Não aprender com o passado provoca um vazio que não é nada democrático

Aprender ciom o passado é a grande lição da História

Janio de Freitas
Poder 360

Aprender com o passado é para poucos. Exige alguma humildade das convicções e, não é raro, desistência de sonhos sedutores ou ambições vorazes. Os 60 anos do assalto ao poder em 1964 motivaram demonstrações, embora indiretas nos mais numerosos artigos, de que as convicções e ambições da mentalidade militar nada aprenderam sobre instituições democráticas e seus próprios deveres, nas seis décadas.

O golpismo dos acompanhantes de Bolsonaro vem do golpe de 1964. É o caso, então, de desaprender. Deve funcionar: desaprender de dar golpe, de prezar mais o autoritarismo do que a democracia, de se imaginar tutor do país. Sem aprender nem desaprender, o imprevisto entra em cena.

SEM REAÇÃO – A grande surpresa de 1964 foi dos vitoriosos, um capítulo que falta na história já composta daquele golpe e suas circunstâncias. Os envolvidos com os planos para a derrubada de João Goulart, tanto militares como civis, tanto brasileiros como norte-americanos, foram surpreendidos pela absoluta falta de reação.

Nem ao menos a resistência pontual de um ou outro dos muitos focos de agitação e desafio do reformismo, paisano e fardado, à hierarquia das Forças Armadas e ao conservadorismo.

O previsto pela conspiração direitista era nada menos do que a eclosão de uma guerra civil. Seus preparativos foram todos nessa linha. Dias antes do levante em Juiz de Fora, mineiros eminentes saíram do Rio e de Brasília para Belo Horizonte: iam integrar o governo rebelde, como fez o senador Afonso Arinos para se tornar ministro da Justiça sob a Presidência de Magalhães Pinto na república rebelada.

MOREIRA ALVES – Mineiro, mas não da cúpula conspiratória, o jornalista Márcio Moreira Alves soube na família da partida de seu parente Mello Franco. Partiu também. Não sem antes ceder à tentação jornalística e insinuar a amigos o motivo de sua ida para BH. Não foi muito acreditado.

Jango passou o dia 31 no Rio, conversando com íntimos e integrantes do governo, no Palácio Laranjeiras, sobre a situação. Sobrinho de Magalhães Pinto e visto com simpatia por Jango, José Luiz Magalhães Lins foi incumbido de obter a ida ao palácio de Santiago Dantas, prodígio de inteligência argumentativa, com informações de alta gravidade.

Assim, Jango soube da iminência de proclamação do governo rebelde, com adesões estaduais que partilhariam o país. E a principal: saía dos Estados Unidos uma frota capitaneada pelo porta-aviões Forrestal, a localizar-se em águas do Espírito Santo para apoiar as forças rebeladas no enfrentamento com as forças governistas.

ESTADO PSICOLÓGICO – Pesquisas sobre esse capítulo podem indicar, no choque ideológico e social, o estado psicológico do país, a meu ver, determinante para os fatos do dia 31 e do lógico 1º de abril. De uma parte, o medo de classe, o pavor – do comunismo impossível, de imaginadas perdas materiais, de massas vitoriosas – a ponto de optar pela guerra civil.

De outra parte, a reivindicação de reformas humanamente justas, a agitação induzida por lideranças políticas e sindicais, quando não pelo próprio governo, e um otimismo cego.

O golpismo se acelerou para o tudo ou nada do enfrentamento armado quando Prestes, indagado sobre a ascensão dos comunistas, deu uma resposta que sintetizava a presunção do PC na época: “Nós já estamos no poder”. Quem cedera ao medo passou ao pavor. E à ação intensa e extremada.

ARQUIVOS SOVIÉTICOS – Aí está o tema para outra pesquisa esperada pela história de 1964. Os arquivos da União Soviética, abertos por Gorbatchov nos anos 1980, por certo têm mais do que se soube da dubiedade de Moscou quanto aos fatos brasileiros no ante e no pós-1º de abril.

Importa saber a orientação dada pela URSS porque explicará a política do PC – principal condutor da forte agitação sindical e, no plano político e congressista, adepto de embaraços às tentativas do reformismo.

Não remoer o passado é sabedoria na vida pessoal. Transplantada para as nações, deixa um vazio que impede até de se sentir vergonha por horrores que pontuaram o passado.

11 thoughts on “Não aprender com o passado provoca um vazio que não é nada democrático

  1. DIRETAS-JÁ, A GRANDE TRAGÉDIA BRASILEIRA QUE CUSTARÁ 400 ANOS DE ATRASO AO PAÍS! Por certo, a grande maioria dos entusiastas das Diretas-Já ou do fim da Ditadura Militar, sonhavam com uma grande e próspera Pátria livre; aliás, foi uma ampla ditadura ‘’cívico-religiosa-militar-norte-americana’’, mesmo porque as Forças Armadas intrinsicamente não teriam efetivos suficientes para governar e administrar o país. O Comentarista do programa Globonews em Pauta, André Trigueiro, salientou que a maioria dos meios de comunicação, jornais, rádio e TV, aderiram ao golpe militar, ‘’principalmente a Rede Globo’’, digo eu, mas nessa parte o grande jornalista deu um pequeno e estratégico pulo. Na época, as igrejas evangélicas não eram nada, mas sim a poderosa nossa senhora do Brasil, a Igreja Católica. Os evangélicos se empoderaram e enriqueceram os cofres de suas igrejas; organizações criminosas civis e as organizações criminosas partidárias, advogados do diabo da OAB, do Estado e dos Três Poderes, etc. As ONGs, os sindicados, conselhos, bancadas disso, bancadas daquilo, infestaram o Congresso Nacional, as câmaras, prefeituras, assembleias, governos estaduais, etc. O Brasil das ‘’Diretas-Já’’ se tornou uma nação de gângsteres, quadrilheiros, bandoleiros, salteadores, rapinadores, saqueadores de cofres públicos e privados. Trilhões e mais trilhões de reais saíram pelo ralo dos cofres públicos e foram parar nos bolsos de corruptos, marajás, contas bancários e paraísos fiscais. O Brasil perdeu também centenas de bilhões de reais com a perda de divisas pela ‘’importação de drogas e armas’’ das facções. Todas aquelas festas do Judiciário na incineração de drogas na verdade são dólares que os traficantes deixaram na Bolívia, no Peru, na Colômbia, na Venezuela, etc. A propósito, Lula Lá, onde estão os bilhões de reais que a Venezuela, Moçambique e Cuba? No nosso povo que há pouco estava comendo ossos descarnados, frangos exumados, lixo das feiras livres, ou passando fome, é o credor! Você está com medo do Maduro, Lula? Você e Bolsonaro estão com medo do sanguinário Putin? Precisamos nos ajoelhar e negociar com as nações indígenas para ficarmos autossuficientes em fertilizantes! Se explicarmos direitinho nossas necessidades eles entenderão, os indígenas não são diabólicos, frios, maquiavélicos, calculistas como nós, brancos, tanto é que entraram na conversa de Jesus Cristo! Os indígenas já sofreram mil vezes mais do que na Ditadura Militar. E o povo Krenak, massacrado e humilhado na Ditadura, sofreu muito mais na democrática Republica das Diretas-Já, tendo Mariana e Brumadinho como golpe de misericórdia! Eu que tinha orgulho de ter sido oficial do Exército na década de 70, principalmente pelas grandes obras, agora repudio esse orgulho pela maneira que os Krenak foram tratados. O Marechal Rondon teria negociado com esses povos, e, por agradecimento, pela permissão negociada para explorar minerais estaria até hoje oferecendo a eles – verdadeiros proprietários do Brasil – grandes banquetes com mesas repletas de frutas, carnes e peixes, água mineral puríssima, sem nenhum percentual de mercúrio. O que seria isso perto dos muitos trilhões de dólares já exportados em minério? Todavia, ao contrário, essa maldita democracia de ladrões, canalhas e facínoras, chamada Diretas-Já, ampliou o genocídio dos Krenak, ianomami, e outros, bem como todos os demais povos e nações afrodescendentes que sobreviveram a grande extinção promovida pelo grande líder Jesus Cristo. Aliás, todo o povo brasileiro está sendo massacrado há 40 anos, pelo salário mínimo de fome, pela criminalidade/impunidade/garantismo, pela Ditadura ‘’Deus, Pátria e Família versão evangélica bolsonarista corrupta e antivacina, terraplanista, geocentrista, teocrática, corporativista, lobista, fisiologista, (…)! LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

  2. “Não aprender com o passado provoca um vazio que não é nada democrático.”
    PS. As escrituras e seus lembretes sobre “Herodes Gates” & “Sodoma e Gomorra”!

  3. Não aprender com o passado provoca um vazio que não é nada democrático

    Ainda bem que o Jornalulista não citou os anos de 1.917 e 1.959.

    Talvez não queira lembrar o passado que está bem presente….

    :0 )

    • O olho do pirata só enxerga a pilhagem e o hábito do cachimbo deixa a boca torta. No auge da Guerra Fria os devotos queriam um alinhamento com a União Soviética.
      O Muro de Berlim ainda não caiu para certos jornalistas.

  4. O jornalista não mencionou algo importante; Jango era Vice ( só chegou lá depois da renuncia do Presidente) e não possuía a força da urnas para fazer reformas tão profundas.

  5. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ironizou o erro que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometeu na quarta (3) ao dizer que 12,3 milhões de crianças morreram em Gaza no contra-ataque israelense ao Hamas.

    Em uma postagem nas redes sociais nesta sexta (5), Katz afirmou que “deveria haver uma lei que obrigasse toda pessoa que deseja se tornar presidente a aprender a contar”, marcando Lula na postagem.

    A população de Israel somada à de Gaza soma 11 milhões de pessoas

    Na fala de quarta (3), durante a Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília, Lula ainda classificou os bombardeios como uma “guerra insana contra a humanidade”.

    “Às crianças, às quase 40 mil que morreram e ficaram órfãs de pai e mãe por causa da Covid. São as crianças que, no Brasil, morrem de desnutrição porque ainda não recebem as calorias e as proteínas necessárias. Mas, sobretudo, é uma homenagem as quase 12 milhões e 300 mil crianças que morreram na Faixa de Gaza, em Israel, bombardeadas em uma guerra insana contra a humanidade”, disse a Mula..

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