Antibolsonarismo afetou debate sobre alternativas médicas durante epidemia

Ivermectina ficou associada ao negacionismo trumpista e bolsonarista durante a pandemia

Está provado que a ivermectina atua contra a Covid-19

Pablo Ortellado
O Globo

O populismo antissistêmico que a direita abraçou é um bicho com que é difícil lidar. É anti-institucional, anti-intelectual, agressivo e selvagem — em resumo, não sabe usar os talheres. Quando chegou ao poder com Bolsonaro e passou a comandar a burocracia do Estado, recebeu acertadamente oposição. Mas, em geral, essa oposição tomou a forma de uma negação automática: se Bolsonaro recomenda de maneira imprudente, a atitude responsável passou a ser afirmar enfaticamente o contrário.

Em nenhum momento o controle do Estado pelo populismo foi mais crítico que durante a pandemia. Bolsonaro coordenava o SUS, controlava o Ministério da Saúde, a Anvisa e a Fiocruz, um pesadelo. Na ânsia de se contrapor às teses selvagens e absurdas dele sobre o coronavírus e a pandemia, deixamos de analisar ideias próximas às dele ou que poderiam ser identificadas com ele. Isso nos levou a muitos erros na condução da pandemia —erros sobre os quais ainda não nos debruçamos.

ESTUDO DE OXFORD – Em artigo no Nexo Jornal, o médico e professor da UFRJ Olavo Amaral chamou a atenção para um estudo da Universidade de Oxford, recentemente publicado, que avalia a eficácia da ivermectina contra a Covid-19. O estudo descobriu que a substância não previne hospitalizações ou mortes, mas reduz o tempo que o paciente experimenta os sintomas, de 16 para 14 dias em média.

 A ivermectina ficou tão associada ao “negacionismo” trumpista e bolsonarista que os autores do estudo provavelmente acharam que não era responsável destacar esse resultado, enfatizando, em vez disso, a ineficácia para reduzir hospitalizações e mortes.

Não foi o primeiro estudo que mostrou a eficácia da ivermectina. Pelo menos quatro outros grandes estudos desde 2022 mostraram que a substância tinha efeito mensurável contra a Covid-19.

DIZIA A IMPRENSA – No artigo, Amaral lembra que, em 2021, antes da publicação dos estudos, a imprensa repetiu centenas de vezes, com o endosso de cientistas, que a ivermectina era “comprovadamente ineficaz”. Mas, se naquele momento não havia estudo sólido recomendando a ivermectina, também não havia nenhum estudo sólido provando sua ineficácia.

Tudo começou com a irresponsabilidade do presidente. Bolsonaro não dispunha de evidências científicas para recomendar ivermectina (ou cloroquina). Só que, para se opor a essa irresponsabilidade, cometemos o erro oposto. Afirmamos, equivocadamente, também sem boas evidências, que a substância era “comprovadamente ineficaz”.

Não foi só com a ivermectina que erramos. Como Bolsonaro se opôs à quarentena para proteger a atividade econômica, a imprensa e os cientistas o contestaram, afirmando (corretamente) que a quarentena era a posição cientificamente respaldada. Mas não ficamos aí. A necessidade de nos contrapormos com vigor à posição irresponsável de Bolsonaro nos impediu de discutir com tranquilidade e comedimento em que medida deveríamos adotá-la.

SEM REFLEXÃO – O antibolsonarismo bloqueou no debate público a discussão sobre a flexibilização da quarentena nas escolas. Quem quer tenha defendido a volta às aulas das crianças durante a pandemia foi automaticamente ignorado, tachado de bolsonarista. Não apenas não pudemos discutir na ocasião, como segue um tabu político revisitar criticamente nossa política abrangente de aulas remotas durante a pandemia.

Uma das consequências mais nefastas desse antibolsonarismo é ter distorcido o entendimento do público sobre a ciência. A ciência é feita de suposições cuja validade dura apenas até ser superada por entendimentos mais abrangentes.

Em momentos de crise, quando o poder público lhe pede orientação, o que ela pode fazer é indicar o que parece ser o melhor caminho.

EVIDÊNCIAS DISPONÍVEIS – A maneira correta de apresentar essa escolha é lembrar ao público que o caminho sugerido é apenas a melhor recomendação à luz das evidências disponíveis. Se não fizermos essa ressalva, e o caminho sugerido se mostrar depois equivocado, a confiança na ciência sairá abalada.

Durante a pandemia, não tomamos esse cuidado. Para nos contrapormos à irresponsabilidade populista, transformamos essa recomendação “à luz das evidências disponíveis” em afirmação categórica que se dizia científica, mas na verdade era apenas dogmática.

A ciência precisa se rever. Precisa estar aberta à contestação —e não pode se furtar a investigar uma hipótese apenas porque um populista irresponsável a defendeu. O antipopulismo por princípio não faz bem para a ciência e não faz bem para a política pública.

 

11 thoughts on “Antibolsonarismo afetou debate sobre alternativas médicas durante epidemia

  1. O mesmo raciocínio se aplica às decisões emanadas da cabeça do Xandão cabeça de ovo e de outros ministros da suprema corte, e até do TSE. Qualquer crítica à suprema corte ou ao poder judiciário é tomada como uma “crítica” à Democracia, e como tal o criticador merece a cadeia. Infelizmente o bom senso é coisa que não existe entre nós, é tudo ou nada, e o resto que se ferre.

  2. Tem que esfregar esse artigo na cara dos progressistas/esquerdistas que adoravam ficar usando máscaras até para tomar banho (e ficou comprovado pela própria OMS que máscaras não adianta nada) e chamavam de negacionistas os que tomavam ivermectina. O título de genocidas fica para vocês. Genocidas, progressistas, idiotas. Por causa da ignorância de vocês deixou-se de salvar milhares de vidas com o protocolo preventivo. Condenavam a ivermectina, que poderia “fazer mal”, mas faziam vista grossa para a maconha e a cocaína, como se o produto fosse feito com muito cuidado e higiene pelo traficante. O fabricante do venen, digo, “vacina” da marca AstraZeneca admitiu que o produto produzia coágulos mortais. Nada como o tempo para que as máscaras caiam uma a uma. E assim vão admitir que a cloroquina também era um excelente aliado contra a virose. Vocês deveriam ter vergonha na cara. E mais uma vez Bolsonaro tem razão.

  3. VIVA A IVERMECTINA .
    Quem foi contra ficou chupando os dedos e com o nariz grande.
    O interessante da reportagem é querer diminuir a atuação do Ministério da Saúde / Bolsonaro e colocando toda a mazela no seu governo.
    A responsabilidade total é dos que jogaram contra.

  4. Empregados da Petrobras pedem fim de acordo para venda de refinarias Estatal firmou compromisso para se desfazer de 8 instalações de refino no início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) A Petrobras privatizou duas refinarias entre 2021 e 2022; na foto, prédio da Petrobras Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/ – 02.out.2023 Eric Napoli 2.mai.2024 (quinta-feira) – 18h10 A Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) protocolou nesta 5ª feira (2.mai.2024) um pedido de extinção do TCC (Termo de Compromisso de Cessação de Prática) firmado entre…
    Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/economia/empregados-da-petrobras-pedem-fim-de-acordo-para-venda-de-refinarias/)

  5. Nem Ivermectina nem as vacinas criadas dariam jeito. Agora mesmo, a OMS nega eficácia da máscara, principalmente quando os vírus vêm numa nuvem tipo aerossol.

    Mas, bom mesmo foi o juiz da Suprema Corte em N York em um processo de reintegração ao trabalho de 704 funcionários da prefeitura de N York, que se recusaram a serem vacinados:.

    Indagou: “A vacina impede que o vacinado contraia a doença ? A vacina impede que quem contraiu a doença transmita a doença ?” Não e não, foram as respostas dadas..

    Assim, o pessoal foi reintegrado.

    Quanto ao autor e sua procedência, sempre haverá matérias lembrando Bolsonaro, ainda que ele não esteja mais aqui. Quem leu “A Revolução dos Bichos” identificará o ex-presidente como Bola de Neve, o personagem a quem se culpava por qualquer coisa que desse errado na fazenda socialista.

    Pablo Escobar não era tão puxa-saco e idiota assim.

  6. Resumindo a eficácia da Ivermectina:

    Não previne hospitalizações ou mortes;

    Reduz os sintomas em dois (2) dias, em média;

    Tem efeito mensurável (???) contra a Covid-19.

    Bah…rsrsrs…tanta briga por essa picuinha.

  7. Vacina pra cá e vacina pra é continua gente morrendo de covid.
    eu tomava um coquetel de hidroxocloroquina, ivermectina, azitromicina e algumas vitaminas.
    Só usava máscara onde fosse obrigatório.
    A ultima vacina que tomei foi no quartel, a tal injeção de cavalo, doía mais que mil benzetacil, era eficaz contra malária, febre amarela, impaludismo e outras moléstias tropicais.
    No meu entender, não sou dono da verdade, mas se esse vírus foi produzido em laboratório deve haver uma razão para isso.

  8. SEnhor Pablo Ortellado (O Globo) , lembremos que foi o então Jair Bolsonaro , quem ofuscou e impediu que diversos profissionais das áreas ” medica , sanitária e científica ” , viessem a público informar ao povo , quanto a conveniência e necessidade de se usar o tal ” vermicida ” , no combate a ” COVID-19 ” , desqualificando-os e humilhando-os , com o agravante de que se apresentou como garoto propaganda dos laboratorios fabricantes desses medicamentos , isso é público e notório.

  9. Pablo Ortellado será um laureado Ministro da Saúde de um pretenso e indesejável governo de direita! Mais do que nunca, ele mostra quem é… Santa paciência!

  10. Senhor Pablo Ortellado (O Globo) , lembra-se da ” vergonha e humilhação ” , que o ex-presidente Jair Bolsonaro , dispensou e submeteu o médico e então ministro da saúde Nelson Tachin ” , ao convidar a imprensa nacional e estrangeira para uma entrevista , foi desautorizado pelo Jair Bolsonaro em público , através de um repórter , isso foi revoltante e nojento , em todos os aspectos , ao ver o rosto do então ministro Nelson , com cara de tacho na TV , com o agravante de que tirou um profissional de saúde , e colocou um general lacaio , títere e paspalho Eduardo Pazuelo .

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