Bolsonaro quis matar a democracia do “jeito moderno”, mas fracassou

Prestes a terminar o mandato, Bolsonaro divulga perfil do LinkedIn nas  redes | O TEMPO

Bolsonaro tentou de todas as formas, mas não deu certo

Vinicius Torres Freire
Folha

Até agora, não se conhece documento público onde se verifique que Jair Bolsonaro tenha dado ordem direta para que militares apoiassem, pela força, um golpe de Estado. Não quer dizer que não o tenha feito. Não quer dizer também que não tenha planejado o golpe ou que não tenha tentado criar as condições para a subversão do regime democrático.

 Incitou motim (ação de militares, de integrantes de seu governo ou de insurreição nas ruas) e fez propaganda de desinformação em massa. A guerra contra a democracia não era levada a cabo por meio de tiro, tanque e bomba. Era “guerra híbrida”.

MAIS EVIDÊNCIAS – Nesta semana, conheceram-se mais evidências e indícios de que Bolsonaro agiu assim, vide a reunião de julho de 2022 em que conclamou seu governo a fazer campanha contra a legitimidade das eleições, admitiu espionagem política e ouviu, cúmplice, proposta de “virada de mesa”. No mínimo do mínimo.

Sabe-se que no dia 9 de dezembro de 2022 o tenente-coronel Mauro Cid disse ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, que Bolsonaro corrigira os termos do decreto do golpe. Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro teria a seguir convocado os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para que conhecessem a “minuta” e aderissem ao golpe.

Há pistas indiretas de que Freire Gomes e o brigadeiro Batista Júnior teriam recusado uma convocação direta (mensagens de Braga Netto, general, ex-ministro e vice de Bolsonaro).

NÃO SE SABE… – As circunstâncias dizem que houve tal convocação, porém mais não se sabe, de público e documentado. Os comandantes das Forças Armadas de então, almirante Almir Garnier, Freire Gomes e Batista Júnior, podem dizer, em depoimento, se foi assim.

Mas está documentado que oficiais superiores, ministros e assessores conspiravam de modo explícito, em alguns casos com o conhecimento do comando do Exército.

E daí? É preciso que as investigações cavem ainda mais fundo nessa sujeira. Mas era evidente, havia anos, que Bolsonaro comandava a campanha subversiva.

GOLPE MODERNO – Seu programa de matar a democracia era “moderno”: desmonte do Estado, deslegitimação de autoridades, da eleição, apoio direto ao motim (“manifestações antidemocráticas”), espionagem, aparelhamento de órgãos policiais e de “inteligência”, guerra psicológica. Prometeu cancelar eleições e desobedecer a decisões do STF.

Logo depois de conhecido o resultado da eleição, em 30 de outubro de 2022, houve centenas de bloqueios de estradas. A pedido da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o desbloqueio geral, em 31 de outubro.

Bolsonaro, conivente e quieto desde confirmada a derrota eleitoral, apenas no dia 2 de novembro publicaria mensagem de vídeo “pedindo” aos insurrectos que liberassem as rodovias, dizendo que estava “com eles”.

SUCESSÃO DE ATOS – Em novembro, houve manifestações nas portas de quartéis, enormes diante do Quartel-General do Exército em Brasília, toleradas ou protegidas por generais e insufladas por oficiais do Exército, como se vê em mensagens descobertas nos celulares de Mauro Cid.

Em dezembro, houve tentativa de invasão da Polícia Federal e de ataque terrorista ao aeroporto de Brasília; organizava-se a intentona do 8 de Janeiro. Em janeiro, caíram torres de transmissão de energia elétrica. Etc.

Nada disso era um raio em dia de céu azul. Bolsonaro fixara um objetivo, em público, ao menos desde 2021: o resultado da eleição presidencial seria aceito apenas em caso de vitória dele. Trabalhou para criar condições para que a campanha do golpe tivesse sucesso. Se fracassou, não foi por falta de vontade e ações.

9 thoughts on “Bolsonaro quis matar a democracia do “jeito moderno”, mas fracassou

  1. Bolsonaro foi o único capaz de trazer Lula de volta.

    Suas maiores iniquidades foram cometidas contra as centenas de milhares de vítimas da pandemia.

    Parece tudo um plano do mesmo grupo que está há 21 anos no poder.

  2. A vacinação contra a doença tropical negligenciada ao longo de décadas, dengue, não passa de propaganda enganosa, tardia e sem abrangência mínima.

    A vacinação de reforço contra a COVID está atrasada e os hospitais decadentes estão lotados pois as prefeituras seguem gastando só com cachês altos para artistas em shows surreais em contraste com a doença e a miséria.

  3. Ciro Gomes (PDT)

    “A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a operação da Polícia Federal nesta quinta-feira 8 pode ser histórica, se não cair no estrelismo e tiver disciplina para seguir o melhor direito”.

    “Agora os peixes grandes finalmente são chamados à sua responsabilidade. Estes tentaram o golpe bem antes do 8 de Janeiro”

    “Não o praticaram por falta de condições objetivas na comunidade internacional e pela reação em contrário dos comandantes do Exército e da Aeronáutica da época.”

    “O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o “mentor” e “seu Estado-Maior está alcançado pelas providências de hoje tomadas com ordem judicial pela Polícia Federal”.

    “Faltam empresários, mas é um excelente começo de conversa”.

  4. Segundo a esquerda Bolsonaro é o assassino da democracia, e ela prima pela democracia, vide os países submetidos a esse regime.
    Tentou assassinar e não assassinou, se tivesse conseguido a etapa seguinte seria assassinar todos os outros oponentes que por acaso são da esquerda.
    Vamos aos paradoxos, Bolsonaro o assassino estaria fazendo o jogo da redução populacional dos Rothschilds, Bilderbergs e George Soros.
    Ele só não iria matar mais que a esquerda matou no mundo pois só temos 200 milhões de viventes.
    O assassino de direita ia fazer sombra aos bons samaritanos da esquerda tais como, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel e outras almas fortunadas por essa ideologia também na África.
    Qual a solução tupiniquim, macunaímica para salvar nossa democracia? Prender Bolsonaro.

  5. Jair Bolsonaro , sempre investiu e apostou na ” conturbação e convulsão ” social , como trama visando um possível golpe de estado , desde que assumiu a presidência da república , principalmente depois que seus podres , de seus filhos e seus comparsas vieram á tona , e o fracasso de seus acordos com o STF , para suspender as investigações de seus pares .

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