Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você tem de merecê-lo

Frases de Carlos Drummond De Andrade - Boa tardee..!! | FacebookPaulo Peres
Poemas & Canções

O bacharel em farmácia, funcionário público, escritor e poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) é um dos mestres da poesia brasileira. O significado principal do poema “Receita de Ano Novo” está em olhar para dentro de si mesmo e sentir-se, realmente, apto para ganhar uma belíssima passagem de ano.

RECEITA DE ANO NOVO
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

3 thoughts on “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você tem de merecê-lo

  1. 1) Belíssimo texto !

    Licença…

    2) PPP = Primeiro Pensamento para 2024:
    “Sábios mesmo são os bambus. Vem a tempestade e eles vergam para um lado. Vem a ventania e eles dobram para o outro, mas não se quebram, não se partem…” (Memento Zen-Budista).

  2. A PALHAÇADA ACABOU? VAMOS VOLTAR À REALIDADE? De volta a uma realidade apocalíptica de 40 anos de Diretas-Já, com um saldo de 2 milhões de assassinatos e uma média constante e inabalável de 50 mil assassinatos por ano, largamente subestimados pelas estatísticas oficiais manipuladas, dissimuladas. Acabamos de comemorar novas entradas do tipo ‘’só no nosso’’, onde passaremos a tomar drinks no inferno da corrupção, da saúde pública, dos transportes, das catástrofes e calamidades anunciadas, da incompetência, criminalidade, impunidade, das libertárias audiências de custódias, de condescendências judiciais amplas, gerais, irrestritas, em prol de facínoras e em detrimento de vítimas inocentes. Comemoramos a mitologia mais absurda, psicodélica, surrealista possível de se tornar religião, em nome da qual trilhões de bilhões de litros de sangue humano e de animais foram derramados em guerras de conquista e escravagismo, onde o cristianismo-judaico e bíblico alcançou seus tentáculos monstruosos. Assim com Moisés tingiu de sangue o Rio Nilo, os cristãos encharcaram de sangue todo o Planeta. Nas Américas essa loucura tem perdurado por 400 anos por conta de católicos e protestantes ou evangélicos. Em Jerusalém essas carnificinas acontecem há no mínimo 5 mil anos, onde Netanyahu dá continuidade a Herodes, matando ‘’criancinhas’’ que Jesus declarou pertencentes ao ‘’Reino dos Céus’’ (demagogia de político). Escritores bíblicos, não se sabe sob efeito de quais drogas alucinógenas, escreveram os contos de fada e de terror mais improváveis de se tornarem religião seguida por 2 bilhões de seres humanos. Três reis magos viajam na maionese desértica, em camelos, seguindo cauda de cometa bizarro, para ‘’entregar de bandeja’’ um menino-Deus, para um sanguinário e corrupto político. A mãe virgem do menino divino viaja pelo deserto, sacolejando em um pobre jumento, como se esse fosse em um potente e veloz Rolls-Royce do ano, numa rodovia de Primeiro Mundo. As pessoas da época de Jesus viajavam milhares de quilômetros pelos desertos a pé, no lombo de burricos ou camelos, como se não houvesse amanhã, na relatividade do tempo de Albert Einstein. Em consequência da ‘’deduragem’’ dos incautos reis magos, bebês e crianças inocentes foram transpassadas pelas espadas dos soldados de Herodes, considerado ‘’o Grande’’ pela história real. Depois de comemorarmos o Natal, imitando os Reis Magos com presentes que poluirão o planeta assim que forem descartados, plásticos que vão demorar 400 anos para se decomporem, coincidentemente com os 400 anos da imigração dos judeus no Egito e 400 anos de escravidão , genocídios e preconceitos de negros e índios pelos cristãos supremacistas brancos. Também comemoramos o ‘’feliz ano novo’’, com fogos de artifício que conjuntamente com as centenas de milhares de torres incandescentes do gás petrolífero aquecem o planeta, derretem as geleiras. Bem-vindos todos nós a mais um ‘’feliz ano velho’’ brasileiro apocalíptico. LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

  3. Belo e oportuno Poema, Paulo Peres.
    Feliz 2024!

    (A nota destoante é que os delirantes, esse a nível “mundial”, não respeitem esse espaço Literário.)

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