Governo Lula não deve ser apenas honesto, mas parecer honesto e não consegue…

Ricardo Amorim - #Filosofiatropical #Lula #nãoseidenada (charge: Amarildo Lima) | Facebook

Charge do Amarildo (Arquivo Google)

PABLO ORTELLADO
O Globo

O escândalo recente causado pela indicação de dois ministros para integrar o conselho de uma empresa privada mostra a maneira politicamente descuidada como o governo Lula projeta — ou deixa de projetar — uma imagem de integridade e lisura. Os ministros Carlos Lupi (Previdência) e Anielle Franco (Igualdade Racial) foram indicados pelo BNDESPar para o conselho da metalúrgica Tupy, do setor de autopeças.

 Como o banco estatal de desenvolvimento detém 28% das ações da empresa, tem o direito de indicar conselheiros. A remuneração para participar do conselho é de pelo menos R$ 36 mil por mês — valor que se soma ao salário dos ministros, de R$ 41,6 mil.

SEM QUALIFICAÇÃO
– Lupi e Anielle não têm qualificação para integrar o conselho administrativo de uma metalúrgica. O entendimento geral é que o objetivo é complementar o salário de ministro, considerado insuficiente.

BNDES, Tupy e o governo fizeram uma bagunça tentando justificar o injustificável. Primeiro, foi destacada a formação acadêmica de Lupi, graduado em administração — embora não tenha feito carreira como administrador, mas como dirigente partidário.

Depois, a Tupy soltou uma nota enfatizando seus esforços pela inclusão, ressaltando que Anielle é uma mulher negra. E políticos alegaram que é preciso ter algum controle sobre o rumo das empresas que recebem investimento público, e isso justificaria a indicação.

EXPLICAÇÕES FAJUTAS – Ninguém, evidentemente, comprou essas explicações fajutas. O problema não se limita a esses dois ministros. Lupi também faz parte do conselho do Sesc. Além dele, Luiz Marinho (Trabalho) e Esther Dweck (Gestão). Cinco ministros compõem o conselho da Itaipu Binacional: Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Esther Dweck e Mauro Vieira (Relações Exteriores). É uma prática disseminada.

O uso do expediente para ampliar a remuneração de ministros não é exclusivo do governo Lula. Vários ministros de Bolsonaro também integraram conselhos com pagamentos altos em jetons que driblam o teto constitucional.

O ex-ministro Paulo Guedes atacou os baixos salários dos ministros e chegou a insinuar que a baixa diferença salarial entre um alto funcionário público e um ministro de Estado era uma lógica “socialista”.

MAIS UMA JOGADA – Em 2021, o governo Bolsonaro editou uma portaria que criou um outro expediente, por meio do qual o teto salarial se aplicaria a cada uma das remunerações no caso de aposentados ou militares inativos que regressassem à atividade no serviço público —o duplo teto. Com isso, na prática, a remuneração de ministros militares e aposentados dobrava.

Podemos discutir se o salário dos ministros é baixo para suas responsabilidades. Uma das alegações é que, se não for equivalente ao de um cargo de direção no mundo empresarial, não conseguiremos reter os talentos do setor privado. Mas será que há mesmo grande disparidade entre os salários de R$ 41,6 mil de um ministro e de um diretor no setor privado?

Podemos também fazer uma comparação com outros países. Em Portugal, um ministro de Estado ganha € 4,7 mil (R$ 25 mil) e na Espanha, € 6,6 mil (R$ 35 mil). No Chile, um ministro ganha 6 milhões de pesos chilenos (R$ 35 mil). Na comparação internacional, o salário ministerial brasileiro não parece ruim.

EXPEDIENTE ARDILOSO – Mas, mesmo que consideremos que o salário dos ministros precise ser aumentado, o expediente de indicá-los para conselhos não parece adequado, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida que é legal. É ruim em qualquer governo, mas especialmente inadequado num governo Lula que não apenas precisa ser íntegro, mas precisa parecer íntegro.

Lula liderou uma coalizão democrática que derrotou uma séria ameaça autoritária, politicamente alimentada pelo discurso de combate à corrupção. O presidente pode ter escapado do indiciamento jurídico nas denúncias de corrupção na Petrobras, mas não da percepção pública de que, se não esteve envolvido com a corrupção nos seus outros dois governos, pelo menos deixou acontecer.

Para Lula, reconstruir uma imagem de respeitabilidade e lisura não é apenas necessidade pessoal, mas responsabilidade com a coalizão democrática que liderou. Se existe um problema com os salários dos cargos mais altos do Executivo, ele precisa encontrar uma solução adequada, inequivocamente legal, que não pareça malandragem.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
E não podemos esquecer que os ministros brasileiros têm cartão corporativo que pode ser usado em despesas pessoais, como pagar uma simples tapioca num carrinho ambulante. Lembram? Aliás, é justamente por isso que os cartões corporativos são mantidos em sigilo. Em seu primeiro governo, Lula deu um para a amante, acoplado a um cargo público de altíssimo nível (chefe de gabinete da Presidência), com carro oficial, motoristas, assessores, secretárias e tudo o mais. Recordar é viver. (C.N.)

Para esconder suas falhas em 8 de janeiro, o governo Lula procura boicotar a CPMI 

Lula ficou indignado por não ter visto antes imagens de G. Dias no Planalto no 8 de janeiro - Brasil 247

Lula e G. Dias têm muito a esconder sobre o dia 8 de janeiro

Sergio Moro
Gazeta do Povo

A CPMI do 8 de Janeiro caminha para sua fase final e encerramento. No início, o governo Lula era contra a sua instauração. Após a divulgação, em abril deste ano, de vídeos constrangedores da atuação do ministro Gonçalves Dias (do GSI), rendeu-se ao inevitável e permitiu a instalação da comissão de inquérito.

As pessoas que realizaram a invasão dos prédios dos três poderes e que depredaram patrimônio público devem ser punidas na proporcionalidade de sua responsabilidade individual. Isso já está sendo feito na esfera policial e judicial, sendo pouco relevante a CPMI para esta finalidade. Todos esperam que tenham um julgamento justo. Pelo menos, neste momento, a maioria já responde em liberdade, o que me parece apropriado já que muitos cometeram excessos levados pelas emoções do momento e do ânimo da multidão.

FALHA DA SEGURANÇA – Outro ponto importante da investigação é entender como foi possível acontecer o 8 de janeiro. Sem pretender aliviar a responsabilidade dos invasores, é forçoso reconhecer que as forças de segurança federais e distritais falharam em impedir as invasões.

Caso tivessem atuado de maneira convergente ou mesmo isoladamente, não teriam tido grandes dificuldades de impedir a invasão ou pelo menos de minorá-la. A apuração das causas dessa falha é fundamental para evitar que se repita.

Até o momento, a responsabilidade pela falha tem sido atribuída exclusivamente à Polícia Militar do Distrito Federal, inclusive com alguns ex-dirigentes presos, mas falta um escrutínio melhor sobre as omissões das forças de segurança federais. Sem pretender aliviar a responsabilidade dos invasores, é forçoso reconhecer que as forças de segurança federais e distritais falharam em impedir as invasões

BOICOTE À CPMI – A maioria dos parlamentares que compõem a CPMI é da base do governo e tem atuado para impedir esses esclarecimentos.

A exemplificar, requerimentos para oitiva do diretor da Força Nacional de Segurança Pública não foram aprovados, mesmo se tratando de uma diligência simples e necessária, já que a Força Nacional estava presente na Esplanada no dia da invasão. É de se duvidar que essa falta de vontade de apurar as omissões das forças de segurança federais seja sanada até o fim da CPMI.

Não se trata de construir teorias da conspiração, de realizar ataques pessoais a membros do governo federal, ou mesmo de aliviar para os responsáveis pela invasão. Estas questões são objetivas e relevantes, e merecem ser respondidas ao povo brasileiro

HAVIA SOLDADOS – Somando o efetivo que, naquela data, estava de prontidão – 198 soldados do BGP e 214 da Força Nacional de Segurança Pública –, seria possível evitar as invasões, dissuadir a sua ocorrência ou pelo menos em muito minorá-las.

Difícil de entender, no contexto, por que ele não foi utilizado antes das invasões para proteger os prédios públicos. Por que esses efetivos, disponíveis, não atuaram?

Uma última questão diz respeito ao presidente Lula. Em entrevista para a Globo News em 18 de janeiro, ele afirmou que o 8 de janeiro teria se tornado possível por um “apagão de inteligência” do governo federal.

LULA SABIA OU NÃO? – Atualmente sabemos que a inteligência não falhou e que comunicou o que iria ocorrer a diversos dirigentes de órgãos federais e distritais, via Abin, desde o dia 6. O que falhou foi a parte operacional – na parte do governo federal, com a manutenção do BGP e da FNSP paradas e sem ação antes das invasões.

Lula, no dia 8, estava mal informado e, portanto, não sabia que estava mentindo na entrevista? Ou, se ele sabia, já estava construindo um álibi para a primeira grande omissão de seu governo?

Não se trata aqui de construir teorias da conspiração, de realizar ataques pessoais a membros do governo federal, ou mesmo de aliviar para os responsáveis pela invasão. As questões acima são objetivas e relevantes. Elas merecem ser respondidas ao povo brasileiro. O governo quer silenciar.  (Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

LEIA AMANHÃ:

Confira o que ainda falta esclarecer sobre
a invasão dos três Poderes em 8 de janeiro  

“Celso de Mello lembra a Lula que no país as instituições jamais privilegiam o sigilo”

Arquivos Celso de Mello - PCdoB

Todas as sessões devem ser públicas, afirma Celso de Mello

Rayssa Motta e Fausto Macedo
Estadão

O ministro aposentado Celso de Mello, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), se uniu ao coro de críticas dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o petista defender nesta terça-feira, 5, o sigilo nos julgamentos da Corte.

Para o ministro, as sessões e votos no STF devem ser públicos, como já ocorre, com transmissões ao vivo dos julgamentos pela TV Justiça e documentos disponíveis para consulta no portal institucional do tribunal. “A Constituição da República não privilegia o sigilo”, afirma.

MAIOR LEGITIMIDADE – Celso de Mello passou 31 anos no Supremo e avalia que a transparência ajuda a conferir ‘legitimidade’ às decisões judiciais.

“Os estatutos do poder numa República fundada em bases democráticas não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo, que tem na transparência a condição de legitimidade dos próprios atos, sempre coincide com tempos sombrios e com o declínio das liberdades fundamentais”, acrescenta o ministro, que declarou voto em Lula na última eleição.

“Sempre enfatizei, em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal, que o estatuto político brasileiro —  que rejeita o poder que oculta e que não tolera o poder que se oculta —  consagrou a publicidade dos atos estatais, como as decisões judiciais, como expressivo valor constitucional, incluindo-o, tal a magnitude desse postulado, no rol dos direitos , das garantias e das liberdades fundamentais!”, destacou o ministro aposentado.

Leonel Brizola previu que Lula e o PT iriam se tornar “a esquerda que a direita gosta”

Pompeo de Mattos on X: "Contrariando o que dizia o Dr Brizola, o PT abomina a traição, mas convive muito bem com os traídos que lhes bajulam e são servil. Não importa

Brizola, um político que realmente deixou saudades

José Carlos Werneck

Diante da carência de líderes políticos no Brasil, é sempre bom recordar Leonel Brizola, um líder que sucedeu Getulio Vargas e João Goulart na defesa do trabalhismo, mas não conseguiu chegar à Presidência, mas deixou seu nome na História.

Como todo grande político, sofreu incompreensões, injustiças e perseguições devido a seu ideário trabalhista, do qual nunca abriu mão. Ele teve uma vida pública pautada pela coerência e pela ética.

NO CAMINHO DO BEM – Para Leonel Brizola, o trabalhismo foi avançando pelos caminhos da solidariedade, do humanismo, da justiça social, do igualitarismo e dos direitos humanos que basearam as raízes de sua concepção.

Para os trabalhistas, o PT de Lula, foi uma força política que surgiu para forçar um divisionismo no pensamento progressista brasileiro.  Sua concepção ignorando as biografias pretéritas, conjeturando a luta de classe a partir de sua criação, demonstrou toda empáfia em seu próprio DNA.

Brizola contava: “Quando cheguei do exílio fui visitar o Lula, que me recebeu como se fosse um imperador, existe uma incompatibilidade entre nós, ali vi que Lula é um homem do sistema.”

Essa percepção de Brizola foi confirmada com a chegada do PT e de Lula ao poder em 2003.

REFÉM DO MERCADO – Conforme ficou constatado, ao chegar ao Planalto Lula se tornou refém do mercado. Na promiscuidade do poder, o antigo líder metalúrgico esqueceu os trabalhadores e Ali abraçou as velhas oligarquias pátrias, como Sarney, Jucá, Renan, Michel Temer, Eduardo Cunha, dentre outros.

Elogiado pelos banqueiros e empreiteiros, seu discurso ético caiu como castelo de areia. Em vários aspectos, demonstrou o PT ser mais do mesmo, confirmando outra reflexão de Leonel Brizola, que ponderou: “O PT é que nem galinha: cacareja na esquerda, mas bota ovo na direita.”

O PT se incorporou à política das velhas oligarquias e do monopólio da mídia. Projetou frequentar a Casa Grande, porém nunca foi aceito.  Lula, apesar de sua cooptação, jamais fez parte dos endinheirados oligárquicos. Era apenas usado.

ESPUMA DA HISTÓRIA – Mais uma vez, Brizola provou sua sensibilidade, ao dizer que o PT é a espuma da História, pois os petistas nunca se aprofundaram na compreensão das diferenças ideológicas entre um pensamento progressista e a tradição conservadora, que não se misturam, são inconciliáveis.

Os petistas denunciam o golpe publicamente, mas no privado fazem acordo com seus supostos algozes, o PP e o próprio PL.  Qual PT é o verdadeiro, o público ou o privado?

Esta obsessão por boquinhas, por cargos, por poder sem lastro, talvez seja uma das principais patologias que o PT devia enfrentar.

UM PARTIDO ARROMBADO – Cadê a coerência do PT? Onde estão a hombridade e o discurso progressista? Não há mais a dignidade que a corrente política de seus fundadores demonstrava.

Talvez Darcy Ribeiro estivesse com a razão, quando dizia: “O PT é uma droga. É a esquerda que a direita gosta.”

E como faz falta a coerência política… Para mim, particularmente, a melhor frase de Brizola é esta: “Talvez Darcy Ribeiro esteja com a razão”: “O PT é um a droga. É a esquerda que a direita gosta.”

Lula parece tratar os ataques e as críticas ao Supremo como se fossem uma coisa só

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Rubens Glezer
Folha

As instituições democráticas precisam ser respeitadas, e seus integrantes não devem ser atacados. Porém essas instituições e seus atores devem estar sujeitos e abertos à constante crítica e avaliação pública no que diz respeito ao exercício de sua função.

A declaração do presidente Lula, que sugere que não deve haver publicidade sobre os votos individuais dos ministros do Supremo para evitar “animosidade” contra os membros do tribunal, parece tratar ataques antidemocráticos e críticas institucionais como uma coisa só. A proposta, tomada em termos literais, não tem nenhum fundamento ou chance de implementação.

DIZ A CONSTITUIÇÃO – A Constituição exige publicidade dos julgamentos como regra. Além disso, mesmo nos países que adotam um modelo de votação coletiva, é pública a posição dos ministros (se vencedores ou vencidos).

Contudo a fala de Lula, se compreendida em um sentido mais amplo, diz respeito a uma mitigação da exposição dos ministros do STF. Porém tentar imunizar o STF de críticas pode muito bem aumentar a animosidade contra a instituição e corroer a autoridade de suas decisões.

Essa não é uma manifestação isolada. De tempos em tempos se fala em acabar com a TV Justiça ou modificar o modelo de votação dos ministros.

CONTEXTO DE ANIMOSIDADE – Porém esta fala de Lula está em um contexto no qual muitos críticos sérios e qualificados do tribunal têm sido tratados como seus inimigos.

É como se toda crítica, mesmo que baseada em pesquisas empíricas, com metodologia séria e reconhecida qualidade pela academia, fosse parte de um movimento antidemocrático de deposição do tribunal e de provocação de violência contra os seus ministros.

É preciso separar o joio do trigo. Não há dúvidas de que o tribunal foi, de fato, vítima de um amplo movimento, baseado na disseminação de notícias falsas impulsionadas com pesado apoio financeiro. Esses ataques visaram fragilizar a capacidade do Supremo e do TSE de imporem limites a atos inconstitucionais do governo Bolsonaro e, sobretudo, garantir o resultado das eleições.mEssas ações, realizadas com a intenção de promover um golpe de Estado, devem ser investigadas e punidas, sem dúvidas.

SUPEREXPOSIÇÃO – Contudo, a enorme exposição do STF não teve início durante o governo Bolsonaro e não é motivada apenas por notícias falsas. Como diversos pesquisadores do tribunal têm apontado, em vasto corpo de literatura especializada, os ministros do Supremo têm o seu quinhão de culpa.

O Supremo e seus ministros estão frequentemente nas manchetes de jornais e capas de revista ao longo da última década por ação deliberada de seus agentes.

O Supremo não resolveu o seu problema de decisões monocráticas radicais, inconsistência nas decisões, ausência de parâmetros claros para tomar decisões politicamente sensíveis, opacidade de suas decisões sobre impedimento e suspeição ou ausência de uma política institucional de comunicação de seus ministros.

APRIMORAR O STF – Essas críticas têm sido apontadas com o objetivo de aprimorar a instituição e justamente protegê-la de críticas que fragilizam sua autoridade e a força de suas decisões.

Portanto há um caminho muito mais fácil, seguro e republicano de diminuir a animosidade contra o Supremo. De um lado, é importante investigar e punir as ações de fato golpistas, mas de outro lado os ministros do STF precisam fazer sua lição de casa.

A decisão tomada no final do ano passado pela ministra Rosa Weber para limitar pedidos de vista arbitrários é um grande exemplo de medidas positivas de autocontenção. Precisa-se de mais medidas dessa natureza, que sinalizem para a sociedade que o Supremo ouve as críticas dirigidas a eles e tentam lidar com aquelas mais pertinentes.

7 de Setembro deve ser um encontro do Brasil com os brasileiros e brasileiras

Lula diz que o 7 de Setembro é de toda sociedade

Pedro do Coutto

A comemoração de 7 de Setembro, amanhã, quinta-feira, deverá se revestir de modificações importantes no transcurso da data que, além do caráter cívico-militar, representará, também, um compromisso do governo Lula com os brasileiros e brasileiras na medida em que incluirá temas de grande interesse coletivo, como é o caso da preservação da Amazônia, das águas, do combate à fome e da expansão urgente do saneamento.

O deputado Paulo Pimenta, titular da Comunicação, tocou no assunto numa entrevista à GloboNews na tarde de segunda-feira. E ontem, terça-feira, reportagem de Renato Machado e Marianna Holanda, Folha de S. Paulo, focalizou o assunto, destacando o discurso a ser feito pelo presidente Lula dirigindo-se à união do país sobre os objetivos do governo e os legítimos interesses da própria população.

TEMAS – O pronunciamento será feito na Esplanada dos Ministérios pouco antes de ser iniciado o desfile militar. Aos temas destacados pelo ministro da Comunicação, a meu ver, deve ser incluído o relativo aos salários, uma vez que o maior problema brasileiro decorre da permanente derrota destes diante da inflação que devora o poder aquisitivo, sobretudo das classes de renda menor.

Não se trata apenas do salário mínimo, mas de todos os salários, pois todos são múltiplos, inteiros ou fracionários do piso básico essencial. Somente a valorização do trabalho humano, refletida na escala salarial, pode, através do tempo, conduzir a uma efetiva redistribuição de renda. Uma divisão mais justa do que a que predomina no sistema atual.

E quando se fala em divisão ou dividir, não quer dizer que seja por dois. Pode ser, por exemplo, por dez, desde que um décimo seja reservado ao pagamento dos trabalhadores. As favelas que crescem nas grandes cidades e as habitações que se projetam nos meios rurais são resultado da diferença entre o lucro inflacionário e a perda do poder de compra que afeta os salários. Afetar os salários significa afetar a própria existência humana.

OBSTÁCULO – A velocidade dos meios de pagamento nada tem a ver concretamente com qualquer processo de redistribuição parcial de renda. Pelo contrário. Diante dos problemas brasileiros, na economia e no plano social, e também no plano político, nele incluído o episódio de 8 de janeiro, existe um abismo a ser transposto, uma ponte capaz de motivar a sociedade brasileira a exemplo do que praticou com grande êxito o presidente Juscelino Kubitschek.

No seu governo, o desenvolvimento econômico alcançou o debate nas ruas. A sua popularidade e o exemplo de democracia que levou ficam para sempre na história brasileira. Como aliás analisou esplendidamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao falar sobre os 70 últimos anos da política nacional em brilhante comentário no canal History Channel. O comentário encontra-se gravado e já foi exibido pelo menos duas vezes.

AMERICANAS –  A CPI da Câmara Federal sobre o escândalo das Lojas Americanas e balanços fraudados na escala estratosférica de R$ 40 bilhões, terminou os seus trabalhos no final da tarde de terça-feira, concluindo pelo rombo. Mas, estranhamente, sem nomear os autores. Como não há débito sem crédito, e vice-versa, se alguém ganhou com o escândalo, muitos perderam. Nas edições de ontem, reportagem de Vitória Abel, Rafael Di Cunto, Marcelo Ribeiro e Bruno Rosa, O Globo, e de Alex Sabino, Folha de S. Paulo, focalizam amplamente o assunto.

Entretanto, Miguel Guterrez, ex-dirigente da empresa, enviou carta à CPI responsabilizando os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles de terem participado ativamente do processo. O Valor focalizou também a questão. Trata-se, sob o ângulo da CPI, de um crime colossal sem autores. Vale lembrar que no início do caso, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, em propaganda de página inteira na Folha de S. Paulo, no O Globo e no Estado de S. Paulo, sustentaram a versão de que não sabiam de nada. Não é possível.

Ao defender “voto secreto” no Supremo, Lula realmente demonstra uma ignorância deplorável

Lula leva ministro da Educação para live semanal

Lula disse a asneira na presença do ministro Camilo Santana

Carlos Newton

Quando fazemos comparações entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro aqui na Tribuna da Internet, para mostrar que os dois principais políticos brasileiros são absolutamente iguais em seu despreparo para governar, sempre surgem muitas críticas, de ambas as partes, para mostrar que um talvez seja melhor do que o outro, mas isso é pura ilusão cevada no fanatismo político.

Nenhum dos dois pode abrir a boca. Para não se expor, Lula e Bolsonaro deveriam manter silêncio ao máximo, somente se manifestando sobre coisas banais e de senso comum, como o genial personagem do escritor polonês Jerzy Kosinski no romance “O Vidiota” (Being There)

CONSULTOR ANALFABETO – Kosinky virou um sucesso mundial, naturalizou-se americano e escreveu o roteiro do filme baseado no romance (“Muito Além do Jardim”, dirigido por Hal Ashby, com Peter Sellers no papel de Chance, o jardineiro analfabeto que conheceu o mundo através da televisão e se tornou um extraordinário consultor político, porque somente dizia coisas de senso comum, que aprendera na televisão ou trabalhando como jardineiro.

Não sabe se a vida imita a arte ou se é a arte que imita a vida, mas o fato concreto é que tanto Lula quanto Bolsonaro são políticos totalmente despreparados para governar e que revivem o jardineiro Chance, e deveriam falar o mínimo possível, para não passar vergonha ao exibirem a dupla ignorância.

Mas eles não se emendam e costumam dar peruadas e pitacos em tudo. Nas redes sociais, até se saem melhor, porque os textos são feitos por auxiliares, mas ao vivo e a cores são uma tragédia anunciada

LIVES CONSTRANGEDORAS – A disputa é tão acirrada que Lula decidiu imitar Bolsonaro e também lançou uma live, um pouco mais profissional, porque usa ilegalmente uma equipe completa que a estatal EBC gentilmente envia de graça ao eixo Planalto/Alvorada para Lula fazer propaganda política.

E têm sido patéticas essas lives, repetindo-se as patacoadas de Bolsonaro. No dia 29 de agosto, por exemplo, Lula falou asneiras de todo tipo. Disse que os parlamentares “não são representantes, na sua maioria, do povo trabalhador” e “eles votam a favor dos interesses daquela sociedade que eles vivem no meio”.

Além de esculhambar os congressistas, falou mal dos ricos que não pagam imposto, esquecido de que o PT já tem mais de 15 anos no poder sem ter resolvido esse assunto. E arrematou criticando o G7 e dizendo que os Brics hoje são mais importantes, mostrando desconhecer que o G7 concentra 43% do PIB mundial.

VOTO SECRETO – Uma semana depois, nesta terça-feira, dia 5, Lula defendeu que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal se tornem secretos e apenas os placares das votações se tornem públicos.

Com essa declaração, Lula demonstrou não somente que tem tendência ditatorial, ao desprezar uma das maiores conquistas da civilização, que é a transparência dos inquéritos policiais e dos processos e julgamentos judiciais.

“Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte”, disse, acrescentando: “Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber… votou, a maioria ganha”.

EXEMPLO DOS EUA – Ao defender “votos secretos” no Supremo, Lula provoca uma discussão ridícula. Ele ouviu dizer que nos Estados Unidos é assim e agora quer copiar.

Ao final da sessão pública, os ministros americanos se reúnem em um ambiente separado para discutir os votos e, depois, a decisão é anunciada em nome de todo o tribunal. Porém, se o julgamento não for unânime, a própria Corte expõe a divergência, não há segredo de voto.

Portanto, o ministro Flávio Dino, da Justiça,  mentiu ao dizer que o voto na Suprema Corte dos EUA fica sob sigilo. Além disso, lá o sistema judiciário é todo diferente, não tem essa enormidade de processos, não tem voto monocrático, não tem duas câmaras autônomas, não tem essa esculhambação com “livre interpretação” de leis e de jurisprudência. Lula ouviu cantar o galo, mas não sabe onde.

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P.S. –
 Quanto ao escritor Jerzy Kozinski, após ser acusado de plágio, em 1982, entrou em profunda depressão, até cometer suicídio em 1991. Foi uma bobagem, porque o texto que ele copiara também era um plágio, baseado no “Mito da Caverna”, uma das principais obras de Platão. (C.N.)

Lembrando a belíssima Marina morena, que enfeitiçou o jovem Dorival Caymmi

Caymmi, sempre inspirado no mar da Bahia

Paulo Peres
Poemas & Canções

O pintor, violonista, cantor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008), na letra de “Marina”, deseja conservá-la jovem, bonita, sem maquiagem, num quase apelo que ela renuncie a sua descoberta como mulher através da pintura do rosto e, para isso, apela para a singela beleza da moça. Este samba-canção foi gravado pelo próprio Caymmi, em 1947, pela RCA Victor.

MARINA
Dorival Caymmi

Marina, morena
Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que Deus lhe deu

Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outro igual
Desculpe, Marina, morena
Mas eu tô de mal
De mal com você

Quando a gravíssima crise chinesa ocorrer, o Brasil afundará junto ou sai fortalecido?

Chineses festejam 120 anos do nascimento de Mao Tsé-Tung - Linha Direta

A grande crise da China será uma fatalidade inevitável

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Em todas as vezes em que analistas econômicos previram uma grande crise chinesa, a China riu por último. Mas dessa vez só não está preocupado quem não está prestando atenção. O setor imobiliário, que responde por cerca de 30% da economia, está à beira do colapso, e pode levar o setor financeiro com ele.

Essa crise vem de longe. É caríssimo ter filhos e educá-los. O Estado não provê uma rede de bem-estar que dê o mínimo de segurança para as pessoas. A saída para a população cada vez mais envelhecida é ter poucos filhos (mesmo sem uma política de controle populacional) e poupar muito. Com poucas opções de investimento, e estimulada pelo governo, essa poupança vira majoritariamente investimento em imóveis.

MAIS CASAS, MENOS GENTE – Uma economia que poupa compulsivamente e que investe 70% de sua poupança em imóveis, ao mesmo tempo em que sua população envelhece e diminui —a população economicamente ativa vem caindo desde 2015, e a população total desde 2022— no mínimo levanta suspeitas. De que adiantam tantas casas se não tem ninguém para morar nelas?

O resultado são dezenas de milhões de apartamentos vazios, mesmo com aluguéis e preços em baixa. Agora as vendas de novas unidades estão despencando.

A maior incorporadora chinesa, a Country Garden, teve prejuízos massivos na primeira metade do ano, e está à beira do calote de seus credores. Com ela, outras virão. Vendo sua poupança virar pó e a vida ficando mais difícil, não se sabe como a população reagirá.

Construção de prédios residenciais feitos em Tianjin, na China, pela Country Garden, construtora do país que entrou em crise junto a outras incorporadoras e ameaçam a estabilidade da segunda maior economia do mundo

Maior problema da China é a crise imobiliária

CRENÇA INGÊNUA – Houve um momento em que se acreditou que a melhora no padrão de vida iria fazer com que os chineses demandassem também direitos civis e maior participação no governo. Era uma crença ingênua. O crescimento é justamente o que legitima o regime, seja ele qual for. Já a queda —e principalmente o pessimismo quanto ao futuro— gera insatisfação.

Ocorre que crescimento econômico não é a única coisa que pode manter o apoio ao governo. Rivalidades externas são tão ou até mais eficazes. O risco de que uma crise econômica provoque o governo chinês a entrar numa aventura militar é real. Uma China em declínio será mais perigosa do que na ascensão.

Quem sabe a diplomacia brasileira —que mantém boas relações com China e EUA— possa ajudar a evitar a guerra, mas assim como na Rússia nossa capacidade de interferir nisso é limitada.

QUAL A PRIORIDADE? – Podemos, aí sim, nos preparar estrategicamente. O Brasil se mantém, como sempre, amigo de todos. Procurando tanto mais aproximação com os Brics (ou seja, a China) e o acordo com a UE. Mas cabe perguntar a quem devemos priorizar.

O mundo está em busca de lugares para investir. Desde a pandemia, as economias desenvolvidas perceberam que é um risco terceirizar toda a produção para onde é economicamente mais barato —a China— sem pensar também no lado político dessa decisão.

O momento agora é o de procurar lugares que conciliem alguma vantagem econômica com garantia de estabilidade e boas relações futuras.

OPÇÕES LATINAS  – O México já está auferindo os ganhos desses investimentos. O Brasil também pode: com reforma tributária, equilíbrio fiscal crível, democracia sólida, meio ambiente protegido e acordo econômico com a UE (o México tem acordos de livre comércio com os EUA desde os anos 90), estaremos prontos para receber investimentos em larga escala.

A China continuará importando de nós; talvez, com a crise, em menor quantidade. Sua capacidade de investir no exterior também cairá.

Ao mesmo tempo, o mundo desenvolvido e democrático está desesperado por lugares politicamente seguros em que investir. Não parece uma conta muito difícil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um artigo de excelência intelectual, altamente instigante. Deve-se acrescentar, apenas, que a grande crise pode dividir a China em vários países, igual à cisão da União Soviética. Quanto ao Brasil, a prioridade deve continuar a ser produção de alimentos e a agroindústria, porque a China e o mundo precisam se alimentar. Mas há um desafio na perspectiva brasileira. Nas grandes cidades, um número gigantesco e crescente de imóveis vazios, sem serem vendidos ou alugados, enquanto as favelas incham? Quem explica? Nem mesmo Freud. (C.N.)

Parlamentarismo sem primeiro-ministro significa uma humilhação para o eleitor

Semipresidencialismo ou semidemocracia - Blog do Ari Cunha

Charge do Laerte (Folha)

Marcus André Melo
Folha

A afirmação do ministro Haddad de que a Câmara está com “um poder muito grande” e “não pode usar este poder para humilhar o Senado e o Executivo” é no mínimo esdrúxula. Merece ser discutida, no entanto, sua conclusão de que “a gente saiu do presidencialismo de coalizão e hoje vive uma coisa estranhíssima, que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro; não tem primeiro-ministro, ninguém vai cair, quem vai pagar o pato político é o Executivo”.

Se alguém é humilhado quando o Legislativo não cumpre seu papel é o eleitor(a). A separação de Poderes no presidencialismo assenta-se na ideia de contraposição de interesses opostos que cria incentivos para o controle recíproco.

CONTRAPOSIÇÃO – A fórmula madisoniana é “ambição deve ser contraposta à ambição”. A maioria da Câmara é distinta — mas igualmente legítima — da eleição majoritária do Executivo, e contrapõe-se ao Executivo. Madison justifica: porque os homens não são anjos. Mas disso os brasileiros não precisam ser lembrados.

O presidente brasileiro continua sendo “o mais poderoso constitucionalmente do planeta”, como mostraram Matthew Shugart e John Carey (1992) em um dos clássicos sobre relações Executivo-Legislativo. Seus poderes constitucionais ativos e reativos permanecem inalterados desde 1988, salvo dois aspectos: medidas provisórias e orçamento. No entanto, os partidos estão mais fortes devido ao fundo de campanha e a coligação do presidente muito mais fraca, como mostrei aqui.

DIFERENTE DOS EUA – Nos EUA, o presidente não dispõe sequer da prerrogativa de propor projetos de lei, quanto mais MPs. O Legislativo é descentralizado e as comissões congressuais desempenham o papel central na vida política e nas políticas públicas.

O macartismo foi protagonizado pelo presidente de uma comissão, não pelo Executivo.

O orçamento é impositivo, não autorizativo, como em quase todas as democracias maduras. Quando um presidente tentou contingenciar programas aprovados pelo Congresso, algo que o presidente brasileiro faz ordinariamente, o Congresso o ameaçou com um impeachment e a aprovação do Impoundment Control Act (1974), que criou regras para a submissão de pedidos de cortes orçamentários, os quais se não forem aprovados em “45 dias legislativos”, implicarão em execução imediata.

EMENDAS PARLAMENTARES – Como no Brasil, também nos EUA abundam os projetos localistas (pork barrel), negociados por parlamentares para seus distritos.

Mas alto lá: o jogo clientelístico é inteiramente intraparlamentar, o Executivo é ator marginal no processo. Não se troca emenda por liberação de recursos pelo Executivo, como entre nós, conforme já discuti aqui.

Todo esse protagonismo não levou nenhum analista a caracterizar o regime dos EUA como parlamentarismo sem primeiro-ministro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Outra diferença interessante entre Brasil e EUA: o presidente americano não tem poder de veto parcial, apenas total. Ou veta o projeto inteiro ou tem de sancioná-lo “in totum”, como dizem os juristas. (C.N.)  

Dino tentou agradar Lula e mentiu sobre o tal voto secreto no Supremo dos EUA

Flavio Dino

Dino teve de contar uma tremenda lorota para apoiar Lula

Alice Cravo
O Globo

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira que o debate sobre a implementação de voto secreto para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é “válido” e que é “evidente que em algum momento esse debate vai se colocar”.

Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu um modelo de votações secretas na Corte. Nele, as posições de cada magistrado não seriam públicas, apenas o resultado final dos julgamentos. Para o presidente, “a sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte”.

EM ALGUM MOMENTO — “Evidente que em algum momento em sede constitucional ou até mesmo do futuro estatuto da magistratura é um debate válido, assim como o debate acerca de mandatos” — embromou Dino, completando: — “Em algum momento esse debate vai se colocar, é claro que não é algo para já já, para amanhã, mas é uma observação importante”.

Dino usou como exemplo o modelo adotado pela Suprema Corte dos Estados Unidos, similar ao defendido por Lula nesta terça-feira.

— Na verdade há um debate posto no mundo sobre a forma dos Tribunais Supremos deliberarem. Temos uma referência na Suprema Corte dos EUA, que delibera assim. Ela delibera a partir dos votos individuais e é comunicada a posição da Corte e não a posição individual deste ou daquele juiz.

MODELO POSSÍVEL – Dino ainda defendeu que o modelo sugerido por Lula não reduz a transparência das decisões do STF e que o modelo é “possível”.

— Não (há redução na transparência), porque a decisão é comunicada, de modo transparente, apenas a primazia do colegiado por sobre as vontades individuais. É um modelo possível. Eu não tenho elementos a essas alturas para dizer que um modelo é melhor do que o outro. Apenas acentuar que em ambos há transparência.

O ministro ainda defendeu o mandato de ministros e ressaltou que apresentou um Projeto de Emenda à Constituição em 2009 para estabelecer um mandato de 11 anos para ministros do STF.

— Sim (defendo mandato). Apresentei inclusive uma PEC, em 2009, que trata hoje na Câmara propondo a instituição do mandato de 11 anos.

NÃO É CANDIDATO? – Questionado sobre a possibilidade de assumir a segunda vaga no STF que abrirá ainda neste ano após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, Dino afirmou que “não trabalha, não oferece e não toca no assunto, não é candidato e não faz campanha”.

— Eu não trabalho, não ofereço, não toco no assunto, não sou candidato, não faço campanha. Em primeiro lugar, por respeito ao presidente da República, a prerrogativa é dele. Em segundo lugar, porque tenho experiência para saber que isso não funciona. Em terceiro lugar, que eu estou muito, muito feliz onde estou, sendo senador e sendo ministro da Justiça e Segurança Pública. Estou focado nesta missão e fico honrado com as mudanças”, afirmou Flávio Dino.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Chega a ser constrangedor… Dino faz o possível e o impossível para agradar Lula. Nessa ânsia, mentiu ao omitir a informação mais importante. Nos EUA, o Supremo se reúne em sala fechada só na hora do voto, sem espectadores. No entanto, quando não há unanimidade, a discordância é revelada e não há sigilo sobre os votos. Além disso, querer comparar a Justiça americana com a brasileira só pode ser Piada do Ano, porque a Justiça brasileira non ecziste, diria padre Quevedo. (C.N.)

Marco Aurélio rebate Lula e diz que STF não pode decidir julgamentos em segredo

O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello

Marco Aurélio diz que Supremo precisa ser transparente

Rafael Moraes Moura
O Globo

Responsável pela criação da TV Justiça durante o período em que presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro aposentado Marco Aurélio Mello considerou um “ato falho” e “um arroubo de retórica inconcebível” a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que os votos de cada integrante da Corte não sejam divulgados.

Na entrevista semanal que divulga nas redes do governo e reproduz no seu próprio perfil, o presidente da República disse que “a sociedade não tem que saber como é que vota” cada ministro da Suprema Corte. “Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2”, afirmou, enfatizando que a proposta visa evitar a “animosidade” com decisões de magistrados.

ÉPOCA DAS CAVERNAS – “A publicidade é desinfetante, é o que clareia, o que direciona a dias melhores. Não há espaço para mistério, não podemos voltar à época das cavernas. Os ministros do STF têm que prestar contas para a sociedade, todo homem público tem que prestar contas”, disse o ministro aposentado à equipe da coluna.

“Qual é a mola mestra da administração pública? É a publicidade. É o que permite à imprensa ter acesso ao dia a dia da máquina pública e informar aos contribuintes para que cobrem uma postura exemplar de todos, dos magistrados, dos agentes políticos e públicos”, assinalou, a seguir.

“A TV Justiça aproximou o Judiciário da sociedade e a sociedade do Judiciário, isso é salutar”, afirmou Marco Aurélio. “A TV Justiça veio pra ficar. Duvido que alguém tenha coragem de acabar com a TV Justiça.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula tem elogiado tanto Dilma Rousseff, que parece estar incorporando o jeito dela dizer asneiras. Ele já prometeu que este mês fará campanha na ONU pelo trabalho decente, quando se sabe que todo tipo de trabalho hoje é considerado decente, desde que não seja criminoso. E já existem países onde até a prostituição está legalizada e não é mais considerada indecente. Aliás, será que aquele trabalho que Lula arranjou para a amante em 2003, para ser chefe do gabinete dele, poderia ser considerado decente? (C.N.)

Ex-chefe do setor de presentes aponta irregularidades de Lula, Dilma e Bolsonaro

Ex-chefe do setor de presentes aponta problemas de Lula, Dilma e Bolsonaro  | VEJA

Este servido não conhecia a Portaria que regula sua função

Marcela Mattos
Veja

O militar da reserva Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do gabinete que cuida dos presentes recebidos pelos presidentes da República, atuou no setor ao longo de seis anos, e foi exonerado em janeiro de 2023.

Neste período, ele acompanhou o recebimento de centenas de milhares de presentes e criou um sistema para integrar o controle dos acervos. Ele também presenciou desde o descuido com os bens recebidos à apropriação dos itens sem que fossem cumpridos os protocolos exigidos.

EM TRÊS GESTÕES – Os problemas apontados são referentes aos ex-presidentes Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff e ao presidente Lula após o fim de seu segundo mandatos

O nome de Marcelo Vieira foi enredado no âmbito da investigação da Polícia Federal que apura o desvio de presentes recebidos por Bolsonaro durante o seu mandato. A PF suspeita que o servidor agia em conluio com o ex-presidente e seus assessores e teria alterado regras para facilitar a apropriação dos presentes.

Em entrevista a Veja, o ex-assessor negou as acusações e disse que não fez nenhuma mudança nas regras vigentes.

VENDA DAS JOIAS – Vieira contou ainda que, apesar de o ex-ajudante de ordens Mauro Cid fazer recorrentes ligações perguntando se determinados itens poderiam ser vendidos, nunca lhe foi comunicada qualquer intenção de vender as joias no exterior.

Conforme mostrou a Polícia Federal, diversas joias e itens luxuosos foram evadidos e negociados nos Estados Unidos. A venda dos bens até poderia ser legal, mas não antes de comunicar à União, que teria de ter preferência na aquisição. “Está contrariando a lei, então eu entendo que é uma ilegalidade”, disse Vieira.

O mesmo serve para o presidente Lula, que usa um relógio Piaget recebido durante uma viagem oficial sem que o item sequer tenha sido informado ao setor. “Ele pode usar, mas houve um erro administrativo com o fato de o item não ter sido registrado no acervo”, pontua.

DILMA BAGUNÇADA – O ex-assessor também relatou o que encontrou ao visitar o acervo de ex-presidentes, como o de Dilma Rousseff, localizado no Rio Grande do Sul. “Os bens da presidente Dilma estavam em um assentamento de Sem Terra dentro de dois contêineres. Estavam um em cima do outro, tudo jogado lá”, contou.

Ele também apontou para lacunas na legislação sobre o que pode ou não ser utilizado e questiona a demora da Casa Civil em aperfeiçoar esses regramentos, conforme orientou o Tribunal de Contas da União (TCU).

O ex-assessor foi alvo de busca e apreensão e teve seu sigilo telefônico quebrado. Não foi informado se alguma evidência de irregularidade foi encontrada. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA função do servidor Marcelo Vieira era apenas catalogar todos os presentes e separá-los em acervo público e acervo privado do presidente, para o qual seriam destinadas as peças personalíssimas. Sua entrevista é contraditória, porque critica a Casa Civil por não atender ao TCU e regulamentar o que seriam os bens personalíssimos. Foi justamente isso que a Portaria 59 fez, quando Marcelo Vieira já estava trabalhando no Planalto e tomou conhecimento da existência. Ou seja, é mais um despreparado que ocupava cargo pública na Presidência desde 2017 e nem conhecia a Portaria 59, que se referia à sua função. É desanimador. (C.N.) 

Era só o que faltava! Lula defende que votos dos ministros do Supremo sejam “secretos”

Ao vivo: Lula faz live semanal

Lula fala uma baita idiotice, mas pensa que está agradando

Natália Santos
O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta terça-feira, 5, que a sociedade não deveria saber os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o chefe do Executivo, essa seria uma forma de controlar a “animosidade” contra as instituições brasileiras. A declaração do petista ocorre após o ministro do STF Cristiano Zanin, indicado por ele ao cargo, sofrer críticas da esquerda, inclusive do PT, por posicionamentos contrários a temas considerados progressistas e sociais.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Lula foi crítico dos decretos que colocaram em sigilo atos da gestão e prometeu, na campanha, revelar os segredos do adversário. No mandato, porém, mantém a falta de transparência na Presidência.

CRÍTICAS AO SUPREMO – Lula também já fez críticas a decisões da Corte. Enquanto estava preso pela Operação Lava Jato, após ter recursos negados, acusou os ministros de serem parciais e optarem por decisões monocráticas. “Se não querem que eu seja presidente, a forma mais simples é me derrotar nas urnas”, disse o petista em 2018.

Em 2020, criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes de barrar a nomeação realizada pelo então presidente Bolsonaro de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal (PF).

Na ocasião, repetiu o argumento sobre as decisões tomadas por um único magistrado. “Não pode um único juiz da Suprema Corte tomar atitude de evitar. Não podemos permitir que as instituições ajam politicamente.”

VOTOS SECRETOS – Nesta terça, afirmou que “ninguém precisa saber” os votos de ministros. “Eu, aliás, se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber”, disse no programa “Conversa com o Presidente”, live semanal produzida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não era o jeito de a gente começar a mudar o que está acontecendo no Brasil. Do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele”, afirmou.

O chefe do Executivo também defendeu o respeito às decisões do STF pelo representante do governo. “Esse País precisa aprender a respeitas as instituições. Não cabe ao presidente da República gostar ou não de uma decisão da Suprema Corte. A Suprema Corte decide, a gente cumpre. É assim que é”, disse.

VOTOS DE ZANIN – Na última semana, os primeiros primeiros votos do ministro Zanin foram alvos de críticas de aliados de Lula ao mesmo tempo que agradaram a opositores do governo. Indicado por Lula neste ano, o magistrado se posicionou contra temas considerados progressistas e sociais, como a descriminalização das drogas e a equiparação de atos de homofobia e transfobia a crimes de injúria racial.

No fim de agosto, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, reagiu a um meme publicado em rede social que criticava recentes decisões do novo ministro. O perfil de André Garça, no X (antigo Twitter), postou um vídeo com uma montagem no qual Cristiano Zanin aparece embaçado. Em seguida, as imagens mostram Janja limpando seus óculos. Assim que ela os coloca, surge a imagem do ministro do STF, André Mendonça, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro à Corte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Voto secreto no Judiciário? Lula ouviu dizer que nos Estados Unidos é assim e agora quer copiar. Ao final da sessão, os ministros americanos se reúnem em um ambiente separado para discutir o caso e, depois, a decisão é anunciada em nome de todo o Tribunal. Se o julgamento não for unânime, a Corte expõe a divergência, não há mais segredo. E lá o sistema judicial é todo diferente, não tem essa enormidade de processos, não tem voto monocrático, não tem duas câmaras autônomas, não é essa esculhambação com “livre interpretação” de leis e de jurisprudência. Vamos voltar ao assunto, daqui a pouco. (C.N.)

Marina volta a dizer que “o Ibama é que se pronuncia tecnicamente” sobre o petróleo

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

Se depender de Marina, Brasil voltará á Idade da Pedra

Lauriberto Pompeu
O Globo

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou novamente que cabe ao Ibama se “pronunciar tecnicamente” sobre as licenças para exploração de petróleo. A fala foi dada após participar de uma sessão solene na Câmara, que comemorou o Dia da Amazônia.

A declaração se dá em um contexto em que o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras travam uma queda de braço com a ministra para viabilizar pesquisas sobre a exploração de petróleo na região da bacia da foz do Rio Amazonas.

PARECER DA AGU – “Em relação à exploração de petróleo, o Ibama é quem se pronuncia tecnicamente no âmbito de cada pedido de licença. Ao longo da trajetória do Ibama com a Petrobras já foram concedidas mais de 2 mil licenças, todas elas de natureza técnica, as que foram dadas e as que foram negadas“ – disse Marina.

No final de agosto, a Advocacia-Geral da União (AGU) deu um parecer em que disse que é possível conceder licenciamento mesmo sem uma avaliação preliminar da área concedida. O entendimento da pasta vai na direção contrária ao do Ibama, que negou a licença em maio.

A ministra também comentou sobre a intenção do Ministério dos Transportes de viabilizar a construção da Ferrogrão, ferrovia que ligaria o Pará ao Mato Grosso. Marina mais uma vez ressaltou que a iniciativa vai precisar atender aos requisitos ambientais e que precisará ter o aval do Ibama.

EM CADA FASE… – “O empreendedor tenta seguir esse termo de referência e o licenciamento é dado nas diferentes etapas, a licença prévia, a licença de instalação e por último a licença de operação. Cada fase compreende um processo técnico que é feito com muito cuidado e muito senso de responsabilidade por parte dos técnicos da diretoria de licenciamento do Ibama”, disse.

Ao comentar sobre o orçamento da sua pasta, Marina afirmou que vai buscar incrementar os recursos junto aos parlamentares.

– Estamos trabalhando na conversa com os deputados com sensibilidade para a pasta do Meio Ambiente para que se possa ter emendas orçamentárias para projetos que possam ser estratégicos inclusive na estratégia de adaptação. Cada vez mais temos eventos extremos, pessoas pagam o preço muito alto quando acontecem as secas ou enchentes — disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A patricinha da floresta faz o possível e o impossível para impedir o desenvolvimento do país. É impressionante a sua intransigência. Lula sabia de tudo, mas mesmo assim a nomeou para o Meio Ambiente. O resultado de sua gestão será tenebroso, em termos econômicos. (C.N.)

Em 2024, governo dependerá do Congresso para pagar o Bolsa Família e a Previdência 

arcabouço-fiscal-charge - Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e  Região

Charge do Laerte (Folha)

Idiana Tomazelli e Nathalia Garcia
Folha

A execução do Orçamento de 2024 deve ser um teste de fogo para a articulação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vai depender do Congresso Nacional para aprovar créditos essenciais para destravar despesas com o Bolsa Família e a Previdência Social. O desafio se soma à necessidade de obter apoio dos congressistas para avançar no amplo pacote de receitas extras elaborado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Ao todo, o governo precisará do Legislativo para avalizar até R$ 318 bilhões contabilizados na peça orçamentária, entre fontes de arrecadação e créditos suplementares para atender o novo arcabouço fiscal ou a chamada regra de ouro do Orçamento —que impede a emissão de dívida para bancar despesas correntes, como os benefícios previdenciários.

PODER DO CONGRESSO – Técnicos do governo admitem que a elevada dependência dessas autorizações especiais dará ao Congresso um enorme poder de barganha nas articulações.

Entre 2019 e 2021, o Executivo precisou recorrer ao crédito da regra de ouro para liberar gastos financiados diretamente com títulos da dívida. Para isso, enfrentou duras negociações envolvendo pedidos de emendas e verbas.

O atual governo já tem tido dificuldade para consolidar uma base de apoio no Legislativo. Na tentativa de minimizar esse problema, o presidente Lula negocia o embarque oficial de PP e Republicanos, siglas do centrão, no primeiro escalão do governo. Ainda assim, a aprovação das “fatias do Orçamento”, como os créditos vêm sendo chamados nos bastidores, não deve ser uma tarefa fácil, segundo avaliação de membros da equipe econômica e de técnicos experientes do Congresso.

ESTRATÉGIA DO GOVERNO – Por outro lado, o governo estrategicamente condicionou despesas que são difíceis de o Congresso inviabilizar, como são os casos dos benefícios do Bolsa Família e do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Obstruir os pagamentos dessas transferências por interesses políticos teria repercussão negativa para os congressistas.

Além das receitas extras, o Executivo precisa aprovar pelo menos dois créditos suplementares em 2024. Um deles trata das despesas condicionadas do novo arcabouço fiscal, no valor de R$ 32,4 bilhões. Esse é o espaço que o governo prevê ganhar com a regra que permite incorporar ao limite de despesas a aceleração da inflação até o fim deste ano.

O Orçamento foi fechado com uma correção de 3,16% (inflação de 12 meses até junho) mais a variação real de 1,7% (70% da alta das receitas, conforme previsto no novo arcabouço). Mas a previsão atual do governo é que o índice de preços acelere a 4,85% até o fim de 2023. A diferença de 1,69 ponto percentual, se confirmada, cria espaço para os gastos extras.

NO ORÇAMENTO – O projeto de lei para abrir oficialmente os créditos em favor das ações só poderá ser enviado no ano que vem, mas o governo Lula já incluiu o valor na proposta de Orçamento apresentada na última quinta-feira (31).

“Em grandes números, chegamos ao seguinte cenário: dos R$ 32 bilhões, R$ 21 bilhões foram condicionados no Bolsa [Família] e R$ 11 bilhões nas demais discricionárias, naquele subconjunto de R$ 55 bilhões [que incluem ações de custeio da máquina pública]”, disse o secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, na entrevista coletiva para detalhar os números da proposta na semana passada.

No caso do Bolsa Família, uma fatia de 12,5% do orçamento do programa ficou condicionada ao aval do Congresso. Já nas discricionárias, a parcela corresponde a 20%. Um segundo crédito, de valor ainda mais significativo (R$ 200,3 bilhões), precisará da aprovação dos congressistas para evitar o descumprimento da regra que proíbe o governo de usar recursos de empréstimos, obtidos via emissão de títulos públicos, para custear suas despesas correntes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
No final, tudo é uma grande conversa fiada. Basta o Legislativo autoriza um crédito suplementar ou especial com finalidade específica e por maioria absoluta — isto é, com apoio de 257 deputados e 41 senadores. O teto de gasto não existe, não há nenhuma regra nem arcabouço fiscal, o governo gasta à vontade e a dívida continua aumentando, em meio à irresponsabilidade fiscal…
(C.N.)

Em final de carreira, Lula agora se dedica a resolver os problemas dos países amigos

Após 'maratona' de viagens, Lula deve fazer pausa de dois meses para se  recuperar de cirurgia

Lula esquece que o Brasil também tem gravíssimos problemas

Vicente Limongi Netto

Lula, aquele político brasileiro que raramente vai ao exterior, agendou viagem a Cuba. Depois, emenda para os Estados Unidos. O presidente faz muito bem em ajudar países necessitados, como Cuba, Venezuela, Argentina e Haiti. O Brasil tem tudo. Os brasileiros vivem bem. A comida é farta. Não há miséria. Não há mendigos nas ruas. Ninguém morre de frio. O país não tem enchentes nem desabamentos de casas nem de edifícios. Sem nenhum interesse subalterno, o congresso faz tudo que o governo manda.

No Brasil, ninguém mora pendurado em áreas de risco. Todas as casas têm água tratada e esgoto sanitário. O governo é sensacional. Cumpre tudo que promete. os juros são baixos. Ninguém reclama. Os pais de família são bem empregados.

NO MELHOR DOS MUNDOS – Não há criança sem escola. Todas elas são modernas e limpas. Os professores ganham bem. Contam com toda estrutura e segurança necessárias. As rodovias são seguras, bem sinalizadas.   Os serviços públicos são perfeitos. Ônibus são confortáveis. Todos têm segurança. As pessoas sabem que podem ir e voltar sossegados, sem atropelos, para casa.

Os aposentados são tratados com dignidade.  Todos os milhões de precatórios já foram pagos. Os aeroportos, hospitais, postos de saúde, rodoviárias, são belos exemplos para países desenvolvidos. O brasileiro não reclama de nada. Tem tudo do bom e do melhor.

A juventude brasileira é feliz, vive longe das drogas. Os poucos dependentes do vício são prontamente recolhidos e atendidos em clínicas especializadas espalhadas pelo Brasil inteiro. Prossiga, presidente Lula. Leve carinho e dinheiro aos povos que pedem socorro. Aproveite a viagem e vá ajudar também a Grécia, Portugal e a Itália. Beleza, beleza Lula, você é o cara!

DESCONFORTO CELULAR – Neste país maravilhoso que os políticos brasileiros criaram, dá para entender por que há pessoas inteligentes que estejam cada vez decepcionadas com os telefones celulares.

A verdade é que as operadoras da telefonia celular resolveram enlouquecer o usuário com desnecessárias chamadas de telemarketing, que nos incomodam o dia inteiro, é impressionante.

As operadoras Tim e Claro disputam entre si para ver qual a mais irritante, antipática e desagradável. Não dão sossego aos clientes. Insistem em ligações inoportunas. Não apenas de robôs, mas através de funcionários. Uma chatice que nenhum bom senso tolera. Meus pacotinhos estão cheios.

Após as novas cirurgias, Bolsonaro precisará ter cuidados especiais com a saúde

Bolsonaro deve realizar 3ª cirurgia em dezembro

Bolsonaro já realizou os exames preparatórios no hospital

Valdo Cruz
g1 Brasília

Confirmada a informação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por três cirurgias na próxima segunda-feira (11) em um hospital particular de São Paulo. Segundo o advogado Fábio Wajngarten, aliado de Bolsonaro, o ex-presidente será internado no domingo (10) no hospital Vila Nova Star, na capital paulista, e passará pelos procedimentos no dia seguinte.

A previsão até o momento é de que Bolsonaro corrija uma hérnia de hiato (cirurgia na porção superior do estômago, para enfrentar um quadro de refluxo) e passe também por um procedimento nas alças intestinais.

Se correr tudo bem, segundo Wajngarten, Bolsonaro pode também ser submetido a uma cirurgia de desvio de septo, no mesmo dia.

EXAMES PREPARATÓRIOS – No último dia 23, Bolsonaro já tinha passado pelo mesmo hospital para fazer os exames preparativos para as cirurgias. Na ocasião, segundo o blog da Andréia Sadi, ele foi acompanhado pelos médicos Maurício Wajngarten (pai de Fábio Wajngarten) e Antonio Macedo.

Macedo é o mesmo médico que participou das cirurgias anteriores de Bolsonaro relacionadas ao atentado com faca sofrido por ele na campanha presidencial de 2018, em Juiz de Fora (MG).

Desde o ataque, Bolsonaro passou por quatro cirurgias relacionadas ao ferimento na barriga, além de procedimentos como retirada de um cálculo na bexiga e uma vasectomia. Em julho de 2021, Bolsonaro apresentou soluços persistentes e foi internado após ser diagnosticado com obstrução intestinal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As duas cirurgias principais são feitas quase simultaneamente. São operações de risco, por necessitarem de anestesia geral. Poderiam ter sido evitadas, caso Bolsonaro não fosse tão rebelde e obedecesse às ordens médicas. Essas cirurgias para correção de implante de tela na parede do abdômen requerem que o paciente mantenha determinadas cautelas, evitando forçar os músculos da barriga, exatamente o contrário do que faz Bolsonaro, que vive andando a cavalo, de jet-ski ou motocicleta, o que pode causar problemas de aderência na tela implantada. Ele precisa se cuidar porque não poderá ficar fazendo novas cirurgias para acertar a tela implantada. Por fim, tratar desvio de septo é procedimento tão simples que nem merece ser chamado de cirurgia. (C.N.)

Golda, um excelente filme, inclui importantes bastidores da política internacional

Filme concentra-se nas decisões de Golda 

Pedro do Coutto

O filme Golda Meir, com uma atuação excepcional da atriz Helen Mirren no papel da ex-primeira-ministra de Israel, é uma obra muito importante não só por focalizar uma personagem intensa que chefiou o governo israelense por dez anos, mas também porque inclui diálogos dramáticos entre dirigentes políticos; diálogos esses que não vêm ao conhecimento da opinião pública, mas que são decisivos  para o destino de países e de cenários de política externa que incluem invariavelmente interesses econômicos.

São impasses e desfechos que se sucedem nos quais interesses de nações e governos se desenrolam em séries que a opinião pública de modo geral desconhece e até se surpreende ao tomar conhecimento deles. Golda Meir estava à frente do governo de Tel Aviv na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Esteve também à frente dos acontecimentos dramáticos da Guerra do Yom Kippur, em setembro de 1973.

CHOQUE DE INTERESSES – Foram conflitos que concentraram a atenção do mundo porque atrás deles havia o então inevitável choque de interesses entre os Estados Unidos e a União Soviética. O Estado de Israel, com base num projeto do chanceler Oswaldo Aranha, primeiro presidente da ONU, em 1947, enfrentou forte resistência das nações árabes que deflagraram a guerra contra Israel em 1948. Não tiveram êxito.

Em 1967, o Egito, governado por Gamal Abdel Nasser, deflagrou uma guerra contra Israel ao lado da Síria e da Jordânia. Na véspera, foi à televisão no Cairo e se dirigiu aos jornalistas: “Saiam de Tel Aviv porque amanhã nós vamos aí cortar as cabeças dos judeus e será difícil saber quem é jornalista e quem não é”, afirmou. Diante do aviso, Golda Meir ordenou o ataque desfechado pelo general Moshe Dayan que arrasou a aviação egípcia no chão.

A partir daí Israel ocupou vários espaços no Oriente Médio. A parte oriental de Jerusalém, as colinas de Golã, na Síria e áreas do Sinai. Os palestinos apoiaram Nasser.  Em 1973, seis anos depois, já no governo de Anwar Al Sadat, o Egito organizou um ataque mobilizando tanques e armamentos de fabricação russa. Yom Kippur é o Dia do Perdão para os judeus. Neste dia, Sadat atacou e ocupou amplos territórios do Oriente Médio, ameaçando a segurança do governo de Golda Meir.

DIÁLOGO – Golda Meir telefonou para Kissinger que alegou dificuldades de ajuda porque o governo Nixon encontrava-se pressionado pelo escândalo de Watergate. Golda insistiu. Kissinger, que era alemão de nascimento e judeu por religião, num dos telefonemas comprometeu-se a falar com o primeiro-ministro russo Brejnev para aliviar a pressão em favor dos árabes. Um diálogo, como se vê, desconhecido pela opinião pública.

Kissinger, por fim, comprometeu-se a enviar aviões Phantom para Israel enfrentar a situação. Mas ressaltou que a situação era difícil porque os árabes tinham elevado o preço do barril de petróleo de US$ 8 para US$ 12. E que isso causava abalos na economia americana e, portanto, o apoio de Washington a Golda Meir não podia ser amplo, conforme ela desejava.

Mal sabia o secretário Kissinger, que está vivo até hoje, passando dos 100 anos de idade, que o preço do barril de petróleo no mercado internacional subiria para US$ 80. Os preços subiram muito através do tempo, corrigidos duplamente, incluindo a valorização do dólar.

AMEAÇA – Os egípcios conseguiram reaver territórios, mas não Golã e nem Jerusalém Oriental, apesar da importância da cidade, tanto para os judeus, quanto para os cristãos e para os mulçumanos. Em 1956, pára-quedistas israelenses e ingleses desceram no Suez, antes portanto da guerra de 1967. Mas a ação foi sustada porque Nasser ameaçou dinamitar o Canal que então era a principal rota de escoamento do petróleo. Israel mantém a ocupação de Jerusalém oriental e das colinas do Golã. A luta contra os palestinos prossegue de forma incessante.

O desempenho da atriz Helen Mirren é fantástico. A maquiagem da personagem é um trabalho de excepcional criatividade. A atriz que vive o papel título tem um desempenho extraordinário. No filme, que intercala momentos das guerras de 1967 e o Yom Kippur, Golda teve que responder um inquérito do governo de Israel sobre o que teria sido uma omissão, sobretudo do general Moshe Dayan em relação ao ataque egípcio.  O Alto Comando foi informado e não levou a sério devidamente a informação.

Moshe Dayan era o herói de 1967. A mim parece, pelo que o filme demonstra, que superestimou a capacidade de resistência de suas tropas ao ataque desencadeado por Sadat. Golda terminou afastando-se do cargo de primeira-ministra.

ALIANÇAS –  Bernardo Mello Franco, em reportagem no O Globo desta segunda-feira, revela que o presidente nacional do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, está disposto a articular alianças regionais com o PT para eleição de prefeitos e vereadores nas urnas em 2024. Os projetos de aliança incluem o Rio de Janeiro, o Ceará, o Maranhão e a Bahia. Uma prova do realismo político e da convergência de interesses entre os partidos opostos.

Bianca Gomes, também no O Globo, revela que na cidade de São Paulo, Guilherme Boulos, com base em pesquisa do Datafolha, está muito mais forte nos segmentos de renda alta do que o atual prefeito, Ricardo Nunes. Na faixa de até dois salários mínimos, Ricardo Nunes tem 29% a 23%. No segmento de dois a cinco salários mínimos, Boulos tem 38% a 22%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, Boulos tem 40% a 21%.

E na faixa de eleitores e eleitoras que ganham mais de dez salários mínimos, Boulos tem 45% a 17%. A vantagem de Boulos, portanto, a meu ver, tende a crescer, sobretudo na expectativa de conquistar o eleitorado cujos salários vão até dois salários mínimos. Isso porque, de acordo com Matheus Tupina, Folha de S. Paulo, na cidade de São Paulo, no plano geral, 32% se afirmam petistas e 15% bolsonaristas.

Ridiculamente, Lula finge não saber que um dos ministros é alvo da PF por corrupção

Fachin nega novo habeas corpus. Lula pode ser preso a qualquer momento | Exame

Lula preocupado: “Será que o Fufuca também vai decepcionar?

Francisco Leali
Estadão

A Polícia Federal bateu à porta da família do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, na manhã da sexta-feira passada. Cumpriu a sina de que investigadores costumam chacoalhar o mundo político às sextas-feiras. Desta vez, é uma crônica anunciada. Mais do que isso, contada em detalhes sobre a conduta do ministro de Lula que parece cultivar o hábito de tratar a coisa pública como se privada fosse. Mas o presidente da República preferiu não ver e agora vê seu pragmatismo político encurralado pela PF.

O primeiro mês do governo petista estava no fim quando o Estadão revelou que Juscelino Filho, como deputado federal, usou o orçamento da União para enviar verba pública ao seu curral eleitoral no Maranhão.

ESTRADA DA FAZENDA – Detalhe: o destino final era o asfaltamento de uma estrada que passa na frente da fazenda de propriedade de sua família em Vitorino Freire, cidadezinha que até sexta-feira tinha como prefeita Luanna Rezende, irmã do ministro. Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), ela está afastada do cargo.

A PF até queria bater na porta de Juscelino Filho, mas o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, considerou que ainda era prematuro. Mesmo assim, agora é público e notório que há no Supremo uma investigação em curso contra um ministro de Lula, por corrupção da pesada.

Depois que o caso da fazenda foi revelado pelo Estadão, seguiram-se outras histórias, essas já com Juscelino fazendo uso do cargo para fins pessoais. Pegou um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir ver desfile de cavalo no interior de São Paulo; Lula não viu problema. Colocou seu sogro para despachar e receber empresários no Ministério das Comunicações; Lula nada falou.

POR UM FIO – Houve um momento em que o Juscelino esteve por um fio no posto. Mas prevaleceu a ponderação pragmática de que era melhor não comprar briga com aliados no Congresso.

Prestes a fazer uma reforma ministerial para agradar uns e outros e ampliar seu apoio no Legislativo, Lula tem uma nova oportunidade de repensar o caso Juscelino. Desta vez, não poderá dizer que é perseguição investigativa dos policiais.

A PF sob Lula é a mesma que está esquadrinhando e trazendo a público como o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou guardar para si presentes que eram do Estado brasileiro. Se a atuação da PF deve ser levada a sério para Bolsonaro, para Juscelino o governo petista vai, de novo, fingir que nada há?

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Lula da Silva e Juscelino Filho, tudo a ver. São farinhas do mesmo saco. Irmãos siameses, almas gêmeas – e por aí afora.(C.N.)