Gravidade das acusações faz Bolsonaro propor a concessão de uma ampla anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vestiu um colete à prova de balas durante manifestação na Avenida Paulista, neste domingo, 25

Jair Bolsonaro e Michelle usaram coletes à prova de bala

Carlos Newton

Foi uma surpresa o ex-presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso durante o ato público na Avenida Paulista, ter defendido a tese da anistia para todos os envolvidos no planejamento do golpe de estado.

Acreditava-se que essa proposta somente surgisse mais à frente e apresentada em projeto de lei por algum parlamentar independente. Mas o próprio Bolsonaro se apressou em fazê-lo.

ENTUBAR A TODOS – Segundo o ex-presidente, seria infundada a acusação da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político, apesar das provas já obtidas.

“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.

“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso país. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.

HÁ CONTROVÉRSIAS – O presente caso é totalmente diverso das anistias anteriores, já concedidas no país. Pode-se até dizer que a anistia a crimes políticos seja uma espécie de tradição brasileira de olhar para frente e tentar sepultar o passado, embora isso signifique uma inequívoca utopia, pois atrocidades jamais podem ser esquecidas.

No caso atual, é preciso aprovar uma legislação como a Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no governo João Figueiredo, que tinha o general Walter Pires como ministro do Exército e Petrônio Portella como ministro da Justiça, dois defensores da anistia ampla, geral e irrestrita.

Mesmo assim, o Congresso aprovou uma ressalva, no § 2º do artigo 1º – “Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal”.

DETALHE IMPORTANTE – Reparem que em 1979, nessa ressalva, não se falou em crimes de tortura e assassinato, portanto, excluindo de punição os responsáveis pelo trucidamento de civis como o deputado Rubens Paiva e o estudante Stuart Angel Jones.

Outro detalhe é que a anistia foi concedida sem que os envolvidos já tivessem sido condenados. Agora, é muito diferente, porque já existem mais de 1,5 mil réus, e têm sido condenados a penas elevadíssimas, como se fossem realmente terroristas, algo que “non ecziste”, diria Padre Quevedo, revoltado contra esse procedimento inquisitório, digamos assim.

É ultrajante condenar a 17 anos de prisão homens e mulheres do povo, a grande maioria presa sem flagrante, no dia seguinte ao vandalismo. E com o requinte surrealista de acrescentar mais 4 anos caso tenham feito selfies diante dos palácios invadidos.

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P.S.
1 – Comparados aos processos anteriores, relativos a graves golpes de estado, em que realmente houve mortos e feridos, as condenações propostas pelo Alexandre de Moraes e aceitas pelo Supremo são de uma perversidade jamais vista na Justiça do Brasil e de qualquer outro país minimamente civilizado.   

P.S. 2Em matéria de Justiça, o Brasil está regredindo de tal maneira que não causaria surpresa a apresentação de um projeto de anistia que beneficiasse, ao mesmo tempo, os réus e também os ministros que os condenam ilegalmente por terrorismo e que também merecem punição severa. Uma coisa é o juiz errar inadvertidamente. Outra coisa, muito mais grave, é o magistrado errar propositadamente, como é o caso, desculpem a franqueza. (C.N.)

11 thoughts on “Gravidade das acusações faz Bolsonaro propor a concessão de uma ampla anistia

  1. ANISTIA DE NOVO, A ESTA ALTURA DO CAMPEONATO DA HISTÓRIA DA REPÚBLICA do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, sócios-proprietários da dita-cuja, tanto para o bolsonarismo quanto para o lulismo, e seus puxadinhos, só faz sentido se for mediante rendição do conjunto da obra em prol do megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, como propõe a Revolução Pacífica do Leão, a nova via política extraordinária, o novo caminho para o novo Brasil de verdade, confederativo, com democracia direita e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, porque, em sã consciência, ninguém aguenta mais o continuísmo da mesmice dos me$mo$, em sendo a rendição em prol da mega solução, via evolução, o único remédio, não obstante amargo e contundente, capaz de libertar o Brasil e o povo brasileiro dessa maldita polarização política nefasta, tipo atraso de vida, que representa apenas o nada e o coisa nenhuma, em termos de mudanças de verdade, sérias, estruturais e profundas, e que, por isso, com os seus golpes, ditaduras e estelionatos eleitorais, está levando o país e a sociedade brasileira ao apodrecimento moral total, no pé, sem amadurecer. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/02/25/acuado-bolsonaro-evita-ataque-a-stf-nega-golpe-e-defende-anistia-para-81.htm?utm_source=facebook&fbclid=IwAR2XGgsVA0xrp30QfCFDpHgPGNImRy7FC-AfjfTx42YllFVqoQ7R_wxzLhU

  2. Não podemos viver sob a ameaça de golpe. Se houver anistia irrestrita, outras tentativas virão.

    Quer dizer que os depredadores que tentaram com suas ações a instauração de uma ditadura não mereciam ser punidos? São anjinhos? Não possuem vontade própria? Foram obrigados a tal tentativa?

  3. Senhor Jose Vidal , a sacada é a seguinte , anistiando os pobres diabos coitadinhos do 08/01/2023 , logicamente que por ” direito isonômico ” teriam também que anistiarem os donos do inferno , ou seja , os diabos chefes , como ficou obvio e claro ontem em São Paulo .

  4. Essa manifestação na Av. Paulista é um ensaio para uma nova tentativa de golpe.
    Sinto o cheiro do povo evangélico nas ruas, batendo panelas e entoando o discurso clássico, usado em 1964:

    Deus, Familia, Liberdade e Propriedade. O lema do fascismo, que encanta no primeiro momento, depois se torna um vale de lágrimas. Aquela manifestação em Copacabana, uma bateção de panelas ensurdecedora, durou 21 anos. Uma longa noite de terror.

  5. “E quem depredou o patrimônio que pague”, disse Bolsonaro sobre os verdadeiros vândalos. Isso é “ANISTIA”???”

    Prezado Carlos Newton, o torcer os fatos faz parte do ato de pessoas desonestas, e, infelizmente, é o que temos visto em alguns artigos e comentários, mas, graças ao Bondoso Deus, ao menos aqui na Tribuna, ainda vivemos uma democracia, onde a liberdade de expressão ainda é uma realidade.

    O ex-presidente deixou claro que essa anistia proposta não seria para todos, “E quem depredou o patrimônio que pague”, disse Bolsonaro sobre os verdadeiros vândalos”.

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