Regulamentação tributária desloca debate político para matéria econômica

Haddad entregou projeto de lei complementar ao Congresso

Pedro do Coutto

Finalmente o debate político desloca-se para matéria econômica a partir do projeto do governo de regulamentação tributária do país. O sistema foi bastante simplificado e reduzido, prevendo uma incidência do imposto de forma geral até 27% a ser cobrado no ponto do consumo e não mais na esfera da produção.

Quatro meses após a promulgação da reforma tributária, o governo enviou o primeiro projeto de lei complementar com a regulamentação dos tributos sobre o consumo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregou a proposta ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira  no início da noite de quarta-feira.

PREVISÃO – A proposta prevê alíquota média do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) de 26,5%, podendo variar entre 25,7% e 27,3%, informou o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy. Atualmente, os bens e os serviços brasileiros pagam, em média, 34% de tributos federais, estaduais e municipais.

Com 306 páginas e cerca de 500 artigos, o projeto de lei complementar precisa de maioria absoluta, 257 votos, para ser aprovado. Em pronunciamento no Salão Verde da Câmara dos Deputados, Haddad disse ter recebido o compromisso de Lira de votar a proposta no plenário da Casa até o recesso legislativo do meio do ano, previsto para a metade de julho. Segundo Haddad, a alíquota média pode ficar menor que os 26,5% estimados porque o sistema tributário brasileiro será completamente digitalizado, o que coíbe fraudes e aumenta a base de arrecadação.

É claro que os interesses diversos ocorrerão, mas de qualquer forma avança-se num campo difícil de se focalizar dada a multiplicidade das situações. O volume da matéria, por si só, mostra que haverá espaço para muitas discussões e debates, começando uma nova etapa política. O objetivo é aumentar a receita pública. Caminhemos agora para um debate que não se refere aos aspectos fisiológicos apenas e sem maior profundidade.

ADIAMENTO –  Enquanto isso, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, adiou a sessão marcada para apreciar os vetos do presidente Lula que estão em aberto. O adiamento foi para beneficiar o governo, uma vez que os vetos corriam o risco de serem derrubados, pois a disposição da maioria dos deputados e senadores  corre nesse sentido.

O adiamento não agradou ao deputado Arthur Lira, presidente da Câmara. O problema do relacionamento do governo com o Legislativo prossegue e agora um grupo de aliados do Executivo tenta levar ao presidente Lula a hipótese da entrada do vice-presidente Geraldo Alckmin na articulação política do governo. Trata-se de uma reação ao modo de atuar do ministro Alexandre Padilha que, como já ficou bastante claro, não agrada os parlamentares.

Padilha, entretanto, está sendo criticado de forma exagerada, pois a ação que desenvolve exige atendimento concreto à grande parte das reivindicações que se chocam com os programas essenciais do governo. Aí a situação se complica e surge a insatisfação. Não sei se a entrada de Alckmin poderá resolver e dar sequência efetiva a um diálogo permanente entre a base de sustentação do governo no Congresso com a realidade dos fatos.

6 thoughts on “Regulamentação tributária desloca debate político para matéria econômica

  1. 500 artigos? A nova Bíblia tributária de Banânia vai aumentar a derrama sobre o cidadão contribuinte. Como Loola não tem
    currículo para ser um José Joaquim irá ter o prazer de deixar uma bela tungada no bolso do bananiense nos anais (que substantivo bizarro) da era lavajatista.

  2. Vamos resumir: o povo brasileiro vai pagar mais impostos para sustentar a mamata dos politicos vagabundos, a paquidérmica máquina do serviço público, um judiciário inchado e com salários nababescos, a “natural” roubalheira da relação política com o setor privado. Vide o que aconteceu com a Lava-Jato… Não duvido que daqui a pouco o STF vai mandar devolver dinheiro do butim aos assaltantes. Uma vergonha! https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/justica-do-brasil-gasta-16-do-pib-e-e-a-mais-cara-do-mundo/#:~:text=A%20Justi%C3%A7a%20do%20Brasil%20%C3%A9,o%20judici%C3%A1rio%20em%2053%20pa%C3%ADses.

    • O mestre Pedro do Couto, como sempre, faz uma análise espetacular da relação entre o Executivo e o Legislativo.
      O adiamento da votação dos Vetos do presidente Lula, para o dia 9 de maio, articulado pelo governo, não será capaz de evitar a derrota. O cerne dos problemas enfrentados por Lula 3, se localiza na maioria dos parlamentares conservadores no Congresso. A trinca de parlamentares da Bíblia, da Bala e do Agro, comandam o Legislativo. O pior de tudo, é que a partir de 2026, seja qual for o presidente eleito, as dificuldades serão muito maiores.

      Não vai adiantar nada, trocar o Articulador Político do governo, o ministro Alexandre Padilha e repassar a missão para o vice presidente, Geraldo Alkimin. O vice não tem vocação para operador político. Esse papel, no momento, só pode ser exercido com eficácia, pelo presidente Lula. Mas, Lula não está com aquele tesão de outrora, para receber deputados, senadores e líderes das bancadas no Congresso.

      Então, as crises vão continuar, do mesmo jeito que está agora,: O Legislativo pressiona, o governo libera emendas. Dão um tempo e voltam a emparedar o governo. Será assim até a eleição de 2026. Quem dúvida desse roteiro dos horrores?

  3. Somente o Ciro Gomes fala sobre isto? É o Brasil nas mãos dos banqueiros.

    Mais uma semana se passou e nada de qualquer apuração: o governo Lula pagou R$ 93 BILHÕES num único dia (28 de dezembro passado) de precatórios que foram comprados por poucos bancos com deságio de até 60%, e que, com a inédita providência de Lula e Haddad, passaram, por milagre de informação privilegiada, organização criminosa, corrupção ativa e passiva, a valer pelo valor de face. Foram embolsados mais de R$ 30 Bilhões do povo brasileiro nessa inexplicável operação.
    https://twitter.com/cirogomes/status/1783636703434944608?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Etweet

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