Pode não haver solução para guerra entre os israelenses e os palestinos

Família de palestinos sentados sobre os escombros de um dos prédios destruídos em ataque aéreo de Israel em Rafah, na Faixa de Gaza, em 12 de outubro de 2023.

Faixa de Gaza é destruída num guerra que não tem fim

João Pereira Coutinho
Folha

A fúria que o conflito israelense-palestino desperta é inversamente proporcional ao conhecimento sobre o tema. Direi mais: quanto menos se sabe, mais fanático se é —e isso vale para os dois lados. Haverá solução?

Sempre há: lendo. E, na vasta bibliografia sobre a tragédia, há um livro de Ian Black que tem se destacado nos últimos anos: “Enemies and Neighbors: Arabs and Jews in Palestine and Israel, 1917 – 2017″ (inimigos e vizinhos: árabes e judeus na Palestina e Israel, 1917-2017).

COMPLEXIDADE – Li a obra a conselho de amigos e pasmei com a erudição de Black: o historiador leu tudo —textos canônicos, obras de referência, jornais, diários, cartas privadas— e apresenta o conflito em toda sua complexidade histórica.

Onde outros veem apenas imperialistas ou terroristas, consoante o gosto, Black vai revelando seres humanos de carne e osso que a história contemporânea foi empurrando para a Palestina otomana: judeus que fogem dos pogroms russos; trabalhadores palestinos que se sentem ameaçados, e depois economicamente excluídos, pela imigração judaica.

Mas também nacionalistas judeus contra nacionalistas árabes, ambos brutais e irreconciliáveis, disputando a totalidade do território entre o famoso rio e o famoso mar.

CRÍTICAS AOS DOIS LADOS – A juntar a isso, Black é primoroso na reconstituição da duplicidade das grandes potências, sobretudo a Inglaterra, que nos anos da Primeira Guerra Mundial foram fazendo promessas contraditórias aos dois lados.

Aos judeus, a promessa de que teriam o seu Estado na Palestina; aos árabes, de que teriam o seu Estado também. Era preciso não alienar apoios na luta crucial contra os otomanos.

Quando as armas se calaram, em 1918, havia um rastro de ilusões que tinham sido semeadas e que agora exigiam a sua colheita. O Plano de Participação das Nações Unidas (1947) tentou, no fundo, resolver o que já era irresolúvel.

DOIS ESTADOS – Ian Black critica, com razão, as lideranças árabes que atraiçoaram as aspirações dos palestinos ao não aceitarem a solução dos dois Estados —a única possível mediante as circunstâncias.

Mas também não perdoa a obsessão judaica, depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967, de povoar a Cisjordânia (e, em menor grau, Gaza) com assentamentos israelenses, que inviabilizam qualquer Estado palestino.

Hoje, olhando para o conflito, há quem diga que a destruição do Hamas em Gaza é condição “sine qua non” para que um dia seja possível retomar o caminho dos dois Estados.

REJEIÇÃO MÚTUA – Parcialmente, isso é verdade: o Hamas rejeita a existência de Israel e, desde os Acordos de Oslo, esteve sempre na vanguarda da destruição do “processo de paz”. Mas, lendo Ian Black, não é preciso citar os radicais para explicar o fracasso de Oslo.

Os líderes “moderados” de Israel e da Autoridade Palestina fizeram um bom trabalho nesse capítulo: a incapacidade para fazerem sacrifícios dolorosos na busca da paz —Israel com os assentamentos, por exemplo, e a Autoridade Palestina com a exigência irreal do retorno dos refugiados palestinos a Israel— cavou um fosso provavelmente intransponível.

Ian Black não oferece nenhuma solução para o conflito, talvez por suspeitar que não exista solução. Muito menos agora, com as matanças infernais em Gaza. Mas já é um feito conseguir escrever 600 páginas de história sem desculpar nenhuma das partes em confronto. O realismo sempre foi incômodo para os fanáticos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há solução. Criar os dois Estados. Mas Israel teria de ceder a Faixa de Gaza e as áreas ocupadas na Cisjordânia. E não fará isso nunca. E os semitas continuarão se matando, per secula seculorum. (C.N.)

9 thoughts on “Pode não haver solução para guerra entre os israelenses e os palestinos

  1. Antissistema X Sistema, é a única polarização que vale a pena, neste momento histórico, porque é dela que pode surgir e vingar o Coelho Novo que tanto necessitamos, há trocentos anos, o resto é tudo mais dos me$mo$ que implica apenas em mais perda de tempo versus tempo perdido. Terceira, 4ª, 5ª… vias ordinárias, dos me$mo$, vai dar, inevitavelmente, na mesma e velha polarização política nefasta dos me$mo$, forjada, protagonizada e desfrutada, há 134 anos, pelo militarismo e o partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, inclusive porque todas camaleônicas, cujo destino final, ao que parece, a cada novo golpe, ditadura ou estelionato eleitoral, afeiçoa-se a uma espécie faz de Brazuela sem perder de vista um possível Haitibras, cuja saída alvissareira única encontra-se isto sim na Nova Via Política Extraordinária, como propõe a Revolução Pacífica do Leão, o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, o novo caminho par o possível novo Brasil de verdade, confederativo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, que vai dar, inevitavelmente, na possível Nova Europa Brasileira…, opção inédita na história do Brasil que pode ser viabilizada, pacificamente, via eleições com características plebiscitárias contra tudo isso que aí está, há 134 anos, apresentada por um partido que se proponha a ser de fato desprendido, coerente diferente de tudo isso que aí está, ante a proibição de candidaturas avulsas imposta, ditatorialmente, pelos me$mo$, que se dizem democratas, não obstante franqueada nos EUA pela democracia norte-americana copiada pelos me$mo$, mal e porcamente, apenas no que convém ao domínio perpétuo dos me$mo$, até morrerem de idosos agarrados às tetas do erário, legadas aos seus rebentos. http://www.tribunadainternet.com.br/2024/03/07/em-meio-a-mesmice-da-polarizacao-ninguem-procura-uma-terceira-via/?fbclid=IwAR2GWmEIxoTwKdTzGwiaHP5xOT36cxM6ChRLHZVNsBDk1gIh1Z_R-LVEFTY#comments

  2. Tinha três cachorros grandes no quintal de casa, três irmãos, dois deles resolveram medir forças para ver quem era o dono do pedaço, e, por conseguinte, se atracaram em combate mortal, sem que pudéssemos fazer nada para impedir a briga, uma, duas, três…, até que na quarta contenda um tombou de um lado e o outro do outro, extenuados de tanto brigar, sem que um conseguisse matar o outro, com o terceiro irmão, o mais inteligente, que se dava bem com ambos, a tudo assistindo, nervoso, mas tb sem tomar partido. A solução foi arrumar outra morada para o caçula longe da casa dele e do irmão mais briguento, foi um santo remédio, a paz voltou a reinar, ainda que com dor no coração de separar os três irmãos. Entre os cachorros não foi difícil resolver o conflito, mas entre humanos é diferente, a encrenca é mais complexa.

  3. 1) Licença… eleições hoje para o Parlamento Português, apuradas 98% das urnas: PSD Partido Social Democrata + aliança centro direita na frente com pequena vantagem;

    2) PS = Partido Socialista + coligação de centro esquerda, chamada no passado de “Geringonça”

    3) Chega = novo partido de extrema direita, surpresa com 37 cadeiras já garantidas… contra imigrantes brasileiros e outros mais…

    4) Os dois primeiros devem se aproximar para constituir o novo governo…

    5) Boa Sorte “Portugal meu avôzinho”… título de um livro do jornalista Davie Nasser, nos anos 1950…

    6) Tenho orado pela situação em Gaza, para que a Paz chegue logo. Hoje Biden disse que Netaniahu está prejudicando Israel…

  4. Adendos, em:
    “A fraternidade mundial da Maçonaria poderá finalmente iniciar a construção do novo Templo, o Templo do Anticristo, que os maçons chamarão de Templo Restaurado de Salomão (Leia o artigo N1643, intitulado “O Desejo Ardente de Reconstruir o Templo é o Ímpeto Propulsor que Está por Trás dos Eventos no Oriente Médio”) para ter uma compreensão completa da intensidade da obsessão dos maçons com o novo templo.)

    Os maçons mundiais acreditam que precisam reconstruir o Templo de Salomão, ou irão entrar em decadência e desaparecer.

    Os árabes que estão perpetrando ataques contra Israel precisam saber que a liderança deles está envolvida em planos secretos de base judaica para reconstruir o terceiro Templo.

    Os árabes poderão sofrer um ataque de facada nas costas quando acreditarem que a guerra deles conseguirá ser bem-sucedida!”

    [Texto original completo em https://www.cuttingedge.org/newsletters/newsalertarchives/2024/NewsAlert-2-29-24.htm%5D

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