Jornalista americano confirma: TSE pressionou “X” por dados de usuários

O jornalista Michael Shellenberger em entrevista à CNN

Michael Shellenberger ainda não teve acesso aos documentos

Stêvão Limana e Leandro Magalhães
CNN São Paulo

O jornalista americano Michael Shellenberger detalhou à CNN o conteúdo de e-mails de funcionários do Twitter no Brasil, entre 2020 e 2022, que mostram, segundo ele, pedidos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e de membros do Congresso Nacional para que a plataforma revelasse dados de usuários que se manifestavam contra membros do Judiciário e questionavam a lisura do processo eleitoral.

Ele falou com a CNN neste domingo (7), em São Paulo. O jornalista também afirmou que as informações às quais ele teve acesso foram de trocas de e-mails entre funcionários que representavam o Twitter no Brasil com a sede da empresa nos Estados Unidos e que ainda não obteve nenhum documento oficial de instituições do Brasil.

E-MAILS DA EQUIPE – “Eu não vi e não tenho os documentos [do Judiciário]. Se eu tivesse visto, eu iria publicá-los. [Tive acesso] Somente a e-mails trocados entre os empregados do Twitter no Brasil e nos Estados Unidos”, disse à CNN.

A série de mensagens conhecida como Twitter Files Brazil é anterior a 2023, ano em que o Twitter passou a se chamar X, já sob comando de Elon Musk. Os e-mails foram divulgados por Shellenberger na própria rede social, na última quarta-feira (3).

Entre os e-mails trocados, aparecem conversas do então consultor jurídico do Twitter no Brasil, Rafael Batista, com a equipe de trabalho. Procurado pela CNN, Rafael disse ter sido orientado pelos seus advogados a não se manifestar sobre o caso.

QUEBRA DE PRIVACIDADE – À CNN, Shellenberger reafirmou que, segundo os funcionários do antigo Twitter, o TSE pediu mensagens privadas, número de telefone e dados de usuários que usaram hashtags contra o processo eleitoral no Brasil e contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Shellenberger disse à CNN que os pedidos não se restringiram a pessoas investigadas em inquéritos no STF. Os pedidos teriam vindo do MP-SP, do TSE e até de membros do Congresso Nacional.

“Muitas contas são anônimas. Eles queriam que revelasse as identidades de pessoas anônimas e mensagens diretas, privadas de pessoas. Eles queriam números de telefone. Nunca tinha visto isso”, afirmou Shellenberger à CNN.

INFORMAÇÕES PESSOAIS – “Foi um choque para mim e um choque para os empregados do Twitter do Brasil pedir informações pessoais de usuários que usaram tipos de hashtags”, disse o jornalista americano, em cujo trabalho o empresário Elon Musk tem se baseado para criticar o ministro Alexandre de Moraes.

A reportagem da CNN procurou o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, sobre as declarações de Shellenberger e aguarda retorno. O MP-SP também foi procurado e aguardamos um posicionamento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que a plataforma “X” tem arquivados esses e-mails trocados por sua equipe no Brasil. A não ser que seja uma administração como a de Flávio Dino no Ministério da Justiça, em que as imagens das câmaras de segurança são apagadas constantemente, sem motivo e razão, como dizia o cantor Tito Madi. (C.N.)

7 thoughts on “Jornalista americano confirma: TSE pressionou “X” por dados de usuários

  1. Tanto quanto os órgãos de inteligência, que possuem terabits de comprometidos diálogos entre corruptos de todos os tempos.

  2. Depois de tudo, de todo esse crime absurdo esfregado na cara dos brasileiros, a esquerda fascista toda do lado do Xandão do PCC. Essas pessoas não têm vergonha na cara não?

  3. Tenho apreço pelo jornalista Carlos Newton, sabidamente de viés ideológico de esquerda. Meu respeito cresce a cada dia em seus comentários inteligentes e bem-humorados.

    Espero que Deus conceda muita saúde e consiga ajudar o país que passa por uma humilhação sem precedentes diante de um Congresso Nacional fraco, especialmente o Senado Federal. Seu espaço democrático me permite ir além…

    A sociedade civil, de direita ou esquerda, de centro, de estrema disso ou daquilo, tem que defender a Constituição Federal.
    Redes de televisão e alguns jornais (mídia porca) e ativismo político judicial estão a serviço de uma anarquia que nos arrasta para uma “vala comum da mediocridade”. Estamos sendo chacota mundial. Antes iríamos virar e hoje a realidade “bate à porta”.

    Seria melhor retrocedermos a 1889 e recuperarmos a Monarquia Parlamentarista, cuja Constituição do Império, de todas as constituições da história nacional, foi a que vigorou por mais tempo – 65 anos, e nesse período sofreu apenas uma emenda.

    O Brasil não merece os políticos que tem e muito menos que apareçam no cenário global como Chefes de Estado. Importante lembrar: A Família Imperial NÃO TEM VÍNCULO COM PARTIDOS POLÍTICOS.

    Que os políticos administrem o país como Chefes de Governo sob os olhos de um PODER MODERADOR, tendo certo que políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.

  4. Parabéns pela postagem do artigo, sabe muito bem o editor que não vai ser aplaudido pelo pensamento único.

    Já vi esse editor ser atacado, inclusive ser taxado de fascista. Fez parecido com o Elon Musk: “Democracia in natura

    O democrático X (ex-Twitter) leva tão a sério o direito à liberdade de expressão que ativistas oportunistas xingam seu dono e pregam seu fechamento sem o risco de serem banidos. Já xingar ministro do STF…”.

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