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Lula não tem amigos na política e já descartou Haddad
Merval Pereira
O Globo
O fato de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estar sendo citado para vários cargos, como candidato a presidente da República, governador de São Paulo ou Senador sinaliza que o presidente Lula já está encostando seu ministro da Fazenda.
Fernando Haddad nem foi à China. Poderia ter ido, porque a agenda internacional não impediria. Mas é uma ideia de Lula de cada vez mais tirar o foco de Haddad e colocar no que ele acha que precisa fazer para se eleger: investimentos, aumento dos gastos públicos e dos benefícios sociais.
AFASTAR O MINISTRO – Até a eleição, será uma política que nada tem a ver com Haddad. A ideia é afastar o ministro da Fazenda tanto da disputa para a presidência, evidentemente, quanto pela possibilidade de ele continuar na Fazenda.
Acho que ele vai para o sacrifício e se candidatar ao Senado. Lula, com toda razão, está preocupado com o Senado em 2026, porque a direita está toda jogando em cima de fazer mais de dois terços da Casa.
Então Lula vai querer Alckmin no Senado ou no governo de São Paulo, abrindo vaga para uma composição com um novo vice.
TUDO ENGAVETADO – As teses do ministro Haddad, de equilíbrio fiscal, foram atropeladas pelas necessidades eleitorais. Isso faz com que ele seja cogitado para várias funções que não ministro da Fazenda.
Começa a enfraquecê-lo até o ponto em que será trocado – até mesmo para se candidatar. O caminho é neste sentido.
A indicação é que ele está enfraquecido e enfraquecendo e terá novos caminhos partidários, como dirão quando ele se desincompatibilizar para se candidatar a algum cargo.
Para Lula, Haddad não vira nada. É ‘mala sem alça’.
Lula acha que já carregou demais o advogado-professor Haddad, ex-prefeito de São Paulo (2013-2016), e deve estar cansado de ‘bater em ferro frio’.
Em setembro de 2018, preso, lançou Haddad candidato a presidente, que perdeu para Bolsonaro no 2º turno.
Em 2022, lançou Haddad candidato a governador de SP, que perdeu para Tarcísio, também no 2º turno.
Chega. Em 2026, já na compulsória, Lula deverá lançar Haddad ‘morro abaixo’, pelo visto.
Se Haddad tiver alguma pretensão, talvez deva candidatar-se a deputado estadual no ano que vem. Seria uma opção mais realista. Pois, para deputado federal, Lula já estaria carregando o Zé Dirceu.
Para senador? Esquece.
O tratamento dado a Haddad representa um modelo lulista, repetido repetida e redundantemente na Nova República(?) – Que República!:
Pensar só no hoje
Não planejar
Sacrificar o amanhã
(três décadas no poder alimentam a ilusão da eternidade)