Deputados vão atacar Moraes, PF e STF pelas falhas comedidas no caso Marielle

PF põe urgência em perícia de novas provas do caso Marielle e não indicia  os Brazão; entenda

Os irmãos Brazão, algemados, e o delegado sem algemas…

Carlos Newton

O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação da morte da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, o próprio Supremo e a Polícia Federal vão sofrer duras críticas na próxima sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, dia 9, quando será discutida a licença para manter a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato.

Um dos motivos é o fato de que a própria Polícia Federal ter reconhecido que se baseia exclusivamente nos depoimentos do réu confesso Ronnie Lessa, porque as investigações ainda não conseguiram encontrar provas cabais que corroborem as denúncias que envolvem o deputado, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, e o delegado Rivaldo Barbosa, que era chefe de Polícia na época.

DIZ A POLÍCIA FEDERAL – O pior é que a Polícia Federal reconhece não ter a menor possibilidade de encontrar essas provas materiais.

“Diante do abjeto cenário de ajuste prévio e boicote dos trabalhos investigativos, somado à clandestinidade da avença perpetrada pelos autores mediatos, intermediários e executor, se mostra bem claro que, após seis anos da data do fato, não virá à tona um elemento de convicção cabal acerca daqueles que conceberam o elemento volitivo voltado à consecução do homicídio de Marielle Franco e, como consequência, de seu motorista Anderson Gomes”, afirma o relatório, em seu linguajar pseudo-intelectual, que requer tradução simultânea.

Repita-se ad nauseam, como dizem os juristas: o próprio relatório que pede a prisão dos mandantes revela que não se conseguiu nem se conseguirá encontrar provas (“elemento de convicção cabal“) contra eles. Mesmo assim, foram feitas as prisões.

EXPULSÃO – Quando expulsaram o deputado Chiquinho Brazão, os integrantes do partido União Brasil ainda não sabiam que a PF não encontrara evidências contra ele. Mas agora os membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara já têm pleno conhecimento do relatório policial e a sessão vai ferver.

Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, outro fato chocou os parlamentares, inclusive o presidente da Câmara, Arthur Lira. Quando desceram do avião da PF, na chegada a Brasília, o deputado federal e seu irmão, Domingos Brazão, estavam algemados, mas o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, que também é denunciado pela PF por envolvimento na morte da vereadora, estava sem algemas ao desembarcar.

Arthur Lira ficou furioso o ver as fotografias tiradas no aeroporto.

NORMA LEGAL – É preciso haver confirmação da Câmara para a prisão ser mantida, determina expressamente a Constituição Federal.

O artigo 53, § 2º, diz que “a partir da expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

Os parlamentares deverão analisar a situação na Comissão de Constituição e Justiça. Depois, o caso segue para o plenário. A decisão é obtida por votação aberta, com maioria absoluta de votos, ou seja, mais da metade do colegiado (pelo menos 257 votos dos 513).

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P.S. 1
As expectativas são de que a prisão do deputado Chiquinho Brazão seja confirmada pela Câmara. Mas haverá críticas pesadas ao relator Moraes, por desprezar a Constituição e prender um deputado federal sem flagrante – e sem provas materiais. E a crise entre Congresso e Supremo torna-se cada vez mais grave.

P.S. 2Fica parecendo que o ministro Ricardo Lewandowski mandou encerrar a investigação antes de concluída, para encenar esse espetáculo midiático e relegar ao esquecimento o fracasso da fuga dos chefões do PCC que estavam no presídio de segurança mínima, e pensavam que era máxima. (C.N.)

10 thoughts on “Deputados vão atacar Moraes, PF e STF pelas falhas comedidas no caso Marielle

  1. A apreensão de telefones e de outros eletrônicos, além de documentos podem conter as provas materiais que corroborem o que o delator denunciou e os indícios bastante verossímeis que a PF colocou no relatório.
    E lembrar que algumas informações confidenciais não foram divulgadas, conforme o relatório.

    De qualquer forma, as prisões preventivas, solicitadas pela PF, se justificavam, justamente para colher provas documentais ainda mais robustas. Vamos ver o andamento.

  2. Fora de campo.
    Se $talinacio Curro de la Grana fosse de esquerda seria chamado de presidengue e genocida.
    Os devotos não gostam de certos fatos, preferem as tais narrativas
    E tá morrendo gente bagarayo.

  3. Se não tem provas, se a prisão é tida como arbitrária, e se os deputados federais ainda assim deixarem que ela ocorra e continue, então eles, os deputados estarão na mesma situação do ministro que mandou prende-los.
    Ai não tem a desculpa de dizer que não querem assumir o ônus de livrar a cara do deputado.
    Estão no parlamento por conta da lei, e se não tomarem a atitude de fazer valer o princípio legal, é porque são covardes mesmos.
    Dura lex, sed lex,no cabelo só gumex e não tem choro.

  4. Foi uma falha monumental, a colocação de algemas no Deputado Federal e no Conselheiro do TCE, que não tinham nenhuma possibilidade de se evadir entre a descida do avião e a entrada na viatura policial. Deu munição aos críticos e expôs o ministro Alexandre de Morais. Ainda por cima, os agentes da PF, estranhamente, não algemaram o delegado da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. Nesse caso, estão sendo criticados severamente pela Câmara dos Deputados, com inteira razão. Prevaleceu o Espírito de Corpo.

    Vai ter retaliação do Legislativo. Não consigo entender, como conseguem cometer certos deslizes, que poderiam ser evitados? Cutucaram a onça com vara curta, logo haverá consequências, vindas da Câmara dos Deputados.

  5. Tenho observado muita gente desacorçoada. Não foi Bolsonaro que roubou os móveis do palácio e não foi ele que mandou matar a Marielle.

    Todas aquela narrativas como bosta que eram desceram pelo vaso sanitário. Que venga novos discurso e novas narrativas.

    Adelante muchachos!

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