Paulo Peres
Poemas & Canções
O jornalista, crítico de arte, teatrólogo, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e poeta maranhense José Ribamar Ferreira, o famoso Ferreira Gullar (1930-2016), explica por que “Não Há Vagas” para os dramas diários.
NÃO HÁ VAGAS
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerilha seu dia
de aço e carvão
nas oficinas escuras.
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
1) Grande Gullar, poeta maior.
2) Licença…Antonio Carlos Rocha
Estrofes Políticas…
“Políticos ganham bem
povão ganha mal
povo pobre elege
voto imoral.
Mas tem exceções
aqui ou acolá
elegem parlamentar
bem sensacional.
Antônio, excelente as suas Estrofes Políticas.
Abs.
Paulo Peres