Os bastidores do Salão Negro, que parecia um amplo camarote na Marquês de Sapucaí

Lula diz que 'perdão soaria como impunidade' e que ato do 8/1 marca vitória  da democracia

Lula disse que o ato do 8/1 marca a vitória da democracia

Vicente Limongi Netto 

O sol alto e forte apareceu, no céu de Brasília, saudando o vigor da democracia. Convidados de menor expressão foram se acotovelando, disputando melhores lugares, para sentar nas cadeiras apertadas no Salão Negro do Congresso. Convidados vips, encaminhados para um outro salão, próximo ao Salão Negro, local da memorável festa.

Como o carnaval está perto, parecia um amplo camarote da Sapucaí. Que acabou ficando pequeno, na medida que os convidados chegavam.  Um dos primeiros foi o ex-presidente José Sarney, logo rodeado pelos poucos presentes.

CHEGARAM JUNTOS – Ministros do Supremo Tribunal Federal parece que combinaram, foram chegando juntos. Motivo: antes, no plenário da Suprema Corte, o ministro-presidente, LuÍs Roberto Barroso, fez sua festa particular.

Discursou, sem dividir holofotes com ninguém, rodeado de ministros e de ministros aposentados, Ayres Brito e Rosa Weber, que presidia a Corte, na época do vandalismo.

Também presentes o futuro ministro do STF, Flávio Dino e o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti.

SARNEY BRILHANDO – Antes de Lula chegar com Janja da Silva, idealizadora do evento, Sarney foi a maior atração. Ganhou tapinhas nas costas de figuras que nem conhecia. Prestígio é isso. Trocou idéias com Rodrigo Pacheco, Ayres Brito e o vice, Geraldo Alckmim.

O ministro que se mostrou mais afável, sorridente e conversador com Sarney, foi Alexandre de Moraes. Aliás, o xerife Moraes tinha amplos sorrisos para todos.

Quando o dono da orquestra democrática entrou no salão das rodinhas dos poderosos da República, acompanhado de Janja, o beija-mão foi geral.

BEIJIM-BEIJIM – O educado Luis Roberto Barroso foi o primeiro a se dirigir ao encontro da primeira dama  e cumprimentá-la com dois beijos no rosto.  Seguido de Flávio Dino, Rodrigo Pacheco, Alckmin, Sarney, Carmem Lúcia, Rosa Weber e Gilmar Mendes. O decano do Supremo e torcedor do Santos, Gilmar Mendes, foi o que mostrou mais afeição ao beijar Janja. Pareciam amigos de colégio.

Alexandre de Moraes conversou com Ricardo Stukert, fotógrafo e amigo pessoal do presidente Lula. O cabeludo e agitado Ricardo indicava, pelos gestos das mãos, que vai mandar novas fotos interessantes das badernas para a coleção pessoal do ministro.

OUTROS DESTAQUES – A senadora Eliziane Gama, sorridente e sem sair do lado do conterrâneo Sarney. Foi ela a relatora da CPI das badernas de 8 de janeiro.

A operosa diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, responsável pelo evento na casa do Legislativo que organizou o marcante espetáculo cívico, circulava sem parar, atenta aos detalhes, para que tudo saísse nos conformes.

Ilana, de vestido vermelho, é servidora respeitada e antiga da Câmara Alta. Mereceu abraços e sorrisos de Lula.

MINISTRO ESPAÇOSO – O ministro Flávio Dino, espaçoso e eufórico, como sempre. Na rodinha dele, outro sorridente era Gilmar Mendes. Estavam encostados na parede com amplo painel atrás e no alto, da galeria dos ex-presidente do Senado Federal.

Ninguém registrou nem viu se Flávio Dino dirigiu-se a José Sarney. Nem para um simples e educado aceno.  Na saída para o Salão Negro, Pacheco, Lula, Barroso e Moraes, tiraram foto com um imenso exemplar da Constituição, impresso especialmente para a solenidade.

Esqueceram de chamar Sarney para aparecer na foto histórica. Afinal, foi o imortal Sarney o responsável pela transição democrática do Brasil.

Polarização, que é obra de lideranças, depende muito do futuro incerto de Bolsonaro

Nani Humor: POLARIZAÇÃO

Charge do Nani (nanihumor.com)

Maria Hermínia Tavares
Folha

A polarização política inquieta todos quantos aspiram a uma democracia sólida e estável para o país. A lembrança da invasão da praça do Três Poderes pelas hordas bolsonaristas, a completar um ano na segunda-feira que vem, serve de alerta para os riscos de novas sortidas da direita radical. Contorná-los requer clareza sobre os perigos da divisão dos brasileiros entre “nós” e “eles”.

Recomendo, por oportuno antes de tudo, o último episódio de 2023 do podcast “Fora da política não há salvação”, no qual o cientista político Claudio Couto (FGV-SP) entrevista seu colega Antonio Lavareda (Ipesp), reconhecido estudioso da opinião pública. Retomo aqui algo daquela proveitosa conversa.

NÃO É NOVIDADE – A polarização política não constitui propriamente uma novidade. Em certa medida, é induzida pela eleição em dois turnos para os cargos executivos. Além de reduzir a duas as opções dos eleitores na segunda volta, esse sistema pode induzi-los, já na primeira, a afunilar suas escolhas nos candidatos mais bem colocados.

Por outro lado, como mostraram os cientistas políticos Cesar Zucco e David Samuels, a oposição entre petismo e antipetismo vem estruturando a disputa presidencial há muito tempo. E, pelos menos desde 2006, agrupa os eleitores em dois campos nítidos e estáveis.

A novidade em 2018 foi a ascensão, no polo antipetista, de uma liderança facistoide que tomou o lugar até então ocupado pelo PSDB, sigla comprometida com a democracia. Essa revolução e tanto no condomínio das direitas ampliou a distância entre os dois polos e fez mais áspera a disputa entre eles.

INDÍCIOS CONTRADITÓRIOS – Ainda é cedo, porém, para dizer até que ponto a extrema direita bolsonarista está alojada nos corações dos eleitores e quão sólida é sua liderança no campo do antipetismo.

Recente pesquisa da Genial/Quaest traz indícios contraditórios sobre o grau de polarização na sociedade. De um lado, só 6 em cada 100 eleitores de Bolsonaro —sete entre os lulistas— se dizem arrependidos de seus votos. Além do mais, o que uns e outros fizeram diante das urnas se correlaciona com sua avaliação do novo governo.

De outro lado, 15% dos que sufragaram o ex-capitão erguem o polegar para o desempenho de seu adversário vitorioso; índice pouco menor acredita que o governo está no rumo certo e 25% daqueles se dizem otimistas quanto ao desempenho da economia em 2024. Muito cedo, portanto, para falar em identidades políticas calcificadas. De todo modo, sendo a polarização obra de lideranças, sua sobrevida e intensidade dependerão muito do incerto futuro de Bolsonaro e da disposição da direita de buscar rotas mais civilizadas.

Ausências famosas exibiram insatisfação com uso político do 8 de Janeiro por Lula

Bancada evangélica anuncia apoio a Arthur Lira para presidência da Câmara

Na última hora, Lira decidiu jogar a toalha

Carlos Newton

Cada um deu uma desculpa, que o Planalto terá de engolir. Mas o fato concreto é que o presidente Lula da Silva tentou fazer uso político da invasão dos Três Poderes no 8 de Janeiro, mas o tiro saiu pela culatra, porque o sonífero evento acabar por levantar as múltiplas contradições e injustiças que têm sido cometidas em nome da democracia.

Como destaque na ala dos insatisfeitos, 14 governadores não compareceram ao evento em referência ao 8 de Janeiro e muitos dos que marcaram presença agora está arrependidos e sentem que foram usados por Lula.

FALTARAM À FESTA – Entre os que faltaram estão os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Goiás, Ronaldo Caiado (União), entre outros.

Todos eles lamentaram uso político do ato, inclusive o governador mineiro Romeu Zema, que tinha confirmado sua participação, já que se encontrava em Brasília, mas depois achou melhor não comparecer.

Zema disse pelas redes sociais que não participou do evento porque estava negociando, com o governo federal, a dívida de Minas Gerais. Além disso, ele criticou o uso político do evento.

Zema sobre dívida bilionária de MG: 'Se fosse fácil teria resolvido'

Zema criticou o uso político do ato

DISSE ZEMA – “Estou em Brasília para vários compromissos, o mais importante dele é tratar a dívida gigante de Minas Gerais que foi construída nas últimas décadas e que precisa ser solucionada. Estava prevista a minha ida a um evento constitucional no Congresso, mas infelizmente recebi informações que ele se transformou em um evento político e não irei mais”, disse Zema nas redes sociais, na manhã desta segunda-feira.

A falta mais sentida e significativa foi a do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que estava escalado para fazer discurso, mas desistiu de ir. O parlamentar alegou que não participaria do evento por motivos pessoais, dizendo que teve de cuidar da saúde de alguns familiares.

LIRA PEDE PUNIÇÃO – Em nota publicada nas redes sociais, o presidente da Câmara pediu que os responsáveis sejam punidos.

“Há um ano as sedes dos 3 Poderes da República foram atacadas e depredadas num ato de violência que merece ser permanentemente repudiado. Todos os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei, dentro do devido processo legal. A liberdade de manifestação e o direito fundamental de protestar jamais podem se converter em violência e destruição. Devemos sempre celebrar a democracia e cuidar do futuro de nosso país”. 

Como Renan Calheiros planeja substituir o Centrão de Lira no governo Lula | VEJA

Renan alegou ter feito uma cirurgia

Outro ausente foi a do senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado de primeira hora do presidente Lula. Renan alegou que fez uma cirurgia e, “por expressa restrição médica”, não pôde comparecer.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, não dá para comemorar a punição de pés de chinelo, cujo crime foi seguir líderes irresponsáveis e sem caráter, enquanto continuam impunes os organizadores do golpe frustrado e os militares que traíram a pátria. Como disse Arthur Lira, “todos os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”. Neste processo, porém, o que menos se vê é punição dos verdadeiros responsáveis, e os processos não têm seguido a lei, vamos ser francos”. (C.N.)

Livro conta a história dos juros e alerta para o perigo de taxas baixas demais

Charge do Miguel Paiva (Arquivo Google)

Hélio Schwartsman
Folha

Lula está em boa companhia quando impreca contra os juros. Ele faz coro a Platão, Aristóteles, Agostinho, Aquino, Dante, Lutero, Shakespeare e, é claro, Marx e Keynes. Cobrar para emprestar dinheiro é prática milenar. Mesopotâmicos já o faziam antes mesmo de aprender a pôr rodas em carroças, como ensina Edward Chancellor em “The Price of Time”.

A antiguidade da prática não impediu que várias culturas desenvolvessem ojeriza visceral aos juros, descritos ora como imoralidade, ora como empecilho ao desenvolvimento e frequentemente como ambos.

TAXAS BAIXAS – Não é difícil ver os problemas que altas taxas de juros causam numa economia. Até o PT os enxerga. Chancellor, porém, além de contar uma história razoavelmente detalhada dos juros, também mostra que taxas muito baixas por períodos prolongados geram malefícios ainda piores.

Juros são, como diz o título da obra, o preço do tempo, a diferença entre o presente e o futuro. Se a taxa é muito baixa, o futuro invade o presente. Firmas vistas como promissoras, mesmo que não tenham ainda gerado um dólar de lucro, recebem avaliações bilionárias.

Até projetos absurdos, como reavivar o mar Morto, encontram interessados. Surgem assim bolhas que inevitavelmente explodirão: a companhia do Mississippi, de John Law, as tulipas, 1929, os subprimes. A lista é longa.

OUTRAS INTERPRETAÇÕES – E bolhas não são o único problema. Segundo o autor, taxas muito baixas também levam à má alocação do capital, o que reduz a eficiência da economia, à zumbificação de empresas, ao superendividamento, ao aumento da desigualdade e até à erosão da democracia. É claro que economistas filiados a outras escolas têm outras interpretações.

Nos capítulos iniciais, Chancellor é bem descritivo. À medida, porém, que o livro avança, vai assumindo um tom mais militante.

O penúltimo capítulo é um ataque à China, e o último, uma ode neoliberal a Hayek. Mas isso não torna a obra menos interessante.

Inquérito eterno no STF contra ‘atos antidemocráticos’ é declaração de guerra

CHARGE DESTA SEGUNDA-FEIRA, DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2023. - Cariri é Isso

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

J.R. Guzzo
Estadão

O Brasil não vai ter paz enquanto não for fechado o inquérito que o Supremo Tribunal Federal, através do ministro Alexandre de Moraes, abriu cinco anos atrás para investigar “atos antidemocráticos”. Desde então, vem servindo como uma licença oficial para se suprimir direitos civis, anular qualquer lei em vigor no Brasil e criar um Estado policial neste país.

O inquérito é uma declaração permanente de guerra. Foi aberto para apurar “notícias falsas” que poderiam atingir a honra e a segurança do STF. De lá para cá, como se diz hoje, “viralizou”. Foi gerando um inquérito criminal depois do outro (tantos, que não se sabe mais ao certo quantos são no momento) e passou a incluir todos os delitos que alguém possa praticar, inclusive os que não existem em lei nenhuma. É uma aberração jurídica que não existe, nem seria admitida em qualquer democracia séria do mundo.

GUERRA, SEMPRE – É possível, naturalmente, que a ideia de paz seja a última coisa que passe na cabeça do ministro, do STF e da parceria que mantêm com o governo Lula.

(Em cinco anos de inquérito não houve um único indiciado, nenhum, que possa ser descrito como de “esquerda” – o que faz do Brasil o único país do planeta em que só a direita é capaz de mentir.)

Os inquéritos, afinal, permitem que o Supremo e seus sócios façam o que bem entendem: prisões, censura, bloqueio de contas bancárias, apreensão de passaportes, quebra de sigilo, confisco de celulares e tudo o que possa servir como instrumento de repressão. É como nas leis de “segurança do Estado” que existem em todas as ditaduras para perseguir adversários políticos. O inquérito perpétuo do STF (“só termina quando terminar”, diz Moraes”) faz a mesma função, dizendo que defende a “segurança da democracia”.

APOSTAR NA FORÇA – Tudo bem – mas se não quiserem a paz, terão de apostar cada vez mais na força e desrespeitar a cada vez mais a lei. Não há, obviamente, nenhuma ameaça à democracia que justifique nada do que o ministro está fazendo.

Essa realidade, somada às ilegalidades em massa dos inquéritos, levam à uma “cristalina e pacífica conclusão”, como diz em editorial do Estadão: “É tempo de os inquéritos criminais do STF relativos a atos antidemocráticos serem encerrados, de acordo com a lei”.

Não é possível, com base na razão, contestar o que diz o editorial. Em vez de apresentar argumentos, o sistema de propaganda oficial veio com essa assombrosa entrevista na qual o ministro Moraes revelou, entre outros horrores, que iria ser enforcado em praça pública pelos golpistas. É menos jornalismo do que um exercício de taquigrafia em que só o ministro fala. Mas é mais um grito de guerra.

Moraes revela que 8/1 pode ter sido liderado por “militares infiltrados”

8 de janeiro de 2023: veja 15 fotos dos atos extremistas

Bolsonaristas foram liderados pelos “homens de preto”

Fabio Victor
Folha

Relator no STF (Supremo Tribunal Federal) dos inquéritos sobre o 8 de janeiro, Alexandre de Moraes afirma ter indícios de que os ataques podem ter sido coordenados, com orientação de militares treinados por Forças Especiais, unidades de elite existentes tanto no Exército quanto em polícias militares.

“Houve uma falha dos órgãos de inteligência, não sabíamos exatamente quais as ramificações… Sabíamos que havia gente treinada invadindo, tanto que a Polícia Federal continua investigando em torno de 200 pessoas de preto, procedimento de Forças Especiais mesmo, pessoas treinadas”, disse o ministro à Folha.

INCITAMENTO – “E sabíamos que havia, o que se comprovou depois, um incitamento a um golpe militar”, complementou o ministro, “à quebra do regime democrático, porque nos quartéis o que se discursava, inclusive no próprio dia 8, no dia 7, é que deveriam ocupar os palácios, o Congresso Nacional, o Supremo, para forçar uma [operação de] GLO [Garantia da Lei e da Ordem], para que o Exército fosse às ruas, e aí essas pessoas convencessem o Exército a dar um golpe militar”.

O ministro Gilmar Mendes, com Moraes o mais influente do Supremo na atualidade, menciona outra eventual participação de autoridades militares no incentivo aos ataques, como o general Braga Netto –que, na condição de ministro da Defesa de Jair Bolsonaro (PL), disse a manifestantes para terem fé quando a eleição já havia sido definida.

Os dois concordam que houve conivência e incentivo de integrantes das Forças Armadas em relação aos acampamentos em frente a quartéis.

MILITARES NO ACAMPAMENTO – “Diz-se que a desmobilização dos acampamentos não foi feita de imediato porque havia ali muitos militares. A prisão no dia 8 também não ocorreu para não surpreender militares – é o que se diz. Então são fatos que certamente vão surgir de maneira muito clara nas investigações”, afirmou Gilmar à Folha.

“E isso traz responsabilidade para todos os que admitiram. Eu suponho que isso foi admitido a partir de indução ou de autorização do próprio presidente da República [Bolsonaro].”

Gilmar definiu como “um entendimento um tanto quanto exótico” a ideia, defendida numa nota de comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022, de que os acampamentos estavam assegurados pela liberdade de expressão prevista na Constituição –sem mencionar que ali se fazia pedia golpe de estado e não se reconhecia o resultado das eleições.

NA ALEMANHA, NÃO – O ministro citou um caso em que a Corte Constitucional Alemã proibiu que manifestantes protestassem em frente a quartéis para impedir proliferação de mísseis.

“Aí a Corte Constitucional disse que não era ali o lugar de liberdade de reunião e manifestação. Eu entendo que também [quarteis] aqui não são esse espaço. Basta que a gente faça um exercício de contraprova. Imaginemos que o MST decidisse fazer um assentamento na frente dos quartéis. Qual seria a reação?”

Para Moraes, a manutenção de acampamentos diante de quartéis no Brasil “foi um erro muito grande”. Ele lembra que disse isso a autoridades do governo Bolsonaro, à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República. “Não há direito à reunião, não existe liberdade de expressão em você acampar na frente de um quartel pedindo para as Forças Armadas derrubarem o regime democrático”, disse.

TODOS SABIAM – Depois de mais de 1.200 denúncias contra incitadores do 8 de janeiro acampados em frente ao QG do Exército em Brasília, frisa Moraes, “daqui para frente ninguém mais vai poder dizer que não sabia”.

Ambos consideram que foi acertada a decisão do governo Lula de não decretar uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), optando, em vez disso, por uma intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal – reflexo de um receio de dar o controle do caos aos militares. Ao mesmo tempo, Gilmar e Moraes exaltam as Forças Armadas por não aderirem à tentativa de golpe.

“Porque já havia esses rumores de se provocar uma GLO para tentar convencer as Forças Armadas, em especial o Exército, a aderirem a um golpe”, afirmou Moraes. “Mas o Exército e as Forças Armadas, enquanto instituições, jamais aderiram a esse golpe. Permaneceram na estrita legalidade, em que pese alguns de seus agentes terem praticado atos ilícitos, e estão sendo investigados por isso.”

SEM HAVER GLO – Moraes disse que foi consultado por Lula, pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, a respeito da decisão. “Recordei que, no governo do presidente Michel Temer, havia ocorrido uma intervenção numa área específica, só na segurança [do Rio]. Então que isso era possível.”

Segundo Gilmar, “é certo que os militares que estavam nos comandos não compactuaram com aquele tipo de prática”. “Agora também é justo dizer que, sem a participação desses comandos, todo esse caldo de cultura não teria ocorrido –os manifestantes que se instalaram em quartéis, por exemplo. Esses eventos só ocorreram por algum tipo de complacência advinda das autoridades militares.”

Moraes discorda da tese do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para quem as Forças Armadas livraram o Brasil de um golpe no 8 de janeiro. “Eu diria que quem salvou a democracia de um eventual golpe foram as instituições. Não é correto dizer que foi A, B ou C. Foram as instituições, e eu tenho muito orgulho em dizer isso, principalmente o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral, principalmente o Poder Judiciário.”

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes enfim admitiu a veracidade das denúncias da Tribuna da Internet, sobre a infiltração de terroristas de verdade, militares das Forças Especiais, que lideraram o vandalismo, enfrentaram a PM e até devolviam as bombas de gás lacrimogêneo, porque usavam luvas especiais, máscaras contra gases e toucas ninja. Até agora não descobriram os nomes deles nos registros dos hotéis e das companhias aéreas, pois eles chegaram a Brasil de avião, às vésperas da bagunça na Praça dos Três Poderes. Eram terroristas de verdade, mas o Supremo preferiu punir os pés-de-chinelo. Esta é a verdade dos fatos, somente agora revelada. (C.N.)

A ciência evoluiu a humanidade, mas você se reconhece nessa crença positivista?

Ciência comprova os benefícios da Fé para o corpo, mente e coração -  Economia - Estado de Minas

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Luiz Felipe Pondé
Folha

A ideia de que evoluímos para melhor está na praça. Até bebês nascem pensando assim. Às vezes, quando se nega tal crença, parece um arroto à mesa. Ao contrário do que muitos pensam, essa ideia nada tem a ver com as religiões na sua raiz. O cristianismo, sim, acabou carregando nesses tons, mas, na sua origem, ele era muito mais escatológico: o melhor será a vida após a morte e após o fim do mundo tal como o conhecemos. Chegaríamos ao tal “reino de Deus”.

Com o avançar da história europeia, seu secularismo burguês, iluminismo, cientificismo, movimentos políticos revolucionários, o cristianismo atravessou uma mutação radical inclusive porque o mundo não acabou e Jesus não voltou — no sentido de reinventar-se enquanto uma prática antes de tudo moral, política e de ação histórica. Ficasse ele no momento antigo, com suas expectativas de fim de mundo —alguns loucos ainda estão lá—, teria, provavelmente, desaparecido e permanecido uma seita judaica irrelevante.

LEMBRANDO COMTE – Mas, para compreendemos essa equação que chega até nós, ou seja, uma época, como a nossa, obcecada pela ideia de que evoluímos moralmente e politicamente — tecnicamente não há dúvida —, precisamos trazer à memória uma escola filosófica e seu fundador, que hoje é esquecido, Auguste Comte.

 A igreja positivista — motivo supremo de chacotas com Comte — seria uma religião em que o objeto de culto é a humanidade e sua evolução racional e técnica. Comte se via como o papa dessa futura igreja, o que o põe sob uma certa suspeita de dano mental. Mas esqueçamos esse detalhe e observemos como ele acertou na crença que viria a ser a moderna por excelência.

Para Comte, a humanidade passara por uma fase religiosa ou mitológica em que buscava responder às perguntas essenciais, tipo “de onde viemos?”, “quem criou isso tudo?”, “o que é o bem e o mal?” e semelhantes, com respostas míticas fantásticas. Basicamente, Deus, ou deuses, ou deusas, seriam as causas e saberiam as respostas.

ERA DA METAFÍSICA – Numa segunda era, a metafísica, a humanidade respondia a essas mesmas perguntas com ginásticas racionais que caminhavam por substâncias abstratas, tipo “o bem”, “o mal”, “a causa primeira”, “o ser”, enfim, delírios com roupagem racional. Melhor a simples religião, suspeitava Comte.

E a terceira era a positivista, inaugurada com a ciência, que abandonaria “os quês”, “os porquês” e no lugar dessas perguntas absolutas poria os “comos”. Isto é, em lugar da teologia e da metafísica, a ciência e a engenharia nos ensinariam como melhorar o mundo, a vida, a sociedade, a natureza. Você não se reconhece nessa crença?

A própria noção de que perguntar como resolver um problema concreto é muito mais eficaz do que se perguntar de onde viemos é a nossa cara. Os “comos” é que importam e que nos fazem evoluir.

EXEMPLO DA PSICOLOGIA – A sociedade moderna respira positivismo, mesmo quando se pensa romântica. A psicologia, filha do romantismo, é a prova cabal desse fato: conhecer a alma, para libertá-la da ignorância sobre si mesma que a torna escrava da escuridão dos sintomas. Difícil achar um profissional de saúde mental que não se veja como alguém que trabalha para a evolução dos nossos modos de viver e construir a sociedade.

A psicologia positiva é apenas o rebento mais evidente da família do positivismo psicológico, até pelo nome que adota, e pelo método supostamente empírico em busca “do que dá certo” na experiência.

A chave do gozo positivista não está tanto, ou somente, na ideia da ciência e da engenharia como superiores à teologia ou à metafísica, está no culto à humanidade enquanto tal. Pensar a humanidade como um ser em movimento, em direção ao aperfeiçoamento pelas nossas próprias mãos, é a maior forma de masturbação metafísica já criada pela própria humanidade.

Sem exibir provas, Moraes pretende que todos acreditem no “plano” para matá-lo

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Deu na Gazeta do Povo

Que ministros do Supremo Tribunal Federal se manifestem constantemente fora dos autos, em palestras, entrevistas e diversas outras ocasiões, é algo que já não espanta ninguém no Brasil de hoje, mesmo que essa loquacidade bata de frente com todas as regras que regem a magistratura. Que falem inclusive sobre processos que estão julgando ou assuntos que possam vir a julgar também não surpreende.

Então, foi com total naturalidade, sintomática da anestesia institucional que vivemos, que o país tomou conhecimento da entrevista que o ministro Alexandre de Moraes concedeu ao jornal O Globo sobre os acontecimentos do 8 de janeiro de 2023 – os mesmos cujos participantes cabe a ele julgar, no papel especial de relator dos processos.

TRÊS PLANOS SINISTROS – O que ganhou as manchetes foi o teor de uma das afirmações do ministro. Segundo Moraes, havia não apenas um, mas três planos para livrar-se dele naquele domingo, envolvendo inclusive a participação das Forças Armadas.

“O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes”, afirmou o ministro do STF ao jornal carioca.

Moraes ainda acrescentou que está sendo investigada a participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no planejamento da suposta prisão – haja inteligência por parte dos supostos planejadores, aliás, já que em 8 de janeiro o ministro nem estava no Brasil, pois havia viajado a Paris com a família.

CONVERSA FIADA – Até o momento, não há um único elemento em toda essa história indicando que ela possa ser levada a sério

As provas dos planos? Moraes não apresentou nenhuma evidência, como era de se esperar. Seria mesmo algo elaborado, com funções definidas e estratégias para sua execução? Ou estamos falando apenas de algum manifestante tresloucado que lançou ideias incendiárias em um ou outro grupo de WhatsApp? Não sabemos.

A rigor, não sabemos nem mesmo se chegou a haver a intenção de atentar contra a integridade física do ministro, muito menos da forma por ele descrita. Moraes espera que o país simplesmente acredite em suas palavras a respeito de uma história tão mirabolante sem nenhum tipo de questionamento, e quem levantar dúvidas sobre suas palavras ou perguntar demais ainda pode acabar sendo considerado “inimigo da democracia”…

PERGUNTA-SE – Por que nada disso foi mencionado nos vários votos pela condenação dos réus do 8 de janeiro já proferidos? Se as ameaças eram tão graves, por que o ministro não reforçou sua segurança?

A pretensão de que o Brasil aceite as denúncias de Moraes sem comprovação nenhuma é ainda mais incrível tendo em mente um episódio recente, ocorrido meses atrás no aeroporto internacional de Roma.

O que começou com uma história de “hostilização” e “agressão”, com direito a uma absurda busca e apreensão na casa dos supostos agressores, terminou como algo que nem a Polícia Federal foi capaz de descrever com clareza, já que seu relatório só consegue fazer prosperar a versão de Moraes à custa de muitas ilações e suposições.

FORA DOS AUTOS – Não é só a falta de evidências do suposto plano que nos permite o direito de não acreditar cegamente no ministro; o histórico de Moraes a esse respeito não o ajuda em nada.

O que temos, portanto, é um magistrado falando fora dos autos, sobre um processo que ele mesmo está julgando, relativo a acontecimentos nos quais, segundo seu próprio relato (carente de comprovação), ele seria vítima de uma forma bastante especial, o que o tornaria impedido de julgar em qualquer país que levasse a sério as regras de processo penal, como bem lembrou o ex-deputado federal Deltan Dallagnol.

Até o momento, não há um único elemento em toda essa história indicando que ela possa ser levada a sério. E o fato de tudo estar tão errado assim e ao mesmo tempo tão normalizado assim apenas nos mostra como o Supremo – e Moraes em específico – conseguiu se impor como superpoder capaz de ignorar impunemente a Constituição, as leis, o decoro que deveria pautar a ação dos magistrados, fazendo das próprias palavras o único critério para definir o legal, o justo e o verdadeiro.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Importante o editorial da Gazeta do Povo, enviado por Mário Assis Causanilhas. Sem a menor dúvida, Moraes precisa ser afastado do processo. Não tem equilíbrio para conduzi-lo, na tripla condição de vítima, promotor e juiz. (C.N.)

Militares temem que ato do 8/1 afete a relação com Planalto e reacenda crise

Charge Jota Camelo (site Viomundo)

Catia Seabra e Cézar Feitoza
Folha

A convocação pelo presidente Lula (PT) de um ato em memória aos ataques do 8 de janeiro virou motivo de apreensão no meio militar. Oficiais ouvidos pela Folha reservadamente afirmaram estar preocupados de que o evento reacenda críticas à vinculação de militares com o governo Jair Bolsonaro (PL) e à postura permissiva dos ex-comandantes com os acampamentos golpistas que se formaram em frente a quartéis, após a vitória eleitoral do petista no final de 2022.

Receosos com a repercussão do aniversário do 8 de janeiro na caserna, os atuais comandantes das Forças Armadas chegaram a questionar o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre a necessidade de participar da cerimônia no Senado Federal, nesta segunda-feira (8).

É ATO POLÍTICO – São esperados cerca de 500 convidados, entre ministros de Estado, governadores, parlamentares, lideranças da sociedade civil e integrantes da cúpula do Judiciário, entre outros.

Os comandantes argumentaram que o ato terá caráter político e que, por isso, eles deveriam ser dispensados de participar e Múcio teria de representá-los.

O tema foi tratado durante um almoço entre os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, e o próprio Múcio. As objeções já tinham sido discutidas entre os chefes militares em conversas informais que antecederam a reunião com o ministro.

CONVITE DE LULA – De acordo com pessoas com conhecimento do assunto, Múcio ressaltou a importância da participação dos comandantes por se tratar de um convite de Lula, formulado em conjunto com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso.

Além dos chefes das Forças, o secretário-geral do Ministério da Defesa, Luiz Henrique Pochyly da Costa, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Renato de Aguiar Freire, deverão comparecer à cerimônia no Congresso Nacional.

A superação desse impasse não afasta o temor de que o ato, batizado de Democracia Inabalada, acabe por reabrir feridas entre militares e governo e reacenda o clima de tensão de um ano atrás.

DESCONFIANÇAS – A relação entre Lula e as Forças Armadas foi marcada por desconfianças desde a transição, mas houve um gradual distensionamento nos últimos meses. O pano de fundo da desconfiança sempre foi a avaliação, entre conselheiros de Lula, de que oficiais de alta patente estavam comprometidos com o projeto político de Bolsonaro — capitão reformado do Exército.

O próprio Lula já sinalizou que viu participação de fardados no 8 de janeiro. Poucos dias depois das cenas de vandalismo em Brasília, ele declarou em entrevista à GloboNews que os ataques eram um “começo de golpe de Estado” e que integrantes das Forças Armadas que quiserem fazer política têm de tirar a farda e renunciar do seu cargo.

“Enquanto estiver servindo às Forças Armadas, à Advocacia-Geral da União, no Ministério Público, essa gente não pode fazer política. Tem que cumprir com a sua função constitucional, pura e simplesmente”, declarou na ocasião.

SEM ANISTIA – Integrantes das Forças Armadas relatam estar preocupados com o ressurgimento de movimentos como o Sem Anistia, marcado pela cobrança de punição aos participantes dos ataques de 8 de janeiro, entre eles os fardados.

Há ainda o receio sobre uma possível reação de militares da reserva, sempre mais ruidosos do que os da ativa. Outro foco de apreensão é que o ato político volte a impulsar dentro do PT propostas no Congresso para tentar extirpar atribuições dos militares e alterar o artigo 142 da Constituição.

Enquanto as investigações relacionadas aos ataques golpistas miram os vândalos presos nos prédios públicos, os incitadores em frente ao quartel-general do Exército e os financiadores, até o momento altos oficiais das Forças Armadas estão livres de responsabilização —apesar de vozes influentes do Executivo e do Judiciário considerarem que eles foram, no mínimo, omissos.

PUNIÇÕES SIMBÓLICAS – Na sexta (5), o Exército disse em nota que houve punições a dois militares no âmbito do 8 de janeiro, mas não detalhou quais condutas causaram a punição disciplinar e quais foram as penalidades.

A Força também disse que abriu quatro processos administrativos (sindicâncias) para apurar eventuais irregularidades nas condutas de militares, mas que não encontrou indícios de crimes.

O Exército também abriu quatro inquéritos policiais militares, que foram concluídos e encaminhados à Justiça Militar. Em um dos casos, o coronel da reserva Adriano Camargo Testoni foi condenado por postagens ofensivas a seus superiores hierárquicos em grupos de conversas no 8 de janeiro. A pena imposta a ele foi de um mês e 18 dias de detenção, em regime aberto.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É um país de duas caras, como o inimigo do Batman. Se o coronel Testoni fosse civil, teria sido condenado a 21 anos de cadeia, porque fez selfie na invasão. Sem selfie, a pena cairia para 17 anos, tipo Piada do Ano. (C.N.)

Falta a necessária responsabilização dos mentores do 8 de janeiro

A mando de Lula, Gleisi e PT “escondem” Haddad quando citam êxitos na economia

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Hugo Marques
Veja

O PT sempre criticou os ministros da Fazenda dos governos Lula e Dilma que não defendiam as ideias retrógradas do partido. Foi assim em 2003, quando o partido colocou sua militância para fazer crítica às propostas de política econômica e reformas estruturais de Antonio Palocci.

Foi assim em 2014, quando o partido concentrou sua artilharia no então ministro Joaquim Levy, que insistia em um plano de austeridade fiscal para reequilibrar as contas públicas. E é assim agora com Fernando Haddad, um dos poucos auxiliares do presidente que tem um cardápio de realizações a apresentar neste primeiro ano de governo.

OBRAS DE GLEISI – Quem, aliás, tiver a curiosidade de acessar as redes sociais do PT é induzido a  pensar que as conquistas neste primeiro ano de governo foram obra da deputada Gleisi Hoffmann, presidente do partido. Ela aparece comemorando os resultados econômicos e enaltecendo a reforma tributária, mas sem citar o nome de Fernando Haddad ou de sua equipe.

Em um ‘post’, o PT celebra “um ano de reconstrução” e a “volta dos investimentos”, e escolhe como porta-voz dessas boas notícias a prefeita de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão, que atribui o crescimento acima da média mundial e a geração de empregos no Brasil ao Novo PAC.

A ordem do partido é alfinetar o ministro da Fazenda. Ao mesmo tempo em que comemora as vitórias de Haddad sem citar o nome dele e enaltece personagens menores do partido, o PT não desiste de alfinetar o ministro da Fazenda.

“AUSTERICÍDIO” – Desde a última sexta-feira, a legenda passou a destacar em sua página na internet a Resolução do Diretório Nacional criticando o que chama de “austericídio fiscal” da equipe de Haddad.

A resolução foi criticada pelo ministro em entrevista ao jornal O Globo: “Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’; E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver”, afirmou Haddad, que é apontado como o provável candidato à sucessão de Lula na presidência da República.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Apenas um reparo. Também pensei que a Resolução fosse do Diretório Nacional, mas o caso é pior ainda. A Resolução foi lida perante o Diretório (mais de 1.000 integrantes) por Gleisi Hoffmann, como se fosse decisão do partido. Na verdade, é apenas uma proposta da ala “Construindo um Novo Brasil”, comandada por Lula e Gleisi, que é majoritária no partido. É através desta ala que Lula dá as ordens à peãozada petista e solta seus cachorros contra Haddad, que está um pote até aqui de mágoa. (C.N.)   

Uma ausência desconhecida e tão feliz, na poesia romântica de Cecília Meireles

Não seja o de hoje. Não suspires por... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, jornalista e poeta carioca Cecília Meireles (1901-1964), no poema “Irrealidade”, sente que não existe passado nem futuro, pois tudo que ela compreende está no presente.

IRREALIDADE
Cecília Meireles

Como num sonho
aqui me vedes:
água escorrendo
por estas redes
de noite e dia.
A minha fala
parece mesmo
vir do meu lábio
e anda na sala
suspensa em asas
de alegoria.

Sou tão visível
que não se estranha
o meu sorriso.
E com tamanha
clareza pensa
que não preciso
dizer que vive
minha presença.

E estou de longe,
compadecida.
Minha vigília
é anfiteatro
que toda a vida
cerca, de frente.
Não há passado
nem há futuro.
Tudo que abarco
se faz presente.

Se me perguntam
pessoas, datas,
pequenas coisas
gratas e ingrata,
cifras e marcos
de quando e de onde,
– a minha fala
tão bem responde
que todos crêem
que estou na sala.

E ao meu sorriso
vós me sorris…
Correspondência
do paraíso
da nossa ausência
desconhecida
e tão feliz.

Governo Lula imita a ditadura militar e comemora a derrota do golpismo

A linguagem combativa das charges no Brasil - Portal Jornalismo ESPM

Charge do Zé Dassilva (Portal NSC)

Carlos Newton

O governo federal, responsável pela iniciativa, denominou a solenidade desta segunda-feira de “Democracia Inabalada”. Com todo respeito, acho que houve um equívoco. Certamente, o nome mais adequado seria “Democracia Inacabada”, porque ainda falta muito para que o Brasíl possa se tornar um país verdadeiramente democrático.

Sobre essas dúvidas, é sempre bom consultar o grande pensador inglês Kenneth Clark, que dizia: “Civilização? Nunca encontrei nenhuma… Mas tenho certeza de que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la”. O mesmo raciocínio do Lord Clark vale para democracia, é claro.

RECORDAR É VIVER – Aqui na filial Brasil, ainda estamos longe de poder comemorar a democracia, uma situação que somente se consolida quando há divisão dos Três Poderes e respeito mútuo, algo que decididamente não acontece no Brasil, onde reina a promiscuidade institucional. Portanto, estaríamos apenas fantasiados de democracia, à espera do carnaval.

Por isso, é de estranhar esta solenidade relativa à Intentona Golpista. Fica parecendo aquelas cerimônias que a ditadura militar realizava todos os anos, em 23 de novembro, para marcar o aniversário da Intentona Comunista de 1935, quando o país nem vivia sob regime democrático.

Nunca entendi o motivo daquelas festividades militares, sempre realizadas em ato público na Praia Vermelha, Zona Sul do Rio de Janeiro, em homenagem aos mortos da Intentona Comunista, que foram mais de 100, entre civis e militares.

APENAS UM MORTO – Agora, a cerimônia é para lembrar a Intentona Golpista de 2022, em que só morreu o réu Cleriston da Cunha, justamente por falta de democracia. Se estivéssemos num regime verdadeiramente democrático, ele estaria sendo julgado na primeira instância e nem estaria preso, por não ter sido apanhado em flagrante, não ter antecedentes e sofrer de doença incurável.

Na verdadeira democracia, também não haveria um inquérito comandado por um ministro do Supremo que ia ser enforcado em praça pública, como Tiradentes, e que funciona no processo como, vítima, assistente do promotor e juiz.

Esse ministro tríplice coroado classificou democraticamente como “terroristas” os 1.404 réus pés-de-chinelo que invadiram os Três Poderes, porém o relator nada faz para apurar a culpa dos organizadores do golpe e dos militares que os apoiavam.

SESSÃO LEXOTAN – Assim, nesta segunda-feira. a democracia é louvada pela cúpula do país numa Sessão Lexotan, na qual todos terão de lutar contra o sono. O programa começa com o Hino Nacional, cantado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, aquela que tem débitos com a Lei Rouanet e nunca irá saudá-los, democraticamente.

Em seguida, será exibido um vídeo institucional sobre os prejuízos à democracia. Na sequência, começa a Sessão Lexotan propriamente dita, com seis discursos seguidos – a governadora petista Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, os presidentes de Câmara, Senado e Supremo, o relator-vítima-juiz do processo e o presidente da República, para dizer que nunca antes, na História deste país, houve uma democracia como essa.

E assim fica mais do que comprovado que é fácil defender a democracia, como diria Kenneth Clark, mas é muito difícil exercê-la.

###
P.S. –
Quanto à família do réu Cleriston Cunha, que morreu devido à incúria da democracia, tem todo direito de recorrer à Justiça e pedir uma indenização, porque ainda há juízes em Berlim e o tal regime  democrático brasileiro pode ter evoluído até a data do julgamento. (C.N.)

Um ano após 8/1, GSI não quer revelar quantos servidores investigou ou puniu

Conduta de Dias no 8 de Janeiro está sendo apurada, diz GSI

General G.Dias, o andarilho do Planalto, não foi punido

Eduardo Barretto
Metrópoles

Um ano depois do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não informa quantos servidores foram investigados ou punidos pela omissão quando o Palácio do Planalto foi facilmente invadido por bolsonaristas. A coluna mostrou que integrantes do GSI tentaram deixar os golpistas que saquearam o palácio fugirem pelo térreo do prédio, em vez de expulsá-los.

A coluna questionou ao GSI quantos funcionários foram investigados internamente por causa da atuação no 8 de janeiro, quantos foram punidos, quais foram as punições, e quantos processos ainda tramitam. O ministério da Presidência não respondeu às perguntas. Sem detalhar, disse apenas que “a sindicância” foi concluída e enviada ao STF em junho.

ATUAÇÃO IRREGULAR – Diversos elementos apontam para a atuação irregular do GSI no 8 de janeiro. A coluna mostrou que militares do GSI queriam deixar os golpistas que saquearam o Planalto saírem pelo térreo do prédio.

Os radicais só foram presos por ordem da Polícia Militar, que chegou a ser confrontada por um coronel do Exército. Um assessor que presenciou a invasão ao palácio afirmou, em entrevista, que os militares do GSI não reprimiram os terroristas. O relato é corroborado por vídeos do 8 de janeiro.

Mesmo após os atos golpistas, o GSI adotou uma postura dúbia em relação às providências que tomou para punir eventuais culpados. Em fevereiro do ano passado, a pasta afirmou, por meio da Lei de Acesso à Informação, que o caso era sigiloso. Em seguida, informou não ter aberto qualquer apuração contra seus servidores.

DUAS INVESTIGAÇÕES – Poucos dias depois, contudo, a versão mudou: o ministério disse ter aberto duas investigações internas sobre o 8 de janeiro: uma em 16 de janeiro, para apurar danos materiais sofridos pelo GSI na invasão; e outra em 26 de janeiro, com vistas a apurar a atuação de funcionários do ministério, sem mencionar quantos servidores.

O ministro do GSI durante o 8 de janeiro, general Gonçalves Dias, foi flagrado caminhando entre os golpistas no Palácio do Planalto durante a invasão. Antes disso, o GSI havia se recusado a divulgar as filmagens do Planalto naquele dia diversas vezes: um pedido da Câmara, um pedido da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, e solicitações por meio da Lei de Acesso à Informação.

Ex-chefe da segurança de Lula em mandatos anteriores, GDias foi alvo de duas CPIs: uma do Congresso e outra da Câmara Legislativa do DF. Os dois colegiados isentaram G. Dias. A CPMI do Congresso acatou a tese do general e concluiu que, de 1º a 8 de janeiro, ele só havia conseguido trocar 5% dos seus subordinados herdados do governo Bolsonaro.

Moraes tem de revelar quem ia enforcá-lo, ou então vai cair no ridículo

Internauta denuncia caminhão em que Moraes aparece enforcado; veja vídeo -  ISTOÉ Independente

Este vídeo com Moraes enforcado circula desde 2021

Vicente Limongi Netto

Nesta segunda-feira, o espetáculo justo, oportuno e memorável, da pantomima cívica. Puxão de orelhas e lição para açodados e baderneiros. O novo panteão das liberdades democráticas será inaugurado no Salão Negro do Congresso, que receberá centenas de democratas e patriotas. O povão não foi convidado. Assistirá tudo por telões.

O Brasil e o mundo estarão atentos para os marcantes discursos. Difícil prever qual será o mais emocionante. Como 2024 é ano de eleições, todos enfatizarão que não se bate na democracia nem com uma flor.

FECHOU AS FERIDAS – Os Três Poderes da República existem, pelo menos no papel, para defender os legítimos interesses da coletividade. O 8 de janeiro de 2023 fechou as feridas. O implacável xerife Alexandre de Moraes penalizou acusados com condenações avaliadas exageradas por juristas.

Outros ganharam penas suaves, premiados com tornozeleiras. Outra turba, mais felizarda, como os chefes militares golpistas, mereceu grãos de bondade do coração do ministro da Suprema Corte.

Estão livres, leves e soltos, como cantam os versos de Nelson Motta. Na praia, saudando o sol e a vida.

ENFORCAMENTO – O ministro do Supremo Tribunal Federal(STF), Alexandre de Moraes, tem o dever e a obrigação de revelar os nomes dos envolvidos no plano diabólico para enforcá-lo em Praça Pública. Não pode jogar palavras ao vento. É preciso decifrar, esclarecer e tornar pública a gravidade do fato.

A denúncia não pode ficar restrita a forte entrevista que deu ao O Globo. Sob pena de cair no anedotário popular. Porvque demorou tanto para denunciar? Por que não usou a força do cargo para exigir urgentes apurações? Por que não informou nada ao Ministério da Defesa? Será que informou ao presidente Lula?

O Brasil tem leis duras e severas para punir criminosos exemplarmente. Alexandre de Moraes tornou-se o alvo predileto nas redes sociais, por alguns setores, pelas decisões que costuma tomar como magistrado.

ADEUS, CAMPEÃO – O competente Zagallo calou a boca dos venais e analistas de araque. Mal entrou no céu e já recebeu a camisa 13, para reforçar o elenco sublime do Todo Poderoso, com outros eternos como Gilmar, Nilton Santos, Garrincha, Pelé, Vavá, Didi, Roberto Dinamite, Zito, Djalma Santos etc.

Deterioração do discurso democrata aumenta as chances de Trump vencer

A encruzilhada de Joe Biden - Outras Palavras

Joe Biden não soube manter o apoio dos eleitores de centro

Demétrio Magnoli
Folha

Trump bebe no copo do nazismo: há pouco, parafraseando o “Mein Kampf”, alertou para o “envenenamento do sangue americano” pelo influxo de migrantes hispânicos. Trump responde, como réu, à acusação de golpe de Estado: ele instruiu republicanos a fraudarem resultados das eleições de 2020 e, no 6 de janeiro de 2021, incitou a invasão do Capitólio para impedir a certificação da vitória de Biden. Como se explica, então, que as pesquisas o colocam como favorito nas eleições presidenciais de novembro próximo?

A resposta convencional, apoiada em sondagens, é que uma larga maioria de eleitores enxerga Biden como idoso demais para cumprir novo mandato. Daí decorrem as pressões – e articulações ainda subterrâneas – pela substituição do candidato presidencial democrata.

ALGO DE ERRADO – Contudo, há algo mais profundo que escapa às análises protocolares: o Partido Democrata enfrenta rejeição popular superior à do Partido Republicano.

A economia dos EUA vai bem – muito melhor que a da China, por sinal. O surto inflacionário amainou e virtualmente inexiste desemprego. A ferida é outra: segundo pesquisa do Harvard Caps/Harris, 62% avaliam que os democratas moveram-se para a esquerda em demasia, enquanto 57% pensam que os republicanos moveram-se excessivamente para a direita.

Dito de outro modo: nos EUA de hoje, um partido preso à liderança extremista de Trump aparece como opção eleitoral menos radical!

FALTA A TERCEIRA VIA – O resultado surpreendente representa uma reversão das percepções vigentes em 2020. Você tem, claro, o direito de procurar conforto nas “teorias” de uma “sociologia” infantil difundida em redes sociais: os americanos seriam congenitamente direitistas, preconceituosos ou fascistas.

Mas tente evitar o escapismo ideológico: os mesmos americanos elegeram duas vezes Barack Obama e, segundo a pesquisa mencionada, 63% deles gostariam de ter “outra escolha” no lugar do binômio Biden/Trump.

O ponto, refletido em diversas sondagens, é a contaminação do discurso democrata pelas políticas identitárias. Aos olhos do eleitorado, o partido que aprendeu a falar para a maioria com as políticas sociais do New Deal e com a cisão antirracista da Lei dos Direitos Civis converteu-se numa igrejinha subordinada aos dogmas da esquerda universitária.

RACISMO INTERFERE – Na sondagem citada, 64% julgam as universidades rendidas a políticas identitárias baseadas na raça, 69% qualificam a tese de que os brancos são opressores como prejudicial à sociedade e 73% consideram falsa a identificação dos judeus como um estamento de opressores.

O paradigma clássico da ciência política diz que o caminho para o triunfo eleitoral exige a conquista do centro do espectro ideológico. Como regra, os candidatos que obtêm sucesso nas disputas majoritárias são aqueles capazes de ocupar o centro da arena, onde se concentra a maior parcela do eleitorado. É por isso que o sistema democrático isola os extremos, inclinando-se à moderação.

A ruptura da regra – ou seja, a vitória de líderes extremistas – sinaliza uma crise da democracia. Nos EUA, a fonte da crise deve ser buscada no desvio histórico dos democratas rumo às políticas identitárias.

CENTRO DECIDE – Biden derrotou Trump, em 2020, seguindo o manual da conquista do centro. Seu partido, porém, não o acompanhou. O discurso público dos democratas, controlado pela ala esquerda, replica os dogmas identitários raciais fabricados nas universidades.

A chamada Teoria Crítica da Raça, livro sagrado da seita, substitui o conceito de classe social pelo de raça, apresentando a maioria dos americanos como uma “classe opressora”. Trump prospera nesse cenário político, explorando as inseguranças, os temores e os ressentimentos dessa maioria.

O Brasil não é os EUA. O PT evita habilmente os excessos identitários, terceirizando-os ao PSOL. Mas a força persistente do bolsonarismo tem a mesma raiz do vigor do trumpismo.

Confirmado! Parte das Forças Armadas estava apoiando a tentativa de golpe

Dedo na cara e ameaça: general do Exército demitido peitou Flávio Dino

Comandante Arruda alegou que o Brasil estava dividido

Eliane Cantanhêde
Estadão

Passado um ano de 8 de janeiro de 2023, os mandantes do crime, civis e militares, que todo mundo sabe quem são, ainda não foram responsabilizados.

O momento mais tenso daquele dia foi quando três ministros civis se reuniram no Quartel General do Exército (QG) com o então comandante, general Júlio César Arruda, e descobriram, ou confirmaram, algo ainda mais assustador do que a invasão por vândalos do Planalto, Supremo, Câmara e Senado: cooptadas pelo capitão insubordinado Jair Bolsonaro, as Forças Armadas, ou partes delas, não rechaçavam devidamente a tentativa de golpe.

ARRUDA APOIAVA – Arrogante, com ar superior, Arruda agia como negociador, ou mesmo em favor dos invasores, que ainda se amontoavam diante do QG e a quem chamava, condescendentemente, de “manifestantes”, enquanto os tanques em fila à frente do QG apontavam não para a turba acampada ali, mas para fora, tentando impedir a entrada do poder civil, representado, no primeiro momento, pelo interventor do DF, Ricardo Cappelli, acompanhado de policiais e do então comandante da PM, coronel Fábio Augusto Vieira.

Eles tinham ordem superior, do presidente Lula, via ministro da Justiça, Flávio Dino, para “prender todo mundo” no acampamento, mas haviam sido barrados pelo bloqueio militar. “Vamos entrar”, avisou Cappelli.

“Se os senhores entrarem, vai ter um banho de sangue”, advertiu o comandante Militar do Planalto, general Dutra Menezes. E Cappelli: “O que o sr. quer dizer? Que os acampados estão armados?”.

LIGOU PARA GDIAS – Dutra Menezes ligou para o general Gonçalves Dias, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e deu a entender que ele havia passado o telefone para o próprio Lula. Em alto som, para os demais barrados na frente do QG ouvirem, falou: “Sim senhor, presidente”. Desligou e avisou que Lula pedira para aguardarem, até a entrada ser liberada. E foi, mas só uma pequena brecha para o carro onde estavam Cappelli e o coronel Fábio Augusto.

Ao chegarem finalmente ao gabinete do comandante, onde voltaram a se encontrar com o general Dutra Menezes, o general Arruda já assumia um ar de confronto: “Os senhores queriam entrar com a PM aqui sem a minha autorização?”.

E acrescentou dirigindo-se a Fábio Augusto, comandante da PM: “Eu acho que tenho um pouquinho mais de tropas que o sr., comandante”.

EM NOME DE LULA – Com o clima tenso, Cappelli telefonou para Dino, que se dirigiu ao QG com os ministros José Múcio, da Defesa, e Rui Costa, da Casa Civil, para falar em nome do presidente da República. Do outro lado, Arruda pretendia convocar o Alto Comando do Exército, mas foi dissuadido.

A seu lado, um oficial tentava reduzir a gravidade das invasões dos três poderes, desdenhando: “No impeachment da Dilma, também teve manifestação da esquerda e quebraram o Itamaraty”.

Convenhamos que ninguém dá golpe quebrando vidraça do Itamaraty, mas invadir e quebrar tudo no Planalto, Congresso e Supremo é um ato nitidamente golpista, o que fica ainda mais estridente com duas minutas de golpe, complementares, achadas pela Polícia Federal. Uma na casa do ministro da Justiça do governo anterior, Anderson Torres, que era, ora, ora, secretário de Segurança do DF no 8/1 e responsável pela integridade da praça e dos prédios dos três poderes. A outra, no celular, ora, ora, do ajudante de ordens e faz tudo de Bolsonaro, tenente coronel da ativa Mauro Cid.

BRASIL DIVIDIDO – Os três ministros civis exigiam o desmonte imediato do acampamento e a prisão imediata dos que estavam lá, alguns havia meses. Arruda pedia a volta dos ônibus para buscá-los, tentando evitar as prisões e, não tão sutilmente assim, justificar os atos e seus autores.

Dirigindo-se aos representantes de Lula, recém-empossado no terceiro mandato, tascou: “Vocês precisam entender que o Brasil está dividido!”.

Ok. O Brasil estava e está dividido, mas a democracia, a estabilidade política, a garantia das instituições e o respeito ao resultado das urnas nunca, jamais devem estar em jogo. Ditadura e golpes, nunca mais!

JOIO E TRIGO – Assim, o acampamento foi desmontado e os golpistas presos às 6h do dia seguinte e Arruda caiu do Comando do Exército ainda em janeiro de 2023, vejam vocês, por insistir em manter num cargo de comando estratégico o tenente-coronel Mauro Cid.

O general Tomás Paiva assumiu e há um esforço, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário para enaltecer os militares legalistas — inclusive a cúpula demitida por Bolsonaro na metade do seu governo — e destacar que o golpe não se concretizou porque as Forças Armadas se recusaram a aderir.

Mas é preciso separar o joio do trigo. O trigo não merece ser confundido com o joio, que deve ser devidamente punido, assim como o mandante maior de uma audácia histórica dessa gravidade. Neste 8/1 de 2024, teremos a comemoração da “Democracia Inabalada”, mas ainda há muito a fazer.

Saiba por que no Brasil ninguém é mestiço, uma “carapuça racial” bem dispensável

Escravidão Indígena no Brasil: características e por que não deu certo

Na colônia, o indígena era considerado “negro da terra”

Muniz Sodré
Folha

Segundo a mais confiável fonte de dados primários do país, a maioria da população brasileira é parda. O IBGE falou, está falado. Mas cabe uma ressalva sobre certa recepção pública desse achado. É que da palavra pardo se deduziu mestiço (do latim “mixticius”, misturado). Em termos etnológicos, a mistura seria combinar duas etnias. Dentro dessa lógica, se um louro dolicocéfalo alemão se casa com uma morena francesa, o filho será mestiço. O mesmo acontece com uma japonesa e um chinês. E, claro, uma ruandesa hutu com um tutsi.

Mas pode não ser nada disso. Troque-se o critério de etnia por cor da pele, o filho da francesa será branco europeu, o da japonesa branco asiático, e o da hutu, de cor preta, também não será considerado mestiço. Para dar credibilidade à mestiçagem, é preciso primeiro acreditar em raça, depois na realidade humana da mistura. Por isso, na prática, aquele nipo-chinês seria considerado mestiço tanto por japoneses como por chineses: predominaria a ilusão da raça, não a evidência da cor.

No paradigma colonial de branquitude, todo desvio desse padrão reprodutivo significa mestiçagem. Nos EUA, pode-se ser branquíssimo, mas uma “gota de sangue negra” (leia-se parentesco afro) produz o “half bred”, mestiço.

CLASSIFICAÇÃO FAKE – Como sangue nenhum tem cor além da vermelha, fica evidente que essa classificação é fake, manipulação de raça como categoria ideológica de dominação social.

A intelectualidade latino-americana embarcou na canoa da originalidade étnica, com prolíficas reflexões para-literárias. Entre nós, o luso-tropicalismo de Gilberto Freyre outorga à mestiçagem um singular estatuto civilizatório.

Razão: “Uma poligamia suavemente disfarçada, que teria obtido a aprovação de especialistas em eugenia, pois os pais, em muitos casos, eram homens de primeira qualidade”. Logo, “uma escravidão desse tipo foi útil ao desenvolvimento social no Brasil” (em “Escravidão, monarquia e o Brasil moderno”).

AQUI NO BRASIL – Respaldado pela biologia de machos brancos, o mestiço justificaria a própria escravidão. Aos pretos, caberia extinção progressiva. Mas esse desejo de morte, genocida, foi vencido pela vontade vital: dez por cento declaram-se negros, a maioria se diz parda, gradação cromática que não resulta de “raças” mescladas, e sim da força latente de uma diversidade a fogo brando, imperturbada pelo Estado.

Na Colônia, indígena era “negro da terra”. Não por cor, por categorização. Hoje, negro é pertencimento político-existencial, embasado num fenótipo que varia do mais ao menos escuro, dito pardo. É categoria de biopoder, designativa de um lugar móvel na luta contra a dominação da farsa histórica da raça. O que de fato somos todos: fenotipicamente diversos. Mestiço é uma carapuça racial, matizada por meio-sorriso literário.

Reação ao ato contra os golpistas exibe a força dos bolsonaristas

Moraes transfere julgamento de réu por atos do 8 de janeiro após suposto erro na condenação - Brasil 247

Moraes decidiu julgar os 1.404 “terroristas” no Supremo

Vinicius Torres Freire
Folha

O “Democracia Inabalada”, o ato de repúdio à intentona golpista do 8 de Janeiro, terá muita ausência notória e previsível. É uma cerimônia para rememorar um grande ataque contra a República. Muitas lideranças políticas não querem que se recorde o vandalismo, pois apoiavam o governo que insuflou a baderna subversiva.

Também não querem que fique na memória que participaram de um protesto contra uma tentativa de derrubada do regime democrático, ainda menos de um ato liderado por Luiz Inácio Lula da Silva e por ministros do Supremo, alvos de ódio do bolsonarismo e da extrema-direita.

MANTER A FAMA – Eles têm de manter a fama de maus, o prestígio com o eleitorado extremista, com as falanges bolsonaristas. Precisam de votos, de recursos e propaganda nas redes; precisam manter viva a mobilização antidemocrática.

É verdade que algumas lideranças políticas estão mesmo de férias ou são relapsas; dado o seu eleitorado, calculam que não valeria a pena interromper a folga e pagar o jatinho. Outras, porém, fazem questão de recusar o convite para o ato com uma defesa dos golpistas.

Trata-se, por exemplo, do manifesto de 30 senadores a respeito do “Democracia Inabalada”. Espalhados entre elogios cínicos à democracia e críticas da violência, aparecem ataques ao Supremo, a tentativa de atribuir a este governo a responsabilidade pelo 8 de janeiro e a defesa dos vândalos, que estariam sendo condenados a penas muito duras.

CÚMPLICES OU COMPARSAS – Quase todos os líderes e signatários do manifesto foram ministros de Jair Bolsonaro ou são militantes da causa. Logo, são cúmplices ou comparsas do projeto golpista, de mentiras criminosas de fraude eleitoral e das tantas promessas de que não haveria eleição e de que decisões do Supremo não seriam cumpridas.

São cúmplices de um idiota necrófilo, que fez campanha homicida contra medidas sanitárias na epidemia, que diz ser adepto do estupro, da tortura e do assassinato como instrumento político. São também cúmplices governadores, deputados, empresários, líderes religiosos e militares.

Os autores do manifesto são cínicos a ponto de escreverem tal coisa: “…ressaltamos como pilar de atuação a lealdade à democracia brasileira e apelamos novamente aos chefes dos Poderes da República a voltarem a atuar dentro dos ditames constitucionais com a consequente volta à normalidade democrática”.

NORMALIDADE DEMOCRÁTICA – Agora é que temos problemas com a “normalidade democrática”? De fato, temos. Um deles, dos maiores, foi a campanha autoritária articulada em torno de Bolsonaro.

O bolsonarismo tem voto, parte dele repulsa a Lula, ao PT, à esquerda, à expansão de direitos civis e sociais e ao Estado. Parte é de adeptos do autoritarismo ou coisa pior.

Parte relevante da elite econômica e social do país não teve problema algum de adotar Bolsonaro como um instrumento político capaz de implantar o “liberalismo”, de acabar com impostos, de sufocar a esquerda, de reprimir o reconhecimento da diversidade humana e seus direitos e de largar os mais pobres à própria sorte.

PINOCHETADAS – É como aquela gente que elogia o ditador assassino Pinochet por ter “colocado a economia do Chile no rumo certo”, como já disseram tanto economista e empresário que andam por aí a falar de déficit e reformas.

Podendo-se matar e torturar gente por tempo suficiente, muito programa econômico pode dar certo, por tentativa e erro sob terror.

Parte da elite se engajou nisso. Quase deu certo, plano prejudicado também por parte menor da elite, mais civilizada, que se levantou, enfim, em agosto de 2022. Mas a ideia do vale tudo está viva, forte e sacudida, esperando para ressuscitar. Vide a reação ao 8 de Janeiro.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Uma pergunta que não quer calar. Será que não dava para enfrentar os golpistas respeitando a Constituição? Como se sabe, os vândalos tinham direito de serem processados na primeira instância, sem cumprimento antecipado da pena e com todas as garantias que os demais réus têm no Direito Brasíleiro. Por que o Supremo (leia-se: Moraes) atropelou a Constituição e ninguém diz nada? (C.N.)

Piada do Ano! Múcio apoia a punição de militares pela tentativa de golpe

Entrevista: 'Precisamos achar os culpados para tirar essa nuvem de  desconfiança sobre Forças Armadas', diz José Múcio - Agenda Capital

Múcio acha que a prisão de envolvidos relaxaria o clima

Vera Rosa
Estadão

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, quer que as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro cheguem ao fim o mais rápido possível. Um ano depois dos ataques às sedes do Planalto, do Congresso e do Supremo, os mentores e financiadores da tentativa de golpe ainda não foram totalmente descobertos e, de lá para cá, a imagem dos militares sofreu muito desgaste.

“Precisamos achar os culpados para tirar essa nuvem de desconfiança sobre as Forças Armadas”, disse Múcio ao Estadão. Em entrevista concedida na quinta-feira, 4, em seu gabinete na Defesa, o ministro parecia medir cada palavra ao ser questionado sobre o envolvimento de militares na tentativa de solapar a democracia.

O governo vai fazer um ato para marcar um ano da tentativa de golpe em 8 de janeiro. Mas aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro prometem organizar protestos. O senhor não teme novos ataques?
O verbo não é temer. Eu torço para que nada aconteça. Acredito que nada será como foi o dia 8 de janeiro de 2023. Não vai acontecer nunca mais aquilo. Ficamos sempre de orelha em pé.

O senhor propôs, à época, que o presidente Lula recorresse a um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e foi muito criticado.
Eu não propus, embora não ache que teria havido problema. O presidente disse assim: “É bom botar o Exército na rua”. Alguém atrás de mim falou: “O Exército só pode ir para a rua com GLO”. Aí o presidente respondeu: “Com GLO, não!”. Algumas pessoas achavam que a GLO daria condições a quem queria dar um golpe. Mas eu defendo a tese de que quem quer dar golpe não precisa de GLO. Golpe não tem regra. O golpista é um infrator.

Imagens do Planalto mostram o ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje prestes a assumir uma cadeira no Supremo, discutindo com o senhor. O que ele disse?
Não estávamos discutindo. Quem estava ali eram os ministros Rui Costa (Casa Civil), Waldez Góes (Integração), o senador Randolfe Rodrigues (líder do governo no Congresso) e eu. Flávio Dino estava dizendo para nós que tinha de punir, tinha de prender. Durante a explanação que fazia, ele balançava os braços, mas não era para mim.

O senhor chegou a dizer que os acampamentos de bolsonaristas em frente aos quartéis eram manifestações democráticas. Não era possível prever ali um risco iminente de ataque?

Não. Até o dia 8 de janeiro eram manifestações democráticas, tanto que em momento nenhum a Justiça mandou tirar as pessoas de lá. Foi muito melhor eu dizer que tinha parentes bolsonaristas nos acampamentos do Recife do que mentir e dizer que não tinha. Em Brasília também havia familiares de gente do Exército. Acho até que aquilo foi a forma encontrada pelo Exército para conviver com as partes contrárias que havia intramuros. Eu admito que havia algumas pessoas ali de dentro que torciam pelo golpe. Mas a instituição, o Exército, não queria o golpe.

E quem queria o golpe?
Sei de muita gente que desejava, mas não apareceu o líder. No momento em que o então presidente da República (Jair Bolsonaro) tomou um avião e foi embora, ficou todo mundo órfão.

O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, disse à Polícia Federal que o então presidente se reuniu com a cúpula das Forças Armadas, após ter perdido as eleições, e discutiu detalhes de um plano para tomar o poder. O sr. falou com Mauro Cid?
Eu nunca falei com Mauro Cid. Toda a investigação é presidida pelo ministro Alexandre de Moraes. Não tive acesso nem às pessoas com as quais o hacker (Walter Delgatti Neto) disse ter falado no Ministério da Defesa. Eu solicitei por escrito e não obtive.

Qual foi o momento mais difícil naquele 8 de janeiro?
O mais difícil foi que nós amanhecemos no dia 9 sob a égide da suspeição e contrariando todos os lados. A esquerda, contrariada, porque achava que as Forças Armadas tinham interesse no golpe. E a direita, muito zangada, porque as Forças Armadas não deram o golpe. Eu não tinha nem com quem conversar.

E por que o comandante do Exército caiu, menos de duas semanas depois?
Se você me perguntar qual o dia mais importante, digo que foi o 21 de janeiro de 2023, um sábado, quando nós substituímos o comandante do Exército (general Júlio César de Arruda). Ele foi substituído porque o clima de confiança do presidente com o comando do Exército tinha acabado. Houve uma fratura.

O mal-estar entre o presidente e as Forças Armadas foi superado?
Sim. O presidente, hoje, tem uma relação estreita com os comandantes. São próximos, se telefonam, resolvem as coisas de forma direta. Não precisam mais de intermediário. Precisamos apenas achar os culpados para tirar de vez essa nuvem de desconfiança sobre as Forças Armadas.

O PT nunca teve boa relação com as Forças Armadas. Quando o senhor assumiu, qual foi o pedido que o presidente lhe fez?
Quando ele disse “Olha, Múcio, eu preciso que você vá para a Defesa”, eu não entendi, porque não sou homem ligado à área militar. Minha área sempre foi a política. Passei a entender depois, porque no governo anterior se misturou muito o militar e o político. Todos os ministérios estavam ocupados por militares da reserva. Ali havia um interesse na manutenção do status quo. Foi quando nós começamos a negociar para acabar com essa história de militar fazer política, ser candidato. Pode fazer fora de lá, não dentro das Forças Armadas. Foi a partir daí que se começou o trabalho de saneamento.

Não são poucos os petistas que querem a sua saída do ministério. Como o senhor enfrenta essa hostilidade do PT?
O cargo é do presidente Lula. A decisão é dele e eu estar aqui, ou não, jamais vai interferir na nossa relação de afeto e amizade.

Quando houve a CPMI dos atos golpistas, o senhor tentou evitar a convocação de generais. Tinha algum receio?
Tínhamos a CPMI no Congresso e as investigações do ministro Moraes no Supremo. Ninguém está livre de ser investigado. Mas você conhece muito bem como são as CPIs. Ali tem um pouco da política, da emoção. Eu estava preocupado.

O senhor estava preocupado com a desmoralização das Forças Armadas?
De quem não tinha culpa. Naquele momento, para quem você apontasse já era culpado.

Então, o senhor queria blindar os militares…
Eu não estava querendo blindar. Estava querendo apenas que não houvesse uma desmoralização, uma provocação, porque a gente, quando mexe com um, está mexendo com não sei quantos. Não estou protegendo nada, mas não quero condenar inocentes. Quero punir culpados.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) diz que o senhor é o ministro da defesa dos militares. Como rebate isso?
Não rebato. Eu sou ministro do governo Lula e ao governo Lula interessa que os militares estejam pacificados. O mundo militar e o mundo político são completamente diferentes. O meu papel aqui é conciliar, pacificar. Eu sou o ministro do “deixa-disso”. A gente tem que fazer com que todo mundo toque o Brasil para frente.

O senhor sempre disse que os ataques golpistas são página virada. Não acha que essa página somente será virada depois da punição de todos, incluindo militares?
Principalmente os militares, no meu caso. A pior coisa do mundo é você trabalhar sob suspeição. Interessa às Forças Armadas legalistas que tudo seja absolutamente esclarecido e os culpados, punidos. Ninguém quer mais a punição do que as Forças Armadas.

Embora executores da tentativa de golpe tenham sido condenados, ainda não está claro quem foram os financiadores e os autores intelectuais desses atos…
Eu continuo achando que aquilo foi uma grande baderna. Um bando de vândalos que foi arrebanhado por empresários irresponsáveis, alguém pagou os ônibus (e disse): ‘Vamos para Brasília’.

Não é o que diz o ministro Alexandre de Moraes. Encontraram uma minuta do golpe na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e secretário da Segurança do Distrito Federal, e foram descobertas mensagens sobre isso no celular de Mauro Cid. Isso não é tentativa de golpe?
Olha, não foi por parte dos militares nem das instituições. Havia pessoas que desejavam o golpe, mas o Exército, a Marinha e Aeronáutica, não. Como são os golpes no mundo? Vai a Força e o povo vem apoiando atrás. Aqui, o povo foi na frente. Não tinha um líder. Se eles (Forças Armadas) quisessem golpe, era um conforto. Eu via daqui da janela (do Ministério da Defesa). Era gente correndo para todo canto. Não apareceu esse coordenador.

Se houver a participação da cúpula militar na montagem desse plano, o que será feito?
Se for comprovado, serão punidos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Múcio gosta de fazer piada. Nenhum militar envolvido no golpe será punido. Serão condenados apenas os pés-de-chinelo que estavam no 8 de Janeiro. É o primeiro golpe de estado na História Universal sem líderes, sem militares e sem armamentos, tipo Piada do Ano. (C.N,)