Aliados e estrategistas se dividem sobre atitude do governo na crise do Pix

Governo precisa acertar a sua Comunicação, reforçando as suas ações

Pedro do Coutto

Na última semana, Gleisi Hoffmann,  presidente do PT,  defendeu a decisão do governo Lula ao revogar a portaria da Receita Federal que aumentaria a fiscalização nas transações via Pix. Por outro lado, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ex-líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu,  tiveram o posicionamento oposto, indicando que o Planalto errou ao recuar na medida após o vídeo viral de milhões de visualizações do deputado federal Nikolas Ferreira.

O tema abre uma divisão na base aliada do presidente Lula, além de promover controvérsias entre estrategistas de campanha, especialistas em comunicação digital e líderes de institutos de pesquisa diante de uma das crises mais intensas enfrentadas pelo governo do PT até agora. Enquanto as diferentes alas de profissionais divergem quanto à estratégia adotada pelo governo, há o consenso de que o deputado Níkolas teve as suas declarações sustentadas por argumentos legítimos, apesar do exagero típico das narrativas políticas.

ACERTO – Uma corrente avalia que o governo acertou ao revogar a medida, mas não conseguiu evitar os danos, uma vez que a revogação confirma que não era fake news. Ninguém disse que o governo taxaria diretamente o Pix das pessoas.

A proposta envolvia usar o Pix para monitorar as transações financeiras dos contribuintes e, com base nesses dados, cobrar mais impostos. Portanto, de forma indireta, o Pix seria utilizado para taxar os brasileiros. De forma paralela, em momentos como esse, não há o bom e o ruim. Há o ruim e o pior. Recuar estancou a crise na visão dos que defendem a ação governamental.

ERRO – Para os que vão por outro caminho e acham que o Planalto errou, o governo deixou na mão os defensores das medidas e ofereceu munição para que a oposição saísse como vitoriosa.Além disso, da forma como o recuo foi anunciado, o governo inflamou ainda mais a situação, sendo que a  melhor maneira de enfrentar esse movimento seria entender a nova dinâmica da opinião pública e levar a informação onde está a audiência, independentemente do canal, veículo ou plataforma.

Como se vê, as opiniões se dividem não somente entre os aliados do governo, mas também entre os profissionais que gerenciam crises como a enfrentada recentemente pelo Planalto. O governo, volto a dizer, precisa melhorar as suas estratégias e a sua Comunicação, reforçando os seus pontos fortes, a divulgação de suas ações e confrontando de forma concreta os ataques da oposição.

Ninguém exaltava a Lua como o seresteiro carioca Cândido das Neves

CANDIDO DAS NEVES – Brasil – Poesia dos Brasis – RIO DE JANEIRO -  www.antoniomiranda.com.br

Cândido, romântico ao extremo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O instrumentista, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de Índio, descobre na “Última Estrofe” que a melancolia dos versos do trovador era semelhante a sua, porque ambas tinham como causa o término de um amor e, consequentemente, a saudade que isto acarretou. A música foi gravada por Orlando Silva, em 1935, pela RCA Victor.

ÚLTIMA ESTROFE
Cândido das Neves

A noite estava assim enluarada
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim
E desses gritos de tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:

Lua…
Vinha perto a madrugada
Quando em ânsias minha amada
Nos meus braços desmaiou
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou

Lua…
Hoje eu vivo sem carinho
Ao relento, tão sozinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Essa ingrata volte ainda
Escutando a minha voz

A estrofe derradeira, merencória
Revelava toda a história
De um amor que se perdeu
E a lua que rondava a natureza
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu
Cantor, que assim falas à lua
Minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu
Disse eu em ais convulsos
E ele então, entre soluços
Toda a estrofe repetiu

Com Trump, Europa enfrentará desafios militares e ataque das big techs

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Charge do João Montanaro (Folha)

João Gabriel de Lima
Folha

“As nossas férias da história acabaram”. A frase é de Alexander Stubb, presidente da Finlândia, durante um encontro de chefes de Estado da região do mar Báltico na semana passada, em Helsinki. Ele fazia referência ao retorno de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (20).

De fato, especialistas preveem que tempos complicados se anunciam para a União Europeia. Segundo eles, o bloco terá que líder com duas questões-chave, para além das possíveis sanções comerciais: 1) a defesa militar; e 2) a ofensiva das big techs contra o seu território.

Nos dois casos, vale recordar o primeiro mandato de Trump – e, na comparação, o segundo parece ainda mais desafiador.

GASTOS COM DEFESA – “Em sua primeira presidência, Trump pressionou a UE para aumentar seus gastos com defesa”, diz Folha o cientista político espanhol Francisco Rodríguez-Jiménez, coautor de um livro sobre Trump, “Breve História de uma Presidência Singular”. “Agora, com a guerra [na Ucrânia], a pressão será muito maior”.

Rodríguez-Jiménez lembra que os orçamentos militares dos países da UE variam em termos de porcentagem de PIB segundo a distância que os separa da Rússia.

“Os maiores gastos são da Polônia e da Estônia, da ordem de 4%”, diz sobre dois países cujos primeiros-ministros, Donald Tusk e Kristen Michal, respectivamente, estiveram no encontro em Helsinki.

MAIS DISTANTES – Já a Espanha e a Irlanda, “que ficam longe, investem cerca de 1% do PIB ou até menos”, afirma o cientista político, codiretor de um centro de estudos de política internacional ligado à Universidade de Salamanca.

Foi-se o tempo em que a Europa era um paraíso protegido pelo poder militar dos EUA, como escreveu em 2003 o historiador americano Robert Kagan em seu livro “Do Paraíso e Poder”.

Estar de volta à história, nas palavras do chefe de Estado finlandês, significa responsabilizar-se pela própria defesa. Será um desafio dada a disparidade de gastos e as idiossincrasias da política interna de cada país.

ORÇAMENTO MILITAR – “As nações europeias abriram mão de parte de sua soberania em questões fiscais ou monetária. O ideal agora seria que fizessem o mesmo em defesa, com um orçamento unificado”, afirma Rodríguez-Jiménez.

No caso das big techs, o cenário em relação ao governo anterior de Trump também se tornou mais desafiador. “O grande diferencial é a presença de Elon Musk”, diz o advogado brasileiro Ricardo Campos, professor-assistente na Universidade Goethe, em Frankfurt, e especialista em legislação sobre plataformas digitais.

“Em sua primeira administração, Trump passou grande parte do tempo em guerra com as plataformas. Agora, elas o querem como aliado.” O republicano alojará Musk em sua gestão, num recém-criado Departamento de Eficiência Governamental.

GANHOU REFORÇO – O presidente eleito americano recebeu outro endosso importante do mundo digital quando Mark Zuckerberg, fundador da Meta, decidiu demitir checadores do Instagram e do Facebook.

“As plataformas viram aí uma janela de oportunidade”, diz Ricardo Campos. “Elas querem transformar uma questão normal —o fato de que empresas multinacionais se submetem ao ordenamento jurídico dos países em que atuam— numa questão diplomática, de suposta defesa de empresas americanas no estrangeiro.”

Para a revista britânica The Economist, os EUA sempre exerceram seu poder em nome de valores como liberdade e democracia. Trump representaria uma inflexão: o seu “America First”, EUA antes de tudo, é apenas uma defesa de um país contra os outros, não de uma ideia.

CASO ILUSTRATIVO – O caso das big techs é ilustrativo. De um lado, a UE promulgou em agosto passado sua Lei dos Serviços Digitais, considerada por especialistas como Ricardo Campos um avanço na defesa do debate democrático baseado em evidências. De outro, o governo Trump sinaliza que irá endossar empresas americanas que consideram esse tipo de lei uma forma de censura.

A Lei dos Serviços Digitais, no entanto, segue inspirando a discussão sobre plataformas digitais mundo afora, como se vê por exemplo nos casos do Brasil e da Austrália. No contraponto com o “America First” de Trump, a Europa poderia se fortalecer como soft power?

“Isso só ocorrerá se a UE se mantiver unida”, diz Rodríguez-Jiménez. “O objetivo do novo presidente americano é dividir o continente em países pró-Trump e anti-Trump. Pesquisas mostram que o mundo admira o Estado de Bem-Estar Social, a democracia e os direitos individuais. Está ao alcance da UE fazer disso uma de suas forças”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Muita conversa fiada. A legislação da União Europeia, adotada em 17 de fevereiro de 2024, não fede nem cheira, pois em nada atrapalha o funcionamento das big techs. Um ano depois, o único caso mencionável foi com a Apple, fabricante do iPhone, sob a alegação de que sua loja de aplicativos do, a App Store, não permitia que desenvolvedores direcionassem clientes para canais alternativos de ofertas e conteúdo. Nada a ver com as críticas a Moraes e ao Brasil, pela desfaçatez do Supremo no controle à liberdade de expressão, através de censura ou algo no gênero, sem direito de defesa em processos sigilosos. (C.N.)

‘Posso fugir agora, qualquer um pode’, diz Bolsonaro ao criticar Moraes

Um homem está falando em uma coletiva de imprensa, cercado por repórteres e câmeras. Ele usa uma camisa escura e parece estar em um ambiente interno, com pessoas ao fundo. Microfones de diferentes emissoras estão posicionados em sua direção.

Bolsonaro ficou revoltado com a postura de Moraes

Lucas Leite
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por ter barrado a sua participação na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorreu nesta segunda-feira (20). A declaração foi dada ao canal AuriVerde Brasil no YouTube.

“Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil. É o dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator. Ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o seu juiz para fazer parte de audiência de custódia, tudo ele! Tira teu passaporte. Ele pode fugir. Eu posso fugir agora. Qualquer um pode fugir”, afirmou Bolsonaro.

RISCO DE FUGA – Na última quinta-feira (16), Moraes negou o pedido do ex-presidente para viajar aos Estados Unidos. Na decisão, o ministro do STF mencionou a existência de risco de fuga do ex-mandatário, indiciado em casos como o da trama golpista de 2022.

Bolsonaro reafirmou nesta segunda que havia sido formalmente convidado para o evento em Washington. Moraes disse na semana passada que não foram apresentados documentos que comprovassem a veracidade do convite feito por Trump para participar da cerimônia de posse na capital americana.

“Eu fui convidado. Toda a imprensa do mundo todo divulgou isso aí. Como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu fui proibido de ir para lá por causa de uma decisão de um juiz”, afirmou Bolsonaro.

FUGA DE CONDENADOS – O magistrado, na semana passada, também justificou sua decisão com base no histórico de declarações públicas de Bolsonaro em favor da fuga de condenados.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, publicou na tarde desta segunda vídeo em que o ex-mandatário aparece chorando por causa do evento nos Estados Unidos. “Jair Bolsonaro se emociona com a posse de Donald Trump”, diz a legenda.

Pela manhã, o ex-mandatário postou uma foto da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Washington com a mensagem “grande dia” —um bordão que costuma usar.

Discurso de Trump exibe uma  postura hostil para o resto do mundo

Comércio, imigração, energia: um resumo das ações executivas que Trump deve assinar

Trump fez um discurso rancoroso, que não leva a nada

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

“Deste momento em diante, o declínio da América acabou.” Para mim, esta frase encapsula o sentimento do novo governo Trump. Um líder como Trump é o sintoma de uma potência em declínio; de um país que não tem mais o domínio mundial que já teve e que reage a isso se fechando e adotando uma postura hostil para o resto do mundo.

Os EUA não são mais os campeões autoconfiantes da ordem mundial que ajudaram a criar no pós-guerra; são os primeiros a querer desmontá-la porque ela custa caro demais.

DISPUTA FRATRICIDA – Como de praxe, não se ouviu, nas palavras de Trump, qualquer menção a nações aliadas. O mundo é um imenso cada-um-por-si. Nas relações comerciais, um lado perde e o outro ganha. No comando do Estado mais poderoso do mundo, ele sabe que pode ameaçar nações menores com tarifas, sanções ou mesmo ações militares, e haverá muito pouco que qualquer país ameaçado poderá fazer.

Mesmo que não consiga tudo o que pediu inicialmente (lembrando que exigir muito é o primeiro passo para conseguir algo), ele sai com a vitória: direitos de exploração mineral da Groenlândia; tarifa zero para navios americanos no Panamá; alguma concessão do Canadá. Não sabemos bem como nem quando, mas, em algum momento, a chantagem chegará no Brasil.

MEDIDAS DANOSAS – Algumas de suas promessas são danosas para o crescimento, como tarifas para importações, que encarecerão a vida do consumidor, e redução da imigração, que encarecerá a mão de obra. Mas têm o efeito desejado de beneficiar relativamente trabalhadores industriais e jovens pouco escolarizados.

Diga-se com todas as letras: é legítimo um país votar para colocar fim à imigração ilegal e mesmo para reduzir a imigração legal. Mas ilude-se quem acha que os imigrantes são um problema econômico do país.

Ao mesmo tempo, um conjunto de medidas internas pode compensar o fechamento econômico: a desregulamentação da produção —especialmente ambiental— e o corte de impostos, que deve seguir a todo vapor.

TRUMP VENCERÁ – Não duvido nada que o saldo final deste governo seja crescimento econômico, melhora da posição relativa da classe trabalhadora industrial, mais produtos sendo produzidos internamente e inúmeras vantagens ganhas na relação com outros países. Em cada caso, Trump sairá vencedor.

Antes de colocar o bonezinho Maga, contudo, cabe notar que tudo isso cobra uma conta, que será paga por aquele sócio que a gente não consegue ver e, por isso, esquece que existe: o futuro.

Os EUA poluirão como nunca, acelerando as mudanças climáticas e os eventos climáticos extremos para todos nós. Com os cortes de impostos, piora também um problema —esse sim real— da economia americana: a dívida pública, que continuará subindo e acelerando.

LADRÃO DE MERENDA – O mundo mais fechado com os EUA na figura de valentão do parquinho que rouba a merenda dos colegas, por sua vez, terá corroído gradativamente a cooperação entre os países e a boa-fé de todo o mundo democrático com os EUA.

Não quero que me acusem de pessimista. Vá lá: se os bilionários que agora cercam o governo inventarem uma nova tecnologia de baixo custo que resolva a questão climática, ou se o Doge de Elon Musk encontrar gastos trilionários que possam ser cortados sem serem sentidos pela população, os EUA estarão salvos.

Na falta desses milagres, contudo, não creio que arroubos de orgulho nacional impedirão o declínio.

Sucesso de Nikolas Ferreira leva ao desespero as lideranças do PT

Zeca Dirceu pede para PF investigar vídeo de Nikolas Ferreira | CNN ARENA | Facebook

Zeca Dirceu deve achar que a PF não tem o que fazer

Carlos Newton

O vídeo gravado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), com críticas em geral ao governo de Lula da Silva, especialmente quanto ao aumento da fiscalização sobre transações financeiras pela Receita Federal, incluindo o Pix, está levando ao desespero o PT.

Sem saber como explicar a superviralização, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), ex-líder do partido na Câmara, chegou ao ponto de propor que a Polícia Federal  e o Ministério Público investiguem o jovem deputado mineiro.

DISSE ZECA – “Existem cerca de 130 milhões de contas do Instagram no Brasil, muitas delas inativas e outras várias de uma única pessoa que administra muitas contas. Assim, como explicar um vídeo ter 300 milhões de visualizações? Tem algo muito errado aí. A PF e o MPF precisam investigar a fundo a Meta e toda esta propagação de fake news sobre o dólar, Pix e falas manipuladas do Haddad. Trata-se de uma ação criminosa que afeta a economia do Brasil”, disse Zeca Dirceu.

O que é novo sempre surpreende quem não está preparado para receber a novidade, é claro que o total de visualizações significa a soma de todas as redes sociais e de aplicativos, por onde viaja a mensagem.

Aqui na Tribuna da Internet, já acessei cerca de 30 vezes, para conferir o conteúdo e para escolher imagens para ilustrar matérias sobre o assunto.

DESESPERO DA GLOBO – O mais interessante foi o desespero da Organização Globo, a preferida na distribuição de verbas do governo, que parou a programação da rede à tarde, para apresentar a versão do governo, e colocou a GloboNews a serviço do Planalto.

O motivo é sempre o mesmo – tudo por dinheiro, como diria Silvio Santos. Um importante estudo do Fórum de Autorregulamentação do Mercado Publicitário, divulgado em setembro de 2024, mostrou que, pela primeira vez na história, a internet, com investimento de R$ 2,391 bilhões (39,6%), superou a TV aberta, cuja participação foi de R$ 2,256 bilhões (37,4%) da verba publicitária disponível no segundo trimestre do ano.

Este é o ponto fundamental da questão. Com mais de 317 milhões de visualizações, Nikolas Ferreira conseguiu uma visibilidade que nem o Jornal Nacional seria mais capaz de oferecer, mostrando que as redes sociais já superam amplamente a audiência da TV aberta no país.

RECADO ENTENDIDO – Ficou comprovado também que o deputado mineiro, usando uma linguagem simples, conseguiu que a imensa maioria da população entendesse o que ele informava.

Pesquisa publicada pela Quaest na última sexta-feira (17) revelou que 88% dos brasileiros já estavam cientes das mudanças nas normas de fiscalização do Pix e que 87% ouviram falar sobre a possibilidade de o governo federal implementar uma taxa nas transações realizadas por meio deste sistema.

Não adianta o PT querer investigar e prender o deputado. A melhor saída é fazer um governo melhor e mais humano, que estude e adote medidas para reduzir privilégios, como os supersalários no serviço público e nas estatais, ao invés de taxar a pequena renda das classes menos favorecidas.

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P.S.
O PT já foi o Partido dos Trabalhadores, porém não merece mais esse título. No Brasil, o trabalhador infelizmente não está representado nos três poderes. Aliás, jamais esteve. (C.N.)

Trump quer fechar a fronteira, atacar o tráfico e tomar o Canal do Panamá…

Imagem desta segunda-feira, 20, mostra Donald Trump no seu discurso inicial como 47.º presidente dos Estados Unidos

Ao que parece, Trump está precisando de um psiquiatra

Luiz Henrique Gomes
Estadão

Donald Trump prometeu uma “revolução do senso comum” no primeiro discurso como 47.º presidente dos Estados Unidos. Em pouco mais de meia hora, o republicano anunciou medidas de militarização e fechamento da fronteira com o México, disse que passaria a tratar os cartéis de drogas como organizações terroristas e voltou a repetir que tomaria o Canal do Panamá. “Vamos retomar a nossa soberania”, disse no início.

O novo presidente deve assinar até 100 decretos executivos nas próximas horas, em suas primeiras ações após a cerimônia de posse ocorrida no Capitólio, em Washington D.C. Os decretos serão direcionados às políticas de imigração, transição energética e programas de diversidade do governo federal.

MIGRANTES ILEGAIS – Entre as medidas, está previsto o decreto de situação de emergência nacional na fronteira Sul, que vai permitir o envio de militares para a fronteira com o México, e o início da deportação de milhares de migrantes ilegais, que ele prometeu durante a campanha.

“Todas as entradas ilegais serão imediatamente interrompidas e começaremos o processo de retorno de milhões e milhões de estrangeiros criminosos aos lugares de onde vieram”, disse Trump.

“Vamos restabelecer minha política de permanecer no México. Acabarei com a prática de captura e soltura. E enviarei tropas para a fronteira sul para repelir a desastrosa invasão do nosso país.”

CANAL DO PANAMÁ – Como nas últimas semanas, Trump afirmou que vai retomar o controle do Canal do Panamá, que pertence ao Panamá, com a falsa acusação de que a China opera no local.

“A China está operando o Canal do Panamá e não o demos à China, demos ao Panamá e estamos tomando de volta”, declarou.

PAPAI E MAMÃE… – Trump também prometeu encerrar os programas de diversidade, equidade e inclusão do governo de Joe Biden. Uma de suas medidas, disse, será instituir a política oficial que só considera dois gêneros: masculino e feminino. Isso excluirá aqueles que se consideram não-binários e trans.

“Acabarei com a política governamental de tentar fazer engenharia social de raça e gênero em todos os aspectos da vida pública e privada. Forjaremos uma sociedade que é daltônica e baseada no mérito. A partir de hoje, será doravante a política oficial do governo dos Estados Unidos que existam apenas dois gêneros, masculino e feminino”, disse.

O republicano também falou em seu discurso sobre designar os cartéis de drogas como organizações terroristas, o que os coloca no mesmo patamar de organizações como a Al-Qaeda.

NARCOTERRORISTAS – “Sob as ordens que assinei hoje, também designaremos os cartéis como organizações terroristas estrangeiras. E ao invocar o Alien Enemies Act de 1798, direcionarei nosso governo a usar todo o poder imenso da aplicação da lei federal e estadual para eliminar a presença de todas as gangues estrangeiras e redes criminosas que trazem crimes devastadores para o solo dos EUA, incluindo nossas cidades e centros urbanos”, declarou.

Como prometido na campanha eleitoral, o republicano também irá revogar medidas de transição energética instituídas por Joe Biden. Ele afirmou que vai decretar estado de emergência energética em todo o país para perfurar mais poços de petróleo. “Nós perfuraremos, baby, perfuraremos”, disse.

Trump lamentou os incêndios em Los Angeles, mas não fez atribuições às mudanças climáticas. “Os EUA serão uma nação manufatureira mais uma vez, e temos algo que nenhuma outra nação manufatureira jamais terá: a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país na Terra. E vamos usá-la”, afirmou.

HOMEM EM MARTE – Ele também disse que irá revogar o Green New Deal, criado com o objetivo de reduzir as emissões de combustíveis fósseis na atmosfera.

Em determinado trecho do discurso, o republicano também citou a ambição de levar o homem à Marte – o que arrancou sorrisos de um de seus principais apoiadores, o bilionário Elon Musk, proprietário da SpaceX. “Seguiremos nosso destino manifesto rumo às estrelas, lançando astronautas americanos para plantar as estrelas e listras (referência à bandeira americana) no planeta Marte“, afirmou.

“Ambição é a força vital de uma grande nação e, agora mesmo, nossa nação é mais ambiciosa do que qualquer outra“, acrescentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump é um grande ator, que faz papel de presidente. Seria preferível se fosse um grande presidente querendo fazer papel de ator. Logo no primeiro dia, reabriu oficialmente a nova Guerra Fria, desta vez entre Estados Unido e China. Serão quatro anos de surpresas, que vão balançar e bagunçar o mundo. (C.N.)

Trump fala exatamente o que o povo norte-americano tanto queria ouvir

Retorno de Trump é novo pesadelo para a Europa, diz analista político

Trump adora despertar polêmicas e irritar os adversários

Vicente Limongi Netto

Meninas e meninos do canal Globonews não conseguiram esconder o aperreio, xavecos tolos, soberba e críticas amargas com a posse de Donald Trump, pela segunda vez, como Presidente dos Estados Unidos, tornando-se o 47º governante da nação mais poderosa do mundo. 

Aconselho que os amados colegas passem gelol no cotovelo ou ateiem fogo às vestes.  Trump é pragmático. Fala o que a maioria do povo americano quer ouvir. É forte nas redes sociais e sabe falar na televisão.

ERA DE OURO – Galhofeiros aqui e alhures não intimidarão Trump, com análises torpes, desapontadas e superficiais. “A era de ouro dos Estados Unidos começa hoje”, garantiu Trump no discurso de posse, com aplausos dos presentes.

Curiosidade: nem com lupa da Nasa localizei dona Michelle nem Eduardo Bolsonaro nas solenidades do Capitólio, muito menos membros da folclórica comitiva de parlamentares brasileiros.

FÉ EM GANSO – Minha ardorosa torcida e orações pela recuperação do cerebral Paulo Henrique Ganso. Exames preliminares na volta das férias constataram sintomas de miocacrite (inflamação no músculo do coração) do atleta.

 A arte e a maestria do futebol inteligente e objetivo não podem abrir mão da presença e do futebol do meia do Fluminense.  

Atenção! Braga Netto será visitado na prisão pelo comandante do Exército

Entrevista Comandante do Exército - Gen Ex Tomás Paiva - DefesaNet

Não será uma visita de solidariedade, mas é importante

Bela Megale
O Globo

O comandante do Exército, Tomás Paiva, fará uma visita ao general da reserva e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, na prisão. Na sua próxima viagem ao Rio de Janeiro, Tomás Paiva pretende ir à 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, onde o Braga Netto está preso há um mês. A data ainda não foi marcada.

Interlocutores do chefe do Exército deixam claro que não será um encontro de solidariedade, mas uma agenda que o general costuma realizar com militares presos.

OBJETIVO – Nessas visitas, o comandante averigua fatores como as instalações onde detentos estão alocados, suas condições de saúde e acesso a advogados.

Tomás Paiva já tinha a praxe de visitar militares presos que estão à disposição da Justiça, o que inclui os detidos preventivamente, ou seja, sem data para sair da cadeia, como é o caso Braga Netto.

Quando estava à frente do Comando Militar do Sudeste, o general já adotava a prática e seguiu com ela ao assumir o mais alto posto do Exército. O comandante também costuma fazer esse tipo de inspeção nos hospitais das Forças Armadas.

SEM PROXIMIDADE – Como informou a coluna, no ano passado, Tomás Paiva também visitou o coronel e ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, quando ele esteve preso. Câmara é outro dos 37 indiciados no inquérito da tentativa de golpe.

Tomás Paiva e Braga Netto não são próximos. O ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro chegou a orientar ataques ao hoje comandante do Exército nas redes sociais, como revelou a investigação da Polícia Federal em que o general da reserva também foi indiciado por tentativa de golpe de Estado.

Segundo a PF, cinco dias após a diplomação do presidente Lula, em 17 de dezembro de 2022, Braga Netto orientou o ex-capitão Ailton Barros, expulso do Exército em 2006, a “viralizar” ataques contra Tomás Paiva. O período imediatamente posterior à ordem foi marcado pela intensificação da ofensiva contra o oficial em perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ claro que o comandante Tomás Paiva não vai “inspecionar” as condições da prisão. Ele tem quem faça isso. Em tradução simultânea, o objetivo de sua visita será dizer pessoalmente ao ex-colega de Alto-Comando que o Exército não o abandonou e até já pediu ao presidente Lula da Silva que apoie a anistia a ser votada pelo Congresso, para pacificar o país.  General de verdade jamais abandona o colega que ficou para trás, não importa se é criminoso ou não. (C.N.)

Em São Paulo, desembargadores ganharam R$ 75 mil por mês em 2024

Supersalários do poder Judiciário custam 12 bilhões ao País. | ASMETRO-SI

Charge reproduzida do Arquivo Google

Bruno Ribeiro
Folha

O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) aumentou em mais de 50%, em 2024, os gastos com o pagamento de benefícios adicionais, os chamados penduricalhos, a seus cerca de 380 desembargadores da ativa. Ao longo do ano passado, a remuneração média desses magistrados foi de R$ 75 mil por mês.

O salário-base da cúpula do TJ-SP é de R$ 37,6 mil e não sofreu reajustes em 2023. O valor está dentro do teto vigente em São Paulo, de 90,25% do salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Mas, com os pagamentos extras, o total recebido pelos desembargadores paulistas chegou a quase o dobro desse montante.

PENDURICALHOS –  Em 2024, esses chamados penduricalhos aumentaram em 30% a remuneração dos desembargadores paulistas —em 2023, eles haviam recebido, em média, R$ 58 mil por mês.

Os dados analisados abrangem o período de janeiro a novembro, já que os números de dezembro ainda não foram divulgados.

Os pagamentos adicionais resultaram em uma despesa total de R$ 251 milhões no TJ-SP em 2024, um aumento de 54% em relação aos R$ 163 milhões gastos no ano anterior. No mesmo período, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, foi de 5,99%.

STF CONCORDA – Os penduricalhos não são contabilizados para o cálculo do teto salarial do funcionalismo público. Eles incluem gratificações, indenizações e vantagens pessoais ou eventuais, todas permitidas pelo STF.

Entre os desembargadores paulistas, os dois principais itens que superam o teto são o abono de permanência, pago a quem já pode se aposentar, mas continua na ativa, e a parcela de irredutibilidade.

Essa parcela de irredutibilidade é um benefício que já dura quase duas décadas. Ela é paga a magistrados que, em 2007, recebiam mais do que 90,25% do salário dos ministros do STF. Naquele ano, foi aprovada uma lei complementar que fixou esse percentual como teto no estado de São Paulo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Praticamente todos os dias são publicadas matérias desse tipo. Isso mostra que a imprensa está atenta a irregularidades, mas a farra do boi é inteiramente dentro da lei, aplaudida com louvor pelos ministros do Supremo e pelos integrantes do Conselho Nacional de Justiça, ambos presididos por Luís Roberto Barroso, aquele do “Perdeu, mané!”. (C.N.)

Acusação de Moraes ao general Theophilo é uma tremenda fake news

General Estevam Theophilo é o novo comandante Militar da Amazônia

General Theophilo foi acusado levianamente por Moraes

Daniel Gullino
O Globo

O general da reserva Estevam Theophilo, um dos 40 indiciados pela suposta tentativa de golpe de Estado, negou as acusações em manifestações protocolada nesta segunda-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). Theophilo alega que continuou tendo “irrestrita confiança” do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, que teria rejeitado o plano golpista, e que também recebeu um “elogio honroso” do atual comandante, Tomás Paiva.

Theophilo comandou o Comando de Operações Terrestres (Coter). De acordo com a Polícia Federal (PF), ele “anuiu com o golpe de Estado, colocando as tropas à disposição” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma reunião realizada no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022.

APENAS LAMÚRIAS – Na petição enviada ao STF, Theophilo afirma que “jamais poderia ter anuído com suposto ato golpista” porque Bolsonaro “nada lhe propôs ou expôs de plano com intuito ou conteúdo golpista”. De acordo com ele, o então presidente “limitou-se a declinar lamúrias”.

Além disso, o militar alega que, se realmente tivesse concordado com o plano, “certamente teria rompido suas relações com o então Comandante do Exército Brasileiro”, Freire Gomes, que relatou à PF ter discordado de uma proposta de Bolsonaro para reverter o resultado da eleição presidencial.

Ele alega, no entanto, que o comandante o manteve no posto até o final do governo, “estando ao seu lado até o momento da simbólica passagem de comando”, o que evidenciaria a “legalidade das suas condutas, e confirmando a irrestrita confiança exigida para a indicação e exercício do cargo”.

ELOGIO HONROSO – Além disso, Theophilo afirma que continuou no cargo durante boa parte do primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até ir para reserva, em novembro de 2023, e que na ocasião recebeu um “elogio honroso declarado pelo atual Comandante da sua Força Armada”, referindo-se a Tomás Paiva.

Em depoimento à PF, Freire Gomes afirmou que não partiu dele a ordem para que Theophilo se reunisse com Bolsonaro no Alvorada, e que “ficou desconfortável com o episódio, por desconhecer o teor da convocação e considerando o conteúdo apresentado nas reuniões anteriores”.

Depois, contudo, o ex-comandante apresentou uma declaração escrita, anexada dela defesa de Theophilo à investigação, afirmando ter “total confiança na lealdade e disciplina” do general.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Conforme afirmamos aqui na Tribuna da Internet, reiteradas vezes, o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal erraram grotescamente no Relatório que indiciou o general Estevam Theophilo. Não havia nenhuma prova contra ele. Dizer que ele “anuiu com o golpe de Estado, colocando as tropas à disposição”, é uma tremenda fake news da força-tarefa de Moraes, comandada pelo delegado federal Fábio Shor, que espalha acusações de uma forma altamente irresponsável. Manchou o nome de um general de quatro estrelas, sem a menor necessidade. Pedirá desculpas a ele? Claro que não. Moraes e sua equipe acreditam (?) que são à prova de erros… (C.N.)

Cessar-fogo não significa que seja alcançada a paz no Oriente Médio

homem de terno diante de mapa de gaza

Netanyahu não quer aceitar a existência de dois Estados

Demétrio Magnoli
Folha

O acordo oficial de cessar-fogo em Gaza, que está nas manchetes, inclui outros dois acordos ocultos sobre os quais se sustenta. Os três têm a marca de Trump. O primeiro, formal, assinala derrotas para Israel e para o Hamas. Israel aceita retirar parcialmente suas forças sem destruir o Hamas, objetivo declarado pelo governo de Netanyahu, e paga um preço elevado com a libertação de centenas de valiosos presos palestinos.

O Hamas, degradado à condição de insurgência guerrilheira, fica isolado regionalmente após a queda da ditadura síria, a derrota militar do Hezbollah e a humilhação do Irã.

DOIS VITORIOSOS – Desse acordo, emergem dois vitoriosos. Os palestinos de Gaza ganham um respiro em meio à colossal tragédia humanitária que se estende por 15 meses.

Trump surge como patrocinador da paz, antes ainda de sua posse. Mas a guerra está nas cartas dos acordos subterrâneos.

O segundo acordo é entre Netanyahu e os ministros supremacistas que mantêm seu governo à tona. Smotrich e Ben Gvir obtiveram do primeiro-ministro as promessas de expandir os assentamentos israelenses na Cisjordânia e, além disso, de retomar a ofensiva em Gaza após a fase 1 do cessar-fogo.

LIMPEZA ÉTNICA – Os dois supremacistas votaram contra o acordo, mas não derrubarão o governo. No lugar disso, farão gestos vazios dirigidos à sua base política —e, sobretudo, oferecerão as promessas informais extraídas de Netanyahu. A meta final deles é a limpeza étnica em Gaza e a recolonização israelense do território palestino.

O terceiro acordo é entre Netanyahu e Trump. Basicamente, trata-se de um compromisso pela derrota total do Hamas — ou seja, de deposição das armas e exílio de seus combatentes ou de extermínio físico deles.

Os sinais estão em declarações públicas dos dois lados.

ACORDO TRADUZIDO – Lado israelense. Um “oficial sênior”, senha utilizada por Netanyahu para dizer aquilo que não pode dizer, emitiu um comunicado com a seguinte passagem: se, nas negociações da fase 2, “o Hamas não concordar com as exigências de Israel para o fim das hostilidades (os objetivos da guerra), Israel permanecerá no Corredor de Philadelphi até nova notícia”. Tradução: Israel retomará a ofensiva caso não obtenha a rendição completa do Hamas.

No lado dos EUA, Pete Hegseth, o indicado por Trump para o Pentágono, afirmou o seguinte na sua audiência de confirmação no Senado: “Eu apoio Israel destruir e matar até o último integrante do Hamas”. Quase simultaneamente, Mike Waltz, novo conselheiro de Segurança Nacional, esclareceu: o Hamas “deve ser destruído até o ponto em que não possa mais se reconstruir”.

Foi ainda mais explícito numa entrevista à Fox News. Na hora em que o cessar-fogo era anunciado por Biden, pediu a atenção do “povo de Israel”: “se precisarem voltar para dentro, estaremos com eles”.

DIA SEGUINTE – Trump jamais criticou Israel pela ausência de um plano político para o “day after”. Essa é a crítica impotente mantida por Biden e Blinken. Do ponto de vista de Trump, o erro de Israel foi conduzir uma guerra lenta que se converteu num desastre de relações públicas.

O novo ocupante da Casa Branca aposta na rendição completa do Hamas —e, na falta disso, numa etapa decisiva de ações militares.

Assinando o cessar-fogo, Netanyahu assume o risco da queda de seu governo. Mas enxerga uma porta de saída na qual está pintado o nome de Trump.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É triste constatar que a paz duradoura é apenas uma ilusão no Oriente Médio, enquanto Netanyahu estiver no poder. Sem ele, pode ser que a situação melhore e possa haver dois Estados. Devemos  manter a esperança, porque sem ela nada existe. (C.N.)

Um grito de revolta de Caetano Veloso contra a ditadura militar

Caetano Veloso - Alegria, Alegria (3º Festival da MPB - 1967) | Vídeo da  final na descrição

Caetano no III Festival da MPB, em 1967

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, músico, produtor, escritor, poeta e compositor baiano Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, o genial Caetano Veloso, na letra da canção “Alegria, Alegria” apresentada no III Festival de MPB da TV Record, em 1967, exibia uma das mais belas canções de protesto contra o início do regime militar.

O tempo passou, não há mais ditadura militar, mas a canção continua atualíssima.

ALEGRIA, ALEGRIA
Caetano Veloso

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
Eu vou

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do Brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não…

Show de Trump pode incendiar o circo da nova ordem mundial

A imagem mostra um homem curvado, olhando para uma escultura de uma figura masculina em uma parede. A escultura é de cor clara e retrata um homem com uma expressão séria, vestindo um manto. O ambiente é bem iluminado, com um fundo neutro.

Na China. colocaram Trump numa estátua de Buda

Vinicius Torres Freire
Folha

O show de Donald Trump recomeça. Mais importante do que ver os truques é saber se o show e suas consequências terão o apoio ou a tolerância de partes relevantes do establishment americano; se não vão diminuir o prestígio popular de Trump.

Caso tenham apoio suficiente, se pergunta 1) Trump fará uma “Presidência transformadora”? 2) ou será versão circense e anárquica das correntes mais profundas, de mudanças paulatinas, que persistem tanto sob democratas quanto republicanos?

ERA ROOSEVELT – A presidência de Franklin Roosevelt, de 1933 a 1945, foi transformadora, no juízo dos americanos. Inventou a intervenção ampla do governo na economia, direitos sociais e a administração imperial (americana) da economia e da política mundiais. A de Ronald Reagan (1981-1988) também. No que Trump poderia ser transformador?

Há pistas nos discursos lunáticos, embora seja temeridade até especular o que vai ser de Trump 2, dada a sua relação incerta ou hostil com parte extensa do establishment (política, finança, grande empresa, alta burocracia, universidade e centros de pesquisa, mídia etc.).

Além do mais, Trump é adepto da barganha negocista, dado a alianças e comportamentos facinorosos, uma personagem entre o herói trapaceiro (o “trickster” da etnologia) e um “duce” (sim, Mussolini).

ORDEM MUNDIAL – Trump pode ignorar o que se chama de “ordem internacional baseada em regras”, mesmo que algumas delas para inglês ver (mas certa hipocrisia é importante). Ao aumentar impostos de importação ou criar mais restrições ao livre comércio e ao fluxo de capitais, acabaria com os planos americanos de liberalização econômica mundial, que duraram de 1943 à primeira década deste século.

Além do mais, relações econômicas estariam explicitamente ameaçadas pelo uso da força, inclusive contra aliados.

Trump aceita ou admira ações imperiais ou agressões. Vide sua atitude em relação à guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia. Quem sabe tolere ações da China no quintal dela.

ISOLACIONISTA – Não quer que os EUA financiem a defesa da Europa, que, aliás, viveria crise ainda pior se tivesse de aumentar o gasto militar.

Trump seria, então, adepto de uma espécie de isolacionismo. Assim eram os americanos antes de 1941 e ainda mais antes de 1914. Sim, mandavam no quintal das Américas, no porrete, sem a política de “boa vizinhança” posterior.

Conter o poder econômico, tecnológico e militar da China é uma política americana, ponto. Vide Joe Biden, que levou adiante ou ampliou medidas na linha de Trump 1. A dúvida é saber se políticas industriais e intervenção estatal “estratégica” na economia vão continuar, sob Trump (talvez em forma mais profunda de capitalismo de compadres, vide a alegria de Elon Musk).

DESORDEM FISCAL – Os EUA estão no caminho de alguma desordem fiscal (déficits e dívida enormes). Não há sinais de que Trump tenha planos de conter o problema (ao contrário, quer cortar impostos). Se nada fizer, terá inflação e juros mais altos. Diz que vai conter gasto desmontando o Estado. Seria uma paulada, de efeito social enorme.

Fora na epidemia, os déficits não são tão ruins desde os anos seguintes ao do colapso de 2008, situação minorada em parte porque o Banco Central aliviou a conta de juros —financiou o governo, na prática. Mas a dívida agora é bem maior (52% do PIB em 2009, 98% em 2024).

Se Trump ficar só no circo, será um alívio para o mundo.

Abusos de poder e penduricalhos fazem “sucesso” na mídia mundial

Transparência Internacional - Brasil on X: "Mais um jornal internacional  critica os comportamentos antiéticos, conflitos de interesses e abusos de  poder da elite do Judiciário brasileiro. Dessa vez, o mais importante jornal

Seminário de Gilmar é ironizado pelo jornal da Suíça

Deu no Poder360

O jornal suíço NZZ publicou uma matéria na qual diz que há um “abuso de poder” dentro do judiciário brasileiro. O texto afirma que há benefícios e vantagens usufruídos por juízes e promotores do país. Segundo o NZZ, a operação Lava Jato funcionou na elite jurídica como “tentativas de limitar a transparência e a responsabilidade”

O veículo de notícias cita o Fórum Jurídico de Lisboa, realizado em Portugal pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Ficou conhecido como “Gilmarpalooza”.

COMPARAÇÃO – “Imagine o seguinte cenário na Suíça: uma vez por ano, um juiz de um tribunal federal convida-o para uma grande reunião jurídica num resort de luxo no Caribe. Não apenas metade do tribunal e várias dezenas de advogados proeminentes são convidados, mas também políticos, conselheiros governamentais e altos funcionários. O evento de vários dias é patrocinado por empresas que são clientes dos advogados ou cujos casos estão atualmente em julgamento”, disse o texto.

 A reportagem também cita como “privilégios” as condições de trabalho dos magistrados, incluindo 60 dias de férias anuais e a possibilidade de “vender” parte dessas férias e remunerações e benefícios que ultrapassam o teto constitucional.

A operação Lava Jato é citada como um marco para a justiça brasileira, no entanto, de acordo com o veículo, ela teria revelado “maior resistência” entre a elite jurídica, por “tentativas de limitar a transparência e a responsabilidade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria enviada por Delcio Lima mostra que a esculhambação brasileira e seus penduricalhos estarrecem o mundo. Mas os juízes, procuradores etc., não estão nem aí. Na Irlanda, o mais importante jornal comenta o boicote à Lava Jato e a história de Toffoli, Lula e Odebrecht, com a história do amigo do amigo do meu pai, É um país sem vergonha na cara, como diria o genial historiador Capristrano de Abreu. (C.N.)

Para equipe de Haddad, trajetória de endividamento é o maior desafio

Equipe econômica vê pouco espaço político para nova revisão de gastos

Pedro do Coutto

O crescimento da dívida pública preocupa acentuadamente a Fazenda e o ministro Fernando Haddad vê pouco espaço político para mais cortes. É uma situação realmente complicada, e cuja saída não se vislumbra a curto ou médio prazo. A piora na trajetória da dívida pública para os próximos anos acendeu o alerta dentro da equipe econômica para a necessidade de tentar reverter expectativas negativas, embora as resistências políticas a medidas adicionais de revisão de gastos ou aumento de receitas sejam um obstáculo ao governo de Lula da Silva.

Assessores de Haddad destacam que as contas públicas de 2024 apresentam uma melhora em comparação a 2023, com chances reais de o país atingir um superávit nos próximos anos. No entanto, esse avanço pode não ser suficiente para estabilizar a dívida pública. A equipe econômica já reconhece a necessidade de buscar novas fontes de receita para equilibrar o Orçamento de 2025 — um desafio que enfrenta resistência no Congresso e se tornou ainda mais sensível após a recente disseminação de fake news sobre a suposta taxação do Pix, prontamente desmentida pelo governo Lula.

DÍVIDA  – Em dezembro, o Tesouro Nacional estimou que a dívida bruta do Brasil pode alcançar um pico de 83,1% do Produto Interno Bruto em 2028, caso o governo não consiga aprovar novas medidas de arrecadação. No entanto, esses números podem estar subestimados, já que foram calculados com base em uma taxa de juros inferior à atual. De acordo com as expectativas do mercado, o endividamento pode superar 90% do PIB em 2029, sem perspectiva de redução.

Grande parte dessa deterioração está relacionada ao aperto na política monetária. Quase metade da dívida federal está atrelada à taxa básica de juros, a Selic, que foi elevada para 12,25% ao ano, com mais dois aumentos de um ponto percentual cada já previstos para o início de 2025. Além disso, há um consenso de que o governo precisa melhorar a coordenação das expectativas e evitar ruídos em torno de suas medidas econômicas.

O Banco Central já destacou em seus comunicados que a condução da política fiscal é um elemento determinante nas decisões sobre os juros. A percepção dos agentes econômicos em relação ao pacote de medidas fiscais influenciou de forma relevante os preços dos ativos no mercado financeiro. Embora considerado tímido por economistas — avaliação contestada pelo governo —, o pacote foi ainda mais enfraquecido pelo Congresso Nacional. Além disso, a equipe do ministro Fernando Haddad perdeu a disputa interna que vinculou o pacote de gastos à ampliação da isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física para rendas de até R$ 5 mil.

PROPOSTAS – Apesar de ter sido celebrada pela ala política do governo, essa medida acabou ofuscando as propostas de contenção de despesas e aumentou a incerteza do mercado sobre o compromisso do presidente Lula com o ajuste fiscal. Embora o projeto ainda não tenha sido formalmente enviado ao Congresso, o anúncio resultou em uma disparada do dólar, que ultrapassou R$ 6, e levou as taxas de juros a atingir recordes históricos.

A Fazenda, segundo reportagem da Folha de S. Paulo deste domingo, deixou evidente o caráter preocupante da questão que impede o governo de realizar uma série de obras que estão em seu calendário. O ministério assim fica atrelado a uma verdadeira teia diante de uma situação de grande pressão. Seria importante traduzir para números absolutos a incidência de percentuais sobre as operações financeiras. Um desses sentidos se refere à observação concreta do peso do endividamento.Os governos não costumam fazer isso.

Quando o governo percebe que não há espaço para mais cortes, ele fortalece a ideia de que está completamente confuso quanto às ações que tem colocado em prática. São coisas que precisam ser encaradas de frente, uma vez que uma das maiores preocupações do Tesouro Nacional é ter que sofrer pressões por uma carga cada vez maior pela impressão de mais papéis. A diferença entre a dívida e a arrecadação pública aumenta cada vez mais. O desafio para Lula é encontrar uma saída para ter algo a oferecer.

Artigo no Wall Street Journal afirma que “Lula é um desastre anunciado”

Wall Street Journal to Launch New Global Edition - WSJ

Wall Street Journal ataca Lula de uma forma implacável

Deu no BrasilAgro

O ex-presidente que hoje ocupa a cadeira presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acaba de ser alvo de uma crítica devastadora no respeitado Wall Street Journal, um dos jornais mais influentes do mundo.

A publicação, conhecida por sua isenção,  desmascarou Lula como o símbolo do declínio econômico e democrático do Brasil e da América Latina. Essa matéria não deixa dúvidas: o “ex-metalúrgico” é uma ameaça à estabilidade da região.

ANÁLISE IMPLACÁVEL – O artigo “Lula: um desastre anunciado”, assinado por uma integrante do Conselho Editorial do jornal, faz uma análise profunda e implacável da gestão petista, apontando para um cenário de desordem econômica, incompetência administrativa e autoritarismo disfarçado de democracia.

Enquanto Lula tenta vender ao mundo a narrativa de que seu governo é voltado para os pobres, os números não mentem: o Brasil está mergulhado em uma crise fiscal, inflação alta e fuga de investimentos, tudo consequência direta das políticas desastrosas do seu governo.”

A autora do artigo não poupa palavras ao descrever Lula como um dos principais responsáveis pelo colapso das economias da América Latina. Sob sua liderança, o Brasil, que já foi visto como uma potência emergente, está hoje à beira do abismo econômico, com um governo que privilegia aliados ideológicos e ignora as demandas do mercado.

AMEAÇA GLOBAL – Para o Wall Street Journal, Lula não é apenas um problema para o Brasil, mas uma ameaça global, pois sua influência corrosiva se espalha como uma doença pela América Latina. E o que Lula faz enquanto o Brasil afunda? Dá prioridade a relações com ditadores, como Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua.”

O artigo critica duramente a aproximação de Lula com regimes autoritários, afirmando que sua postura mina os valores democráticos e envia um péssimo recado ao mundo: o Brasil sob o PT não é confiável. O preço das políticas populistas… As promessas populistas de Lula têm um custo alto – e quem paga a conta é o povo brasileiro.

O artigo “destaca como as políticas econômicas do governo petista estão levando o Brasil para um cenário de desindustrialização, aumento da pobreza e estagnação econômica.”

BENESSES – Enquanto isso, o presidente continua distribuindo benesses para aliados políticos, ampliando privilégios para sindicatos e expandindo um estado inchado e ineficiente. A crítica também recai sobre o tratamento dado aos empresários e investidores, tratados como inimigos pelo governo petista.

“Lula está construindo um ambiente hostil para negócios, desestimulando o empreendedorismo e espantando capitais estrangeiros”, afirma o artigo. Resultado: o Brasil, “que deveria estar crescendo e se consolidando como uma potência global, caminha a passos largos rumo ao declínio.”

O Wall Street Journal “vai além da questão econômica e expõe o autoritarismo disfarçado do governo Lula.” A perseguição a opositores, o controle sobre a mídia e a tentativa de enfraquecer instituições democráticas são apontados como práticas comuns do petismo.

PROJETO DE PODER – O jornal menciona “que Lula está mais interessado em consolidar seu poder e garantir a perpetuação de seu projeto de poder do que em resolver os problemas reais da população.”

Os ataques à liberdade de expressão, como as tentativas de censura nas redes sociais, são apresentados como evidências de que o governo atual não tolera críticas e busca transformar o Brasil em um estado controlado pelo PT. É um retrato sombrio de um país que já foi sinônimo de democracia vibrante e que hoje está refém de um partido obcecado pelo controle absoluto.

Um alerta ao mundo, o texto termina com “um alerta claro: Lula não é apenas uma ameaça ao Brasil, mas ao mundo. Sua visão de um estado centralizador e aliado de regimes autoritários é um modelo falido que pode levar toda a América Latina ao colapso.

FRACASSO – O artigo conclui que, “enquanto Lula continuar no poder, o Brasil estará destinado ao fracasso, e a região, ao retrocesso.”

Enquanto isso, o povo brasileiro enfrenta as consequências desse governo desastroso: inflação, desemprego, aumento da criminalidade e a perda de confiança nas instituições. Lula, que se apresenta como “o pai dos pobres”, é, na verdade, o pai do caos – e o Wall Street Journal deixou isso muito claro.

A crítica contundente do jornal norte-americano não é apenas um golpe na imagem internacional de Lula, mas um reflexo do que todos já sabemos: sua gestão é uma tragédia anunciada. O Brasil merece mais. O Brasil merece líderes que coloquem o país no caminho do progresso, e não no fundo do poço.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviado por Délcio Lima, o artigo é exagerado demais, dá importância demais a Lula e ao Brasil. Fica parecendo que estamos à beira do Apocalypse Now, o que é uma bobagem. O Brasil aguenta esses dois anos derradeiros de Lula e depois se livra dele e do PT para sempre. Não vai acabar por causa desse político safado, ladrão e irresponsável. (C.N.)

Barroso não conseguiu responder às críticas do Estadão ao Supremo

Charge 14/07/2023

Charge do Marco Jacobsen (Folha de Londrina)

Carlos Newton

A pedido do comentarista Dorivaldo Carlos Vieira da Silva, estamos publicando o artigo insípido, incolor e inodoro que o ministro Luís Roberto Barroso publicou no Estadão, para reclamar das críticas que o mais antigo jornal brasileiro tem feito ao Supremo Tribunal Federal.

Vieira da Silva considerou uma falha da Tribuna da Internet não ter divulgado as “desculpas” de Barroso, e tem toda razão.

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O STF QUE O ‘ESTADÃO’ NÃO MOSTRA
Luís Roberto Barroso

No último ano, o jornal O Estado de S. Paulo produziu mais de 40 editoriais tendo por objeto o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgãos que presido. Por um lado, tal fato revela a importância que o Judiciário tem na vida brasileira, seu papel na preservação da estabilidade institucional e nas conquistas da sociedade.

O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela.

TOM RAIVOSO – E, no entanto, praticamente todos os editoriais foram duramente críticos, com muitos adjetivos e tom raivoso. Ainda que não deliberadamente, contribuem para um ambiente de ódio institucional que se sabe bem de onde veio e onde pretendia chegar.

Ao longo do período, o jornal não vislumbrou qualquer coisa positiva na atuação do STF ou do CNJ. Faz parte da vida. Parafraseando Rosa Luxemburgo, liberdade de expressão é para quem pensa diferente. Mas o que existe está nos olhos de quem vê.

Passaram despercebidas algumas transformações relevantes e perenes para o Judiciário. Foram criados os Exames Nacionais da Magistratura e dos Cartórios, para garantir mais qualidade e integridade nos concursos dessas carreiras.

PRINCIPAIS MEDIDAS – Foram implementadas resoluções que estabeleceram: paridade de gênero nas promoções por merecimento para os tribunais; redução de milhares de reclamações trabalhistas mediante homologação das rescisões pela Justiça do Trabalho.

E mais: aumento expressivo da arrecadação dos municípios pela exigência de prévio protesto da certidão de dívida ativa antes do ajuizamento da execução fiscal; extinção de mais de 4 milhões de execuções fiscais inviáveis.

Além disso, envio de mais de R$ 200 milhões para ajudar a recuperação do Rio Grande do Sul, com verbas das penas pecuniárias que estavam em juízo, em meio a inúmeras outras medidas.

PRODUTIVIDADE – O Supremo Tribunal Federal é o tribunal mais produtivo do mundo, tendo proferido mais de 114 mil decisões apenas em 2024. Entre elas, destacam-se: enfrentamento ao etarismo, permitindo que maiores de 70 anos escolham o regime de bens do casamento; rejeição ao assédio judicial a jornalistas.

E ainda:  imposição de um critério mínimo de reajuste para o FGTS dos trabalhadores; execução imediata da pena após condenação pelo Tribunal do Júri; enfrentamento à judicialização da saúde, com a previsão de critérios para fornecimento de medicamentos.

Assim como a atuação decisiva no acordo de Mariana (MG), que resultou na destinação de R$ 170 bilhões para vítimas do desastre.

OUTRAS DECISÕES – Naturalmente, toda e qualquer decisão é passível de divergência ou crítica. Menciono algumas referidas nos editoriais. O STF de fato determinou o uso de câmeras na farda em operações policiais militares.

Há quem ache que a violência policial descontrolada contra populações pobres é uma boa política de segurança pública. Mas não é o que está na Constituição.

O STF ordenou a elaboração de um plano para o sistema prisional. Há quem ache natural presos viverem sob condições indignas de violência e insalubridade. Mas não é o que está na Constituição.

USO DE DROGAS – O tribunal estabeleceu qual a quantidade de drogas distingue porte para consumo pessoal e tráfico. Há quem ache natural a polícia decidir que a mesma quantidade nos bairros de classe média alta é porte e na periferia é tráfico, em odiosa discriminação de classe e de raça. Mas não é o que está na Constituição.

Por igual, é possível ser contra a demarcação de terras indígenas e a favor de invasores, grileiros, garimpeiros ilegais e os que extraem ilicitamente madeira. Mas não é o que está na Constituição. Da mesma forma, há quem fique indiferente diante do desmatamento, das queimadas e da destruição dos biomas brasileiros. Mas não é o que está na Constituição.

Em suma, é possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo Tribunal Federal. Mas criticar o Supremo por aplicar a Constituição é que não é justo.

AFÃ POR HOLOFOTES – A referência ao “afã por holofotes” tem pouco sentido. Nós julgamos “na frente dos holofotes”, com transmissão por TV aberta. É a lei. Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição.

Os editoriais procuram dar especial ênfase a pesquisas de opinião com porcentuais negativos. Tais pesquisas revelam, no máximo, o que um grupo de pessoas pensa, e não o que é a verdade.

Quando o Supremo determina a desintrusão de 5 mil garimpeiros de uma terra que possuía mil indígenas, uma pesquisa na região revelaria grande impopularidade do tribunal.

COISAS DIFERENTES – Popularidade e legitimidade são coisas completamente diferentes. A propósito, nenhum ministro do STF recebe remuneração acima do teto constitucional.

O Supremo Tribunal Federal tem três grandes missões: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado de Direito e proteger os direitos fundamentais.

Sob a Constituição de 1988, temos 36 anos de eleições regulares, estabilidade institucional e avanço nos direitos de todos os brasileiros, inclusive de mulheres, negros, gays, comunidades indígenas e pessoas com deficiência. Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel.

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BARROSO NÃO RESPONDEU NENHUMA CRÍTICA

Barroso usou um artifício. Ao invés de responder às críticas do Estadão, que foram feitas com a mesma intensidade  pela Folha e até pelo Globo, com menor entusiasmo, o presidente do Supremo simplesmente mudou de assunto.

As críticas dos jornalões ao STF se referem à reintepretação” de leis, como a criação de “flagrante perpétuo”, “presunção de culpa”, “inquérito do fim do mundo”, “fiança para crimes inafiançáveis”, “censura prévia nas redes sociais, com processo sigilosos”.

OUTRAS CRÍTICAS – Os jornais condenam também a decisão individual de um ministro para perdoar dívidas de cerca de R$ 20 bilhões de empresários que confessaram crimes de corrupção ativa, inclusive do amigo do amigo de meu pai.

Também foi criticada a aceitação de que mulheres e filhos de ministros exerçam advocacia em causas do Supremo, assim como a aprovação do festival de penduricalhos que engordam salários de juízes, procuradores etc., sob os auspícios do Supremo.  

A mídia condena, ainda, a promiscuidade de ministros com empresários corruptos em seminários no exterior, bancados por estatais, com participação de magistrados que só viajam acompanhados de seguranças. E Barroso não deu uma só palavra sobre tudo isso. Só faltou repetir: “Perdeu, mané!”. (C.N.)

Cenários desafiadores trazem pressão máxima ao governo Lula em 2025

 

Iotti | GZH - Página 59

Charge do Iotti compara Lula a um santo de barro

Ricardo Corrêa
Estadão

Para onde quer que se olhe se enxerga evidências de que 2025 será um ano extremamente difícil para o Brasil e, em especial, para o governo Lula. Cenários interno e externo desafiadores colocam em perspectiva a necessidade de responsabilidade e de alguma dose de harmonia política e institucional que faltou na primeira metade do mandato do presidente.

No âmbito externo, a perspectiva nunca foi tão áspera. Dois dos maiores parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos e a Argentina, têm hoje governos que não apenas não têm afinidade com o presidente brasileiro como nem sequer querem dirigir a palavra a ele.

EFEITO TRUMP – O estreitamento de laços entre Donald Trump e Javier Milei é um entrave e a própria incerteza sobre os rumos que o norte-americano dará a sua política de declarado protecionismo devem preocupar bastante o governo brasileiro.

Após comemorar um acordo entre Mercosul e União Europeia, que perseguiu por anos, o Brasil vê a tensão no continente europeu tornar ainda mais penoso que as novas etapas do processo avancem.

Há crises políticas e turbulências na França e na Alemanha, principais motores da UE, com reflexos não apenas na evolução do acordo mas nos humores do mercado pelo mundo. Enquanto isso, as até aqui persistentes guerras na Ucrânia e no Oriente Médio continuam pressionando preços internacionais.

CORTE DE GASTOS – O dólar está nas alturas mundo afora e, em especial, no Brasil, em meio a desacordo entre a política fiscal do governo e as expectativas do mercado. E, ainda que quisesse cortar mais do que quis até agora, o governo enfrentaria enormes dificuldades em um Congresso que nem o mínimo aceitou fazer.

O foco de uma das legislaturas mais sedentas por dinheiro público na história são as emendas parlamentares alvo de disputa no Judiciário. A correta decisão de Flávio Dino de enquadrar o orçamento secreto em todas as suas formas em regras que exijam o mínimo de transparência ampliou em 2025 um problema que o governo Lula terá que enfrentar.

Acostumado a colocar a faca no pescoço de presidentes nos últimos mandatos, o Parlamento deve começar o ano em ebulição e com sede de vingança. Aprovou o tímido pacote fiscal – desidratado, é verdade – em troca da liberação por Lula de emendas que, em parte, o Supremo Tribunal Federal (STF) bloqueou.

VINGANÇA ESPERADA – Mas como foi um ex-ministro do governo Lula e o último indicado por ele quem deu o veredicto, a vingança tende a vir sobre o Executivo, com ameaças de inviabilizar a segunda metade do governo petista.

De um lado, há incerteza se Hugo Motta, que teve no apoio do governo ponto fundamental para conseguir consolidar sua candidatura virtualmente eleita ao comando da Câmara, vai impor tantas dificuldades quanto o truculento Arthur Lira. A decisão de Flávio Dino no STF é um teste para ver onde ele pode chegar no enfrentamento com os demais Poderes.

De outro, porém, ninguém no governo tem qualquer esperança de que Davi Alcolumbre será uma sombra do que foi o parceiro Rodrigo Pacheco no comando do Senado. Na Casa Alta, certamente as faturas ficarão mais altas para o governo federal que enfrenta situação de fragilidade política na Câmara.

TEMPERATURA MÁXIMA – Por mais que seja parceiro de bastidores de figuras do Judiciário, Alcolumbre tende a jogar mais duro no duelo entre Poderes, o que pode fazer com que a temperatura política no Brasil se eleve, o que é sempre pior para o governo de plantão.

Já haveria necessariamente uma elevação das tensões com o necessário julgamento da turma que tentou dar um golpe de Estado entre o final de 2022 e o início de 2023. Em especial, aquele que pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro à prisão.

Pouco importarão as fartas evidências ou provas nas tramas que levaram ao 8 de janeiro, à fraude dos cartões de vacinas, ao desvio e tentativa de venda de joias do acervo presidencial ou ao esquema da Abin paralela, este o último ainda na fase de inquérito.

POLARIZAÇÃO TOTAL – Em um País que se acostumou com a polarização política levada às últimas consequências, julgar aquele que mobiliza pelo menos um terço do eleitorado nunca será tarefa trivial. Colocá-lo na cadeia e mantê-lo detido certamente custará bastante tranquilidade no País.

Enquanto isso, o Palácio do Planalto também terá que enfrentar negociações com legendas mais ao centro e à direita que, ao contrário do início do mandato, agora começam a olhar muito mais para os recados que o eleitorado deu em 2024 e que balizarão suas decisões em 2026.

Manter União Brasil, Republicanos e PSD em cargos no governo até será possível, dado o apetite dessas siglas, mas fazê-los ainda mais fieis no Congresso e colocá-los oficialmente na chapa de 2026 é tarefa bem mais complexa. Todos eles ensaiam candidaturas ou apoios a figuras de oposição à atual gestão.

Carlos Drummond era o “burocrata irreverente” do Castelo

Estátua de Drummond faz sucesso em Copacabana,

Alvaro Costa e Silva
Folha

Todo mundo sabe – principalmente os ladrões de óculos – que a estátua de Carlos Drummond de Andrade fica na avenida Atlântica. Obra do artista Leo Santana, inspirada em foto de Rogério Reis, foi inaugurada em 2002, no centenário do poeta. Uma escolha de lugar perfeita, o que nem sempre ocorre com homenageados.

Drummond está sentado num banco, de pernas cruzadas e de costas para a praia. Morando havia muitos anos entre Copacabana e Ipanema, já não se espantava com o mar.

MELHOR LOCAL – Se a estátua ficasse na esplanada do Castelo não seria tão visitada. No entanto, o Castelo foi o canto de Drummond no Rio. Ele era ali uma figura popular, que podia ser vista quase todos os dias não apenas ao vivo, de terno e gravata, pasta na mão e andando com os braços colados ao corpo como no retrato exposto na vitrine da loja de um fotógrafo profissional. “Como se fosse um top-model ou um garoto-propaganda”, brincava o amigo Otto Lara Resende.

Em 1944, Carlos, o funcionário público, entrou pela primeira vez no Palácio Capanema, a sede do Ministério da Educação no Castelo. Trabalhou no prédio durante quase 30 anos. Escreveu no seu diário:

“Lá embaixo, no jardim suspenso do Ministério, a estátua de mulher nua de Celso Antônio, reclinada, conserva entre o ventre e as coxas um pouco da água da última chuva, que os passarinhos vêm beber, e é uma graça a conversão do sexo de granito em fonte natural”.

ESCONDE-ESCONDE – No documentário “O Fazendeiro do Ar”, de Fernando Sabino e David Neves, o burocrata irreverente aparece e desaparece num esconde-esconde entre as pilastras do Capanema.

No recém-lançado “A Intensa Palavra” —seleção de crônicas inéditas em livro publicadas no Correio da Manhã entre 1954 e 1969—, Drummond flagra no Castelo um menino de 10 anos vendedor de limão soluçando com a cabeça entre as mãos: “O rapa levou meus limões e arrebentou o caixote”.

O Palácio Capanema —que escapou por pouco da arquitetura de destruição promovida no governo Bolsonaro— será reaberto após 10 anos. Não há estátua de Drummond, mas quem olha o vão de pilotis e a fachada com azulejos de Portinari percebe uma sombra feliz.