Do processo à saia-justa diplomática, Carla Zambelli agita o verão romano

Entenda a situação de Carla Zambelli após prisão na Itália - Tribuna do  Norte

Extradição é complicada e deverá demorar a ser aceita

Wálter Maierovitch
Colunista do UOL

Detida em Roma, a parlamentar Carla Zambelli (PL-SP)tenta utilizar sua dupla cidadania para evitar a extradição ao Brasil. No entanto, para a sociedade italiana, sua condição de cidadã italiana não basta para blindá-la da Justiça.

Na Cidade Eterna, Zambelli é cada vez mais associada a outro personagem da política brasileira: Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara. Também detentor de dupla cidadania, Cunha teve seus escândalos fartamente divulgados pela imprensa italiana.

Pelo lado materno, Cunha carrega o italianíssimo nome Consentino e, com passaporte europeu, é oficialmente Eduardo Consentino da Cunha. A semelhança de ambos os casos é um lembrete incômodo do uso do direito de sangue como suposto salvo-conduto judicial.

TRÊS PILARES – Zambelli articula agora sua defesa com base em três pilares: prisão domiciliar, alegando problemas de saúde e risco de estresse; liberdade provisória, escorada em sua condição de deputada federal eleita com quase 1 milhão de votos; e asilo humanitário, como possível trunfo futuro para evitar a extradição.

Ela participa dou da audiência de custódia nesta sexta, às 6h da manhã no horário de Brasília.

A deputada já protocolou pedidos de audiência com duas figuras-chave do governo italiano: a premiê Giorgia Meloni e o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, líder do partido Lega Nord.

SÃO APOIADORES – Ambos fazem parte da coalizão governista de direita, e Salvini, conhecido por seu perfil neofascista, mantém vínculos com Jair Bolsonaro por meio do empresário Luiz Roberto de San Martino Lorenzato da Ivrea, ex-deputado ítalo-brasileiro eleito com votos majoritários em Ribeirão Preto.

Salvini, que acompanhou Bolsonaro na sua única visita à Itália, anunciou que pretende visitar Zambelli no presídio de Rebbibia, onde ela está custodiada.

A prisão de Zambelli ocorreu no bairro Aurélia, região histórica próxima ao centro de Roma e ladeada pela Muralha Aureliana —estrutura erguida por papas na Antiguidade para proteger a cidade de invasões bárbaras.

VALE DO INFERNO – O local, conhecido entre os romanos como Valle dell’Inferno (Vale do Inferno), acabou se tornando o inusitado refúgio da parlamentar brasileira.

A suspeita da polícia italiana é que Zambelli tenha alugado um apartamento no bairro estratégico, onde foi localizada e presa.

O deputado italiano Angelo Bonelli, ouvido pela imprensa, revelou que foi ele próprio quem indicou o paradeiro da brasileira às autoridades, após suspeitar da lentidão da polícia em efetuar a prisão.

FANTASMA POLÍTICO – O escândalo da prisão de Zambelli esbarra em outro episódio recente da política italiana: o caso Almasri.

O chefe de polícia da Líbia, com prisão internacional decretada por crimes contra a humanidade, foi liberado na Itália e enviado de volta a Trípoli em avião oficial. A premiê Meloni alegou “falha administrativa” e desconhecimento da ordem judicial.

Agora, setores da imprensa e da oposição querem evitar um “outro caso Almasri”. O jornal La Repubblica destacou a urgência de que o governo italiano atue com firmeza no caso Zambelli: “A política pró-Bolsonaro, condenada por hackeamento, é cidadã italiana, mas deveria ser extraditada. Aviso: Não a outro caso Almasri”.

SITUAÇÃO DELICADA – A repercussão do episódio colocou a polícia italiana em situação delicada, especialmente após o atraso na detenção, mesmo com informações concretas sobre o paradeiro da brasileira.

Na tentativa de se apresentar como vítima de perseguição política, Zambelli enfrenta descrença generalizada em solo italiano. Os romanos, baseando-se no noticiário internacional, a veem como uma criminosa comum.

A cena em que a deputada aparece com revólver em punho, perseguindo um civil no dia da eleição presidencial, circulou em vídeo e foi amplamente comentada como “louca” (pazzesca) pela imprensa italiana.

MANDADO DE PRISÃO – Mais espanto ainda causou a revelação de uma suposta falsificação de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, com assinatura forjada do próprio magistrado — outro episódio envolvido nas investigações contra Zambelli e aliados.

Com o verão europeu a todo vapor, o caso Zambelli domina também as conversas nas praias dos arredores de Roma. O deputado ítalo-brasileiro Fábio Porta, do Partido Democrático, já se manifestou nas redes sociais, garantindo que a extradição será rápida.

A torcida informal entre os italianos é que a deputada não tenha tempo de atirar uma moedinha na famosa Fontana di Trevi. Afinal, reza a lenda que quem faz isso, inevitavelmente voltará.

3 thoughts on “Do processo à saia-justa diplomática, Carla Zambelli agita o verão romano

  1. Mais uma fantasiosa crônica para engambelar as mulas petistas. O que será, será, independentemente do que pensa ou escreve o Wálter, A imprensa se tornou na maior fabricante de fake news depois que o governo começou a pagar, através da Secom, as reportagens que digam aquilo que o establishment quer ou deseja.

  2. Carla Zambelli foi a primeira deputada brasileira a ir aos EUA, durante governo Biden, para pedir a aplicação da Lei Magnitsky no torturador Xandão do PCC. Isto é tudo o qe você precisa saber sobre o ódio que os lambe botas da facção de traficantes PT-STF devotam a Zambelli.

Deixe um comentário para Paulo Du Bois Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *