Aras desiste do listão e quer saber se presos no 08/01 são seguidores de Bolsonaro

Augusto Aras vive seus últimos dias à frente da PGR

Críticas abalam Aras, que teve de reformular seu pedido

Por g1 — Brasília

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira (24) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que solicite às redes sociais esclarecimentos sobre os vínculos entre 244 denunciados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro e perfis do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas plataformas. O pedido foi apresentado em um dos inquéritos abertos pelo STF para apurar os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

No ofício enviado a Moraes, a PGR pede que as plataformas informem se os denunciados: 1) eram ou são seguidores de Bolsonaro; data na qual ex-seguidores deixaram de seguir perfil; se repostaram publicações do ex-presidente a respeito de supostas fraudes no sistema eleitoral e relacionadas à intervenção militar

CERTO TOTAL – A medida é um desdobramento de uma solicitação feita pela PGR na última semana. Na ocasião, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos — indicado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para representar a PGR nos casos relacionados aos ataques — havia pedido a Moraes que as redes sociais identificassem seguidores de Bolsonaro.

O Ministério Público Federal argumentou que a medida não se tratava de investigação dos seguidores, mas de um mapeamento sobre o alcance de postagens do ex-presidente com informações falsas sobre as eleições e as urnas eletrônicas.

Nesta segunda-feira (24), a PGR voltou a defender a medida solicitada junto ao ministro do STF, mas reformulou o pedido.

VOLUME DE DADOS – Segundo Carlos Frederico Santos, é “pertinente considerar o expressivo volume de dados decorrente do número de seguidores em redes sociais” de Jair Bolsonaro.

“A demandar tempo e esforços, o que, neste momento, poderá comprometer a capacidade operacional de levantamento, de forma célere, dos dados solicitados, além do risco de comprometer o fluxo seguro para a transmissão das informações”, escreveu.

“Assim, visando o interesse público e a paz social, considerando, ainda, a imprescindibilidade de garantir a eficiência e celeridade no andamento das investigações e diante do que se mostra mais necessário no atual momento das investigações, o Ministério Público Federal requer que seja desconsiderado o pedido”, acrescentou.

Agora, a Procuradoria-Geral da República defende uma delimitação do alcance da medida. Segundo o ofício, a identificação deverá ser focada em uma lista de réus anexadas ao pedido. A assessoria de imprensa da PGR informou que constam da lista 244 denunciados.

RÉUS NO STF – Após seis meses dos atos golpistas, o STF já tornou réus 1.290 acusados de participação nos atos. Cerca de 250 pessoas ainda continuam presas por conta das ações. O relator dos casos, ministro Alexandre de Moraes, já demonstrou desejo de levar a julgamento — ainda neste segundo semestre — as primeiras ações relacionadas aos atos.

A Corte ainda tem em tramitação ao menos sete inquéritos solicitados pela Procuradoria-Geral da República para investigar autores intelectuais, instigadores, executores e autoridades com foro privilegiado por envolvimento no vandalismo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de uma destas investigações, pela publicação, em uma rede social, de um vídeo em que questionava o sistema eleitoral. Em depoimento no caso, em abril, o ex-presidente afirmou aos investigadores que compartilhou o material sem querer.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAs críticas foram tão fortes que o serviçal Aras teve de cancelar o pedido da relação de todos os milhões de seguidores de Bolsonaro. Agora, se contenta em saber apenas o óbvio e pergunta ao Supremo se os presos no 08 de janeiro são seguidores de Bolsonaro, como se houvesse alguma dúvida a respeito. (C.N.)

Ser poeta, buscando atingir o núcleo da ideia essencial, na visão de Efigênia Coutinho

Efigênia Coutinho | Oceano de Letras

Efigênia Coutinho, poesia em Petrópolis

Paulo Peres
Poemas & Canções

A artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ),  criou sua definição de “Ser Poeta”. A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, revela.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz devoto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

Bem atrasadinho, Moraes só agora depõe sobre hostilidades em aeroporto de Roma

Gravação mostra tapa de bolsonarista em filho de Alexandre de Moraes, diz PF

Moraes, no aeroporto de Roma, depois das hostilidades

José Marques e Fabio Serapião
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), prestou depoimento à Polícia Federal na tarde desta segunda-feira (24) na investigação a sobre conduta de brasileiros que o hostilizaram no aeroporto internacional de Roma, no último dia 14. Além do ministro, também depuseram à PF sua esposa e os três filhos. Eles foram ouvidos na sede da Superintendência da corporação em São Paulo.

Moraes acionou a PF após a hostilidade contra ele e sua família na Itália. O órgão instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da abordagem e também de uma possível agressão ao filho do ministro.

INVESTIGADOS – A polícia investiga o casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão, que estava com Alex Zanata Bignotto, seu genro, e com Giovanni Mantovani, seu filho.

Na ocasião, o ministro do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relatou ter sido chamado de “bandido”, “comunista” e “comprado”, segundo informações colhidas pelos investigadores.

Os defensores dos envolvidos no episódio têm dito que não partiu deles a hostilidade contra o ministro. As afirmações devem ser confrontadas com as imagens das câmeras de segurança, solicitadas pela PF. A defesa da família investigada sob suspeita de hostilidade a Moraes também avalia pedir às autoridades judiciais italianas as imagens do aeroporto de Roma.

ENTREVERO – A família Mantovani admite ter havido o que chama de “entrevero”, mas nega ter hostilizado Moraes e afirma ter apenas reagido a ofensas recebidas. Tórtima disse inicialmente que Mantovani “afastou” o filho do magistrado com o braço, mas, em entrevista ao UOL, declarou não haver clareza se pode ter sido “um empurrão ou um tapa”.

No último dia 18, Mantovani e Andreia foram alvos de ação de busca e apreensão ordenada pela presidente do STF, ministra Rosa Weber.

Especialistas ouvidos pela Folha consideram que a ação deveria ser conduzida na primeira instância, não no Supremo, porque o empresário suspeito e demais envolvidos não têm foro especial. E a defesa afirma que houve desproporcionalidade no tratamento dado aos suspeitos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante notar que nenhuma reportagem registra que tudo começou porque a família Mantovani (três adultos e uma criança) foi impedida de entrar numa sala VIP por excesso de lotação. Quando iam saindo, chegou a família Moraes (cinco adultos) e teve ingresso na mesma sala VIP. A confusão começou assim, com os protestos da família que foi indevidamente barrada para que os Moraes fossem alojados. Diz a Constituição que todos os brasileiros são iguais. A família Mantovani acreditou nisso e quebrou a cara. Viram extremistas e animais a serem extirpados, na visão do presidente da República. Ah, Brasil… (C.N.)

“Democracia brasileira não é frágil”, alega historiadora, que fará debate em São Paulo

TRIBUNA DA INTERNET | É impressionante como a fé e o conservadorismo ainda  sejam usados por autocratas

Charge do Duke (Dom Total)

Naief Haddad
Folha

Nos últimos cinco anos, livros como “O Povo contra a Democracia”, de Yascha Mounk, e “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, têm inspirado um número sem fim de debates e artigos. Em parceria com a equipe do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP, a historiadora Heloisa Starling propõe uma discussão sob ângulo oposto: como renasce a democracia?

Assim foi batizado o seminário que acontece na terça (25) e quarta (26) no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo, com entrada gratuita. Participam da programação nomes como a ministra do Supremo Cármen Lúcia, a secretária de Ciência e Tecnologia da cidade do Rio de Janeiro, Tatiana Roque, o jornalista e professor da USP Eugênio Bucci e o cientista político Miguel Lago.

NÃO HÁ FRAGILIDADE – “Costumamos ver a democracia no Brasil como uma coisa fraca, mas, na hora em que a gente olha para a história, percebe que não é bem assim. Ela tem uma história longa no país. A ideia moderna de democracia começou a ser trabalhada por aqui no século 18, na conjuração do Rio de Janeiro. Essa noção de fragilidade da democracia no Brasil começou a me incomodar”, afirma Starling, professora titular do departamento de história da UFMG.

A reflexão dela se juntou a outras para dar origem ao fio condutor do seminário. “Na França, há uma pilha de livros sobre a história da democracia no país. Nos Estados Unidos, também. Aqui, no Brasil, não temos nenhum”, diz a historiadora, responsável pela curadoria do evento no Sesc Pompeia.

“Como vamos pensar a democracia nesses últimos quatro anos? Como vamos reconstruí-la? No meio desses pensamentos, eu me lembrei de um livro de 1985 editado pelo Caio Graco [fora de catálogo], um livro que fez minha cabeça quando eu estava no movimento estudantil, cujo título era ‘Como Renascem as Democracias’”, conta Starling. “Nós sabemos como o Estado democrático morre, sabemos fazer essa crítica, mas como ele renasce?”

OUTRO CONTEXTO – É evidente, ela chama a atenção ao citar o livro, que o contexto era outro. Em meados dos anos 1980, quando saiu a obra organizada por Alain Rouquié, Bolívar Lamounier e Jorge Schvarzer, o país vivia a transição da ditadura militar para a chamada Nova República. Hoje, enfrenta a ressaca dos anos Bolsonaro, período marcado por sucessivas ameaças golpistas.

Tema em geral circunscrito a análises de cientistas políticos, filósofos e historiadores, a democracia se abre para novos pontos de vista no evento do Sesc. Um exemplo é a mesa inaugural, na terça, com duas autoras indígenas, Eliane Potiguara e Márcia Kambeba.

“Se vamos discutir como a democracia renasce, é preciso criar um diálogo público, com pessoas de diferentes áreas”, diz Starling. “Por isso, a ideia de debater o conceito de democracia nas comunidades indígenas. A democracia também tem que ser o sonho do outro.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Concordo com a opinião da renomada historiadora mineira Heloísa Starling. Se a democracia brasileira fosse frágil, não estaríamos agora discutindo o assunto. Enquanto o Alto-Comando do Exército for legalista, a democracia brasileira continuará a ser uma das mais robustas da Terra, apesar dessas infantilidades dos atuais ministros do Supremo, que precisam se mancar, como se dizia antigamente, para não serem lembrados no futuro apenas por aspectos negativos de suas “decisões políticas”, conforme temos criticado aqui na Tribuna. (C.N.) 

Candidato da direita venceu na Espanha, mas ainda é incerto se vai governar

Alberto Núñez Feijóo

Feijóo, de direita, venceu, mas não consegue obter maioria

Deu na BBC

A Espanha votou neste domingo (23/7) nas eleições antecipadas que renderam resultados mais apertados do que as pesquisas indicavam. Com mais de 95% dos votos apurados, o conservador Partido Popular (PP) liderado por Alberto Núñez Feijóo, tem vantagem sobre o Partido Socialista (PSOE) do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez. Apesar de vencer, é muito difícil para Feijóo se tornar presidente. Se não houver acordos, também é possível que sejam convocadas novas eleições dentro de alguns meses.

A partir desta segunda-feira começaram as negociações para os pactos de posse e talvez Sánchez possa continuar como presidente de governo (premiê) com o apoio da coalizão esquerdista Sumar e de forças menores que são independentes.

FAZENDO CÁLCULOS – Depois da intensa recontagem de votos, que deixa um resultado mais apertado do que o esperado, começam os cálculos para ver quem poderá formar um governo. As urnas previam uma vitória contundente do PP, mas sem maioria absoluta, o que o obrigou a recorrer ao partido Vox em busca de apoio para governar.

Mas o PP e o Vox não alcançam maioria suficiente para formar uma coalizão. Então, os socialistas terão a oportunidade de formar outro governo porque têm mais opções para criar alianças com outros partidos.

“Sete anos depois voltamos a ganhar as eleições”, disse Feijoó, líder do conservador PP, que passou de 89 para 136 cadeiras, algo que, no entanto, pode não servir para liderar a Espanha.

DUAS VERSÕES  – “Os espanhóis deram confiança ao PP e nos disseram para conversar, e como líder do partido mais votado, devo liderar o diálogo e tentar governar com vitória eleitoral”, disse o político conservador, que defende que o partido que vence as eleições deve liderar o governo.

Sánchez, apesar do segundo lugar, comemorou que melhorou os resultados de quatro anos atrás e que o bloco de direita não alcançou a maioria necessária para governar.

“Temos mais votos e mais assentos do que há quatro anos”, disse Sánchez a seus partidários. Mas o partido mais votado pode não conseguir governar.

FALTA DE APOIO – “Há uma série de forças políticas teimosas para entender que este país mudou e saiu do bipartidarismo que viveu por cerca de 30 anos e agora tem que se adaptar a um parlamento mais variado, com partidos terceiros e forças periféricas. E Núñez Feijóo não consegue chegar a acordos neste novo contexto”, disse o escritor e analista político Daniel Bernabé à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).

Feijoó exigiu que o PSOE não “bloqueie” o governo da Espanha, ou seja, exigiu a abstenção dos socialistas nas investidas sobre um novo governo, algo que não parece provável.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, antecipou as eleições após os resultados das regionais de maio.

ELEIÇÃO INCOMUM – Apesar do caráter inusitado da convocação em meados de julho, a participação superou os 70%, patamar ligeiramente superior ao das eleições gerais de novembro de 2019.

A Espanha nunca havia realizado eleições no auge do verão. Em partes do sul as temperaturas chegaram perto dos 40ºC. Muitos cidadãos votaram antes para evitar o calor escaldante. Muitos outros eram a favor do voto pelo correio. Nos locais de voto, ventiladores elétricos foram ligados para manter as pessoas frescas.

“Fazer a votação nesta época do ano é terrível… deveria ser proibido”, disse Maria Suner, de 80 anos, à AFP em um posto de votação em Madri.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O resultado foi bom para a Espanha. Continuará a ser governada pela centro-esquerda ou passará à centro-direita. Ou seja, um governo sem radicalização nem desesperos ideológicos. Democracia é isso aí. (C.N.)

Como Lula continua a falar demais, é bom que não faça novos discursos de improviso

Lula e o presidente de Cabo Verde

Agradecer aos 350 anos de escravidão foi um pouco demais…

Merval Pereira
O Globo

A frase de agradecimento à Africa por tudo o que foi produzido em 350 anos de escravidão, dita por Lula em Cabo Verde, deveria estar escrita no discurso dele, e merece críticas ao redator. Mas se foi improviso do presidente, é incontrolável. Ele tem a mania de falar coisas que passam por sua cabeça e muitas vezes comete gafes.

Tudo bem melhorar a equipe de redatores, mas é preciso convencê-lo de que não pode improvisar, pelo menos em algumas solenidades mais formais – ou gafes vão continuar acontecendo uma atrás da oura, porque ele é muito falante.

Mas é interessante saber que a equipe de redatores do presidente deverá ser reforçada por alguém da equipe da primeira-dama. Não conheço nada que justifique uma melhoria na equipe de discursos devido à atuação de Janja da Silva. Não sei avaliar se a equipe dela é melhor do que a dele, mas parece uma falta de critério total, se for verdade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nosso amigo Merval Pereira levantou uma lebre muito importante. A influência da primeira-dama Janja da Silva no governo é cada vez maior. Ela montou acampamento no terceiro andar do Planalto, ao lado do gabinete do marido, e se dedica a se intrometer em tudo, como se tivesse mandato para tal. Chega a ponto de esculhambar funcionários da Presidência que não atendem imediatamente às suas ordens. Janja parece se julgar mais importante do que o presidente da República, esquecida de que Lula foi eleito diretamente pelo povo e ela chegou ao Planalto por outras circunstâncias. Portanto, deveria se mancar e deixar o marido trabalhar sossegado. (C.N.)

Presidente do PL se equilibra entre punição a ‘lulistas’ e veto a bolsonaristas para 2024

Valdemar Costa Neto, presidente do PL

Costa Neto tem de se virar para segurar a onda no PL.

Bernardo Mello e Luísa Marzullo
O Globo

Equilibrando-se entre o discurso de oposição liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de correligionários cada vez mais disposto a se aproximar do governo Lula, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem mediado conflitos internos do partido, enquanto articula candidaturas para as eleições municipais do ano que vem.

Em acenos à base bolsonarista, ele anunciou na quinta-feira que expulsará da sigla o deputado federal Yury do Paredão (PL-CE), fotografado fazendo um gesto de apoio ao atual titular do Palácio do Planalto, e aplicou sanções a parlamentares alinhados ao petista. Os movimentos ocorreram dias após o PL desautorizar parlamentares próximos a Bolsonaro que buscam concorrer a prefeituras de capitais.

SUSPENSÃO – Em ofício ao qual O Globo teve acesso, o PL comunicou a suspensão de oito deputados de Norte e Nordeste de comissões na Câmara, por três meses, como punição por terem descumprido orientação partidária para votar contra a medida provisória (MP) que reorganizou ministérios.

Dois deles, Junior Mano e Matheus Noronha, são do Ceará. É o mesmo estado de Yury do Paredão, que além de votar a favor da MP, posou com ministros de Lula fazendo o sinal de “L”, mote da campanha do petista no ano passado. Completam a lista quatro deputados do Maranhão, Detinha, Josimar Maranhãozinho, Junior Lourenço e Pastor Gil, além de João Carlos Bacelar (BA) e Vinicius Gurgel (AP).

As reprimendas, contudo, têm impacto limitado. Maranhãozinho não integra nenhuma comissão. Já seus colegas faltaram, em junho, a pelo menos um terço das reuniões dos colegiados.

YURI ESCOLHE PARTIDO – A expulsão de Yury, por sua vez, abre caminho para que ele se filie a outro partido sem risco de perda de mandato. Interlocutores do PT avaliam que o deputado busca apoio do governo Lula para disputar em 2024 a prefeitura de Juazeiro do Norte, principal município da região do Cariri, reduto eleitoral do ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

Valdemar divulgou em suas redes sociais, nesta quinta-feira, um encontro com Yury, em tom amistoso, e disse ter comunicado o parlamentar de sua expulsão “por não comungar dos ideais” do partido.

Interlocutores da cúpula do PL avaliam que Valdemar reforça seu alinhamento a Bolsonaro ao consultar o ex-presidente sobre as principais ações da sigla, mas também busca demarcar seu estilo.

HAVERÁ SANÇÕES – Braço-direito de Valdemar, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), afirma que haverá sanções sempre que a orientação do partido não for respeitada, mas que não há intransigência:

— Internamente já foi discutido que em votações normais aceitamos, dentro de um limite, que alguns deputados apoiem o governo por terem outra realidade.

A movimentação do presidente do PL se intensificou após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixar Bolsonaro inelegível. O partido trabalha para ter o ex-presidente como cabo eleitoral e, ao mesmo tempo, busca opções competitivas nas urnas.

LIBEROU GERAL – Após a votação da Reforma Tributária, por exemplo, que sofreu oposição de Bolsonaro, Valdemar divulgou nota frisando que cada parlamentar “precisa votar no que for melhor” para seu reduto eleitoral, inclusive buscando emendas e obras do governo.

A posição do PL de liberar os deputados e exigir respeito a posições divergentes, ensejou um pedido de abertura de processo disciplinar contra um aliado de Bolsonaro, o coronel Alfredo Menezes, que chamou de “judas” o deputado federal Alberto Neto (PL-AM) por divergir de seu voto.

Menezes, que já recebeu sinalizações de apoio de Bolsonaro para concorrer à prefeitura de Manaus em 2024, trava uma queda de braço com Alfredo Nascimento (PL), ex-ministro do governo Dilma Rousseff.

ABRIU PROCESSO – Aliado de longa data de Valdemar, Nascimento ensaia lançar Neto na capital do Amazonas. Em ofício assinado por Valdemar na semana passada, o PL orientou o diretório de Manaus, presidido por Neto, a “imediata instauração” de processo contra Menezes para apurar “excessos que atinjam a honra de outro filiado”.

Valdemar também divergiu do bolsonarismo na construção de candidaturas em outras capitais. Em João Pessoa, privilegiou a articulação de outro aliado, o deputado Wellington Roberto (PL-PB), que deseja lançar o ex-ministro Marcelo Queiroga à prefeitura.

Já a base bolsonarista, encabeçada pelo também deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), se rebelou e tenta convencer Bolsonaro de que há nomes mais competitivos. Com aval de Valdemar, a mulher do ex-ministro, Simone Queiroga, assumiu no último sábado a divisão feminina do PL na Paraíba, acirrando o racha local. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que compareceu ao evento como líder nacional do PL Mulher, marcou uma agenda à parte com o grupo de Cabo Gilberto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há problemas graves em muitos outros Estados, porque o PL na verdade não é um partido político. Trata-se apenas de um ajuntamento de candidatos, que apoiavam Bolsonaro na eleição passada, visando a se beneficiar com a transferência de votos em 2022, o que realmente aconteceu. Essa acomodação já era esperada, depois de Bolsonaro perder o segundo turno. Nada de novo no front ocidental. (C.N.)

Suspeito de agredir Moraes também quer requisitar imagens do aeroporto de Roma

Suspeitos de hostilizarem Alexandre de Moraes entregam vídeo da confusão -  O Liberal

Advogado explica que a defesa precisa ter acesso às provas

Deu no Correio Braziliense

 O advogado da família investigada por hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia também pedir à Justiça da Itália o acesso às imagens do aeroporto de Roma para checagem do que ocorreu na confusão.

Segundo a defesa, representada pelo advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, o material precisa estar em mãos das duas partes no processo. “É justo que ambas as partes recebam o material, em igual tempo, podendo analisá-lo na sua plenitude”, diz Tórtima, por meio de nota.

SEM RECEBER – A própria Polícia Federal (PF) brasileira ainda não recebeu os vídeos do sistema de câmeras do aeroporto italiano para avaliar a conduta de todos os envolvidos no caso. O conteúdo só pode ser encaminhado ao Brasil após liberação da Justiça Italiana.

A Polícia Federal tem em mãos apenas o vídeo gravado do celular de um dos suspeitos de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma, Itália.

Fontes da corporação afirmaram ao Correio que o material apresentado pela defesa do empresário Alex Zanatta passou por edição, como corte ou interrupção, e que, por isso, os investigadores solicitaram a íntegra da gravação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma chatice. Enquanto as autoridades italianas não enviarem as gravações das câmeras do aeroporto, vai continuar esse ramerrame, que não leva a nada. O pior é que, se realmente tiverem sido praticados crimes, são tão insignificantes que nem vale a pena gastar recursos públicos na tramitação judicial. Mesmo se for culpado e condenado, Roberto Mantovani Filho não passará um só dia na prisão. O empresário está gastando dinheiro com advogado, mas fica barato em relação à fama que está desfrutando e que pode levá-lo a ser prefeito de Santa Bárbara d’Oeste, como o homem que enfrentou o Xandão. (C.N.)

Ao governo, cabe atenuar a atitude belicosa; ao Supremo, encerrar os inquéritos sem fim

charge laerte p – Bem Blogado

Charge do Laerte (Arquivo Google)

Merval Pereira
O Globo

O país vive uma espécie de estresse pós-traumático, comum em pessoas (e instituições) e caracterizado pela dificuldade de voltar ao normal depois de passar por uma situação extremamente dolorosa. O que nos aconteceu durante o governo Bolsonaro, culminando com a tentativa de golpe de 8 de janeiro, continua guiando nosso sistema político-partidário sem dar descanso, fazendo com que vivamos em constante disputa ideológica que exaure a sociedade.

A agressão sofrida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua família no aeroporto de Roma é exemplar desse estado de espírito coletivo. Não é possível convivermos eternamente com esses sobressaltos que impedem que o país se desenvolva socialmente.

ALVO PREFERENCIAL – O ministro Alexandre de Moraes tem se destacado nos últimos anos como o ponta de lança do sistema judiciário no combate às fake news e aos ataques à democracia, e nesse papel, fundamental para barrar os ímpetos golpistas do bolsonarismo, virou alvo preferencial de agressores de todo o tipo. Não é aceitável o que aconteceu em Roma, e merece punição severa o que descreveu em sua denúncia.

Mas talvez seja esse o momento para darmos uma virada de chave, e voltar ao modo normalidade. Já superamos momentos críticos na vida nacional recente, quando o impeachment da então presidente Dilma e a prisão do hoje presidente Lula levaram a que petistas radicalizassem a luta política, atacando os que consideravam inimigos em qualquer lugar em que estivessem.

A SOCIEDADE REAGE – O STF e seus ministros sempre foram o alvo preferencial desses ataques, como quando o prédio onde a ministra Carmem Lúcia tem um apartamento em Belo Horizonte foi atacado por membros do MST depois que um habeas corpus para Lula fora negado pelo plenário do Supremo. Os ministros do Supremo, muito antes do bolsonarismo surgir como força política, não podiam andar de avião de carreira em seus deslocamentos, tendo que usar aviões da FAB.

Esse estado de coisas levou a que uma parte ponderável da sociedade visse em Bolsonaro a solução para combater o petismo, já que o PSDB, que durante esses anos todos da redemocratização representou a saída do centro democrático, se perdeu pelo caminho.

As redes sociais fizeram o serviço completo, ajudando a radicalizar as posições e separando a sociedade em tribos que não se falam entre si, mas somente com seus iguais.

ATUAÇÃO GOLPISTA – A violência retórica e a explícita arquitetura de um autogolpe já falado até mesmo na campanha eleitoral fizeram com que o Supremo tivesse atuação fundamental na contenção de ações autocráticas do governo anterior. De fato, em última instância, salvaram o país de aventuras golpistas. Mas não estaria na hora de baixarmos as armas, as políticas e as reais, para que o país tenha condições de se levantar?

Lula foi eleito sob a égide da união nacional e de um governo de centro democrático. Não corresponde ao anseio de boa parcela dos que nele votaram a permanente polarização, na retórica e, sobretudo, nas ações.

A Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito não pode ser usada de maneira ampliada para impedir movimentos pacíficos de oposição ao governo, e nem as ações da Procuradoria-Geral da República (PGR) podem ser absurdas como a que pede a identificação de seguidores de Bolsonaro nas redes sociais, simplesmente uma tentativa de coação.

JUSTIFICATIVA TOLA – Segundo a PGR, a ideia não é investigar os seguidores, mas mapear o alcance de postagens de Bolsonaro com informações falsas sobre as eleições e as urnas eletrônicas. Ora, há diversas empresas e instituições que fazem essa medição, sem necessidade de invadir a privacidade do cidadão.

A contenção das armas nas mãos dos cidadãos é uma medida necessária, justamente para esse desarmamento também dos espíritos.

Cabe ao governo, que se pretende o catalisador do pensamento majoritário do país a favor da democracia, atenuar a atitude belicosa de alguns de seus ministros, sobretudo o da Justiça Flávio Dino, e ao STF, resguardo dos cidadãos, encerrar os inquéritos que estão ativos há anos, punir os responsáveis, e voltar a uma autocontenção que será benéfica à sociedade.

Temer percebe que pagou mico e apaga a postagem com referência ao filme da Barbie

Perfil em rede social do ex-presidenteTemer adere a terno rosa e brinca com filme da Barbie

Michel Temer só faltou colocar uma melancia na cabeça

Deu em O Globo

Após 2,9 milhões de visualizações, a publicação do ex-presidente Michel Temer (MDB) a lá “Barbie” foi apagada das redes sociais, neste domingo. A postagem ficou no ar, no Twitter e no Instagram, por menos de 24 horas.

Na montagem, o emedebista aparecia de paletó rosa e era chamado de “Ken Temer”, em uma comparação com o boneco interpretado por Ryan Gosling no filme lançado esta semana e protagonizado pela atriz Margot Robbie.

“BARBIE-ME-EI” – A postagem também lançava mão da expressão “Barbie-me-ei”. Durante seu governo, entre 2016 e 2018, Temer ficou conhecido pelos discursos com uso da mesóclise.

A publicação movimentou as redes sociais na noite deste sábado. Além dos comentários descontraídos, o conteúdo foi alvo de críticas e piadas. Parte dos internautas ironizou a montagem como “Barbie golpista”.

Barbie bateu recorde de arrecadação no Brasil, como mostrou o colunista Lauro Jardim. Somente nesta quinta-feira, a comédia arrecadou cerca de R$ 22,9 milhões e foi assistida por 1,18 milhão de pessoas, segundo dados inéditos da Comscore. O longa teve a segunda maior estreia dos cinemas brasileiros da série histórica, desde 2002.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É constrangedor ver um ex-presidente da República fazer papel gaiato na internet, em busca de mais 15 minutos de fama. No Brasil os homens públicos querem aparecer a todo custo, não importa se a situação é positiva ou negativa. Esse lance do Temer foi deprimente, ele mostra que não tem o menor senso do ridículo. Seu filho Michelzinho deve estar envergonhado. (C.N.)  

Ex-bombeiro é preso em nova operação que investiga morte de Marielle Franco

 

Ex-bombeiro envolvido no caso Marielle tem pena aumentada | Enfoco - O seu  site de notícias

Ex-bombeiro é miliciano e cumpria pena em regime aberto

Camila Zarur e Fabio Serapião
Folha

O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa foi preso, nesta segunda-feira (24), em uma nova operação da Polícia Federal do Ministério Público do Rio de Janeiro que investiga a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na capital e na região metropolitana.

Conhecido como Suel, o ex-bombeiro já havia sido preso sob suspeita de envolvimento no crime e obstrução das investigações. Ele cumpria a pena em regime aberto. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Maxwell na manhã desta segunda.

DUPLO HOMICÍDIO – Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no dia 14 de março de 2018. Eles voltavam de um evento na Lapa, e seu carro foi alvejado enquanto passavam pelo Estácio, também na região central do Rio.

Um ano após a morte, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos. O primeiro, acusado de ter sido o autor doS disparos, e o segundo, de ter dirigido o carro usado no crime.

Maxwell, por sua vez, também é suspeito de ter emprestado o carro utilizado para guardar o arsenal de Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.A primeira prisão do ex-bombeiro foi em junho de 2020. Recentemente, em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio aumentou a pena de Maxwell pela condenação por obstrução das investigações sobre o assassinato. A sentença aumentou de quatro para seis anos e nove meses, que ele cumpria em regime aberto.

DEUSA DA ESPERANÇA – A operação desta segunda-feira recebeu o nome de Élpis, que na mitologia grega representa a deusa da esperança.

A prisão de hoje acontece na primeira fase da operação, que investiga ainda sobre o crime em si.

Cinco anos após o assassinato de Marielle, ainda não foi esclarecido quem foram os mandantes do crime e quais as motivação para matar a vereadora.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAqui no Rio, ex-bombeiro é sinônimo de miliciano. As mortes de Marielle e Anderson foram cometidos por milicianos de luxo, que moravam no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro. Cinco anos depois, é impressionante que a Polícia ainda não tenha chegado aos mandantes. (C.N)

Sérgio Cabral promoveu almoço no Vasco para comemorar sua volta ao carnaval

Carnaval 2024: Escolas de samba do Rio valorizam a cultura brasileira

Cabral e amigos, vestindo a camisa da escola de samba

Paulo Peres

Para quem acha que já viu tudo em matéria de política, é bom conferir essa pequena reportagem publicada no Twitter News Almirante, relatando que o ex-governador Sérgio Cabral reuniu amigos e admiradores para uma feijoada na sede do Vasco no Calabouço, para comemorar a escolha de seu nome como enredo da Escola de Samba União Cruzmaltina.

Além de aturar o desempenho do Vasco da Gama neste Brasileirão, os torcedores ainda têm de suportar a volta de Sérgio Cabral ao clube carioca, depois de condenado a 245 anos e 20 dias de cadeia. É demais.

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CABRAL FESTEJA COM AMIGOS E ADMIRADORES
News Almirante

O ex-governador Sérgio Cabral continua transitando com desenvoltura no Rio de Janeiro, cumprindo intensa agenda social. Neste domingo, os convidados especiais o aguardam, na sede do Vasco Calabouço, no centro da Cidade, à beira de uma paisagem paradisíaca.

Ao fundo, a baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, a Marina da Glória e a Igreja do Outeiro da Glória, abençoando o domingo iluminado.

De acordo com fontes do SRzd que já estão no local, o almoço bem carioca será servido para 200 pessoas. Sérgio Cabral chegou às 14h30 da tarde, com semblante leve e despreocupado. O que se comenta no local é que o feijão amigo teria sido financiado pelo próprio ex-governador.

ENREDO DA ESCOLA – A sua única orientação teria sido não distribuir convites abertamente, antes deste domingo (23), para não atrair a visita de indesejáveis.

Eufórico com a escolha do seu nome como enredo da Escola de Samba da Avenida Intendente Magalhães, Cabral se sentiu na necessidade de agradecer aos amigos unindo o que mais ama: futebol, Vasco, Carnaval, feijoada e política.

Alegria dos convivas é pela boca livre e poder curtir a festança regada a cerveja e muita caipirinha. Só entrou quem recebeu o convite pelo celular.

Centrão é um pêndulo fisiológico entre o poder de ontem e o poder de hoje

Charge do Gilmar Fraga (https://gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

Numa entrevista a Sérgio Roxo, O Globo deste domingo, o ministro Flávio Dino afirma que é importante o apoio do Centrão ao governo Lula da Silva na medida em que funciona para ampliar a base parlamentar do Planalto principalmente em seu projeto de reformas estruturais que sustentam o programa de recuperação da economia e desenvolvimento social.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, a meu ver, não deixa de ter razão, sobretudo porque, no fundo, o Centrão não pode ser considerado um bloco parlamentar conservador, pois na verdade representa uma corrente voltada para a ação fisiológica cujo conteúdo nem sempre diverge da ideia política do atual governo.

MAIOR ESPAÇO – O Centrão busca sempre maior espaço e presença nas decisões administrativas que resultem em votos e também na defesa dos interesses econômicos de várias colorações decorrentes dos impulsos da máquina pública. Até hoje, na verdade, como se constata facilmente,  o presidente Lula não perdeu nenhuma votação no Congresso Nacional.

Todos os seus projetos foram aprovados, inclusive os de reforma constitucional que exige um quórum especial de maioria de três quintos, tanto na Câmara quanto no Senado Federal. O último exemplo está na reforma tributária, com o apoio de Arthur Lira, presidente da Casa, que alcançou 380 no total de 513 votos. O governo assim navega em águas mansas do quadro político e, portanto, não tem razões para se preocupar.

Há uma lógica no posicionamento do Centrão que lembra o antigo PSD de Ernane do Amaral Peixoto e Benedito Valadares. Uma vocação irresistível para o poder, mas cujo apoio no Poder Legislativo assegurava equilíbrio no panorama nacional. O PSD era um partido de sólida base rural e um fator de equilíbrio com o avanço no PTB nas áreas urbanas do país, reflexo da industrialização desencadeada em larga escala pelo governo Juscelino Kubitschek que modernizou o Brasil, alterando seu perfil econômico.

MAIORIA – Para governar, princípio sempre defendido por Amaral Peixoto, é preciso alcançar-se maioria parlamentar. Ela faltou a Getúlio Vargas na crise de 1954 e o resultado foi a tragédia de 24 de agosto. Mas ela não faltou ao homologar de bate pronto na renúncia de Jânio Quadros. Renúncia é um ato de vontade pessoal, não pode estar sujeita à apreciação partidária. Mas isso pertence ao passado.

No momento, a realidade política é diferente da realidade dos tempos em que a política era debatida em outros níveis. Hoje, como deixa claro Flávio Dino, a política é de resultados nas superfícies e não em sua maior profundidade. Há conservadores, como é o caso de Arthur Lira, mas o conservadorismo que tem sua base em redutos eleitorais, não impede que seus representantes votem a favor de matérias reformistas. O Centrão, portanto, desempenha um papel essencial no panorama político, inclusive porque  com a sua oscilação pendular, ele termina conduzindo o conservadorismo para áreas restritas ocupadas pelos extremistas.

Exemplo máximo de tal situação, encontra-se no 8 de janeiro de 2023. Uma investida subversiva para desfechar um golpe contra o governo Lula e a democracia brasileira. Tal colocação diretamente funciona para permitir que integrantes de correntes moderadas da oposição terminem se aliando à situação. O argumento ajusta-se ao pleno equilíbrio institucional, sobretudo porque com uma ditadura o Centrão perderia a sua razão de existir.

8 DE JANEIRO –  Gabriel Saboia e Eduardo Gonçalves, O Globo deste domingo, publicam reportagem importante destacando que pelo menos oito órgãos do governo foram alertados às vésperas do drama do 8 de janeiro através de informação da Agência Brasileira de Inteligência que havia recebido bases concretas sobre o que se encontrava em curso. A revelação deixa muito mal os titulares de setores do sistema de Segurança, levantando a hipótese de omissão e conivência.

De fato, penso, não é possível que um movimento que se baseou no transporte de milhares de pessoas para Brasília, a convergência de ônibus à capital do país, e na violência transmitida aos passageiros das rebeldias e das inconsequências pudessem ter sido ignorados de sua origem até a concretização do vandalismo.

A reportagem, sem dúvida, ilumina as sombras que poderiam estar ocultando as lideranças do imundo episódio voltado para a destruição através da violência física, buscando criar um falso clima que pudesse ser capaz de fazer o governo desmoronar. O desmoronamento, ao contrário, atingiu os seus idealizadores e executores.  

 

Pedido da Procuradoria para “identificar” bolsonaristas é inconstitucional e idiota

Aras diz ser alvo de 'sabotagem' interna em reta final de mandato na PGR –  Política – CartaCapital

Aras foi serviçal a Bolsonaro e agora faz o mesmo com Lula

Jan Niklas
O Globo

O pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para ter acesso a uma lista com os nomes e dados de identificação de todos os seguidores de Jair Bolsonaro nas redes sociais, feito na investigação sobre a responsabilidade do ex-presidente nos atos golpistas de 8 de janeiro, foi criticado por juristas e especialistas em proteção de dados ouvidos pelo Globo.

A PGR quer que plataformas como Facebook, Instagram e TikTok enviem as informações dos seguidores de Bolsonaro. No pedido, de forma genérica, o órgão solicita “que as empresas encaminhem, em arquivo eletrônico em formato .pdf, a lista completa com os nomes e dados de identificação dos seguidores de Jair Messias Bolsonaro”.

FERINDO DIREITOS – Segundo o advogado Rafael Zanatta, diretor da Data Privacy Brasil, as informações requeridas pela PGR são desproporcionais e podem ferir os direitos da personalidade e proteção de dados pessoais. Ele afirma que é inconstitucional o Estado tentar exigir uma lista com dados de identificação de seguidores de uma liderança política.

— Isso é uma regra básica que protege a privacidade e a liberdade de associação, dois direitos fundamentais garantidos na Constituição. Além disso, fere um terceiro direito fundamental, que é a ausência de base legal para este tipo de solicitação, visto que não há indícios de ilícitos pelas pessoas ou investigação criminal que justifique a obtenção de todos os dados — avalia Zanatta.

O fato de o pedido ser amplo demais e sem especificar quais seriam os dados também deixa o requerimento do órgão “nebuloso”, segundo os especialistas.

PROTEÇÃO DE DADOS – Coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho cita a lei geral de proteção de dados e diz que as plataformas não poderão entregar dados sem uma justificativa forte que ampare o compartilhamento dessa informação.

Caso exista acusação contra algum seguidor o pedido deverá ser atendido. Porém, não havendo sequer suspeita, entregar esse tipo de dado abriria um precedente perigoso, em sua avaliação.

— Ao que parece, eles estão pedindo de forma generalizada dados de 30 milhões de seguidores sem indicar um motivo, digamos, plausível o bastante para amparar esse pedido. É no mínimo estranho, né? — indaga Aurélio.

DECISÃO ILEGAL – Na mesma linha, o advogado e mestre em direito do estado pela PUC-SP Pedro Serrano argumenta que obter dados de pessoas que sejam suspeitos de estarem envolvidas em crimes como tentativa de golpe de estado é legítimo. Porém, solicitar os dados de usuários apenas por serem de seguidores de Bolsonaro seria ilegal.

— Se for simplesmente para realizar um monitoramento político, um cadastro político de bolsonaristas, aí é absolutamente inconstitucional e ilegítimo, né? O estado não pode manter cadastro de pessoas tendo por base suas posições político-ideológicas, apenas — diz Serrano.

Em nota, a PGR afirmou que a investigação envolve apenas o ex-presidente Bolsonaro e diz que o acesso às informações de seguidores servirá somente para medir o alcance das postagens. “O órgão esclarece que essas pessoas não estão sendo investigadas nem terão seus dados expostos. O objetivo do pedido é obter informações que permitam avaliar o conteúdo e a dimensão alcançada pelas publicações do ex-presidente em relação aos fatos ocorridos em 8 de janeiro nas redes sociais”, diz a PGR.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como dizia mestre Ataulfo Alves, a incompetência dessa gente é uma arte. Não há a menor possibilidade de ser encontrada uma justificativa racional para um pedido tãoirracional como esse que foi feito pela Procuradoria. (C.N.)

“Tempo, vais para trás ou para diante?”, perguntava o poeta modernista Dante Milano

Folha Letras: Homem culpado de ser homem Folha1 - Cultura & Lazer

Dante Milano, retratado por Portinari

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e poeta Dante Milano (1899-1991), nascido em Petrópolis (Ri de Janeiro), foi um dos mais destacados elementos representativos da terceira geração do Modernismo. Neste pequeno poema, Milano faz criativas indagações sobre o ir e vir da passagem do tempo. Afinal, para onde o tempo vai?

AO TEMPO
Dante Milano

Tempo, vais para trás ou para diante?

O passado carrega a minha vida
Para trás, e eu de mim fiquei distante,
Ou existir é uma contínua ida
E eu me persigo nunca me alcançando?

A hora da despedida é a da partida
A um tempo aproximando e distanciando…
Sem saber de onde vens e aonde irás,
Andando andando andando andando andando

Tempo, vais para diante ou para trás?

Projeto que pune “atentar” contra Lula imita modelo adotado em 14 ditaduras

Cláudio Humberto
Diário do Poder

O Brasil deu um passo triste para o autoritarismo, nesta sexta-feira (21), quando o presidente Lula (PT) assinou projeto que, a pretexto de combater “crimes contra o Estado democrático de direito”, apenas intimida e criminaliza manifestações dos cidadãos, garantidas na Constituição.

Prevê até 12 anos de prisão para um vago “crime contra a liberdade das autoridades políticas”, seja lá o que isso for. E inclui o Brasil na lista de ditaduras que adotaram legislação semelhante, como Venezuela e Cuba.

PÉSSIMAS COMPANHIAS – A blindagem é difundida em outros regimes que Lula tanto aprecia. A Nicarágua e a Venezuela estão entre eles.  A lista elaborada pelo Instituto Liberal aponta outras ditaduras que adotaram legislação semelhante à proposta por Lula: Camboja, Coréia do Norte, Cuba, Congo, Gabão, Irã, Líbia, Ruanda, Rússia, Sudão, Síria e Uganda.

O projeto de Lula e Flávio Dino ignora o famoso artigo 5º da Constituição Federal que garante, entre muitas outras coisas, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. A pena hoje é de 30 anos de prisão para quem comete homicídio e mata meros mortais, mas pelo projeto será de 40 anos caso a vítima seja uma autoridade.

A sanha lembra outro arroubo autoritário que ronda o Brasil: a regulação das redes sociais com o que a oposição chama de Projeto da Censura.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Muito importante o comentário do jornalista Cláudio Humberto, enviado por Eliel Salles. Notem que o ministro da Justiça, Flávio Dino, justifica o projeto com a seguinte afirmação: “Sustento projetos de lei, decisões judiciais ou investigações da Polícia Federal que sejam coerentes com essa atitude de combate ao perigosíssimo nazifascismo do século 21″.

Vejam vocês o tamanho da incoerência: para evitar uma ditadura nazifascista, o criativo ministro quer transformar o Brasil em outro tipo de ditadura. E não é Piada do Ano… Esse tal de Dino está se expressando do fundo do coração.

Pelo porte e pela disposição, o ministro jurássico parece ser uma espécie de Dinossauro político, que agora tenta extirpar a democracia brasileira e nos levar de volta à Era das Cavernas. Assim, o legalista Alto-Comando do Exército precisa ficar atento, para abortar essa nova ameaça ao Brasil. E “vade retro!”, como se dizia antigamente. (C.N.)

Com salários até R$ 914 mil, metade dos juízes ganha mais que ministros do STF

Supersalários do poder Judiciário custam 12 bilhões ao País. | ASMETRO-SI

Charge reproduzida do Arquivo Google

Deu no UOL

Os vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formam o teto constitucional dos servidores públicos. No entanto, nos meses de abril e maio deste ano, metade dos magistrados do país recebeu salários superiores a R$ 41,6 mil brutos. O levantamento é do site “Uol Notícias”, que analisou os contracheques no Painel de Remuneração do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Em maio deste ano, 12,2 mil magistrados de todo o país ganharam mais dinheiro que a cúpula do Judiciário. Em abril, 11,9 mil juízes, desembargadores, ministros e conselheiros — parte deles na ativa, parte já aposentados — tiveram remuneração superior à dos ministros do STF.

SUPERSALÁRIOS – De acordo com o estudo do site, esses números equivalem à metade dos 24 mil magistrados cujas folhas de pagamento estão disponíveis no sistema do CNJ. Ao todo, eles representam 85% de todos os magistrados do país. O levantamento incluiu informações de contracheques de 74 tribunais — ou seja, 80% das cortes brasileiras.

Quase 4% de todos os contracheques de abril e maio (1.885) superaram R$ 100 mil, diz o site do UOL. Em maio, os dez contracheques de maior valor variaram de R$ 180 mil brutos a R$ 914 mil.

O maior salário foi pago pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que afirmou, em nota, ter sido a soma de “indenização de 240 dias de férias, com o respectivo terço constitucional, 210 dias de licença especial e 99 dias de plantão não usufruídos quando em atividade”. Sem essas verbas indenizatórias, o magistrado teria recebido R$ 35.912,48, segundo a Corte.

REGRA INÚTIL – Em tese, a Constituição Federal estabelece um limite máximo a ser pago por mês para servidores públicos. A reforma da Previdência de 1998 determinou que os vencimentos dos ministros do STF seriam a baliza para isso. Atualmente, o teto é de R$ 41.650,92.

No entanto, muitos juízes do país conseguem “furar” esse teto com ganhos extras desvinculados do limite máximo. Entre as verbas, como destaca o “Uol Notícias”, estão valores de diárias, auxílio-moradia, licenças-prêmio convertidas em dinheiro e adicionais por tempo de serviço recebidos retroativamente. Além disso, valores de férias e do 13º salário, somados aos vencimentos mensais, também podem ultrapassar o teto.

Os tribunais afirmam que as somas excedentes ao teto são legais por serem baseadas em resoluções do CNJ e decisões judiciais (muitas vezes tomadas pelas próprias Cortes).

TUDO LEGALIZADO – Realmente, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, alguns valores não se confundem com o subsídio da magistratura. São os famosos “penduricalhos”, que se tornaram “direito adquirido”.

“Os pagamentos de verbas de outras naturezas, como férias acumuladas, indenizações e valores atrasados, também integram a folha de pagamento por imperativo de transparência, mas não se confundem com o subsídio da magistratura”, afirmou o CNJ, em nota enviada ao UOL.

Cálculos do site com base nas folhas de pagamento dos tribunais e em dados dos Ministérios de Cidades, Desenvolvimento Social e Saúde apontam que, se todos os salários de juízes ficassem dentro do limite constitucional, haveria uma economia de R$ 11,1 bilhões entre janeiro de 2020 e abril deste ano. Seria possível construir 65 mil unidades do “Minha Casa, Minha Vida” e sustentar 1,3 milhão de famílias com o Bolsa Família por um ano.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Justiça é a maior vergonha nacional. São de estarrecer as irregularidades que o Supremo tem cometido desde 1988 para legalizar penduricalhos salariais. É tudo inconstitucional, porque o artigo 17 das Disposições Transitórias é mais do que claro: Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadorias que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título”. Mas o Supremo se encarregou de dar outra “interpretação” a este artigo, como se pudesse haver alguma dúvida sobre o que está escrito. Realmente, é desanimador, desalentador e desapontador. E vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)

Livro faz balanço da Covid e extrai lições para a próxima pandemia que ocorrerá

Endemic: A Post-Pandemic Playbook | Amazon.com.br

Está previsto que novas pandeias irão acontecer

Hélio Schwartsman
Folha

As leis da biologia asseguram que vírus e bactérias evoluem em ritmo mais acelerado do que o de seres cujo ciclo reprodutivo é mais longo. E sempre que certos patógenos assumirem formas suficientemente novas para ludibriar nossos sistemas imunes, teremos epidemias. Num mundo em que viajantes atravessam continentes em poucas horas, elas se tornam pandemias. É questão de tempo até que venha a próxima. Devemos tentar nos preparar para ela.

É um pouco o que tenta fazer Monica Gandhi em “Endemic”. A autora, que é médica infectologista, especializada em Aids, faz um bom apanhado da Covid-19, explicando didaticamente como o vírus Sars-CoV-2 se transmite, a fisiopatologia da doença e as melhores formas de lidar com ela.

PESQUISAS MACIÇAS – É claro, ela tem o benefício de recontar essa história com o apoio de três anos de anos de pesquisas maciças sobre a moléstia.

Para nós que acompanhamos o processo em tempo real e, portanto, atabalhoadamente, é útil saber o que foi confirmado e o que não foi pelo acúmulo dos estudos. A obrigatoriedade das máscaras, para dar um exemplo, não funcionou bem.

Embora a especialista Monica Gandhi se descreva como “esquerda da esquerda”, ela faz críticas severas a decisões tomadas por governantes mais identificados com a esquerda.

ISOLAMENTO ERRÔNEO – Segundo a autora, ao manter as restrições sociais mesmo quando parcelas significativas da população já estavam vacinadas, esses dirigentes minaram a confiança nos imunizantes, contribuindo para a hesitação vacinal. Países que levantaram as restrições mais rapidamente, à medida que a vacinação progrediu, colheram mais êxitos.

Ela também bate forte nos governantes que mantiveram as escolas fechadas por longos períodos. Os dados mostram que as crianças adoeciam muito menos do que os adultos e não eram um elo importante na cadeia de transmissão.

Mantê-las longe das salas de aula por tanto tempo causou enorme prejuízo educacional e para a saúde mental dos jovens.

André Mendonça suspende lei que deu salário de R$ 170 mil a desembargadores

Mendonça interrompe julgamento do STF sobre cassação de Francischini

Mendonça já cumpriu sua obrigação, mas falta o plenário

Pepita Ortega
Estadão

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu neste sábado, 22, as leis de Goiás que viabilizaram o pagamento de salários de até R$170 mil mensais a juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás.

O magistrado acolheu um pedido do procurador-geral da República Augusto Aras e sustou o pagamento de verbas além do teto constitucional não só a integrantes do Judiciário goiano, mas também a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e servidores do Executivo estadual.

VAI A PLENÁRIO – A liminar será submetida a referendo do Plenário da Suprema Corte. Como mostrou o Estadão, desde a publicação das leis agora suspensas por Mendonça, a cúpula do Tribunal de Justiça do Estado – que propôs ao Legislativo excluir penduricalhos do corte do teto do funcionalismo – já recebeu um montante acumulado de R$ 9,4 milhões – ou R$ 7,9 milhões líquidos.

No centro do processo está o expediente que classifica como verba ‘indenizatória’ valores devidos a servidores que exercem ‘atividade extraordinária’.

Normalmente, esses montantes estariam sujeitos à regra do abate teto – corte no pagamento de funcionários públicos quando o valor do holerite ultrapassa o limite do funcionalismo público, que é o contracheque dos ministros do STF.

FORA DE LEI – No entanto, leis sancionadas pelo governo de Goiás preveem a exclusão desses valores da regra do teto e acabaram turbinando o holerite de servidores.

No Supremo, Aras contestou cinco leis, aprovadas em sequência. A primeira beneficiou servidores do Executivo goiano. Depois, veio o efeito cascata: o Tribunal de Justiça de Goiás, o Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal de Contas dos Municípios também quiseram entrar no jogo e pediram as mesmas regalias.

No último dia 12, o Tribunal defendeu os supersalários pagos a seus magistrados, argumentando que não se pode exigir que os juízes e desembargadores trabalhem de forma ‘graciosa’.

ALEGAÇÕES RIDÍCULAS – O presidente do TJ, desembargador Carlos Alberto França, alega que os magistrados não podem ‘extrapolar suas funções’ usuais de graça, devendo ser remunerados ‘de modo proporcional e compatível’ com as atividades ‘imprescindíveis’ que exercem para o funcionamento da Corte estadual.

No despacho assinado neste sábado, dia 22, Mendonça apontou que quando um servidor assume determinado cargo em comissão, deixa de desempenhar as ‘funções do cargo originariamente ocupado’.

“De fato, não há efetiva cumulação de cargos. Afasta-se temporariamente do efetivo exercício de um, para desempenho do feixe de atribuições inerentes ao outro”, ressaltou.

SEM JUSTIFICATIVA – Segundo Mendonça, não há ‘razão jurídica’ que ampare a mudança de caráter dos pagamentos feitos aos servidores, ‘classificando-se a verba como remuneratória até certo patamar pecuniário (o teto do funcionalismo), e indenizatória em relação à quantia excedente àquele limite’.

“Afigura-se igualmente equivocada a noção de “serviço extraordinário” das atividades que venham a ser desempenhadas em razão da assunção de cargo em comissão, sob o argumento de que se trataria de feixe de atribuições “não incluído dentre as funções do cargo originariamente ocupado” pelo servidor efetivo, tal como recorrentemente esgrimida pelos defensores das normas sob invectiva”, ressaltou o ministro do Supremo Tribunal Federal. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parodiando o ditado alemão, parece que ainda temos juízes em Brasília. Mas seria apressado comemorar agora, porque a matéria depende do plenário do Supremo, se é que vocês me entendem, como dizia o grande jornalista Maneco Müller. (C.N.)

Não se pode confundir o integralismo brasileiro com o fascismo de outros países

Tarcísio Padilha, o 'filósofo da esperança', reúne sua obra - Jornal O Globo

Tarcísio Padilha era conhecido como o “filósofo da esperança”

José Carlos Werneck

Numa época difusa e confusa, em que se fala muito em ressurgimento do fascismo e lembra-se também a atuação do integralismo brasileiro, criado pelo deputado Plínio Salgado sob o lema “Deus, Pátria e Família”, que recentemente veio a ser recriado pelo então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, é preciso esclarecer muita coisa aos mais jovens.

Aqui no Brasil, o integralismo era uma corrente nacionalista sem a radicalização do fascismo italiano e que contava com a simpatia de grandes personagens, como o próprio presidente Getúlio Vargas e o então bispo Helder Câmara, famoso por suas atividades de assistência social.

NACIONALISMO -Um dos destaques do integralismo foi o economista Raymundo Padilha, braço direito de Plinio Salgado e que depois se tornaria deputado federal pelo Partido de Representação Popular (PRP) e governador do Estado do Rio de Janeiro.

O casal Raymundo e Mayard Padilha era protestante e teve vários filhos que se notabilizaram em suas atividades profissionais, entre eles o notável jornalista Moacir Padilha, que foi editorialista e diretor de O Globo nas décadas de 60 e 70.

Outro dos filhos que teve enorme sucesso profissional foi o filósofo, sociólogo, escritor, professor universitário e magistrado brasileiro Tarcísio Meirelles Padilha, um notável pensador, que chegou a presidente da Academia Brasileira de Letras.

ERA INTEGRALISTA – Na juventude, nas décadas de 1940 e 1950, Tarcísio Padilha militou no PRP e no chamado Movimento Águia Branca, contando-se, assim, entre os representantes da denominada Segunda Geração Integralista.

Se mais tarde se afastou da militância, jamais deixou ele, no entanto, de sustentar os princípios fundamentais da sua Doutrina, bem sintetizados na tríade “Deus, Pátria e Família”, defendendo sempre as virtudes do patriotismo e do nacionalismo. Uma de suas principais obras. “Brasil em Questão”, publicada em 1975 pela Livraria José Olympio Editora e reeditada no ano seguinte pela Biblioteca do Exército, analisa a crise do mundo moderno.

Assim, cito esse exemplo de Tarcísio Padilha para esclarecer que há semelhanças e diferenças entre o lema Deus, Pátria e Família do antigo Integralismo e o mesmo signo agora usado por Bolsonaro.