Maioria dos brasileiros insiste em lutar contra corrupção, mas quem se habilita?

Tribuna da Internet | Sociedade brasileira está aprisionada à corrupção do caráter, uma forte pandemia

Charge do Tacho (Jornal NH)

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

O tiro fatal contra a Lava-Jato foi disparado pelo juiz símbolo da operação — Sergio Moro, quando aceitou ser ministro da Justiça de Bolsonaro. Sendo generoso, havia atenuantes favoráveis à escolha de Moro. O então futuro presidente entregara tudo, o controle da Polícia Federal, de todo o sistema de segurança pública e das movimentações financeiras. Mais a garantia de apoio aos ambiciosos projetos de combate à corrupção.

Avaliação equivocada de Moro. Primeiro, Bolsonaro já não era de confiança, mesmo porque ele e seus filhos tinham rolos na Justiça e na polícia. Seu comportamento nunca foi de um republicano, mas de desconfiança em relação às instituições, a começar pelo Judiciário. Não demorou muito para Bolsonaro reclamar da PF de Moro e conseguir uma PF para chamar de sua.

DAVA PARA DESCONFIAR – Em segundo lugar, dava para desconfiar: a elite política aceitaria tanto poder nas mãos de Moro? Temos a vantagem de olhar para trás. Mas falemos francamente: a Lava-Jato, gostando ou não seus outros integrantes — e muitos não gostaram —, tornara-se bolsonarista. Isso num país rachado ao meio.

Sim, havia as conversas grampeadas entre os procuradores e Moro, mas dificilmente levariam à aniquilação da Lava-Jato de Curitiba e, depois, de tudo o que fosse combate à corrupção.

Em entrevista ao Valor, publicada na última quarta-feira, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, uma das lideranças da operação, comentou que esse tipo de conversa é rotineiro na Justiça. Correto. Acrescentamos: rotineiras também são as conversas de advogados com os juízes, prática, aliás, que permanece intacta. Todo mundo familiarizado com os meios jurídicos de Brasília sabe o que é um “embargo auricular”, não raro praticado em jantares, recepções e viagens.

DENÚNCIAS VAZIAS – Houve também acusações de desvio de recursos devolvidos por delatores, mas nada disso foi provado. Dallagnol não foi cassado por isso. A Justiça Eleitoral aceitou o argumento de que ele renunciara ao cargo de procurador para escapar de sindicâncias que poderiam levar a processos, que poderiam levá-lo ao afastamento da Procuradoria. Poderiam?

Moro pode ser cassado por gastos na pré-campanha eleitoral para presidente. Não acharam nada mais forte que isso?

Se fosse aplicado o mesmo rigor às contas de tantos outros candidatos, sobraria pouca gente. Lembram-se da chapa Dilma-Temer, absolvida pela Justiça Eleitoral “por excesso de provas”, na expressão imortal de Jorge Moreno?

LEITURAS POLÍTICAS – Estão aí exemplos do que o ministro Gilmar Mendes, também em entrevista ao Valor, chamou de “leituras políticas”. E as defendeu. A decisão de voltar à regra de prisão só depois do último trânsito em julgado — em vez de prisão após condenação em segunda instância — decorreu, disse o ministro, justamente de uma leitura política.

Livrou Lula e abriu caminho para sua volta. Também tinha sido leitura política a de outro momento que levara à prisão de Lula.

Repararam que nada se fala de letra da lei, de interpretação jurídica sustentada? Repararam que ninguém fala dos atos concretos de corrupção, das confissões e, sobretudo, do dinheiro devolvido? Anula-se tudo por questões formais.

NA VARA ERRADA – De Sérgio Cabral — das lanchas, joias, mansão em Mangaratiba, farras em Paris —, foram anulados uns 40 anos de penas. Seria inocente? Não se tratou disso. O Tribunal de Justiça “descobriu”, tantos anos depois, que o ex-governador fora julgado numa vara errada. Teria de começar tudo de novo. Mas, bobagem, não vai dar tempo. Devolverão a lancha e as joias leiloadas?

Certa elite política e judiciária entendeu que o povo não estava mais preocupado com isso de corrupção. Logo, anule-se tudo antes que o povo perceba. Pois parece que está percebendo de novo: 59% dos entrevistados colocaram a corrupção entre os dois maiores problemas do país (o primeiro é a segurança), segundo pesquisa Atlas/Intel.

Quem poderia levantar de novo essa bandeira? Certamente, ninguém do lado de Lula ou de Bolsonaro.

11 thoughts on “Maioria dos brasileiros insiste em lutar contra corrupção, mas quem se habilita?

    • Abrólhos! Coincidências?(Apocalipse 17.17=todos.e uma mesma idéia.)
      “Eles tinham alguns segredos a guardar das pessoas a quem queriam escravizar. Weishaupt achava que tinha uma aliada potencialmente forte na sociedade, chamada Maçonaria. Estabelecidos oficialmente dentro do Mundo Ocidental em 1717, os maçons ensinavam que, um dia, as atitudes e valores de todos os homens de todas as nações evoluiriam naturalmente, até o ponto em que todas as religiões se fundiriam. Todos os homens compreenderiam que são irmãos. Além disso, os maçons achavam que liderariam o caminho para essa nova compreensão global. Esse novo sistema global era inevitável e aconteceria natural e pacificamente.

      Weishaupt dizia “Bobagem”! Isso nunca ocorrerá natural e pacificamente; precisará ocorrer somente por meio de revolução violenta. Assim, Weishaupt e seus homens começaram a se infiltrar nas lojas maçônicas europeias em 1776 e, em apenas treze anos, em 1789, já controlavam todas as lojas maçônicas na Europa com sua visão de mudanças violentas. A tomada das Lojas Maçônicas Americanas não ocorreu até 1830, tanto quanto eu possa identificar; no entanto, Weishaupt conseguiu conquistar os corações de muitos maçons norte-americanos antes dessa data.

      Weishaupt não tinha um elemento em seu grande plano para estabelecer sua Nova Ordem Mundial: um Plano de Batalha Tático que claramente especifica como ele deveria proceder para derrubar todos os governos estabelecidos no mundo ocidental.

  1. A maioria é contra a corrupção? Só se for contra a dos outros.

    Ou só é corrupção aquela praticada pelos políticos ou outras figuras do serviço público?

    E crimes como a TV Pirata, sonegação de impostos, etc? Quanto o país perde por ano?
    Muito mais do que a corrupção difundida pela lava jato e um dos motivos da alta taxa tributária que recai em todos nós.

    Mas isso parece coisa normal, um hábito já disseminado na sociedade e pior, aceitado como coisa correta.

    O bom mesmo é ir na onda.

    • POR UM NOVA CONSCIÊNCIA NACIONAL, POLÍTICA, SOCIAL E ECONÔMICA, sem a qual será impossível tirar o Brasil do quinto dos infernos do quinto mundo. O Brasil na verdade precisa sim de um “Salvador da Pátria”, ou seja, da Pátria das pessoas de bem, honestas, honradas e de boa vontade, porém não na forma de pessoa física mas isto sim de projeto inovador, revolucionário, e não de “salvadores da pátria” da corrupção e dos corruptos, mercenários, venais e afin$ que vira e mexe são inventados por partidos e veículos de comunicação mercenários, bandidos, venais, corruptos e afin$ que terminam sempre em frustrações e desastres nacionais e internacionais. Entendeu Vital, ou será necessário desenhar. Então tá, conte agora aquela do papagaio. Não existe remédio eficaz para a doença da corrupção no Brasil que não consiga arrancar da cabeça do brasileiro a maldita mentalidade escravocrata formada pela doença de levar o máximo de vantagem em tudo o tempo todo, que, há séculos, vem de cima para baixo e que contaminou quase tudo e quase todos. Nesse sentido, o fato é que o Brasil, sob a égide da república o militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, carece de muitas revoluções que demandariam séculos para colocá-lo num ponto de partida ideal para competir com o mundo desenvolvido e civilizado. Daí, a nossa Decisão D, há cerca de 40 anos, aceitar o desafio de colocar todas as revoluções necessárias ao Brasil, para tirá-lo do quinto dos infernos do quinto mundo deplorável, e alçá-lo na vanguarda democrática do possível novo mundo, civilizado, além dos EUA, Mega Revolução essa sintetizada na Revolução Pacífica do Leão, com o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, a nova via política extraordinária, o novo caminho para o possível novo Brasil de verdade, confederativo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, porque a libertação do Brasil e do povo brasileiro das garras poderosas e afiadas do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, se fazem necessária há muito tempo, porque evoluir é preciso e, sobretudo, porque, em sã consciência, ninguém aguenta mais o continuísmo da mesmice dos me$mo$, com as suas , armações, esquemas, mentiras, enganações, golpes, ditaduras e estelionatos eleitorais,

  2. Ou brasileiro mentem em pesquisa ou pegaram brasileiros que moram em outro lugar porque o brasileiro padrão mediano não só tolera a corrupção como também é corrupto. Corrupção não é “só” roubar mas também desrespeitar as regras de trânsito além das demais para benefício próprio ou dos seus. Há uma cultura das trangressões às regras neste país e isso é cultural. Acidente com vítima na estrada primeiro saqueiam a carga para depois socorrerem os feridos presos às ferragens. Até as pessoas que tiveram acesso a educação são corruptas por aqui. Logicamente em menor grau. Povo deseducado aos milhões com cultura de viver de assistencialismo. Essa é a realidade. Uma minoria informada, formalmente educada e com boa índole é que combate a corrupção por aqui.

  3. Senhor PEREZ , eu trabalhava no ” Bairro Cajú -RJ ” , quando do alagamento da Av,Brasil na cabeceira da ponte Rio-Niteroi , apareceram varias pessoas como se brotassem do chão , para saquearem as cargas dos caminhões presos nas enchentes , em plena madrugada , pois o transito já estiva literalmente parado e os motoristas totalmente expostos e indefesos , e não tinha como a polícia ocorre-los , já vi o povo saquearem carretas frigoríficas transportando frangos tombadas na entrada de Curitiba , eram como formigas de tanta gente que apareciam em pleno inverno de madrugada entre 01:00 hora e 02:00 haras , e ninguém se preocupando em salvar os ocupantes da carreta frigorífica , eu estava indo de ônibus do RJ p/ São Francisco do Sul c/ parada em Curitiba , outro saque vi ,foi a queda do caminhão transportando eletrodoméstico , caiu do viaduto na linha férrea do Bairro Austin , e o povo ao invés de socorrerem as vítimas que ainda estavam vivas presas nas ferragens , foram saquear a carga do caminhão , e aqui mesmo no Estado do Amazonas a polícia federal estava distribuindo para o povo dito carentes , as madeiras que foram apreendidas , sendo que algumas donas de casa recebiam a sua parte e entravam em outra fila , como se não tivessem recebido , deixando faltar para quem não recebeu , ou seja , a corrupção corre livre , leve e solta na sociedade Brasileira .

  4. No Brasil, corruptos são só os guardas de transito.
    O resto são só espertos que se dão bem.
    Querem descriminalizar tantas coisas, mas só não falam na descriminalização da corrupção, porque na prática já é descriminalizada..
    Não sei porque ainda a consideram crime, pois é prática mais comum no Brasil.
    Corruptos unidos, jamais serão vencidos.
    Ave “Cesar”, os corruptos e que irão ainda se corromper, te saúdam.

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