Euforia, fotos, orações e Bíblia… — o que vêm alegando ao Supremo os réus do 8 de janeiro

Golpistas sentados em mobiliário após invasões a prédios dos três poderes em Brasília neste domingo (8) — Foto: Reprodução / Reuters

Muitas pessoas apenas assistiam, sem atuar no vandalismo

Pepita Ortega e Rubens Anater
Estadão

Se o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, o relator, não parou em julho, a última semana do recesso judiciário foi particularmente agitada: dezenas de réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro prestaram depoimento ao Supremo Tribunal Federal, tentando explicar as razões de terem participado do levante antidemocrático na Praça dos Três Poderes.

Versões singelas se multiplicam nas audiências ante juízes incrédulos: uns alegam que só estavam ‘orando’, outros que foram pegos em momento de ‘euforia’ durante ‘manifestações pacíficas’, e que nem sabem porque foram presos.

FICAREI EM SILÊNCIO – São 1250 os réus do 8 de janeiro. O Supremo já concluiu a instrução processual das ações contra 228 acusados. Foram realizadas 719 oitivas, entre testemunhas e réus. A expectativa da Corte é a de que, em 30 dias, os primeiros casos sejam liberados para julgamento. Muitos se recusam a responder perguntas dos magistrados auxiliares do gabinete de Alexandre. Os juízes seguem um roteiro padrão de indagações e, em geral, escutam: “Ficarei em silêncio.”

Clayton Costa Candido Nunes disse que nem sabia ‘direito’ do que estava sendo acusado. Ele foi preso no Senado. Na audiência disse que ficou detido na cela ao lado da sala do ‘chefe’ da Casa. “A gente estava em uma manifestação pacífica. Quando a gente viu, começou a ter pólvora e gás e eu corri para dentro do prédio que eu estava em frente”, narrou.

Nunes alegou que se juntou a um grupo de pessoas que ‘fazia orações’ no Plenário do Senado. Disse que tentou ajudar a ‘não deixar quebrar nada’. “Eles pediram para a gente sair. Alguns tentaram sair, mas voltaram correndo, porque lá embaixo anunciaram prisão. Então foi tipo uma mentira”, frisou.

“PERDI TUDO” – Seguindo a versão recorrente nas audiências dos réus pelos atos golpistas, Clayton Nunes afirmou ‘não saber por que está preso’. “Fui me manifestar com o que a lei me permite e fui preso aqui, perdi minha família, perdi tudo que eu tinha por algo que tá na Constituição, que dá direito a todo cidadão de se manifestar pacificamente. Nunca peguei uma arma, nunca ameacei ninguém. Tô preso, perdi minha família, não sei o que vai ser de mim quando eu sair. Tomaram tudo de mim. Não tenho o que dizer em minha defesa.’”

Também flagrada no Congresso no dia das depredações, Fátima Aparecida Pleti alegou que se dirigiu à Praça dos Três Poderes porque estava ‘decepcionada’ com comentários sobre o quebra-quebra: “Eu vim para uma manifestação pacífica, ordeira, como sempre foi. Pro dia 9 e pro dia 10 e voltaria para minha cidade.”

Fátima Pleti alega que ‘nada deve ao País’. Ela disse que entrou no Congresso para ‘ver se estava acontecendo alguma coisa’. Quando atingiu as dependências da Casa ‘lá dentro já estava vandalizado’.

FILHOS E NETOS – “Eu estava muito decepcionada com os policiais, pessoas que eu sempre respeitei, e sempre ensinei minhas filhas e meus netos a respeitar. Então, aquilo me provocou uma decepção tremenda, porque eles estavam indo contra pessoas que nada tiveram (…), que não tinham feito nada”.

Na mesma linha, Aécio Lucio Costa Pereira alegou que foi participar de manifestações ‘de forma pacífica’. Até traçou um paralelo com atos na Avenida Paulista. “Eu participei de muitas manifestações na Paulista. Eu levava meus filhos para estar participando, comer lanche, tinha gente tocando música. É uma coisa muito familiar. Achei que era algo desse tipo”, afirmou Aécio. “Participei e acabei parando aqui.”

Ele relatou ter passado o dia 7 de janeiro no acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército em Brasília. No dia seguinte, saiu de lá em direção à Praça dos Três Poderes: “Nós viemos do QG a pé e em todo o trajeto teve a polícia nos orientando. E eu fiquei até feliz, porque se você tá numa manifestação e tem polícia, a coisa que a gente mais admira, desde criança, é a polícia.”

TUDO MUITO BONITO – O acusado disse que entrou no Congresso para ‘fazer umas fotos’. “Tudo muito bonito” disse. Depois, tentou sair do prédio, mas não conseguiu. “Quando eu entrei já tinha uns barulhos, mas eu não achei que era de bomba. Na minha cabeça era rojão, barulho de festa”, afirmou.

Aécio Pereira diz ter ido direto para o Plenário do Senado. “Tava todo mundo feliz no momento, até falei no microfone num momento que a gente fica feliz, fica eufórico, mas eu não toquei em nada, não quebrei nada”, diz. Assim como Clayton Nunes, a ré Alessandra Faria Rondon disse que estava ‘ louvando’ no Plenário do Senado naquele 8 de janeiro. Ela sustentou em audiência que ‘nada o que diz’ a denúncia ‘é verdadeiro’ sobre sua conduta. “Nós fomos orar”, insiste.

Alessandra ponderou que tirou várias fotos de manifestantes no local, ‘de maneira pacífica’ e que pedia para as pessoas não quebrarem nada na Casa legislativa. “No Plenário do Senado não teve baderna, bagunça, nem quebradeira”, garantiu. Disse que entrou no local só com uma bandeira e a Bíblia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Muitas pessoas realmente não participaram do vandalismo. Só deveriam estar respondendo a processo os ativistas que foram flagrados pelos policiais ou apareceram vandalizando nas imagens. Os demais já deveriam ter sido soltos e excluídos do processo. Aliás, não há dúvida de que, ao escoltar os manifestantes até a Praça dos Três Poderes, a PM incentivou o chamado ”comportamento de manada”, que é circunstância atenuante criminal (art. 65, inciso III, alínea ‘e’). (C.N.)

9 thoughts on “Euforia, fotos, orações e Bíblia… — o que vêm alegando ao Supremo os réus do 8 de janeiro

  1. Só tem anjos e anjas. “Tudim”, “tudim” aprenderam a rezar com Malafalha e congêneres.

    Que peninha dessas criaturinhas do Deus Mamon e seguidoras acéfalas do criminoso BROXAnaro.

    “Vamo que vamo passá panim nesses inocentes anjins”.

  2. Enquanto isso a boiada dos bonzinhos está estourando. Quem conhece de dentro essa turba sabe, diferentemente de algumas cabeças laureados, que dar gorda para boiada é um tremendo risco. Mesmo os seus gênios imbecilizados querem exterminar os seus adversários por serem vazios de projetos, de uma concepção de mundo e, o pior, são desumanizados. Sua única bandeira é chamarem os “os outros” de fascista. O pior legado do PT foi tomar de assalto a Educação, transformada em Aparelho Ideológico do Partido.

    Vejam como já se sentem á vontade pra exporem sua anticivilidade e total desprezo pela Democracia.

    Gente, estão brincando com fogo endeusando esses fanáticos cultuadores de personalidades e destituídos até de freios civilizatório.

    Vejam a manada “democratica”, que começou ainda no ano passado mostrando a que vieram, destilar sua intolerância “do bem:

    https://youtu.be/Sww_I5ITdA0

    https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/08/08/filha-olavo-de-carvalho-saida-pt-acusa-agressao.htm

    As milícias estudantis podem fazer justiça com as próprias mãos. Vejam o texto abaixo que cheira esquizofrenia política. A manada está achando que se constitui em algo como a Resistência Francesa. Se não uma tragédia, seria cômica.

    https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2022/06/29/brasil-ocupa-ultimo-lugar-em-educacao-entre-63-paises.htm

    Essa bagaça não vai dar certo.

  3. 1) Antigamente seriam chamados: “Santinhos do pau oco”.

    2) Todos são maiores de idade; em outro artigo foi falado que alguns tinham profissões “humildes”… mas deviam saber o que estavam fazendo…

    3) Outro ditado antigo: “Boa romaria faz, quem em sua casa fica em paz”. Ou seja, se estivessem em seus lares não estariam passando por isso…

    • Caro Antônio Rocha, é verdade são todos santos do pau oco.

      O importante do texto, foram alguns dizerem que estavam orando e outros faziam orações no plenário. Coisas de fieis evangélicos, que supõe-se que foram incentivados a participar dos acampamentos com Bíblia na mão e das invasões por pastores de algumas igrejas evangélicas

  4. Espero que os elementos do quinteto que aqui se manifesta ( filhos de rapariga, “adevogados”, macacada, ovelhas e velhos velhacos) encontrem pela frente um bando armado e similar ao guru larápio presidente, armado e disposto a lhes aplicar um golpe em seus bens.

    Verão a diferença entre bandidos armados e um grupo protestando e sem uma mísera arma para ser utilizada.

  5. O excrementíssimo ministro PCC, promovido ao $TF pela notável habiidades na lavagem de dinheiro do crime organizado, já providenciou a adulteração das provas, para condenar os seus desafetos a 30 anos de cadeia.

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