Diplomacia em frangalhos, após Lula afirmar que Israel age igual a Hitler

Na Etiópia, Lula critica extrema-direita e fala em 'dívida histórica' com a  África – Política – CartaCapital

Quando lê o discurso, tudo bem; no improviso, uma tragédia

Hélio Schwartsman
Folha

Ah, Luiz Inácio Lula da Silva… Quando ele segue o roteiro preparado pelo Itamaraty, ainda é possível enxergar uma posição minimamente coerente com a tradição diplomática brasileira. Foi o caso do discurso que ele fez no sábado (17) na abertura da cúpula da União Africana em Adis Abeba. Ali, sem deixar de criticar Israel, também condenou os ataques do Hamas e pediu a libertação imediata de todos os reféns.

Basta, porém, que Lula comece a falar de improviso para comportar-se não como presidente da República, mas como diretor de grêmio estudantil, desfiando os mais ignorantes chavões da esquerda.

COMPARAÇÃO INFELIZ – Foi o que ele fez no domingo (18), ao equiparar as operações de Israel em Gaza ao Holocausto nazista. É difícil até listar o número de instâncias em que a comparação é errada.

Hitler, com base numa concepção essencialista de hierarquias raciais, se pôs a eliminar todos os judeus da Europa. Israel reage, ainda que desproporcionalmente, a um ataque terrorista.

Não estou sugerindo que Israel seja inimputável. Eu mesmo critico quase que semanalmente a mão pesada do governo Netanyahu. Penso que imperativos morais e legais exigiriam que as ações militares fossem muito mais cuidadosas, mesmo que isso implique retardar o objetivo legítimo de reduzir a capacidade do Hamas de atacar Israel.

CONTRADIÇÃO – Lula, ao dizer que Tel Aviv repete Hitler, desfere contra os israelenses um golpe baixo da cintura. É algo que contradiz o argumento que o próprio presidente sempre invoca para justificar a mansidão com que trata violações cometidas por aliados seus, como Maduro e Putin: não se pode ser muito veemente nas declarações para não perder o poder de influenciar.

Na administração Bolsonaro padecíamos do problema oposto, que era a adesão automática às mais extremas posições do governo Netanyahu. Para quem olha de fora esse zigue-zague, a conclusão inescapável é que o Brasil não mantém uma política externa séria.

18 thoughts on “Diplomacia em frangalhos, após Lula afirmar que Israel age igual a Hitler

  1. Um país onde a maioria dos eleitores é de gente semelhante a tais escolhidos ultimamente como seus representantes, esperança zero. Ladeira abaixo, daí pra pior!! É a lama!!

  2. O problema de Israel é que Netanyahu precisou se unir a ala radical que quer literalmente expulsar os palestinos da região. Alguns desse grupo querem que Israel ocupe os territórios da era Salomão e outros querem voltar a ter o mesmo território de Grande Israel que pega terras da Arábia Saudita, Egito e etc… Netanyahu está fazendo de tudo para manter o estado de guerra e não ser preso por corrupção e genocídio (lembrando que morrem israelenses e palestinos nesse conflito), a guerra vai continuar até o final das eleições americanas.

    Não estou entrando no mérito de Lula estar certo ou errado ou de Bolsonaro estar certo ou errado pois para mim os dois são dois sacos de esterco. A faixa de Gaza possui 365 km², é quase a metade da cidade de Salvador. Morreram quase 30 mil civis e nessa região existem mais de 2 milhões de habitantes. Infelizmente a maioria dos mortos são de mulheres e crianças. Não tem como tapar o sol com peneiro, isso é crime.

    Netanyahu vai acabar com o Hamas ? Não, não existe solução militar para combater o Hamas que está no subsolo. Netanyahu vai expulsar os palestinos da faixa de Gaza ? Não, os palestinos não tem para onde ir e mesmo se tivessem, acredito que eles não iriam. Eles tem tanto direito de ter o país deles de forma independente e soberana quanto Israel.

    Noticiar só um lado sem levantar os dados e dar voz para o outro é manipular a opinião. Não existe santo nesse conflito. Hamas é um grupo terrorista, Netanyahu é genocida, ONU é inoperante e existem vários interesses políticos e econômicos na região.

  3. 1- Quantos chefes de estado já condenaram a fala do Lula e prestaram solidariedade ao estado genocida (fora Israel, logicamente)? Nem os aliados tradicionais quiseram gastar seu capital geopolítico com isso.

    2- Se eventualmente o estado genocida de Israel romper relações como Brasil, o que vamos perder? Israel representa apenas 0,37% da corrente de comércio brasileira. As exportações representam só 0.12%. O Brasil importa o dobro do que exporta. Portanto além de ser uma relação comercial irrelevante é deficitária. O maior problema seria uma guerra civil evangélica devido a falta de areia mágica e agua do Rio Jordão para os pastores vigaristas daqui venderem e fazer fortuna com a crentalhada otária.

    https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/10/09/israel-representa-037percent-da-corrente-de-comercio-com-brasil.ghtml

    3- Lula não deixou de falar o correto. O único regime que fez algo parecido com que os Israelenses estão fazendo foi a Alemanha de Hitler. Os caras, literalmente, usam o Holocausto como pretexto para cometerem os mesmos crimes. Só falta o campo de concentração. Apesar que, tecnicamente, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza já são campos de concentração só que a céu aberto.

    4- Ser declarado persona non grata por governo que respeita todas formas de vida seria profundamente lamentável, mas vindo de um regime racista, segregacionista e genocida, tem efeito de um prêmio.

    • Genocida é o governo do molusco, que não divulga mortes causadas por covid. Desde o início do seu governo, já são aproximadamente 17000 mortes

  4. Israel ironiza dano de Lula à imagem do Brasil
    Por meio do seu perfil oficial, a página do país no X, antigo Twitter, resolveu chamar o presidente brasileiro Lula de negacionista do Holocausto
    https://oantagonista.com.br/mundo/crusoe-israel-ironiza-dano-de-lula-a-imagem-do-brasil/

    “Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, diz a Conib na nota.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *