Como a credibilidade do governo é baixa, ninguém acredita em nada

Sobre o que essa charge fala em relação à chamada Charges políticas ? - brainly.com.br

Charge do Régis Soares (Arquivo Google)

William Waack
Estadão

A derrota do governo na questão do monitoramento do Pix é grave não só pelo estrago causado por uma clara fake news. Mas, sim, pelo grau de desconfiança que ele revela no público em geral, especialmente em relação a autoridades e seu comportamento.

O poder de fogo de uma fake news está associado a dois fatores. O primeiro é que seu conteúdo possa parecer verossímil. As pessoas acreditam num conteúdo falso pois consideram alto seu grau de plausibilidade.

O segundo fator é a ausência de referências – as instâncias tidas como guardiãs da veracidade objetiva dos fatos. Esse papel já foi representado por instituições (como a Receita Federal) ou mesmo a imprensa profissional.

GOVERNO ARRECADADOR – Em relação ao primeiro fator que explica a potência de uma fake News, o governo está lutando contra sua própria reputação. De fato, monitoramento de transações pelo Pix faz sentido do ponto de vista do combate à sonegação. Ocorre que o atual governo é visto como gastador e, por isso, arrecadador.

Portanto, do ponto de vista de quem usa o sistema, faz todo sentido acreditar que combate à sonegação é apenas a desculpa para, num futuro não muito distante, taxar os usuários da ferramenta.

Como a credibilidade das autoridades é baixa, não adianta dizer que “nunca acontecerá”.

CASO PREOCUPANTE – Em relação ao segundo fator, a questão da fake news é ainda mais preocupante, pois não depende apenas dos governantes do momento. Em quem confiar quando se trata de acreditar num fato?

A degradação da credibilidade das instâncias “convencionais” (que inclui instituições de Estado, mas também privadas, como a mídia) é um fenômeno inquestionável.

Pode-se debater quem são os “culpados” disso, ou se a perda de credibilidade das instâncias citadas acima é “justa”, “merecida” ou “positiva” para a sociedade brasileira em geral. O que não se pode é fazer de conta que esse fato não existe.

NÃO É MARKETING – O comportamento do governo nesse episódio demonstra sua baixíssima capacidade de apreciação da realidade política, com destaque para o grau de resistência social ao que a corrente política no poder representa. E sua espetacular ineficácia em “conduzir narrativas”.

Em termos clássicos da política, é um governo sempre a reboque dos acontecimentos, incapaz de moldá-los a contento.

Desconfiança é algo seríssimo em política e economia, que o governo confunde com deficiência de estratégia de marketing. É o que está na raiz dos comportamentos de agentes econômicos nos mais variados níveis e grupos. Subida do dólar, expectativa de inflação alta e a facilidade com que uma fake news sobre o Pix tomaram conta do espaço público são dois lados dessa mesma moeda.

Moraes acertou ao negar o passaporte mais uma vez a Jair Bolsonaro

BOLSONARO É ALVO DE OPERAÇÃO DA PF - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Charge do Jônatas (Política Dinâmica)

Deu na Agência Brasil

Após a negativa do ministro do Alexandre de Moraes, na última quinta-feira (16), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou recurso da decisão que o impedia de viajar aos Estados Unidos para a posse do presidente Donald Trump. A resposta do magistrado foi outra vez negativa.

“Mantenho a decisão que indeferiu os pedidos formulados por Jair Messias Bolsonaro por seus próprios fundamentos”, disse Moraes em sua decisão, proferida nesta sexta-feira (17)

PASSAPORTE – No recurso, os advogados do ex-presidente solicitaram devolução do passaporte, apreendido em fevereiro de 2024, alegando que o pedido de viagem é pontual, não se tratando de um pedido de revogação da decisão que reteve o documento. Mas a posição do ministro do STF diante do caso não mudou.

Moraes já havia considerado, na decisão publicada ontem, que os comportamentos recentes do ex-presidente indicam a possibilidade de tentativa de fuga do Brasil, para evitar uma eventual punição.

Bolsonaro queria viajar aos Estados Unidos entre os dias 17 e 22 de janeiro. Ele e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, alegam que houve convite formal ao ex-presidente, enviado por e-mail.

CONVITE OFICIAL -Mas o e-mail, segundo Moraes, se tratava de um “endereço não identificado” e sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado. Mesmo sem uma comprovação do convite oficial, o ministro analisou o pedido de devolução do passaporte, negando-o.

O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, já havia se manifestado nessa terça-feira (15) contrário ao pedido. Em parecer enviado ao Supremo, o chefe do Ministério Público Federal (MPF) sustenta que o ex-presidente não demonstrou a necessidade imprescindível nem o interesse público da viagem.

Bolsonaro teve o passaporte apreendido no âmbito da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), que investiga uma suposta organização criminosa suspeita de atuar para dar um golpe de Estado e abolir Estado Democrático de Direito no Brasil com o objetivo de obter vantagens de natureza política, mantendo o ex-presidente no poder.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes tem errado muito em suas decisões. Mas desta vez ele acertou. Quem realmente poderia garantir que Bolsonaro não iria pedir asilo ao amigo Trump? O ex-presidente já está com 69 anos, tem uma doença grave, que o obriga a manter o implante da tela no abdomen. Seu futuro aqui no Brasil é nebuloso. Não tem motivos para continuar por aqui. A melhor saída para ele é o aeroporto.
(C.N.)

Michelle viaja e Bolsonaro espera que Trump reverta sua inelegibilidade

A imagem mostra uma mulher usando óculos escuros e um blazer claro, acompanhada por um homem que está próximo a ela. Eles estão em um ambiente de aeroporto, com várias pessoas ao fundo e uma estrutura metálica visível no teto

Com lágrimas nos olhos, Bolsonaro chega ao aeroporto

Marianna Holanda
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (18) esperar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajude com sua inelegibilidade no Brasil. Ele, contudo, não detalhou como isso poderia ser feito.

Bolsonaro falou com jornalistas no aeroporto de Brasília, após deixar Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama embarcou para a posse do presidente americano, que ocorre na segunda-feira (20).

CONTEVE O CHORO – Em mais de um momento, Bolsonaro se emocionou ao mencionar que não participaria da posse do presidente dos Estados Unidos.

“[Trump] já tem influência no mundo todo da presença dele. Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar”, disse.

“Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, completou.

SEM PERSEGUIÇÃO – Questionado sobre como isso poderia ser feito, Bolsonaro disse: “Só a presença dele, o que ele quer, só ações. Não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu. Também sofreu atentado. […] Não vou dar palpite nem sugestão ele sabe o que está acontecendo”.

Bolsonaro está impedido de concorrer até 2030 em razão de duas decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relacionadas a ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro. Na esfera criminal, ele foi indiciado, em novembro passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.

Legalmente, um outro país não tem qualquer gerência sobre o sistema jurídico brasileiro.

HUMILHAR DE VEZ – O ex-presidente disse ainda esperar que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não coloque uma tornozeleira eletrônica para “humilhar de vez”. Moraes é relator dos processos que têm Bolsonaro na mira no STF.

“Eu sou preso politico, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua Excelência não queira colocar em mim, para humilhar de vez, uma tornozeleira eletrônica. Estou sim constrangido. Queria estar acompanhando minha esposa”, disse.

Bolsonaro disse ainda que o seu filho deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) havia acertado encontros com chefes de Estado nos Estados Unidos para ele. Como não viajará, perdeu as reuniões. Ele não disse, contudo, com quem elas seriam.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um imbrochável que chora à tona é uma aberração ambulante, porque se diz durão para algumas coisas, mas amolece nas outras. Com a passaporte na mão, ninguém sabia se Bolsonaro ia ficar nos EUA, mas é quase certo que sim. Afinal, se dormiu três noites seguidas na embaixada da Hungria, sem a menor necessidade e comodidade, porque não curtir as delícias de Mar-a-Lago, em Palm Beach, onde Trump tem um resort?  (C.N.)

Culpar as fake news pelos erros do governo é uma tremenda fake news

Ministros Fernando Haddad e Jorge Messias conversam com a imprensa sobre o PIX, no Palácio do Planalto. Brasília - DF. Foto: João Risi / SEAUD / PR

Haddad afirma que conseguiu “tirar a arma do inimigo”

Fabiano Lana
Estadão

Temos uma nova fake news na praça, e de teor oficial: sustentar que o governo federal é excelente, que oferece serviços satisfatórios à população, que nos colocou novamente na rota do desenvolvimento e da democracia, mas a população em sua esmagadora maioria só não tem consciência desses magníficos fatos porque está com a sua percepção turvada pelas fake news estimuladas pelas bigh techs, como a Meta de Mark Zuckerberg ou o “X” de Elon Musk, trumpistas – logo, gente má.

Um corolário desse tipo de pensamento auto ilusório é colocar a culpa nos próprios problemas como se fosse algo de ajuste de “comunicação” para enfrentar essas big techs. Como se questões de sentimentos em relação à gestão, algo de uma complexidade e profundidade significativas, tivesse a ver sobretudo com propaganda.

PERSEGUIÇÃO – O resultado dessa soma de autoenganos tem sido querer criminalizar, censurar ou mesmo perseguir politicamente quem não possui essa visão rósea da administração Luiz Inácio Lula da Silva.

A questão da taxação do Pix e a resposta que se pretender dar a essa fragorosa derrota política do governo, por meio da punição severa a quem reagiu, mesmo que seja por meio de desconfianças e insinuações, se encaixa nessa visão autoritária e enganosa dos fatos.

ELEVAR A RECEITA – O vídeo do deputado Nikolas Ferreira criticando a acesso da Receita à movimentações via Pix acima de R$ 5 mil chegou a mais de 200 milhões de views não devido a fake news, crimes, ou teorias da conspiração como “auxílio deliberado da Meta para aumentar a visualização” (outra fake news).

Mas porque a sociedade, majoritariamente, tem percebido que o governo está obcecado em aumentar a arrecadação buscando qualquer brecha disponível. O fato tornou-se um prato cheio para um parlamentar oportunista e com amplo domínio do modus operandi das redes.

BOATARIAS – Como o PT bem sabe, por ser mestre no assunto ao longo de sua trajetória até bem recentemente, fake news sempre foi parte do debate político. E que considerar versões divergentes sobre um acontecimento como fake news também faz parte da luta política.

Muitas vezes, quando se quer coibir “fake news”, o que se pretende, na verdade, é restringir opiniões e informações que não corroborem a versão oficial das coisas. É o que estão buscando fazer quando clamam por regulação e controle.

De fato, é angustiante para um presidente que já foi quase unanimidade nacional, no ano de 2010, imaginar que hoje mal consegue agradar a metade do eleitorado. Talvez um pouco menos.

DIAGNÓSTICO MELHOR – Não dá para entender que boas notícias na economia, como baixo índice de desemprego e um crescimento do PIB pouco acima de 3% não levem à consagração popular.

Pior que hoje não é mais possível colocar a culpa nos tucanos, no ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ou mesmo na Rede Globo. É preciso encontrar outro inimigo.

Mas ao invés de jogar a responsabilidade em desafetos físicos ou jurídicos não seria melhor ter um diagnóstico mais preciso e sincero das circunstâncias? Imaginar, por exemplo, que uma parcela da sociedade, quando prospera, acredita que seja mérito próprio e não do governo de plantão, caso do segmento evangélico? Que certos posicionamentos, seja na área internacional, seja na questão de valores, não encontram mais aderência na população brasileira?

OUTROS FATORES – Admitir que se fale demais para convertidos e não com aqueles que ainda veem o governo com desconfiança? Que muitas vezes até os que apoiaram o presidente Lula no segundo turno de 2022, alegando querer evitar o mal maior, são gratuitamente agredidos.

Que mesmo o estilo deslumbrado da primeira-dama e seu alto custo na estrutura de governo pode ser uma âncora na aprovação. Que a leniência com a inflação pode ser um fator de corrosão de popularidade?

Será que as falas do presidente Lula, em geral longas e autocongratulatórias, não têm mais o poder de encantar como era antigamente, num mundo dos cortes rápidos das redes sociais? É preciso investigar tudo isso.

VOTO DO POBRE – Lembrar, por exemplo, que Lula venceu apenas nas faixas de renda de até dois salários mínimos. O que levaria a conclusão, lógica, de que quanto maior o acesso à internet maior a rejeição ao governo – e talvez por isso o banho que o petismo leve nas redes e qualquer tentativa de coibir o debate seria contraprodutiva.

O que se vê nas redes é consequência de um estado de espírito de quem por lá frequenta, não exatamente uma manipulação perversa de um algoritmo.

Enfim, sem preconceitos e ideias preconcebidas, entender as razões do mal humor da população para tentar buscar a solução correta. E admitir que o governo é medíocre, no sentido do termo de “estar apenas na média”, sem entregas ou realizações vistosas.

AINDA É FAVORITO –  É preciso lembrar também que neste momento, devido às divisões no campo político adversário, o presidente Lula, mesmo com números insatisfatórios de aprovação, segue como favorito para as eleições de 2026 – o que pode mudar caso os erros de diagnóstico continuem.

Por último, mas não menos relevante: na crise do Pix o deputado bolsonarista Nikolas, evangélico, de 28 anos, passou a ter mais seguidores nas redes do que o presidente Lula, com décadas de trajetória política.

Melhor do que tentar cassar ou prender o rapaz, talvez seja preferível se aprofundar nas suas técnicas e meios e buscar algum aprendizado nisso – para neutralizar movimentos como o dele na política, na comunicação correta, e não na polícia.

Lula pretende repetir a História como farsa, e essa bagaça não vai dar certo

Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge do dia: Esse Mister Lula....

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Carlos Newton

Ao ser eleito e montar o ministério, Lula agiu com a esperteza de sempre. Escalou Fernando Haddad, o melhor quadro do PT, para gerir a estratégica equipe econômica, mas ao mesmo tempo o enfraqueceu, ao nomear a então senadora Simone Tebet para o Planejamento, dividindo a gestão.

Com essa manobra, evitou seguir o exemplo de Bolsonaro, que criou o Ministério da Economia para Paulo Guedes com plenos poderes, todos lembram o “posto Ipiranga”. Lula, porém, preferiu manter Haddad sob controle e também evitar o crescimento político de Simone Tebet, que teve excelente votação, foi vital para a vitória do PT e podia despontar como alternativa política.

MALANDRAGEM DEMAIS – Essa mania de bancar o malandro, para não dividir o poder, é uma característica antiga de Lula, que nunca deixou que surgisse no PT um líder com prestígio para sucedê-lo.

Malandragem demais é um comportamento danoso, que traz resultados posteriores, como está acontecendo agora com Lula e o PT – um presidente com prazo de validade vencido, comandando um partido também em final de carreira, cujas perspectivas de ficar no poder dependem diretamente de Lula e de suas condições físicas e mentais para encarar a campanha de 2026.

Ao invés de incorporar a seriedade e a majestade do poder, Lula faz o contrário e assume um chapéu de malandro que é marca registrada do carnaval carioca, e não tira mais da cabeça, para fingir que a vida é uma festa.

À BEIRA DO CAMINHO – Haddad, que já confidenciou pouco entender de economia, respeita seus assessores e tenta encontrar o caminho certo, mas Lula atrapalha o quanto pode, com sua patética teoria econômica de que gasto é investimento.

Surgem vozes dissidentes dentro do próprio PT. O ex-ministro e ex-governador gaúcho Tarso Genro, escanteado da direção partidária por Lula, diz que o problema do governo vai além da comunicação.

Em entrevista a Leonardo Fuhrmann, do PlatôBR, o ex-ministro afirma que, neste terceiro mandato de Lula, falta apresentar quais são os programas prioritários e discuti-los com a sociedade, que, segundo ele, está muito mais exigente do que nos mandatos anteriores.

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P.S.
Em 2002, a sociedade elegeu Lula porque não aguentava mais políticos enganadores como Sarney, Maluf e FHC. Agora, o fenômeno se repete, os brasileiros já estão fartos de Lula e anseiam por um presidente de verdade, que entenda um mínimo de economia, para não permitir que o Brasil se torne numa imensa Argentina, podemos dizer, parafraseando Chico Buarque e Ruy Guerra na peça “Calabar”. (C.N.)

“Como pensar igual a um filósofo” é um livro estranho e surpreendente

How to Think Like a Philosopher Summary of Key Ideas and Review | Peter Cave - BlinkistHélio Schwartsman
Folha

“How to Think Like a Philosopher” (Como Pensar Igual a Um Filósofo), de Peter Cave, é um livro estranho. E utilizo aqui o termo estranho num sentido positivo. A reflexão filosófica, afinal, surge com o “thaumázein”, o verbo grego para designar o estranhamento.

Em princípio, “How to Think…” é mais uma introdução à filosofia. São 30 pequenos ensaios que traçam o perfil e procuram explicar as ideias de 30 pensadores. Os motivos para o estranhamento começam já na lista dos escolhidos.

DE TODO TIPO – Há os inevitáveis, como Platão, Aristóteles e Kant, os incomuns, como Avicena, Elisabete, princesa da Boêmia, e Cristina, rainha da Suécia, e os definitivamente extravagantes, casos de Lao Tzu, que talvez nem tenha existido e é mais bem descrito como uma liderança religiosa (fundador do taoísmo), Safo, a poetisa, e Samuel Beckett, o dramaturgo.

Peter Cave apresenta argumentos para justificar seus eleitos, mas, se usamos um conceito assim tão elástico de filósofo, imediatamente vêm à mente dezenas de outros nomes que também poderiam ter sido incluídos e não foram. Dostoiévski? Machado de Assis? O que resta é admitir que todo cânone é essencialmente arbitrário.

Outro elemento que me surpreendeu no livro é a sem-cerimônia com que Cave, que se propõe a apresentar as ideias dos biografados, as critica.

MEIO CHOCANTE -Para mim, treinado numa tradição acadêmica que busca sempre interpretar os textos filosóficos nos limites que eles próprios estabelecem, isso é meio chocante. Mas não posso dizer que tenha desgostado dos resultados. Ao mostrar inconsistências, em geral lógicas, Cave revela pontos fracos das teorias.

O autor é bem transparente. Ele não se esforça para esconder quais são seus filósofos favoritos (Wittgenstein é de longe o vencedor) e aqueles de que não gosta (Heidegger é ridicularizado de forma que alguns acharão divertida).

Eu não recomendaria “How to Think…” como livro-texto para ser usado num curso acadêmico, mas é uma obra informativa e muito gostosa de ler. E nos faz abrir os olhos para a possibilidade de encontrar filosofia onde não esperamos.

Em 2024, desembargadora ganhou 18 vezes mais que ministro do STF

A mãe de todas as corrupções é a corrupção no Judiciário… – Marco Aurélio  D'Eça

Charge do César (Arquivo Google)

Rayssa Motta

Acomodado entre dois pequenos edifícios residenciais no centro de Joinville (SC), o Fórum Trabalhista destoa da paisagem. A construção de janelas gradeadas e paredes pintadas de bege e cor de telha tem 11 andares, mais que o dobro do tamanho dos vizinhos. Os primeiros pavimentos estão reservados para recepção, garagens, salas de audiência e setores administrativos. É a partir do 6º andar que estão instaladas as Varas do Trabalho e onde despacham os juízes.

Até abril, o juiz Cesar Nadal Souza ocupava uma das salas na repartição. Era titular da 1.ª Vara do Trabalho de Joinville. Souza deixou o cargo no ano passado ao se aposentar voluntariamente por tempo de serviço. Já fora da jurisdição, recebeu o segundo maior salário do Poder Judiciário em 2024, R$ 672.663,87.

5% DO TOTAL – O subsídio-base do juiz Cesar Nadal Souza (R$ 37.731,80) corresponde a pouco mais de 5% do valor que ele efetivamente recebeu em dezembro de 2024. O contracheque foi inflado por uma série de penduricalhos pagos por meio da rubrica “vantagens eventuais”, como 13º salário e reembolso por férias atrasadas.

São verbas contadas fora do teto do funcionalismo e que não sofrem incidência de imposto de renda. Apenas a título de gratificação natalina, por exemplo, ele recebeu R$ 31,2 mil.

Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina informou que o valor recebido pelo juiz Cesar Nadal Souza é decorrente do abono de permanência pago retroativamente, com juros de mora e correção monetária

MAIOR HOLERITE – Apenas um contracheque superou o do juiz aposentado, o da desembargadora Silza Helena Bermudes Bauman, do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT2), em São Paulo. Ela é a dona do maior holerite do Poder Judiciário em 2024. Em dezembro, Silza recebeu R$ 678.386,57.

O valor é da remuneração líquida, ou seja, o que efetivamente caiu na conta da desembargadora após descontos. Ela foi promovida ao cargo em agosto do ano passado.

O subsídio bruto da magistrada em dezembro de 2024 foi de R$ 788.358,05, o que equivale a 18 vezes o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),  a corte mais alta do País. Os ministros do STF ganham R$ 44 mil brutos, teto do funcionalismo. Esse valor, em tese, não poderia ser ultrapassado por nenhum servidor em todo o País. Mas o “abate-teto” não vale para a toga.

DIZ O TRIBUNAL – Procurado pela reportagem, o Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região informou que a maior parte da folha de pagamento da desembargadora em dezembro corresponde a passivos de cinco anos de abono permanência.

“Os valores foram quitados com sobra orçamentária e em parcela única, o que explica o lançamento acumulado em um mês. A partir de agora, a verba ‘abono permanência’ será paga mensalmente, nos termos da lei”, diz a manifestação.

Magistrados têm direito a 60 dias de férias por ano – fora o recesso de fim de ano e feriados. É comum que eles usem 30 dias de férias, sob argumento de excesso e acúmulo de ações, ou seja, na prática não usufruem dos outros 30 dias. Mais tarde eles passam a receber esse “estoque”, a título de indenização de férias não gozadas a seu tempo. Além das férias, uma série de extras atrasados são pagos no ano da aposentadoria, com juros e correção monetária, abrindo caminho para os “supersalários”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A maior vergonha do país é o Judiciário, que se dedica a encontrar brechas na lei para enriquecer juízes, procuradores e defensores públicos. Eles são insaciáveis e pouco se importam com a vida dos brasileiros. Como se diz no Jóquei, fazem dobradinha com empresários e políticos corruptos, que transformam Brasília numa festa móvel de fazer inveja aos escritores Ernest Hemingway e Scott Fitzgerald. (C.N.)

Na guerra do Pix, o governo Lula perdeu para 39 milhões de brasileiros

Charge de Adnael Silva - 17 e 18/02/2024 | Gazeta de Alagoas

Charge de Adnael Silva (Gazeta de Alagoas)

Mario Sabino
Metrópoles

Na guerra do Pix, o governo perdeu para 39 milhões de brasileiros que estão no mercado informal de trabalho. Eles movimentam mais de R$ 1,5 trilhão por ano. É a chamada economia subterrânea.

Toda essa gente usava dinheiro em espécie e passou a utilizar o PIX para pagar e receber. Toda essa gente não quer saber de Receita Federal fuçando na movimentação da sua conta bancária para arrecadar mais bufunfa. Já bastam todas as dificuldades que ela tem de enfrentar no dia-a-dia.

SEM FAKE NEWS – Não subestimemos tanto os brasileiros, por favor: não foi boataria ou fake news sobre taxação de operações por Pix que fizeram despencar em um único dia o uso do mais prático e popular meio de pagamento.

O que causou a queda vertiginosa foi o medo de ser chamado lá na frente pela Receita Federal e ser cobrado, eventualmente, por ter movimentado mais de R$ 5 mil mensais por meio de Pix. Se conversassem com o povo nas ruas, governo e jornalistas teriam ouvido o verdadeiro motivo.

É justo acusar de sonegação a massa de cidadãos que movimenta a economia subterrânea por ganhar o seu pão sem emprego formal, viver de bicos, da mão para a boca, e ter como última das preocupações pagar imposto a governo que não devolve em serviços decentes o dinheiro que arrecadou?

QUESTÃO MORAL – Antes de ser uma questão fiscal, o monitoramento de pagamentos e recebimentos por Pix é uma questão moral. Os brasileiros pobres, que se remediam com imensas dificuldades, não podem nem merecem ter o bafo de governo no pescoço — e governo gastão, que distribui dinheiro público entre privilegiados.

Se é para pegar tubarão sonegador, o limite para início de monitoramento deveria ser muito, mas muito mais alto do que R$ 5 mil.

Vivemos em uma sociedade extremamente injusta, que não cria oportunidades iguais para que as pessoas se desenvolvam nas suas diferenças. Vivemos em um país com elite patrimonialista. Vivemos em um país que, sem a economia subterrânea, produziria outros milhões de esfomeados. Se não é para resolver nada disso, a única coisa decente a ser feita é deixar os brasileiros em paz. Deixem o povo ganhar uma.

Revisão histórica na galeria do Planalto contaria o que Lula não quer ouvir

A visão histórica de Lula não corresponde aos fatos

Dora Kramer
Folha

Não vai acontecer. A história na galeria dos presidentes da República no Palácio do Planalto não será reescrita como propôs Lula no afã de se comunicar mais e sobre qualquer tema.

Seria a contratação de um caso complicado no âmbito das notícias falsas que o governo se dispõe a combater com vigor em decorrência da nova orientação da Meta sobre moderação de postagens em suas plataformas.

QUEIMAR NA LARGADA – Isso o novo guardião da comunicação oficial, Sidônio Palmeira, não poderia permitir, sob pena de queimar na largada a eficácia de suas funções.

Levada adiante a ideia de incluir informações sobre o contexto das épocas dos mandatários sem incorrer no perigoso terreno da mentira deslavada, Lula, Dilma, o PT e parceiros de jornada (alguns hoje na oposição) estariam em maus lençóis.

Mantida a fidelidade aos fatos, teriam de ser relatados os acontecimentos relativos ao mensalão, que levou à condenação boa parte da cúpula petista, o episódio de lobby indevido e a invasão de sigilo bancário na gestão Antônio Palocci.

EFEITO DILMA – Se fosse para contextualizar, como cobrou o presidente, seria necessário contar em detalhes precisos as razões pelas quais Dilma Rousseff levou o país ao desastre da recessão.

Os desmandos na Petrobras desvendados pela Lava Jato precisariam estar ali junto, claro, com os equívocos da operação que, contudo, não elidem os prejuízos causados à empresa.

Diante da fotografia do emedebista Michel Temer, o presidente reivindicou a versão de que ele não foi eleito e assumiu a cadeira pós-impeachment mediante um golpe de Estado.

TUDO NOS CONFORMES – Temer foi eleito na chapa de Dilma e, portanto, primeiro na linha de sucessão. Na conformidade da lei, cujo rito foi seguido pelo Congresso sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal.

Processo na ocasião comandado pelo então ministro Ricardo Lewandowski, hoje titular da pasta da Justiça, a quem, pela versão que advoga, o presidente Lula conferiria a condição de golpista.

Como se vê, melhor deixar os acontecimentos entregues ao julgamento das incoerências da história real para absolvê-los ou condená-los.

O que virá com Trump será o início de um novo e longo ciclo político

Trump politiza incêndios na Califórnia com desinformação e ataques a  governador | Blog da Sandra Cohen | G1

Neste mandato, Trump quer criar uma nova era política

Maria Hermínia Tavares
Folha

Os professores estrangeiros contratados por Harvard receberam carta da administração sugerindo que, se tivessem passado os feriados de fim do ano no exterior, tratassem de voltar antes de 20 de janeiro. A influente universidade, considerada a melhor do mundo, teme as medidas anti-imigração prometidas por Donald Trump que, nessa data, assumirá a Casa Branca.

Nos Estados Unidos —e não só ali—, os especialistas especulam como será o segundo mandato que as urnas entregaram ao republicano.

PROMESSAS – Em especial, o que se pergunta é se ele terá musculatura política suficiente para levar a cabo suas extremadas promessas de campanha depois de uma acachapante vitória eleitoral que lhe deu de uma só tacada a Presidência e o controle das duas Casas Legislativas.

Some-se a isso uma Suprema Corte de maioria reacionária para justificar os prognósticos de que muitos dos freios e contrapesos institucionais à concentração de poder no governo federal —típicos da democracia legada pelos pais fundadores— bastem para limitar os impulsos autocráticos desse vocacionado manda-chuva.

A questão não interessa apenas aos yankees, nem se limita à profundidade das mudanças previsíveis nas instituições domésticas e nas políticas públicas, com a passagem do governo federal dos democratas para os republicanos convertidos ao radicalismo de direita.

A ERA TRUMP – O cientista político europeu Ivan Krastev entrevistado no podcast “The Good Fight” (A Boa Briga) por Yascha Mounk, seu colega igualmente respeitado, argumentou que a volta ao governo do populista de extrema direita marca um ponto de virada e o início de um novo ciclo político: a Era Trump.

Trata-se de mutação nas políticas domésticas e na atuação internacional de Washington, tão profunda e notável como as que caracterizaram a Era Roosevelt ou a Era Reagan, e cujas marcas se prolongaram muito além dos mandatos do democrata (1933-1945) e do republicano (1981-1989).

No plano externo, para além das bravatas e da retórica intimidatória do futuro presidente —ao ver de muitos, bizarra estratégia a fim de extrair benefícios de aliados ou adversários—, cabe perguntar quais poderão ser os efeitos de uma postura mais agressiva e isolacionista e menos comprometida com soluções multilaterais, para a chamada ordem internacional liberal.

TEMPO DE PAZ – A ordem liberal diz respeito aos arranjos formais e informais que surgiram ao final da Segunda Guerra, organizando as relações entre Estados do ponto de vista dos fluxos econômicos e da segurança, e de acordo com princípios que privilegiavam a negociação em vez da força bruta.

Seus pilares, como se sabe, foram as instituições de Bretton Woods —FMI; Banco Mundial; GATT, que mais tarde daria origem à OMC (Organização Mundial do Comércio); e a constelação de organizações e regimes que formaram o sistema ONU. Com o tempo, outros organismos a ele se juntaram.

Esse conjunto de regras, nem sempre equilibrado, nem consistentemente liberal, é produto do Ocidente democrático e teve nos Estados Unidos um fiador —embora às vezes reticente ou oportunista transgressor de suas normas. Difícil, porém, imaginar seu futuro se, na Era Trump, a América se dedicar a sabotá-lo.

A criatura que dominou Waly Salomão para fazer versos “como quem morde”

Um poema-manifesto de Waly Salomão, propondo que se adote um frenesi pela  vida - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Waly Dias Salomão (1943-2003), no poema “Amante da Algazarra”, fala sobre uma criatura sobrenatural que se apoderou dele para fazer versos em seu lugar.

AMANTE DA ALGAZARRA
Waly Salomão

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!

Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!

Enquanto caminho a pé, pedestre – peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.

Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.

Bolsonaro quer eleger Michelle e os quatro filhos no Congresso em 2026

Bolsonaro pretende criar uma bancada familiar em 2026

Bolsonaro pretende criar uma bancada familiar em 2026

Ana Pompeu
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou nesta quinta-feira (16) dos planos que tem para a família nas eleições gerais de 2026. De acordo com ele, a esposa Michelle Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo disputam vagas no Senado.

Para a Câmara, devem sair Carlos e Jair Renan. Assim, cinco integrantes da família pretendem disputar cadeiras no Congresso Nacional.

MARÇAL E LIMA – Em entrevista ao canal no YouTube da revista Oeste, Bolsonaro foi questionado sobre eventuais candidaturas do influenciador Pablo Marçal (PRTB), do cantor Gusttavo Lima e de Michelle. Ele respondeu que não falaria dos dois primeiros.

Segundo Bolsonaro, Michelle foi figura fundamental para a eleição de Damares Alves (Republicanos-DF) ao Senado.

“A própria Damares disse que Michelle foi decisiva à campanha dela. Damares é uma surpresa positiva. Michelle teria o apoio da Damares, e o meu. Tenho certeza que grande parte dos evangélicos são simpáticos a ela. Então ela tem uma eleição aqui com muita chance no DF. Então aqui está fechado”, disse.

E OS FILHOS? – Além da esposa, ele citou os filhos, já em cargos eletivos. Flávio é senador pelo Rio de Janeiro, Eduardo é deputado federal por São Paulo, Carlos é vereador no Rio de Janeiro, e Jair Renan Bolsonaro foi eleito em 2024 vereador em Balneário Camboriú (SC), todos pelo PL.

Bolsonaro afirmou que Flávio concorre à reeleição, enquanto Eduardo tenta o Senado. Carlos e Jair Renan podem tentar a Câmara dos Deputados.

Sobre a eleição presidencial, ele afirmou que há nomes surgindo, mas ainda quer ser candidato. “Nós temos jovens lideranças no PL. O PT não tem jovem liderança. Tem nomes aparecendo. Talvez não temos ainda lideranças de âmbito nacional. Por isso insisto em buscar meu direito”, disse. O ex-presidente está inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Descontentamento de Zuckerberg deve preocupar mais o Brasil do que Musk

Mark Zuckerberg com seu relógio de US$ 900 mil no pulso e o sentimento de ser incompreendido pela mídia, governos e seus próprios funcionários

Mark Zuckerberg pode dar muito trabalho ao Supremo

Raphael Di Cunto
Folha

O duplo twist carpado de Mark Zuckerberg é péssimo para o Brasil. O potencial de influência de Facebook, Instagram e Whatsapp sugere que esse movimento à direita será muito mais relevante para os brasileiros do que a aliança entre Elon Musk e Donald Trump.

Alexandre de Moraes suspendeu o X por 38 dias. Bloquearia o Instagram, fonte de renda de milhares de brasileiros e negócios? O governo Lula (PT) cortou a publicidade no X. Abrirá mão da propaganda no Facebook?

REDE DE NICHO – O X é uma rede de nicho, com menos usuários do que o Kwai. Facebook e Instagram são acessados por mais de 100 milhões no Brasil. Permitem furar a bolha e atingir quem não está ali para saber sobre a nova iniciativa do governo para fiscalizar sonegadores usando o Pix.

O vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que levou ao recuo do governo foi visto 300 milhões de vezes no Instagram. No X, foram 7 milhões.

Musk usou sua conta bancária e poder midiático para influenciar a eleição nos EUA. O retorno desse investimento foi um cargo no governo para “desregulamentar” a economia e US$ 153 bilhões a mais no valor de suas empresas.

ATRÁS DE MUSK – Sua fortuna é hoje quase o dobro da do segundo colocado (Bezos), o que deixou outros bilionários enciumados e afoitos por segui-lo. Mark, coitado, viu o rival ganhar mais dinheiro e resolveu copiar a estratégia ao acabar com a moderação de discursos de ódio nas redes sociais.

Não é apenas a remoção de conteúdo. O alcance do que é publicado depende do algoritmo, que só é conhecido internamente.

Aliás, mesmo quem está lá não sabe 100%. A guinada “anticensura” começou quando Mark postou foto pós-cirurgia e não teve os likes desejados. O Instagram restringia o tema para evitar golpes relacionados à caridade.

LIBERAÇÃO NEGATIVA – A Meta diminuiu o conteúdo político após casos de desinformação e violência levarem a empresa ao escrutínio. A liberação quase irrestrita estimulará mentiras e discursos radicais agora e nas eleições.

A possibilidade de que empresas estrangeiras tenham tanta influência na democracia brasileira preocupa, especialmente agora, quando estão alinhadas a um presidente sem nenhuma preocupação com a liturgia do cargo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Entre a liberdade e a censura, jornalista não pode ter dúvida. Deve-se se abraçar imediatamente com a liberdade e dar um pontapé na censura. (C.N.)

O que falta para terminar o julgamento que determinou a prisão de Collor?

Após 30 anos, Collor pede perdão por confisco da poupança dos brasileiros

Collor ainda aguarda a decisão definitiva do Supremo

Daniel Gullino
O Globo

Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou um recurso apresentado pelo ex-presidente Fernando Collor contra a decisão que o condenou a oito anos e dez meses de prisão. Collor ainda não começou a cumprir a pena, contudo, porque há a possibilidade de apresentação de um novo recurso, o que só ocorrerá após o retorno do recesso.

Esse segundo recurso só poderá ser apresentado quando for publicado o acórdão, documento que oficializa o resultado de um julgamento. O prazo para a publicação do acórdão é de 60 dias, mas essa contagem fica interrompida durante o recesso. O advogado de Collor, Marcelo Bessa, afirmou que vai avaliar se apresenta o recurso apenas após a publicação.

CORRUPÇÃO E LAVAGEM – O julgamento original de Collor foi concluído em maio de 2023, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em um processo derivado da Operação Lava-Jato. Além dele, outros dois réus também foram condenados, a penas menores. O acórdão dessa primeira análise foi publicado em setembro daquele ano, e os três réus presentaram embargos de declaração, um tipo de recurso utilizado para esclarecer pontos da decisão.

A análise dos embargos começou em fevereiro, no plenário virtual do STF, e demorou quase todo o ano porque foi interrompida por dois pedidos de vista — dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes — e um pedido de destaque, de André Mendonça, que levou o caso para o plenário físico.

Agora, ainda há possibilidade de apresentação dos “embargos dos embargos”, mas a chance de mudança no resultado é pequena.

PENA ORIGINAL – O relator atual é o ministro Alexandre de Moraes, que votou para manter a pena original. Ele foi acompanhado por Cármen Lúcia, Flávio Dino e Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

A divergência foi aberta pelo ministro Dias Toffoli, que se posicionou pela punição de quatro anos, fazendo com que o ex-presidente se livrasse do regime fechado. Ele foi acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes, Nunes Marques e André Mendonça. Cristiano Zanin se declarou impedido.

Além da corrupção passiva, Collor foi condenado por lavagem de dinheiro em um esquema envolvendo a BR Distribuidora que foi investigado pela Operação Lava-Jato.

OUTROS CONDENADOS – Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, apontado como operador do esquema, foi condenado a quatro anos e um mês de prisão. Luis Amorim, diretor executivo da Organização Arnon de Mello, conglomerado de mídia do ex-presidente, recebeu pena de três anos e dez dias. Os três negaram a acusação durante o julgamento.

Na avaliação do relator, as provas confirmam ainda que os réus, de 2010 a 2014, integraram grupo organizado, com estrutura bem definida, destinado à prática de crimes no âmbito da BR Distribuidora. No topo da estrutura, o então senador Collor se utilizou da influência político-partidária para promover indicações à diretoria da antiga subsidiária da Petrobras e criar facilidades para a celebração de contratos.

Em contrapartida, o então senador recebeu R$ 20 milhões por intermédio de Bergamaschi. Essa conclusão é corroborada por relatório do Grupo de Trabalho de Averiguação da BR Distribuidora, que constatou que a UTC foi privilegiada em procedimentos licitatórios.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O recurso de Embargo dos Embargos de Declaração só serve para ganhar tempo. Não muda nada, embora até possa ter efeito modificativo, se houver erro na dosimetria de pena. (C.N.)

Nomes não faltam para 2026, mas candidato para valer não tem ainda

Tribuna da Internet | Derrota do PT nas eleições municipais é causada pelos  erros que Lula comete

Charge do JCaesar (Veja)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Os dois nomes mais naturais para uma eventual disputa presidencial sem Lula e Bolsonaro chegaram a 2025 devagar, quase parando. Fernando Haddad não sai do Planalto, de reunião em reunião para enfrentar desconfiança, crise fiscal, inflação, juros, dólar. Tarcísio Gomes de Freitas é atingido no peito todo dia pelo choro de mães e pais e pelos estilhaços de tiros mortais da ex-polícia mais eficiente do País.

Com dúvidas sobre a candidatura Lula, Bolsonaro inelegível, Haddad mais ocupado com o presente do que preocupado com o futuro e Tarcísio alvo das balas perdidas em São Paulo, 2026 se torna totalmente imprevisível, oscilando entre o ridículo e o aterrorizante.

FALTA DE OPÇÕES – Pela Paraná Pesquisa, quem lidera as pesquisas hoje é Ciro Gomes, atualmente no PDT, depois de uma fila de partidos, disputar três eleições presidenciais e brigar com todos e qualquer um que tenha passado pela sua frente, da esquerda à direita, até a família e o irmão Cid, seu parceiro político de vida toda. Só isso escancara a tremenda falta de opções.

E o que dizer de Pablo Marçal? E daquele outro, como é mesmo o nome dele? Ah, sim, o cantor Gusttavo Lima? Parece piada de mau gosto, mas tem até partido se oferecendo, como o União Brasil, entre baixarias e escândalos que aniquilam o que havia de bom no falecido PFL.

Há também uma novidade em campo, ou melhor, entrando nas pesquisas de campo: Michele Bolsonaro pela direita e Janja Lula da Silva no time do PT. As duas já confrontavam agendas e visibilidade na campanha de 2022, mas daí a virarem cabeças de chapa?

OUTROS NOMES – De sério mesmo, além de Haddad, que sofre fortes resistências no PT, e de Tarcísio, que desperta ciúmes em Bolsonaro, sobram ministros de Lula e governadores de Bolsonaro.

Pelo governo, um exemplo é Camilo Santana, que fez um bom governo no Ceará, sumiu no MEC e é desconhecido da grande massa. Pela oposição, cresce Ratinho Jr., do PSD do Paraná, mas Ronaldo Caiado, do União de Goiás, se lança com ânimo equivalente ao desânimo com que rejeitou disputar em 2018. São nomes jogados ao vento e à mídia, para encorparem ou esquentarem as cadeiras para os reais candidatos. Mas isso confirma uma sábia regra: quem tem muitos nomes não tem nenhum. No PT, Lula é um sol sem planetas. No bolsonarismo, são todos contra todos.

Sem nomes, que tal o mundo político debater a sério emendas e supersalários, economia e violência, saúde e educação, política externa e interesses internos, X e Meta, Ucrânia e Gaza, secas, incêndios e enxurrada? Que as pesquisas sejam sem Gusttavo Lima e com o que realmente importa.

Governo Lula e seus jornalistas amestrados tentam destruir Nikolas Pereira

Vídeo de Nikolas contra fiscalização do Pix tem 153 mi views

Nikolas Ferreira é o novo fenômeno da política

Carlos Newton

Tem situações em que é preciso baixar a bola, deixar a poeira assentar, para depois começar de novo. Como dizia o magistral compositor Paulo Vanzolini, “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima…”. Neste terceiro mandato, já com a validade vencida, Lula da Silva não sabe o que fazer e não pode mais culpar a Secretaria de Comunicação (Secom) nem o Banco Central (BC).

Nesta quarta-feira, com a Secom em festa já sob nova direção, o fracasso subiu à cabeça de todos, com o discurso do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre monitoramento do Pix.

SEM FAKE NEWS – O Planalto revidou colocando a tropa em campo e convocando os jornalistas amestrados, que passaram a atacar pesadamente Nikolas Ferreira, que tem apenas 28 anos e já se tornou um líder político de renome nacional.

Na GloboNews, os jornalistas foram ao cúmulo de classificar o parlamentar como “criminoso”, por ter difundido fake news de taxação do Pix. Bem, tomei o cuidado de assistir várias vezes ao vídeo do deputado e posso garantir que não houve fake news.

Ele se limitou a repetir informações da Receita Federal de que as movimentações financeiras acima de R$ 5 mil estão sendo monitoradas desde o dia 1º. Antes, o piso era de R$ 10 mil.

SEM TAXAÇÃO – No vídeo, o parlamentar mineiro afirmou e reafirmou que o Pix não será taxado. Ou seja, não criou nenhuma fake news. Apenas se reservou ao direito de duvidar se, mais para a frente, poderá haver taxação, porque não consegue acreditar no que o governo anuncia, citando diversos exemplos.

Com ou sem mandato parlamentar, todo brasileiro tem direito à liberdade de expressão, que exercemos permanentemente aqui na Tribuna da Internet, 365 dias ao ano.

Como é deputado federal e tem mandato para falar em nome do povo, Nikolas Ferreira tem um direito à liberdade de expressão ainda mais expandido do que o cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia  mestre Helio Fernandes.

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P.S. 1
Foi triste, muito triste ver jornalistas renomados a esculachar o deputado Nikolas Ferreira, acusando-o de ter criado uma fake news que absolutamente não existiu. Ele é jovem para a política, tem todo o direito de errar, mas isso não aconteceu. Quem errou foram esses experimentados jornalistas que não se envergonham de defender um governo de péssima qualidade, que está inteiramente baratinado, não sabe o que fazer nem aonde ir. Para defender esse estrupício petista, os jornalistas não se envergonharam de inventar uma fake news que jamais ocorrera.

P.S. 2Nikolas Ferreira nasceu na favela Cabana do País Tomas, filho de um pastor evangélico. Formou-se em Direito e entrou na política, elegendo-se vereador em 2020, como o segundo mais votado em Belo Horizonte. Decididamente, ele não veio ao mundo a passeio.  (C.N.)

Teses lunáticas de Trump sobre Groenlândia lembram Putin sobre Ucrânia

Groenlândia: a reação da Europa às ameaças de Trump de anexar território -  BBC News Brasil

Desse jeito, Trump está para lá de Marrakesh, diria Caetano

João Pereira Coutinho
Folha

Nosso tempo é marxista. Falo de Groucho Marx, não do tio Karl. “Esses são meus princípios, mas se você não gosta deles eu tenho outros”? Precisamente. Donald Trump é o grande inspirador dessa moda. Ainda não está na Casa Branca, mas o mundo ao redor já marcha ao som da música.

Mark Zuckerberg é um caso: antes da eleição de Trump, a defesa da democracia implicava moderação de conteúdos “problemáticos” no Facebook.

Agora, com a eleição de Trump, a democracia se defende com o fim da moderação —ou, melhor ainda, entregando essa moderação aos usuários, como acontece no X de Elon Musk.

MALEABILIDADE – Se, por hipótese, os democratas retornarem em 2028, é provável que Zuckerberg imponha a censura mais uma vez, em nome do mesmo conceito elástico de democracia que ele tem na cabeça.

Mas notável é a reação do auditório à ambição do Donald de comprar, ou até conquistar, o território autônomo da Groenlândia, atualmente parte da Dinamarca. É uma questão de segurança nacional, disse ele. Uma “necessidade absoluta”.

Entendo. A importância geoestratégica, comercial e energética do território é imensa, sobretudo quando a China e a Rússia andam a rondar por aquelas bandas. Se, e quando, a Groenlândia se tornar independente da Dinamarca, Trump quer ser o primeiro da fila a espetar a sua bandeira, deixando a concorrência chinesa e russa a distância.

FALTA COERÊNCIA – Mas como explicar as suas ameaças sobre o assunto? Os opositores da invasão russa da Ucrânia têm aqui um problema de coerência: os argumentos usados por Trump são semelhantes aos usados por Putin para justificar a sua “operação militar especial” na Ucrânia. Se Washington não quer a Rússia ou a China na vizinhança, por que motivo Moscou toleraria a Otan?

Para os apoiantes da invasão russa da Ucrânia, outro problema de coerência: como tolerar Putin e criticar Trump quando ambos falam a mesma linguagem? Perante tanto marxismo de tendência Groucho, talvez o melhor seja não mudar de princípios.

Defender a liberdade de expressão implica defender essa liberdade para opiniões contrárias, absurdas ou até tóxicas, não um convite à censura prévia de “moderadores” ideologicamente motivados.

E OS CRIMES? – Naturalmente que há conteúdos inegavelmente criminosos, que cumpre às plataformas excluir (ameaças terroristas, pornografia infantil etc.). Como cumpre ao sistema judicial investigar e punir delitos cometidos online (calúnias, crimes contra a honra etc.).

Mas o ponto de partida da discussão sobre a liberdade de expressão deve ser o mais neutro possível, precisamente para evitar o contorcionismo deprimente e cínico de figuras como Zuckerberg.

O mesmo vale para ambições militares que desrespeitam a soberania e a integridade territorial de outros estados. O futuro da Groenlândia, tal como o futuro da Ucrânia, deve depender da vontade do seu povo, não de ocupações criminosas de outras potências. As palavras mais lunáticas de Trump sobre a Groenlândia são tão repugnantes como as de Putin sobre a Ucrânia. A defesa de um mundo livre se faz com amigos e aliados, não com inimigos e escravos.

Ainda é muito incerto o impacto de mudanças da Meta aqui no Brasil

Meta AI no WhatsApp: um guia completo para usar a ferramenta no seu dia a dia | Exame

Zuckerberg diz que estudava as mudanças há tempos

Renata Galf
Folha

Ainda é bastante incerto o impacto que as medidas anunciadas por Mark Zuckerberg, CEO da Meta, podem ter no cenário eleitoral brasileiro. Há diversas lacunas sobre a forma de implementação e pouca transparência sobre como a empresa já aplicava suas regras vigentes.

Apesar de ele ter prometido voltar atrás na política de redução de alcance de postagens políticas (chamadas na empresa de “conteúdo cívico”), é difícil prever se isso resultará, por exemplo, numa radicalização ainda maior do debate digital ou se algum campo político pode acabar mais beneficiado por novas mudanças no algoritmo.

TODA-PODEROSA – A Meta é dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Na última terça-feira (7), Zuckerberg divulgou um vídeo anunciando mudanças em políticas de moderação de conteúdo da empresa, no que foi visto como um aceno ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

A decisão inclui o fim do programa de checagem de fatos —agora serão os usuários que incluirão correções em postagens que possam conter informações falsas, à semelhança do que ocorre no X (ex-Twitter). Mas medidas ainda não serão adotadas no Brasil.

Assim, o impacto da implementação das notas da comunidade também dependerá muito de como ela será colocada em prática —caso isso ocorra no Brasil.

FALTA DECIDIR – Entre os pontos em aberto sobre as mudanças, está a forma como esse novo sistema seria criado, quem o comporia e como vieses ideológicos seriam mitigados.

Para além disso, um outro aspecto é o tipo de conteúdos para os quais esse sistema valeria. Hoje, por exemplo, posts de políticos e candidatos não estão dentro do escopo que pode ser analisado pelas agências de checagem, por exemplo.

Outro aspecto relevante é que também não há transparência sobre quais figuras públicas estão em programa que dá espécie de ‘tratamento diferenciado na moderação.

RADICALIZAÇÃO – Um cenário que, por ora, se desenha com maior concretude é que, frente à retirada de parte das regras sobre gênero, grupos vulneráveis enfrentem um ambiente digital e de campanha mais violento.

Uma das atualizações passou a permitir, por exemplo, que usuários associem transexualidade e homossexualidade a doenças mentais.

A resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre propaganda eleitoral, por outro lado, traz amarras, de modo mais específico do que no restante da legislação, prevendo, por exemplo, a obrigatoriedade de que as empresas adotem medidas eficazes para mitigar certos riscos, entre eles o de violência política de gênero. Também estabelece a necessidade de políticas de conteúdo que busquem diminuir a circulação de desinformação.

BAIXA GRAVIDADE – Outra medida anunciada pela Meta que pode ter impacto é a retirada da detecção automatizada de “violações de baixa gravidade”, que dependeria então de denúncias de usuários para análise. Não está claro, porém, o que entraria nessa categoria.

A decisão da empresa vai no caminho contrário do que dizem especialistas, que apontam não para a necessidade de diminuir a automatização, dado o volume de posts a cada segundo, mas o de aumentar as equipes humanas de revisão, com conhecimento da língua e do contexto de cada país – a empresa não revela quantas equipes do tipo tem hoje.

Viktor Chagas, que é professor de comunicação da Universidade Federal Fluminense, afirma que, por causa da falta de transparência das redes, é um grande desafio tentar medir como se dá a atuação na remoção de conteúdo e em políticas de redução de alcance.

UMA CAIXA-PRETA  – Sempre foi uma grande caixa-preta, sempre tivemos uma dificuldade extrema de mensurar como é que esse tipo de política de moderação é aplicada”, diz. “A própria definição do que é um conteúdo político, entre os próprios pesquisadores, certamente não seria um consenso assim tão simples.”

Mariana Carvalho, professora da FGV Comunicação Rio, avalia que ainda será preciso entender como as novas regras irão impactar a moderação, mas prevê que o combate à desinformação será mais difícil. Ela ressalta, por outro lado, a dificuldade em fazer estudos sobre o impacto de mudanças, com a crescente dificuldade no acesso a dados pelas plataformas.

Sobre a restrição a conteúdos sobre política, ela diz que é difícil mensurar o quanto a limitação fazia sentido no período eleitoral, em que há grande interesse sobre o assunto.

EXEMPLO DE 2024 – No ano passado, essa política chegou a ser elencada, com destaque para o aspecto da transparência, entre os motivos da abertura de uma investigação pela União Europeia contra a plataforma. Em 2022, quando ela já estava em vigor, o Brasil viveu uma campanha bastante radicalizada, que culminaria nos ataques de 8 de janeiro.

Um dos efeitos já anunciados nos EUA, e que deve ser replicado em outros lugares no mundo, é que mesmo conteúdos políticos de contas que um usuário não segue passarão a ser recomendados.

Em 2024, essa possibilidade já estava disponível nas configurações. Mas ficou restrita no Brasil durante o período eleitoral devido a uma regra do TSE, prevendo que contas de candidatos não poderiam ser recomendadas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Em tradução simultânea, está tudo no ar e ninguém sabe de nada. Exceto Alexandre de Moraes, que finge saber e entender de tudo. (C.N.)

Deputado chama de “covardia” a decisão de Lula revogar medida do Pix

Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), deputado federal

Luiz Carlos Hauly é um parlamentar muito experiente

Iander Porcella
Estadão

O deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), defensor histórico da reforma tributária no País, chamou de “covardia” a decisão do governo Lula de revogar a fiscalização nas transações do Pix que gerou uma onda de fake news sobre suposta taxação do meio de pagamento.

O parlamentar gravou um vídeo em que alerta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o recuo na fiscalização da Receita Federal pode configurar crime de prevaricação, quando um agente público se omite de seus deveres.

O PIOR ATO – “Esse ato de covardia, se praticado, vai ser o pior ato da sua vida política”, afirmou Hauly, dirigindo-se pessoalmente ao chefe do Palácio do Planalto. “É uma vergonha, presidente Lula, você revogar essa medida. A culpa é sua, e está prevaricando. É uma contradição às normas já aplicadas no Brasil de fiscalização”, emendou.

Hauly defende que monitorar as transações do Pix é apenas um aperfeiçoamento do que já está previsto em lei para coibir a sonegação de impostos.

“Nenhum microempreendedor do Brasil vai ter prejuízo com a fiscalização do Pix. Quem vai ter que pagar essa conta são os médios e grandes sonegadores, os contrabandistas”, ressaltou.

TRIBUTARISTA – Hauly atua na defesa da reforma tributária desde a década de 1990. Ele foi um dos idealizadores da PEC 110/2019, uma das propostas que influenciaram o texto aprovado pelo Congresso no atual mandato de Lula.

Como mostrou a Coluna do Estadão, integrantes do PT veem uma série de equívocos do governo Lula na polêmica sobre o Pix e avaliam que nesta quarta-feira, 15, a Receita Federal cometeu um novo erro ao revogar a medida.

Parlamentares do partido dizem, sob reserva, que voltar atrás na medida anunciada só reforça o discurso do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de que o Palácio do Planalto queria taxar o Pix.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula da Silva e o PT vão transformar Nkolas Ferreira num grande líder político de direita. É muito jovem e está acumulando experiência rapidamente. (C.N.)

Piada do Ano! Barroso, do Supremo, diz que o Estadão tem raiva dele

Barroso assume STF em momento de tensão com parlamentares

Barroso assina um artigo que depõe contra seu equilíbrio

J.R. Guzzo
Estadão

O ministro Luís Roberto Barroso, de tempos em tempos, se propõe a uma missão praticamente impossível: convencer algum habitante do mundo existente além do edifício-sede do STF que o tribunal ora presidido por ele faz alguma coisa boa, ou pelo menos de alguma utilidade, para os brasileiros que vão tirar do bolso quase R$ 1 bilhão para pagar pelo seu sustento no ano de 2025.

É a chamada contradição em termos. O ministro não pode mostrar nada de bom no STF porque não há nada de bom para mostrar no STF.

SEM ESPERANÇA – A última tentativa de resolver esse teorema que propõe a quadratura do círculo foi um artigo do ministro Barroso, publicado há pouco em O Estado de S. Paulo. É uma coisa sem esperança. Num texto que tem as impressões digitais dos assessores de imprensa que o STF mantém em sua folha de pagamento, Barroso (ou os assessores) parecem explorar duas vertentes – uma inútil, e a outra objetivamente errada.

A primeira é um “balanço de obras” do Supremo. Ficou parecendo um desses textos assinados por prefeitos de cidade do interior para falar bem de si mesmos. A outra acusa O Estado, um dos raríssimos órgãos de imprensa brasileiros que não faz adoração automática ao STF, de ter uma postura “raivosa” quanto à nossa “Suprema Corte”, como diz Lula.

E quais seriam essas obras que, na bula do ministro, mostram a intensa operosidade do tribunal – e, pelo que dá para entender, o Estadão esconde?

MELHOR DO MUNDO – Fala-se, ali, na criação de exames para a magistratura e para os cartórios. É citada a “paridade de gênero” nas promoções por mérito. São mencionadas a redução nas ações trabalhistas, aumento na arrecadação municipal e doação de R$ 200 milhões para o Rio Grande do Sul. etc. etc. O STF, a um certo momento, é descrito por Barroso como o tribunal “mais produtivo do mundo”.

O problema, como sempre, é a velha pergunta: “E daí?” O Supremo não é criticado por organizar exames para cartórios, nem por fazer “paridade de gênero”, nem por doar dinheiro para as vítimas de enchentes. É criticado, isso sim, pela conduta objetiva dos seus membros. Ninguém está reclamando da redução das causas trabalhistas.

O problema é a decisão individual de um ministro em perdoar dívidas de cerca de R$ 20 bilhões de empresas que confessaram crimes de corrupção ativa.

OUTROS FEITOS – Um deles é criar aberrações integrais como o “flagrante perpétuo”, ou a necessidade de fiança para crimes inafiançáveis. É conduzir há quase 6 anos um inquérito penal sem data para ser encerrado e que investiga tudo.

Não é a discordância em relação ao teor das sentenças, como alegam os ministros, que causa as críticas. Não é o que eles decidem. É o que fazem. O STF considera normal que mulheres dos ministros exerçam serviços de advocacia em causas sob a apreciação de seus maridos. Fica irritado quando se estranha que façam conferências em português, no exterior, em “eventos” patrocinados por empresas que também têm causas no tribunal.

Acha que é um “ataque ao sistema de justiça” contar ao público que um ministro vai ver um jogo de futebol no exterior levando um segurança pago pelo Erário – ou que esse ministro foi reprovado duas vezes no concurso para juiz de direito.

TER RAIVA DELE? – A outra abordagem de Barroso não melhora em nada o conjunto da obra. Como poderia resultar alguma coisa de positivo da acusação de que o jornal teria “raiva” dele? Não tem nenhum cabimento o magistrado supremo do Brasil fazer uma acusação dessas a um órgão de imprensa, ou a ninguém que possa vir a ter uma causa a ser julgada por ele – ou mesmo que não venha a ter nunca.

O presidente do STF tem de ser imparcial. Não é uma opção; é obrigatório. De mais a mais, a acusação não faz nexo. Quando, precisamente, o Estadão foi “raivoso” com o ministro? Em que matéria? O que o jornal escreveu, em letra de forma, manifestando “raiva” contra ele? Em suma: qual é a prova da acusação?

A única atitude decente que os magistrados do STF poderiam ter em relação à sua “imagem” junto à opinião pública é não dar entrevistas à imprensa, ou coisas correlatas. O Brasil ganharia imensamente se eles falassem exclusivamente nos autos. É tudo o que não querem fazer.