Preocupado com o comunismo, Jânio queria fazer “intervenção” na Guiana 

Anjovida: O Jânio que ficou na retina

Jânio não sabia aonde ir, estava completamente perdido

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Presidente tatarana querendo encrenca com a Guiana não é uma exclusividade da Venezuela. Jânio Quadros namorou essa ideia, quando não se conheciam suas reservas de petróleo. No dia 31 de julho de 1961 ele mandou um bilhete aos ministros militares armando o bote:

“1) Desejo chamar a atenção de Vossas Excelências para o problema das três Guianas, submetidas a intenso trabalho autonomista ou de emancipação nacional, com a presença de fortes correntes de esquerda, algumas, reconhecidamente, comunistas.

2) Cumpre traçar, com urgência, planos em relação às mesmas, e executá-los.

Haverá, ainda, a possibilidade da nossa penetração nesses três Estados e, eventualmente, a da integração respectiva, no todo ou em parte, a nosso país?”

INSISTIU NO TEMA – Uma semana depois ele voltou ao tema, anunciando que trataria das Guianas numa próxima reunião ministerial.

No dia 21 de agosto haviam-se realizado eleições na Guiana Inglesa, vencidas pelo primeiro-ministro Cheddi Jagan, um líder popular, que se afastava da Inglaterra.

Jânio voltou ao assunto, no dia 23, sem falar em anexação territorial, e escreveu aos ministros militares:

“Excelências:

1) Com as recentes eleições da Guiana Britânica instalar-se-á, sem dúvida, ao Norte do Brasil, um país de estrutura soviética. Conheço o dirigente desse novo governo e considero-o da mais alta periculosidade;

2) Solicito de Vossas Excelências, nas respectivas pastas e no Conselho de Segurança, a máxima vigilância no que respeita à infiltração comunista nas Forças Armadas e nos setores fatais [vitais] da economia e do trabalho da nação.”

RENUNCIOU – No dia 25 de agosto, Jânio teve outra ideia e renunciou à Presidência da República achando que voltaria ao poder nos braços do povo.

Deu no que deu.

(Dois anos antes, o cubano Fidel Castro havia renunciado ao cargo de primeiro-ministro depois de se desentender com o presidente Manuel Urrutia. Dias depois o povo reconduziu-o ao poder.)

EREMILDO, O IDIOTA – Eremildo é um visionário e defende a criação de um organismo supranacional para resolver todos os problemas do mundo, sem que o Congresso de cada país possa barrar suas decisões.

O cretino achou correta a decisão do Itamaraty de classificar o plebiscito para decidir a questão da anexação do Essequibo como “um assunto interno da Venezuela”.

Eremildo teme apenas que Javier Milei resolva denunciar o laudo arbitral do presidente americano Grover Cleveland de 1895 e convoque um plebiscito para que os argentinos decidam se ele deve anexar o oeste de Santa Catarina.

5 thoughts on “Preocupado com o comunismo, Jânio queria fazer “intervenção” na Guiana 

  1. Antônio Rocha acertou ao mostrar a contradição de Jânio Quadros.
    Dizer que Jânio Quadros renunciou para tentar voltar nos braços do povo, foi a narrativa da direita.
    O fato é que Jânio Quadros foi eleito pela UDN com apoio do poder econômico e financeiro. Depois de sua posse deu uma guinada para esquerda de 180º, condecorou Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul e foi a Cuba tocar maracas com Fidel Castro, isso em plena guerra fria.
    Jânio Quadros começou sofrer pressão da direita em especial de Carlos Lacerda. Sabia que o golpe estava em pauta pela cúpula militar da época, desde Getúlio Vargas. Jânio não era burro, sabia que estava correndo o risco de o golpe acontecer em seu governo e ser preso e coisa pior. Malandramente renunciou e foi viajar.
    Com a renúncia de Jânio, os militares aproveitaram para dar o golpe no substituto de de Jânio, João Goulart, vice presidente eleito pelo povo. Mais uma vez esses militares não conseguiram, graça ao Brizola, só vieram dar o golpe em 64, mas aí é outra história.
    Esses militares de cúpula militar da época tentaram dar o Golpe no governo Vargas, o seu suicídio derrubou o golpe. Tentaram duas vezes no governo Juscelino, e certamente iriam tentar no governo Jânio, com sua renúncia o golpe foi ter sucesso em 1964, era também de grande interesse dos EUA.
    Eu votei no gal. Henrique Lott, assim como toda a esquerda democrática,
    se o gal. Lott vencesse ás eleições certamente não haveria golpe. Lott era um general respeitado, nacionalista e legalista.

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