Debate sobre as eleições americanas vai da polarização até à calcificação

Trump ou Biden: como o comércio entre Brasil e EUA pode ser impactado com o resultado das eleições nos EUA | Economia | G1

Biden e Trump empenham-se num verdadeiro duelo de titãs

Marcus André Melo
Folha

Em uma das mais influentes análises da eleição presidencial de 2020, Lynn Vavreck, Cris Tausanovitch e John Sides argumentam que o sistema político dos EUA está “calcificado”, e não apenas polarizado. A calcificação alicerça-se em quatro pilares. O primeiro é que a distância ideológica entre democratas e republicanos se ampliou muito, aumentando para o leitor o custo de mudar o voto, como já discuti aqui na coluna.

O segundo é que internamente os partidos estão crescentemente mais homogêneos em termos demográficos (religião, idade, raça, rural x urbano, etc.) e programáticos.

MIGRAÇÃO BRANCA – A partir dos anos 1970, por exemplo, a população branca dos estados sulistas, que era maciçamente democrata, migrou para o partido republicano, em uma sobreposição crescente de características sociais e partidarismo.

O terceiro ponto é que a dimensão que vertebrava a disputa política desde o New Deal e girava em torno do tamanho do estado, carga tributária e política social deu lugar a questões identitárias.

O quarto é a nova e inédita paridade de forças entre os partidos, convertendo as eleições em pleitos muito competitivos, em forte contraste com a hegemonia democrata na Câmara dos Deputados no pós-guerra, que se estendeu por 40 anos, como mostrei aqui.

NÚCLEO DURO – Estes dois últimos aspectos formam o núcleo duro da calcificação. Questões identitárias não admitem compromissos, são fundacionais. A competitividade das eleições, por sua vez, impede que os perdedores revisem suas posições para ajustá-las às preferências cambiantes do eleitorado.

Os perdedores quase ganharam as eleições; têm, portanto, não só incentivos para cristalizar seus programas mas também para interferir nas regras do jogo. Afinal, pequenas modificações podem levar à vitória.

Assim, os eleitores voláteis, sem identidade partidária forte, e que são persuadidos a mudarem de posição nas eleições estão desaparecendo. Só houve mudanças de voto de um partido a outro, em 2022, em cerca de 5% do eleitorado, o menor percentual desde 1940.

CALCIFICAÇÃO – A evidência mais forte de calcificação, afirmam os autores, é que ela resistiu a eventos disruptivos excepcionais como a pandemia e Trump. Se isto é verdade, a eleição de 2024 será igual a de 2020.

Prevalecerá o hiperpartidarismo em um quadro de preferências calcificadas. E também a segmentação espacial, em que os grotões pobres e áreas rurais votarão em Trump e os estados de renda mais elevada em Biden (que é uma imagem invertida do mapa do voto entre nós).

Em novo livro (que será objeto de resenha específica na coluna), Felipe Nunes e Thomas Traumann sustentam que o eleitorado brasileiro também está “calcificado”. Que o Congresso não está já sabemos: a vasta maioria dos partidos que apoiavam Bolsonaro agora também apoia Lula. Quem está calcificado? O eleitorado, militantes, parlamentares?

4 thoughts on “Debate sobre as eleições americanas vai da polarização até à calcificação

  1. REDE GLOBO CONTRA ZUCKERBERG! Andréia Sadi (Estúdio i, 02.02.2024) ficou radiante ao mostrar Zuckerberg pedindo desculpas aos pais furiosos com suas redes sociais. Durante décadas os pais brasileiros ficaram furiosos com as novelas obscenas da Rede Globo, responsáveis pela gravidez precoce de centenas de milhares de meninas e adolescentes. Essas meninas tinham suas vidas e seu futuro destruídos, muitas eram expulsas de casa, muitas outras abandonavam a escola, etc. Ninguém lembra de a Rede Globo pedir desculpas, muito menos indenizar pais e mães furiosos que não tiveram autoridade de educar e ou controlar seus filhos. Pimenta nos olhos dos outros é colírio! Quem não tem colírio, usa óculos escuros, lá lá ri, lá rá lá! (L. C. Balreira).

  2. “MALUF FAZ”, tão criticado no passado, reiteradamente, de forma ácida, pelo lulopetismo, 40 anos depois, volta à moda política pelas mãos da esquerda lulista. Pode isso, Arnaldo ? PRODIGALIDADE é doença, perigosa, que pode arruinar tudo, inclusive o futuro dos nossos descendentes, caso não seja mantida sob controle. BRIZOLA TINHA RAZÃO, ” Lula pede votos para os pobres mas governa para os ricos”, ao ponto de se sentir injustiçado pela ojeriza pela sua pessoa por parte dos banqueiros que ele tanto ajudou como nunca antes visto na história da república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculo velhaco$. Não faz sentido uma obra faraônica dessa, a esta altura do campeonato do endividamento mastodonte, aloprado e compulsivo do país, à vista do déficit público de quase R$ 250 bilhões ( “Panorama Fiscal: destaques de 2023 e perspectivas Nesse contexto, o resultado primário no ano registrou déficit de R$ 234,3 bilhões, a preços de dezembro de 2023, correspondente a cerca de 2,1% do produto interno bruto (PIB).19 de jan. de 2024”), com a dívida pública já além dos R$ 6 trilhões (“A dívida pública federal terminou 2023 em R$ 6,52 trilhões. O resultado representa alta de 3,09% em relação a novembro, quando era de R$ 6,33 trilhões”) , com o resto, o básico, educação, saúde, segurança pública…, em petição de miséria. Essa coisa de vale tudo por eleições, pelas quais faz-se os diabos, como disse Dilma, já foi longe demais, muito além das raias da responsabilidade necessária, lembrando que, segundo o próprio Lula, a tentativa de reeleição de Bolsonaro já custou ao erário (ao lombo da população contribuinte), abastecido pelo sangue, suor, vidas e lágrimas do contribuinte, cerca de R$ 300 bilhões, daí a pergunta que não quer calar: quanto já está custando e custará, ao fim e ao cabo, a tentativa de reeleição do próprio Lula ? COMO será o amanhã…, responda quem souber ? https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/nao-estou-beneficiando-o-governador-estou-beneficiando-o-estado-diz-lula-ao-anunciar-obras-para-o-tunel-santos-guaruja?fbclid=IwAR1NeUt7IABlTpgP_qbCB7ZiH-IpuxH3Myu_fWQcLSRIghTqurdYqz4o5QQ

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