais pautas da oposição para atacar o Lula é falar mal da mulher dele, então é o sinal claro de que o atual governo está sendo minimamente razoável.

    • Concordo com Rafael Santos.

      Janja, acertou em pedir para Lula não assinar a GLO naquele momento, poderia ser o motivo para o golpe se concretizar.
      Janja, tem cultura, é inteligente, não é nenhuma desinformada politicamente, pode sim ajudar Lula em alguns momentos, se necessário. Ela não mistura religião com política.

      A forma mais comum de um canalha se esconder, é atrás de uma religião, de um Bíblia e com discurso moralista e usando insistentemente o nome de Deus. (Aristóteles)

  3. Cheguei ao ponto de simplificar, tem artigo que agrada a militância engajada e excomungam o resto.
    Numa eventual baixa definitiva do Barba, Janja seria defenestrada de imediato.
    E o Barba se safando dessa a Janja seria a Eminência Parda, a nova Rasputin, para o imenso desagrado das trans legiões.
    Os ‘trans’ são o que se acham ser e não são, tipo assim a Viúva Porcina que foi sem nunca ter sido.

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